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título: maldito
data de publicação: 22/12/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #maldito
personagens: cibele e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje vou contar para vocês a história da Cibele. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

Em fevereiro do ano passado, a Cibele conheceu um cara… E o cara era muito fofo com ela, muito querido, muito carinhoso e acabou pedindo a Cibele em namoro. Cibele aceitou e foi tudo bem. Só que desde o começo — o que a Cibele acha que é insegurança e eu chamo de outra coisa, mas eu vou deixar pra vocês definirem… — ela disse que esse cara tem — esse namorado dela, essa criatura — as seguintes ações com ela, por exemplo: Cibele bota uma roupa, ela está se sentindo linda, tá se sentindo bem… Ele fala: “Amor, essa roupa não ficou legal, essa blusa não tá te favorecendo, está mostrando aí esse seu pneuzinho na cintura… Melhor trocar”. E aí a Cibele vai lá e bota uma blusa de acordo com o que ele acha que vai ficar bom pra ela. 

No meio do ano passado, a Cibele recebeu uma promoção e ela tava muito feliz… E aí foi comentar com ele e tal da promoção e ele fez o seguinte comentário: “Ah, você sabe que você só ganha essa promoção porque Fulana lá que trabalha com você está de licença maternidade, né?”. Sendo que o cara não trabalha com ela, nem sabe a dinâmica do trampo e falou que ela só ganhou a promoção porque a outra tava de licença. A Cibele tá fazendo um Mestrado e, quando ela tá lá nas pesquisas fazendo as coisinhas de Mestrado, ele sempre tem alguma coisa pra dizer do tipo: “Ah, essa pesquisa aqui que você fez não está muito legal, hein? Eu, se fosse você, faria isso e isso”, sabe? — Ele sempre está ali dando toques e dicas e coisinhas que ele acha importante nessa vibe, assim… De que “ah, acho que não tá muito legal, hein?” enfim… — 

Tudo isso a Cibele bota na conta da insegurança, ela acha que o namorado dela fica inseguro porque ela está fazendo um mestrado, ela tem um bom cargo numa boa empresa e ele não tá tão bem assim… Então, ela acha que ele tem esse tipo de atitude, não é porque ele é uma má pessoa… — O que, na minha opinião, vocês já sabem… — Ela acha que é porque ele está inseguro. Bom, enfim, eles foram seguindo esse relacionamento até chegar naquela fase de apresentação às famílias, né? Então Cibele levou ele em casa, apresentou pra família… — Família de Cibele, que é uma família excelente, não gostou muito dele… — E, na hora dele levar a Cibele para conhecer a família, sempre tinha uma desculpa… Sempre enrolava, enrolava, enrolava. Até que levou. Apresentou, mas assim: “Vamos passar lá em casa”. [efeito sonoro de carro em alta velocidade]

Passaram na casa da família, da mãe, do pai e do irmão… — Ele tem um irmão que ainda não saiu de casa. — Ele passou com a Cibele, tipo: “Oi, oi, oi, essa aqui é a Cibele”, apresentou desse jeito, “essa aqui é a Cibele. Tudo bem, mãe? Tudo bem, pai? Não, nós já vamos indo, a gente só passou aqui para falar um oi…”, como se ele estivesse passando, estivesse com uma pessoa e apresentasse ali a Cibele. Nas redes sociais, ele tem um TikTok que ele não mexe e tem um Instagram. No Instagram dele, ele nunca postou uma foto com a Cibele e ele reluta muito em apresentar a Cibele para os amigos. Antes das festas de final de ano ele combinou de passar o Ano Novo com os amigos e não com a Cibele e passar o Natal com ela. E, até então, a Cibele não conhece os amigos dele… E aí eles tiveram uma briga por causa disso e sabe qual é o argumento dele para não apresentar a Cibele pra ninguém? Ele disse pra Cibele que não apresenta a Cibele para ninguém porque a Cibele é feia. — Isso mesmo que vocês estão ouvindo… —

Ele disse que ele sempre namorou meninas muito bonitas e que ele está com a Cibele porque a Cibele é muito legal, é muito inteligente, mas que ela não é uma mulher bonita e ele tem vergonha de apresentar porque sabe que os amigos vão tirar uma com a cara dele. — Gente do céu… Cibele, essa hora era pra você pegar sua bolsa e ir embora. Antes de ir embora, você podia rodar a bolsa na cara dele. Eu sei que é errado, é violento, não façam… Mas, né? Era hora de você ir embora, você sair fora, né? — A pessoa que vira pra você e fala: “Olha, eu não vou te apresentar para os meus amigos porque eu te acho feia. Minhas ex—namoradas são todas muito bonitas e os meus amigos vão tirar sarro de mim porque você é feia”? Pelo amor de Deus? Gente? E aí, nesse dia, a Cibele chorou, chorou muito e, com a terapia em falta, com a terapia atrasada, perguntou para esse cara o que ela podia fazer pra melhorar a aparência dela pra ele não ter mais vergonha dela. 

E aí a resposta desse maldito foi: “Não tem nada que você possa fazer… Você pode fazer o número de plásticas que for, que você nunca vai ser bonita”. E a Cibele é uma moça bonita. — Entende onde eu quero chegar? O que esse cara está fazendo… — E aí, depois que abriu essa porteira que ele falou que ela era feia, agora tudo ele fala… Então ele fala: “Ah, seu cabelo é feio”, “seus dentes são feios”. — É dente normal, gente, sabe? Dente normal. — “Ah, essa pochete aí na sua cintura… Nunca namorei menina com pochete”. E aí a Cibele, que tem um pouco de condição financeira, está no ponto de se questionar se ela faz uma lipo na pochete. — Aí é aquela coisa, né? Que eu penso… Se você, você, dona do seu corpo, se incomoda com aquela pochete, tem o dinheiro e quer fazer a lipo na pochete, vai lá e faz ali na pochete, porque é o seu corpo. Ah, não importa se vão falar sim ou não, o corpo é seu, você faz o que você quiser no seu corpo. Agora, você fazer um procedimento cirúrgico porque uma terceira pessoa está falando pra você que você precisa eliminar aquela gordura… Ô, gente… Aí não. Seu namorado quer? Sua namorada quer? Sua mãe quer? Sei lá quem quer? Não. Se você quiser… Aí ela acha que “ah, mas ela quer”, ela nunca pensou na pochete… Por que agora que o cara falou ela quer fazer lipo na pochete? —

Aí o cara falou do cabelo dela, ela foi lá, mudou o corte de cabelo e ele falou que ficou ridículo. — Sabe? Eu tô muito aborrecida. — Muito. A Cibele é uma mulher bem-sucedida, estudada, tem um ótimo senso de humor, uma pessoa inteligente e está presa nessa pedra… Nesse bosta. — Não tem outra palavra, gente, desculpa… O cara é um bosta, sabe? E aí a gente já odeia ele, né? Porque já é de comum acordo. Se a gente chegou até aqui nesse ponto da história, todo mundo que está ouvindo odeia ele, isso é fato. Agora também a gente tem que parar um pouco e pensar na Cibele… Cibele, por quê? Sabe? Que você fica com uma pessoa dessa? “Ah, eu não estou conseguindo sair disso sozinha”, terapia. Terapia… Porque não há… Estou falando a minha opinião, ok? Não há a menor possibilidade desse relacionamento dar certo. Primeiro que as pessoas não mudam nesse grau, né? E, quando a gente estabelece uma mudança pessoal, essa mudança tem que ser primeiro pra gente. 

Então, esse cara, se um dia ele quiser mudar, deixar de ser tão maldito, essa mudança tem que ser interna dele, com ele pra ele. Então, por você ele não vai mudar… Não existe isso, gente. Não existe isso. É a mesma coisa quando o cara faz uma coisa e depois ele promete que não vai fazer de novo… 99% de certeza que ele vai fazer de novo… Porque não é assim que acontece as mudanças internas, entendeu? Não é porque uma outra pessoa pediu para você ou porque ela está numa situação que ela precisa de alguma validação, ou ela precisa de alguma coisa que ela queira, entendeu? Então, esse cara não vai mudar, não vai mudar. — A Cibele acha que, no fundo ele gosta dela. — Que fundo, gente? Onde está esse fundo? Pra lá do pré—sal, né? Mais pra baixo. Não tem como, Cibele, não tem como… O cara tudo o que você faz o cara acha ruim. — Aí a Cibele pra tentar perder essa pochete aí que ela acha que é um problema na cintura dela, começou a comprar coisas fitness, a comer coisas fitness e ele falou: “Ah, você tá tentando ser mais saudável? Ah, vamos ver se sai essa cor amarela da sua pele, essa palidez”. Então… Sabe? O cara não tem uma palavra positiva pra você. Você que me contou tudo isso… E, assim, deve ser um décimo das coisas que ele faz, né? “Ah, mas depois ele me beija”, “depois ele me faz um carinho”. — Poxa vida, gente… Isso aí um cachorro se a gente adotar, a gente tem… Uma beijoca, uma lambida, um carinho, entendeu? —

Se a questão é o afeto, um cachorro pode te dar mais afeto do que esse cara tá te dando. — Essa é a real. — Então, assim, por que a Cibele… Aí a pergunta: Por que a Cibele escreveu pra gente? Porque aqui a gente sempre trabalha com a queixa que a pessoa traz, né? Cibele escreveu pra gente porque ela acha sim que este cara gosta dela e o que ela pode fazer pra ele ser menos inseguro? E a minha resposta pra isso é: O que você pode fazer para ele ser menos inseguro é ir embora… Que aí nunca mais você vai saber se ele está inseguro, mais ou menos. — É só isso, terminar. — Então mais uma história que o meu conselho é: termina. — Infelizmente. — Não tenho como achar um resquício de brilhosidade nesse relacionamento. Nada, sabe? Um brilhozinho… — Não tem, gente. — O cara não apresenta a Cibele para os amigos porque diz que ela é feia. Feia… E aí ela pergunta: “Ai, por que você está comigo?”, “Ah, porque você é legal e tal, isso, aquilo, mas é feia. Eu só namorei mina bonita”. — Não tem como, gente, não tem como… Não tem como. —

Eu não quero nem me estender, porque é tanta coisa que ele fala dela que a gente só vai ficando aqui mais com ódio dessa criatura, sabe? Por exemplo, teve um casamento de uma amiga da Cibele e ele foi com a Cibele e ele não quis tirar fotos no casamento. Sabe quando o fotógrafo pede pra juntar amigo e tal? Não quis tirar foto junto com a Cibele no casamento. Aí a Cibele falou: “Nossa, tira uma foto comigo, né?”, Aí sabe a resposta dele na frente da noiva e do noivo? “A gente nem combina como casal, vai ficar feio… Você com esse vestido azul”. A noiva, que é amiga da Cibele, no seu melhor dia, o dia mais feliz da vida, ficou aborrecida. Parou com a felicidade dela por dez minutos para pegar a Cibele pelo braço junto com o noivo e falar: “Termina com esse cara”. O noivo falou pra Cibele: “Olha, é o meu casamento, mas se você quiser, eu dou um soco na cara dele… Porque o jeito que ele falou com você, as coisas que ele falou para você, ninguém fala para ninguém. Então, eu estou te falando aqui, ó, na frente da Márcia, minha noiva. Você quer que eu dê um soco na cara dele? Eu dou”. E a Cibele ficou toda vermelha, toda querendo chorar, mas não chorou e falou: “Não, não, não, gente… Ele estava brincando”. Ele não estava brincando… 

A pessoa estragou a felicidade dos noivos na festa do casamento, então por aí vocês tirem suas próprias conclusões do quão maldito é esse cara. — Você consegue entender? Que você está lá feliz na sua festa de casamento e chega uma pessoa que estraga? É esse cara. — E a Cibele acha que ele não faz por mal, que enfim, que ele é inseguro quando ele vê alguém feliz… Então, né? Ele precisa de terapia longe de você, bem longe. Eu podia ficar aqui mais uns 20 minutos falando as coisas desagradáveis que esse cara já fez com a Cibele, mas não precisa, porque eu já estou aqui com ódio. Então eu não acho que ele vai mudar, eu não acho que a Cibele tenha que resolver nenhuma insegurança dele, mesmo porque a Cibele não é terapeuta, não é psicóloga dele, nada. E eu só acho que tem que largar… — Só isso, porque infelizmente, mais do que isso, o jurídico me proíbe de dizer o que eu gostaria realmente, assim… Mas então é: Larga. Só larga. —

[trilha]

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, quem fala aqui é a Roberta, de Israel. Do fundo do meu coração, desejo que a Cibele tenha força para sair desse relacionamento completamente abusivo que ela está hoje e que claramente ela não percebe. Isso é terrível, porque é uma situação de morde e assopra… Ele fala mal dela e depois ele faz um carinho. O único jeito de se sair nessa situação é ainda com uma terapia, ela entendendo que ela não precisa disso. É uma terapia também para ela acordar para a vida. Terapia, antes de qualquer coisa, antes de plástica, antes de tudo, terapia. E, logo em seguida, ou até mesmo durante, um pé na bunda gigantesco desse cara que eu já odeio. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Dani aqui de Santana de Parnaíba. Cibele, o que ele faz com você se chama “negging”, que por incrível que pareça, tem alguns caras que usam isso como tática de sedução, que é onde ele vai criticar todos os aspectos da sua vida, trabalho, aparência, falar algo que você nunca vai alcançar, que você nunca vai ser tão bonita, que você nunca vai ser inteligente, que você não é isso porque ele quer que você se sinta insegura e procure validação nele. Homens fazem isso com mulheres que eles julgam serem bonitas, serem poderosas, serem bem sucedidas, não por insegurança, mas porque eles querem te fazer se sentir minúscula a ponto de procurar validação nele, porque ele se sente maior. É como se fosse uma troca de poder, que ele não quer se sentir inferior a você em nenhum aspecto, então ele faz de tudo pra você se sentir minúscula e procurar validação nele. Eu já passei por isso, é muito difícil, é horrível e a melhor coisa que você pode fazer é sair desse relacionamento, porque ele faz isso de caso pensado. Tá bom? Desejo boa sorte para você e um beijo. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com a Cibele, porque a gente sabe que quando a gente está num relacionamento abusivo desse naipe, porque isso também é um tipo de abuso, às vezes é difícil para a gente entender que aquela pessoa não gosta da gente porque ela fala, fala, fala, fala, fala, faz um monte de coisa errada e depois vem, abraça a gente e diz que ama. Então, a cabeça realmente fica confusa… Então, sejam gentis com a Cibele, vamos dar uma força pra ela pra ver se ela sai disso, porque não é possível, entendeu? Como eu sempre falo para as minhas amigas, para minha prima: A gente, tem que aprender também a ser sozinha. — Ser sozinha, ser sozinho, entendeu? — Nem sempre a felicidade da gente está num relacionamento. E, se o relacionamento é ruim, antes só do que mal acompanhado, essa é a real. Esse ditado é perfeito. 

Então, vamos exercitar isso? Vamos aproveitar essa história para exercitar isso também, aprender que a gente pode também ser feliz sem uma companhia romântica do lado. Porque às vezes é isso, às vezes você está num relacionamento muito, muito, muito infeliz porque você não quer ficar sem ninguém. Então vamos aproveitar a história da Cibele pra gente exercitar também isso? “Meu relacionamento me faz feliz?” Se não faz, mete o pé. A vida é muito curta. Pior que nem é tão curta assim, que hoje a gente está vivendo até 90 anos. Pensa, você passa 50, 30, 40 anos com a pessoa que te faz infeliz, que não tá legal… Melhor sozinho, sozinha, né? Então é isso, gente… Sejam muito gentis com a Cibele, vão lá no nosso grupo do Telegram comentar a história. É isso, eu tô aborrecidíssima com esse maldito. Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]

Que ódio…

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.