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título: buraco
data de publicação: 20/12/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #buraco
personagens: igor

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. [risos] Olha, essa história… Se eu colocasse mais detalhes ela iria para o quadro Pimenta, mas quem me escreveu foi o Igor [risos] e ele se recusa que essa história vá para o quadro Pimenta, porque ele disse que é um Picolé de Limão dele. [risos] Eu tenho que respeitar que é um Picolé de Limão dele. — Então, não é uma história pra crianças, tá? Então, se você estiver aí com uma criança, ouça de fone ou ouça depois. Então é isso… [risos] — Eu vou contar pra vocês a história do Igor. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O Igor, um pouco antes da pandemia, no final do ano antes da pandemia ele mudou de casa. Então, ele mudou pra um lugar, pensa assim, ó: É uma rua normal, mas sabe quando as pessoas colocam um portão? É uma rua sem saída e as pessoas colocaram um portão na rua, então virou meio que uma vilinha ali. — E aí ele se mudou, ele estava na última casa da Vila, então, depois de lá não tinha mais casa de um lado da rua e aí tinha o outro lado da rua, enfim… — E para estacionar, se a sua casa não tem garagem, a casa dele ali não tinha uma garagem, então tinha que estacionar na rua, mas tá seguro ali, né? Porque tem o portão lá que só os moradores têm acesso. — Acho que muita gente que mora em rua sem saída pede isso acho que a prefeitura e a prefeitura dá ok, né? Acho um pouco estranho porque a rua é pública, mas enfim… –

E aí, logo que ele chegou, nos primeiros dias, ele escolheu um lugar da rua pra estacionar que não necessariamente era na frente da casa dele, porque na frente da casa dele, do outro lado da rua, já tinha um carro, então ia ficar estreito, enfim, pra ele manobrar ali, porque entrou de frente, vai sair de ré, enfim… Ele manobrou o carro ali pra deixar o carro já de frente pro portão da rua, mas parou numa outra casa, mais pra lá e nisso tinha um idoso quase em frente a essa casa, varrendo… — Era, sei lá, cinco casas pra lá da dele. — E aí esse idoso já começou a xingar o Igor ali. Aparentemente, o que o Igor entendeu que o idoso estava xingando ele porque ele estava estacionando na frente de uma casa que não era dele, enfim… Mas o Igor resolveu não bater boca, mesmo porque a hora que ele desceu do carro, o idoso apontou a vassoura para ele. 

Então o Igor falou: “Olha só, né? Eu escolhi tanto pra vir pra essa rua porque é mais tranquilo e nã nã nã e já a minha recepção é que esse velho maldito querendo me bater com uma vassoura”, passou… A vizinha da frente dele também muito chata, fofoqueira, enfim… E aí o Igor já estava quase arrependido de morar naquela casa que ele tinha alugado. Até que um dia, Igor está chegando, parou o carro lá na frente, já traumatizado, com medo de encontrar aquele velho e veio vindo, né? Quando ele estava chegando na casa dele, na casa colada na casa dele, tava entrando um cara muito, muito, muito gato, muito gato. [música animada] E aí o Igor falou: “Oi, tudo bem e nã nã nã?”, e aí o cara falou: “Oi, você que é o novo vizinho, né?”, ele falou: “É, sou eu e tal”, aí ficou ali meio que… O que o Igor julgou ser um climinha, né? Mas passou. 

E aí o Igor deu uma fuçada ali no aplicativo de relacionamento e nas redes sociais pra ver se achava aquele cara e não achou. Vida que segue… Chegamos a pandemia. E aqui a gente precisa falar um pouco de como é a configuração da casa do Igor: A casa do Igor não tem uma garagem, na frente ali, onde teria um espaço fazer uma garagem é um jardim,,. O que o Igor acha ok, acha gostoso e tal de você pôr por uma cadeira, mas aquela vizinha da frente é muito enxerida, então ele não gosta de ficar ali. E, no fundo, ele tem um quintal também com grama e tal, só que tem uma questão nesse quintal do fundo… O quintal do fundo não tem um muro para a casa do vizinho gato. Por que não tem um muro? As duas casas são do mesmo proprietário. — Então era uma casa só que ele dividiu em duas e fez ali duas locações e ficou ótimo assim, né? Por dentro da casa é tudo parede mesmo, sólida, você não escuta nada, enfim…  Só que lá atrás, fazer muro, gente, realmente é muito caro… –

E aí esse cara, talvez um pouco antes da pandemia, ele fosse até começar o muro… Quando o Igor alugou a casa, a imobiliária falou pra ele: “Olha, a única questão é que daqui uns meses vai ter uma obra lá pra fazer o muro”, só que veio a pandemia. Então, lá atrás estava com aqueles… Sabe tapumes? Que é uma madeira bem fininha? Estava com tapumes ali fechando bem, um tapume alto… Vamos por aí, sei lá, um pouco mais alto que uma porta? Quanto que tem uma porta? Dois metros? Dois metros e dez? — Enfim, x, sei lá… — Quase dois metro e meio de altura esses tapumes, bem fechadinho. Tanto que na imobiliária o rapaz falou pra ele: “Olha, se você tiver um cachorro, alguma coisa, não tem como o cachorro sair, você pode ficar tranquilo”. Então, assim, a última casa era do Igor, do lado direito tinha muro, só que onde divide as duas casas no quintal lá atrás tinha esse tapume e o cara ia construir o muro, só que veio a pandemia, então aí essa obra foi adiada. 

E aí pandemia, aquele começo, a gente não sabia ainda, achava que era um, dois meses e nã nã nã, todo mundo se ajeitando, fazendo as coisas e tal, até que a gente percebeu que era algo muito sério e que a gente realmente teria que ficar em casa. E, no caso do Igor, era mais grave ainda porque o Igor é um homem gordo, então ele tinha mais — pelo que falavam ali na televisão e tal — chances de se contraísse o vírus ali, passar mal, enfim… E o Igor pensava muito nisso: “Meu, eu não posso morrer”, porque ele que paga as contas da mãe dele, que mantém a mãe dele no interior. Ele falou: “Se eu morrer, minha mãe vai ficar desamparada, pode até parar na rua”, enfim, então o Igor tem muito esse medo, né? Tanto que agora ele voltou a morar com a mãe dele no interior, mas na época ele estava nesta casa e com muito medo. Então, o Igor era um cara que realmente ele não saía. Ele recebia as compras, jogava o álcool em gel nas compras… [risos] — Aquelas coisas que a gente fez tanto, né? [risos] Lavar compra, enfim… Tudo aquilo. – 

Conforme o tempo foi passando ali, o Igor, ele, poxa, estava muito tempo sozinho, sem ninguém… — Jamais ia chamar alguém pra ir lá, né? — Com medo realmente de pegar Covid e tal, mas ele estava ali com os hormônios à flor da pele. E um dia ele estava sentado no quintal dele, no fundo, e ele viu que, mais ou menos assim, altura de um metro, talvez um pouco menos, tinha sido feito um buraco. — Sabe quando você corta a madeira com um negócio que se chama serra copo? Que ela faz direitinho o redondinho assim? — E tinha sido feito recentemente, porque aquele redondinho de madeira que foi tirado caiu dentro do quintal do Igor. Então alguém fez um buraco — mais ou menos do tamanho do fundo de um copo mesmo — pra espiar ele, ou sei lá pra quê, né? E quem morava na casa do lado? O vizinho gato… E o Igor, que não tinha nada pra fazer quase depois do home office dele ali à noite, ficou prestando atenção naquele buraco… Porque primeiro o quintal lá atrás era escuro e ele, por um acaso, tinha botado a cadeira dele lá pra fumar… Sabe assim? Pra você, sei lá, tomar um ar, enfim, no quintal… 

E aí com o celular ele meio que às vezes dava uma clareada naquele buraco ali, uma iluminada. Até que um dia, quando ele foi fumar, que ele iluminou aquele buraco, o que saiu daquele buraco e entrou no quintal do Igor? [risos] Um pinto… — Sim, um pipi ereto, um pau duro. — O Igor ficou por segundos em choque, mas ao mesmo tempo ele não era bobo, ele sabia o que estava acontecendo ali, o que era aquele buraco. E aí, automaticamente, o Igor chupou aquele pipi duro. E aquele pipi ficou duro muito tempo e, assim, ele ouvia um gemido baixinho, mas não dava pra ouvir muita coisa também e, enfim… [risos] Ele ficou ali um tempo e chupou esse pau. [risos] E, por algumas vezes, talvez uma vez por semana, ou até menos, umas três vezes no mês, aquele pinto aparecia ali naquele buraco, né? E aí tinha uma questão: às vezes o Igor falava: “Me dá seu telefone”, mas o Igor não sabia como era a situação do lado de lá. 

Ele viu o cara, então ele não sabia primeiro se o cara era casado, se o cara estava sozinho, se não estava… Então ele também evitava falar, enfim… — Ele não sabia nada. — Era sempre essa dinâmica… Algumas vezes o Igor botou o pau dele pro outro lado e nada aconteceu. [risos] Ele percebia que tinha alguém, mas ninguém nem tocava no pau dele. Era só o contrário, ele que tocava e chupava esse pau que vinha do outro lado do buraco. E isso rolou ali por , sei lá, aproximadamente quase um ano. [risos] Até que foi espaçando e tal e parou de acontecer. E, na época que está mais raro de acontecer, que parou aí, sei lá, passava um mês, o pinto aparecia e tal. O Igor estava ali numa live X, lugar x, que eu não vou dar detalhes aqui e ele encontrou o perfil do cara que também estava nessa live. — Assistindo… — Estava assistindo, tinha gente ali comentando, enfim, deu uma sorte… Ele bateu, ele olhou na foto, clicou e era o cara. 

E aí ele mandou uma mensagem: “Oi, vizinho e não sei o quê”, e o cara reconheceu ele e falou: “Oi, vizinho, tudo bem?”, ele falou: “Comigo tudo, né? Você que anda sumido…”, porque o pinto estava aparecendo menos agora, né? E aí o cara respondeu assim pra ele: “É, eu tô sumido mesmo…”, vai, eu vou falar um lugar aqui, mas não é esse lugar… “Eu estou em Nova York”, e aí o Igor falou: “Nossa, mas como que você conseguiu viajar, né?”, porque estava tudo fechado, não tinha como ir e ele estava ali chupando pinto do cara não tinha nem quatro dias e de repente o cara estava em Nova York? Aí o cara falou assim pra ele: “Não, eu vim um pouco antes da pandemia, né?”. Aí já deu aquele gelo no Igor, né? Ele falou: “Gente, de quem eu estou chupando o pau?” e ainda bem que ele não tinha tocado em assuntos já do pau, da coisa, né? E aí ele falou: “Nossa, não sabia e tal… Eu achei que você estava aqui, porque às vezes eu vejo movimentação na casa, né?”. E aí… [risos] O cara falou pra ele: “Ah não, você com certeza o que você ouve aí é o meu avô. [risos] Ele está sozinho na casa e tal, né? A gente tá revezando. Minha mãe às vezes vai, minha tia vai e fica com ele uns dias, mas ele mora sozinho aí… Eu estava com ele, passando um tempo com ele quando você me conheceu e tal”, [risos] 

Aí ele falou: “Inclusive, eu preciso até te pedir desculpas, porque a dona Cleide” — que é a vizinha da frente lá, aquela que é fofoqueirona — “me contou que ele quase te bateu com uma vassoura [risos] e ele tem mania de varrer a rua toda. [risos] E ele é assim, ranzinza… Então me desculpa aí se ele te fez alguma coisa também nesse tempo de pandemia”. [risos] Em resumo: o Igor estava chupando o pau do velho que tentou dar uma vassourada nele. [risos] Em defesa de Igor, ele mesmo disse: “Déia, primeiro, aquele idoso ele estava tomando algum viagra, alguma coisa, porque ele ficava com o pau muito, muito, muito duro por muito tempo… Já chegava duro no buraco. Então, assim, não tinha como eu saber que era um pau de velho, estava totalmente esticadasso ali. Ah, o velho gozava pouco? Gozava, mas até aí eu nem sabia se, sei lá, o velho já tinha, sei lá, se masturbado antes, enfim… [risos] Então não era uma coisa que dava para julgar. E outra: Eu não tinha como subir num banquinho pra ver do outro lado do tapume porque primeiro que estava muito escuro e, segundo, eu sou um homem gordo, era inviável, Era um tapume muito fino, enfim, não dava… Então eu embarquei ali na fantasia, achando que realmente era o meu vizinho, porque foi a única pessoa que eu vi ali e, pra mim, aquele velho morava três, quatro casas pra lá, eu não sabia que esse velho varria a rua toda” Então, em resumo é isso, Déia, eu passei um ano chupando o pinto do velho que me deu uma vassourada”. [risos]

E depois disso, o Igor pegou ali um pedaço de madeira e bateu ali uns pregos e fechou o buraco. E nem no quintal de trás ele ia mais fumar, ele ficava no quintal da frente ali — mesmo com a vizinha fofoqueira ali enchendo saco —, ele ficava ali na frente… E passou um tempo e ele saiu daquela casa, porque era o horror dele… O pânico era encontrar esse idoso ali varrendo a calçada. Então isso mudou totalmente a rotina do Igor quando começou a flexibilizar, as pessoas saíram e tal,,. A primeira coisa que ele fez é falar na imobiliária o tempinho em que ele tinha ainda pra cumprir e sair. E aí ele voltou a morar com a mãe dele no interior e isso é um trauma da vida dele aí, o pinto no buraco. [risos] Então, essa é a história do Igor, ele falou: “Déia, não põe no Pimenta, porque o Pimenta é um quadro que eu gosto muito e isso pra mim foi um Picolé de Limão horrível, eu fiquei traumatizado que não era o pinto do boy gato, era o pinto do idoso, vô dele”. [risos] Então é isso… [risos] [trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui quem fala é João Pedro de Diamantina. Igor do céu… [risos] Ah, eu não vou negar que eu ri muito, muito mesmo… É sério, foi um dos maiores plot twists que eu já ouvi aqui no Picolé de Limão, que situação, hein, gata? Mas olha, gente, acho que cabe também aqui uma reflexão que se você é uma pessoa que não gosta de surpresas, evite chupar um pinto desconhecido, [risos] porque as chances de você se frustrar depois são muito maior. Então, assim, espero que o Igor, assim como a maioria das pessoas que ouviram hoje esse episódio, hoje já dê risada de tudo isso, porque foi um mega Picolé de Limão, mas assim, né, Igor, supere… E espero que tenha ficado a lição. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui que é Matheus de Santo André. Ô, Igor, como é que tu me faz um negócio desses, rapaz? Chupando o pau de um desconhecido? Pra mim o problema não é nem ser um velho, ah, beleza é um véio, claro que é um detalhe que deixa a história engraçada e faz a gente gargalhar, mas, assim, é um desconhecido… Você não sabe se tem doença, o que está acontecendo ali, porque, gente, doença também passa por sexo oral, tá? A gente tem que tomar cuidado com as ISTs e tudo isso… E outra coisa também é a coragem do véio de colocar o pau no buraco. Gente, eu fiquei pensando: E se pega uma farpa? Coragem, né? Então fica aí a dica, galera, vamos saber quem é a pessoa que a gente está fazendo, vamos olhar na cara dela e saber direitinho quem é e não enfiar pau em buracos, nem aceitar paus que venham de buracos. 

[trilha]

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e até breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]

E pra você que ficou aqui depois da vinheta, eu perguntei pro Igor assim, falei: “Mas não dava pra ver nem o saco assim?”, sei lá, por que eu imagino que o saco do idoso é mais enrugado ou não? Mas o Igor falou que não cabia no buraco, era só mesmo o pau do cara, ele ficava então com o saco encostado no tapume ali, né? E falou que o velho resistia bem ficar em pé, porque, assim, eu tenho problema na lombar, se eu ficar meia hora em pé, encostada num tapume assim, sem me mexer direito, não vai dar… E o véinho aguentava… E varre calçada todo dia também… [risos] Ele faz o exercício dele. [risos] Então é isso, gente, eu ri muito com o Igor. Um beijo. 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.