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título: visita
data de publicação: 07/02/2024
quadro: luz acesa
hashtag: #visita
personagens: reginaldo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para um Luz Acesa. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças sorrindo maleficamente] E quem está aqui comigo hoje é a HBO Max e a série “True Detective”. Se você é Luz Acesa aí de carteirinha — e eu sei que você é um “Luzaceser” — você com certeza já assistiu ou já ouviu falar de uma série chamada True Detective. Nessa temporada, ela é estrelada pela maravilhosa vencedora do Oscar, Jodie Foster, e pela também incrível — além de excelente atriz e excelente boxeadora —, Kali Reis. True Detective é uma série que mistura aí thriller sobrenatural e investigação criminal, o mistério que ronda os episódios sempre te deixa, assim, sentado na pontinha do sofá, sabe? — Querendo descobrir aí como os casos serão resolvidos. — Essa quarta temporada, nomeada de “True Detective: Terra Noturna” acabou de chegar e você não pode perder. Já entra aí, assina HBO Max. — E todo domingo tem um episódio novo de True Detective, eu amo… — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio.   

E hoje eu vou contar pra vocês a história do Reginaldo. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O Reginaldo ele é um cara de 40 anos, ele mora sozinho e sempre teve uma vida assim, tranquila, pacata, trabalha de segunda à sexta, das 08 às 18, enfim, tudo muito assim, okzinho. Um dia Reginaldo tava lá na casa dele, era um domingo e ele recebeu uma mensagem de que um colega dele de trabalho tinha falecido. E aí aquela correria e tal, ainda não tinham liberado o corpo, essas coisas… O colega do Reginaldo teve um infarto e tal, e aí o velório e o enterro seria no dia seguinte. — Sendo o velório na parte da manhã e o enterro onze horas da manhã. — Então ficou combinado que a empresa, que não era uma empresa grande, uma empresa ali de seus 10, 12 funcionários, não abriria no período da manhã na segunda—feira, para que todos fossem ao velório do colega de trabalho. — Muito justo. — E aí Reginaldo acordou ali o horário de sempre de ir trabalhar e, em vez ir de trabalhar, ele foi aí para o velório de seu amigo. 

Todo mundo estava muito triste e tal chorando…E só caiu a ficha do Reginaldo a hora que ele viu o colega dele no caixão, que ele falou: “puta merda”, sabe? “Morreu mesmo”. — Sabe quando te dá aquele tranco? — E aí o Reginaldo ficou muito abalado… Porque o colega dele também morava sozinho. A sorte… “— Sorte” entre aspas, né? — O Reginaldo pensando: “A sorte é que ele teve um infarto e ele caiu na padaria enquanto ele tava ali tomando café e tal”, algumas pessoas da padaria conheciam ele, conheciam o irmão dele, então puderam avisar. Mas o Reginaldo ficou pensando: “E se sou eu? E se eu morro sozinho em casa?”. Vários pensamentos ali na cabeça de Reginaldo enquanto ele participava do velório do colega. — Então ele ficou abalado… Ele estava ali emocionalmente abalado. — Deu onze horas, o velório era do lado do cemitério, então você fazia ali um pequeno cortejo a pé até onde seria enterrado ali o colega de Reginaldo. 

E ele foi indo junto com o cortejo… Ficou bem mais para trás, porque não queria ver o caixão descer, sabe? Na sepultura. Então ele ficou pra trás, ali, assim, pensativo e tal. E, enquanto ele tava mais um pouco afastado do cortejo, mas caminhando em direção ao sepultamento, ele foi olhando as lápides. — Sabe quando você vai olhando as fotos e os nomes das lápides e tal? — E, numa dessas, ele viu a foto de uma moça… E era uma moça muito bonita… E esse foi o pensamento do Reginaldo na hora, tipo “Nossa, coitada, tão bonita”… — Como se só as feias pudessem morrer, né, Reginaldo? Enfim… — “Nossa, tão bonita, tão nova, morreu tal”. E ele fixou os olhos naquela foto por cerca de 20 segundos, sabe? O tempo de você pensar “nossa, coitada, tão bonita, tão nova” e passou… 

Tanto que ele fixou somente na foto, que ele não fixou o nome… Ele não olhou o nome, tipo, quando ela nasceu, quando ela morreu, nada… E aí Reginaldo ficou um pouco ali atrás do cortejo, reviu o cortejo novamente, ficou ali meio triste e tal… Passou. Quando Reginaldo está voltando para o carro dele e saindo do cemitério, ao longe, ele viu uma moça. Ele olhou aquela moça e falou: “Nossa, me parece familiar”, passou… Reginaldo foi para o carro dele porque dali ele iria trabalhar. Ele foi, almoçou, todos os funcionários foram almoçar para ir começar a jornada de trabalho, que seria de meio período. Todo mundo muito triste ainda, a mesa do colega ali… Então, assim, não é fácil, né? E aí Reginaldo seguiu abalado, principalmente quando ele viu as coisinhas do colega ali na mesa de trabalho e ficou mal. — Acabou o horário dele, 18h, o horário de todo mundo, acabou… — Ele foi, voltou para o carro e, quando ele estava entrando no carro, então pensa, ó: Ele deixava o carro num estacionamento próximo a empresa… 

Quando ele estava entrando no carro, ao longe, ele viu uma moça e falou: “Que estranho, parece aquela moça que estava no cemitério… Será que ela é daqui do bairro e é colega do meu amigo que faleceu?” — que a gente pode chamar de “Mário” —. “Será que era colega do Mário?”, entrou no carro, [efeito sonoro de carro dando partida] não pensou mais nisso, chegou na casa dele… Reginaldo tinha uma rotina, então ele chegava, ia tomar um banho e depois mexer um pouco nas redes sociais, ia assistir o jornal enquanto jantava… — Tudo muito, assim, regradinho. — E aí, quando ele sentou para assistir o jornal com o prato de comida — pensa assim: ele estava na sala, o apartamento dele é dois quartos, sala, cozinha e banheiro —, ele olhou para o corredor onde teria os quartos [efeito sonoro de tensão] e ele viu a moça… 

Na hora, o prato caiu da mão do Reginaldo, porque, assim, tinha uma pessoa dentro do apartamento dele… E ele levantou e ficou de frente para a moça, só que ela numa ponta do corredor e ele em outra ponta. Reginaldo não sabe explicar como, em questão de segundos, a moça… Sabe quando ela não vem andando, mas parece que vem flutuando? Ela veio parecia que flutuando pra cima dele. E aí, quando ela estava chegando muito perto, o Reginaldo desmaiou. — Olha que coisa… — Reginaldo desmaiou e acordou depois de, sei lá, 15, 20 minutos e ele estava machucado, mas eu acredito que ele se machucou porque ele teve o que se chama de “queda da própria altura”, né? Então ele caiu, ele teve um apagão e se machucou. E aí ele acordou, não viu a moça, mas ele estava tipo com o cotovelo inchado e tal, e ele falou: “Eu vou ter que ir para o PS, não consigo dirigir”. Chamou um carro de aplicativo… — E realmente ele tinha luxado o cotovelo, enfim… E o próprio plantonista falou para ele e falou: “Você teve um desmaio, alguma coisa assim? Porque tá meio típico de queda da própria altura e tal”. — O tipo de machucado que ele tinha só de um lado do corpo, né? —

E aí ele falou que sim, e aí o médico quis fazer mais uns exames para ver esse desmaio, mas ele não falou para o médico que ele desmaiou de susto. — Nada… — Fez os exames al e quando foi de madrugada, ele foi liberado. Reginaldo voltou para casa morrendo de medo, mas assim, incrédulo. Em nenhum momento ele pensou em assombração ainda, né? Mas quando ele voltou para casa e ele entrou no quarto dele, o lençol da cama do Reginaldo… — E como eu disse, Reginaldo, muito metódico, deixava a cama arrumadinha e quando ele chegava, depois que ele tomava banho e tal, ele tinha o ritual de fazer cama ali para deitar, né? — E era uma época de calor, então ele deixou só o lençol de elástico e o lençol de cima, só pra você se cobrir ali com o lençol. O lençol da cama do Reginaldo estava rasgado… [efeito sonoro de tensão] Com um rasgo imenso, uma coisa, assim, surreal. E aí o Reginaldo, muito confuso, ainda sem conseguir associar a algo sobrenatural, saiu do quarto já olhando a casa toda para ver se tinha mais alguma coisa fora do lugar e era só o lençol. E, quando ele sai do outro quarto que ele foi olhar, em direção a sala, [efeito sonoro de tensão] a moça estava lá na porta de entrada, olhando pra ele. 

Só que agora ela não estava mais com a cara neutra que ela estava, ela estava com uma cara um pouco mais brava. E só aí o Reginaldo falou: “Isso não é de Deus, isso não é daqui, né?”, e aí ele ficou muito apavorado, a moça na porta parada, não se mexia, ele com medo dela vir de novo pra cima dele, assim, de atacar ele e Reginaldo começou a pensar: “Meu Deus, o que eu vou fazer? Porque, sei lá…”, Reginaldo pensou em demônio, falou: “É um demônio que tá na minha porta, eu não tenho como sair”, não tinha, tipo, uma porta da cozinha, sabe? Era só a porta ali de entrada. Reginaldo tinha uma Bíblia, mas não sabia o que ler da Bíblia [risos] pra talvez assustar a assombração, e aí ele leu qualquer coisa, mas não adiantou porque, sei lá, também estava sem foco, né? A moça ainda parada na porta. De repente, Reginaldo teve uma ideia… De bater na moça com a vassoura. — Foi a melhor ideia, Reginaldo? Não foi a melhor ideia. — Conforme Reginaldo bateu, ele acertou a porta da casa dele, mas ele bateu com muita força. A moça, tipo, sumiu. Só que ela reapareceu, bem pertinho dele… 

Então, pensa: Reginaldo bateu… Quando ele olhou, a moça estava na frente dele e a vassoura voou longe. [efeito sonoro de vidro quebrando] A estante do Reginaldo tinha uma parte, as portinhas de vidro, sabe? Voou numa das portas de vidro da estante e quebrou… — Isso era bem de madrugada. — Aí interfonaram no apartamento dele pra saber se estava tudo bem e ele disse que estava, que tinha caído lá uma porta da estante dele com vidro, mas que estava tudo bem. E nisso o Reginaldo passou a noite em claro com a moça aparecendo pra ele… E até esse ponto, ele não lembrava que a moça que ele estava vendo era a moça que ele fixou o olhar no cemitério. — Então ele saiu do cemitério provavelmente acompanhado… — Reginaldo passou essa noite em claro. Quando foi de manhã, ele não conseguiu ir trabalhar porque ele pegou no sono e acordou, tipo, dez e pouco. E aí mandou mensagem para o chefe… — Ele tinha um atestado porque ele ficou machucado realmente da queda que ele teve. — Então ele ligou pro chefe e explicou que ele tinha tido uma queda e que ele estava com atestado e ia mandar o atestado, o chefe falou que tudo bem e, nessa que ele dormiu, o Reginaldo teve um sonho… 

Ele sonhou que ele chegava no cemitério e cavava, cavava, cavava, cavava o túmulo daquela moça que ele viu, e aí ele abria o caixão e a moça estava lá inteira e ele abraçava a moça. E só aí no sonho, ele se ligou que aquele rosto que ele tinha fixado — mas também não tinha prestado muita atenção, sabe? —, só tinha falado “ah, nossa, que bonita e tal”, era a moça que estava atrás dele. O que você faria nesse ponto? Quem você procuraria? Reginaldo decidiu voltar no cemitério. — Eu jamais faria… Primeiro que ele não sabia o nome, segundo, que ele ia ter que procurar, porque ele não sabia direito a ruazinha que ele tinha visto a foto da moça.  — E ele foi para o cemitério, chegou no cemitério e, ao longe, ele já viu a moça. Ele falou: “Bom, eu tô aqui e ela tá aqui de volta, né?”. E aí o Reginaldo caçou, caçou, caçou, achou o túmulo da moça, viu lá que o nome dela era Regina e que ela tinha nascido, sei lá, tipo em 1940 e tinha morrido, tipo, em 1970, assim, com 30 anos, sabe? Isso já era tipo 13:30 da tarde, o Reginaldo ajoelhou lá no túmulo da moça e começou a rezar Pai nosso e Ave Maria, que era o que ele sabia e falar: “Olha, você não pode ir comigo, eu estou vivo, você não está viva”.. Começou a conversar com a moça e passou a tarde na sepultura da Regina que tinha seguido ele. 

E aí, às vezes ele olhava para o lado, para frente e tal, ela estava de longe encostada numa árvore, assim, olhando pra ele. Regina — na foto que ele viu, ele só via o pescoço e um pedaço do colo, né? — estava com como se fosse uma blusa com uma rendinha em cima preta e era um vestido, porque era assim que ela aparecia pra ele… Com um vestido mais ou menos até a altura do joelho, preto e descalça. Então, provavelmente, ela aparecia realmente do jeito que ela foi enterrada, né? Cabelo escuro assim, preto, preso e era isso… Essa era a Regina que aparecia para o Reginaldo, que passou um dia inteiro com assombração, sem lembrar que era aquela que ele tinha visto no cemitério, na fotinho. E aí, quando foi caindo final da tarde, que foi ficando um pouco mais escuro, ele resolveu sair porque o cemitério ia ia fechar e tal, e com medo que ela fosse atrás dele. E aí Regina não foi atrás dele… Reginaldo teve um sonho de que agora ele tava na sepultura dela, botando flores e ele não cavava mais. 

E, na cabeça de Reginaldo, o que fez sentido? Que ele, a partir daquele momento, fosse pelo menos uma vez por mês no cemitério visitar o túmulo da Regina. E, desde então, essa história tem uns anos, o Reginaldo vai todo mês e deixa flores no túmulo da Regina. E ele acha, agora, que se ele deixar de deixar flores lá um mês, ela vai aparecer pra ele de novo. — Socorro, né? — Ele não sabe quem é a Regina, ele não achou nenhum parente, nunca chegou lá e tinha alguém no túmulo… Nunca chegou lá e tinha flores, sei lá, um pouco anteriores as deles, assim… Porque quando ele voltava, as flores dele já não estavam mais lá, né? — Porque vai murchando e depois o pessoal faz manutenção no cemitério tira, né? — Ele nunca achou um indício de que alguém visitasse o túmulo da Regina, né? Então, ele visita… Todo mês ele faz essa visita no cemitério. E ele falou pra mim: “Déia, eu visito a Regina para que ela não venha me visitar”. [efeito sonoro de tensão] Socorro… É por isso que eu quero ser cremada, não quero ter sepultura, não quero ter túmulo, não quero ter nada. 

Essa é a história do Reginaldo… Você visitaria aí uma assombração, uma pessoa que apareceu na sua casa? Reginaldo faz isso todo mês. 

[trilha]

Assinante 1: Aqui é a Bruna, eu fala de Maracajá, Santa Catarina. Olha, depois dessa história, eu estou cada vez mais convencida que não tem muitos critérios para os espíritos seguirem uma pessoa. Cada vez mais faz menos sentido… Então, eu só sei que agora qualquer barulhinho que eu ouço na casa, eu já falo em voz alta: “Não é comigo, não posso ajudar ninguém aqui, que siga o caminho da luz”. Um beijo. 

Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, olá, Déia… 

Joaquim: Aqui quem fala é o Joaquim… 

Assinante 2: E a Angélica de Marília… Nós somos muito fãs do quadro Luz Acesa. Nós somos “Luzacesers” com força… Sobre a história “Visita”, o Joaquim gostaria de fazer um comentário sobre o que ele faria no lugar do Reginaldo: 

Joaquim: Bom, eu ia chamar a minha bisa e a minha avó e ia rezar junto com elas. 

[trilha]

Déia Freitas: Assine HBO Max e assista aí a quarta temporada de aclamada série “True Detective”. — Eu amo… — Se você curte Luz Acesa, você vai adorar, com certeza… — E uma coisa que eu fiz agora nas férias foi assistir as outras temporadas, então eu estou com tudo fresquinho aqui na minha cabeça, tô naquela vibe já e vou assistir junto com vocês essa quarta temporada. — Lembrando que True Detective é uma série aí que mistura thriller sobrenatural com investigação criminal, é uma série cheia de mistérios que tem Jodie Foster, gente, sabe? Então, não precisa falar muito. Então é isso, gente, um beijo… Valeu, HBO Max, amo vocês. Tamo junto… Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.