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título: catarina
data de publicação: 27/05/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #catarina
personagens: sabrina, catarina e marcela

TRANSCRIÇÃO

Este episódio possui conteúdo sensível e deve ser ouvido com cautela. 

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. E hoje vou contar para vocês a história da Marcela. — Que é uma garota aí que hoje está com seus 27 anos, mas na época que essa história aconteceu, ela tinha 22. — Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Marcela perdeu a mãe muito cedo e sempre foi ela e a Sabrina — as irmãs — criadas aí pelo pai. — Que a gente vai chamar aqui de “Seu João”. — A Sabrina dois anos mais velha do que a Marcela, então Marcela ali com seus 22 anos e a Sabrina com seus 24… E as irmãs sempre se deram muito bem, muito bem mesmo. Ali no final da adolescência ambas começaram a namorar, a Marcela com meninos e a Sabrina com meninas. O Seu João nunca se importou, para ele estava tudo bem. — Pode ser “benino” ou “benina”, [risos] como diria Gugu, “benino”, “benina”. [risos] — Tanto fazia para ele, a vida foi seguindo… As irmãs muito unidas, então as vezes elas saiam de casal, a Marcela nesse ponto já estava namorando firme desde os 20 anos… — Ela estava com 22 quando acontece essa história. — Desde os 20 ela já namorava firme um rapaz que gostava muito do Seu João, o Seu João gostava muito dele, ele também se dava muito bem com a Sabrina…


E, nessa época, a Sabrina não tava namorando sério, mas ali, quando foi quando ela estava quase completando 24 anos, ela conheceu a Catarina — de 26 anos — e aí começou a namorar sério. E todo mundo se dava muito bem, muito bem mesmo. Até que um dia, o Seu João — que ainda saía para trabalhar e tal —, saiu para trabalhar e mais tarde elas receberam um telefonema da empresa, que o Seu João tinha passado mal e tinha falecido na empresa. — Então, assim, foi um baque, gente, um baque… — Um baque, assim… O pai era tudo para elas, tudo para elas e, de repente, Seu João ali não estava mais. Então, foi tudo muito sofrido, a empresa cobriu os gastos ali com o velório e ajudou nessa questão da organização das coisas, porque elas ficaram muito mal. E aí aconteceu o enterro e agora elas teriam que seguir sozinhas. As duas trabalhavam a questão de dinheiro não ia ser tão complicado, porque elas moravam numa casa própria que era dos pais, então elas não iam pagar aluguel, nada.


E aí elas já dividiam, antes entre três, porque tinha o Seu João, e agora iam passar a dividir entre as duas. — As contas de água, luz, enfim, IPTU, e aí as coisas de comer, enfim, você vai fazendo ali os seus arranjos… — Acontece que exatamente uma semana depois — da morte do seu João —, na missa de sétimo dia, quando elas voltaram para casa, Catarina estava junto e o namorado da Marcela também, a Marcela percebeu que a Catarina estava com várias malas. E aí ela ficou meio sem entender e chamou a Sabrina pra conversar e ali ela descobriu que uma semana depois do pai ter morrido, a Sabrina estava trazendo a Catarina para morar na casa delas. — E, assim, gente, eu acho errado… O pai acabou de morrer… E a casa é das duas, isso tem que ser conversado. Então, assim, Sabrina errou… Para mim, Sabrina errou e para Marcela também, a Marcela ficou muito brava… E com toda razão. Catarina sempre foi mais quieta, ficou na dela e tal. —

A partir daí, a relação das irmãs meio que mudou. — A Catarina tentava não interferir, eu acho que a Catarina foi errada também. Ela deveria ter falado: “Não, agora não é hora de eu me mudar para a sua casa, né?”, mas ela ficou na dela, mas ficou lá, morando lá. Dividia as contas? Dividia as contas, mas poxa, o pai dela acabou de morrer, gente, uma semana, né? A Sabrina nem conversou antes com a Marcela. — Então, o clima da casa ficou ruim e a Marcela meio que querendo: “então vamos fazer esse inventário, vamos vender essa casa e cada uma pega sua parte, porque pelo menos você pode morar com a Catarina e você tem a sua privacidade e eu tenho a minha privacidade”, porque em nenhum momento a Marcela pensou em trazer o namorado dela, que já era um namoro bem mais antigo, bem mais sério, para morar lá. Em nenhum momento ela pensou isso, né?

Elas não, não brigavam assim, mas era um clima estranho… — E eu concordo super com a Marcela, gente, a Sabrina não podia ter feito do jeito que fez, sabe? Por mais que quisesse morar junto com a Catarina e tal, não é assim que você faz as coisas, seu pai acabou de morrer. Elas dividiam o quarto, porque a casa só tinha dois quartos… — Depois da missa de sétimo dia, a Sabrina foi lá e já empacotou as coisas do pai, enfim, Marcela no super luto ainda, não queria que mexesse nas coisas do pai, enfim. — Foi muito feio o que a Sabrina fez, foi péssimo… E Catarina também, porque você tem que ter um semancol, entendeu? Falar: “Não, ô… Sabrina, eu não vou a Sabrina, não vou morar na sua casa agora”. Você precisa se mancar também, sabe? — O tempo foi passando, elas nesse clima meio estranho e começaram o inventário… Até que um dia, o namorado da Marcela chamou a Marcela para fazer uma viagem, pra que, sei lá, ela desestressasse e tal. Eles foram para uma outra cidade… Sabe lugar que tem teleférico e essas coisas de você ficar pendurado? Detesto… Tinha essas coisas de você ir pendurado, ir em cadeirinha e nã nã nã…


Numa dessas aventuras da vida, a Marcela nesse passeio sofreu um acidente. — Então, eu não vou dar detalhes aqui do acidente, mas digamos que, vai… — Ela caiu da cadeirinha do teleférico. E quando ela caiu, gente, ela caiu de costas direto no chão… E ela não conseguia se mexer mais. Nisso, o namorado estava lá em cima, preso na cadeirinha, gritando e tal, precisou chegar do outro lado para poder avisar e trazer socorro e tal e ela estava consciente, só que ela não conseguia se mexer. — E aqui vai mais um recorte da minha vida: Eu fui atropelada por um ônibus e, quando eu fui reanimada e colocada na ambulância, eu não conseguia andar. Eu não sentia meu corpo da cintura para baixo. E por quê? Por conta da pancada que eu levei do ônibus, que me atirou longe e eu, além de levar a pancada do ônibus, eu derrubei uma placa, enfim, fui derrubando coisas assim com o corpo… Então, não é que eu não fosse andar mais, mas naquele momento eu não conseguia andar e os bombeiros eles não tem como avaliar se você vai voltar a andar ou se você teve ali um dano permanente. E aí eles estavam com a cara bem ruim, assim, tipo chateados e eu querendo, perguntava, que eu queria andar, enfim, não conseguia… E aí só depois, no dia seguinte, que eu fui conseguindo mexer os pés e tal. E, assim, na Santa Casa, porque eu fui levada para a Santa Casa de Santo André, eles faziam testes assim no meu pé, passava coisa, sei lá o que era, se era agulha, sei lá, pra eu sentir. Então, assim, demorou pra eu conseguir voltar a andar, mas assim, não é que eu tinha sofrido um dano permanente, mas foi do impacto que eu sofri. —

E ali, naquele momento, a Marcela, como eu, achou que não fosse mais andar, porque ela não conseguia se mexer e ela gritava isso para o namorado. [efeito sonoro de pessoa gritando] E aí veio o socorro e tal, ela tinha que ser transferida de hospital, porque eles estavam numa cidade meio turística que não tinha nada, sei lá, uma UPA e ela tinha que ir para um hospital. Então veio uma ambulância mais equipada para levar e tal e nisso ele foi na ambulância com a Marcela e já foi ligando para avisar a Sabrina. E aí a Sabrina desesperada, porque eles tavam, sei lá, três horas de viagem lá da casa deles, e aí ela com a Catarina fez esse percurso até o hospital que ela seria transferida. Ele foi junto na ambulância e o carro dele tinha ficado na outra cidade… Então, quando a Sabrina chegou, ele tinha voltado para buscar o carro dele. — E, assim, gente, normal, né? Pelo menos eu acho normal. — E ele falou isso na mensagem: “Eu estou voltando para pegar meu carro e tal”, só que ele voltou para pegar o carro dele e ele não voltou mais para o hospital. — Um namorado de mais de dois anos que era, assim: “amor da vida, amor da vida, vamos casar, vamos ter filhos, A gente se ama, a gente é a alma gêmea e nã nã nã”. — E ele não voltou pro hospital e foi dando a hora, foi passando a hora… — A Marcela em nenhum momento ela ficou inconsciente, só que ela não conseguia andar e ela estava desesperada, ela queria andar, então ela meio que estava gritando. —


E aí a Sabrina chorando, a Catarina chorando porque ela não estava andando. E aí deu a noite e o cara não voltava… E elas ali, a Catarina trabalhava de home office, então qualquer coisa era mais fácil de manejar, mas a Sabrina trabalhava presencial, isso era um domingo, então ela falou: “Meu Deus, como é que eu vou fazer, né?”. E aí ela mandava mensagem para o cara e o cara não respondia mais. Então, o que a Sabrina fez? — E aqui eu volto a dizer, a gente tem que pensar nas coisas da realidade da gente, e a realidade era qual? A Sabrina tinha um emprego que ela não podia faltar, que ela sabia que o chefe dela não ia deixar ela ficar de acompanhante da irmã. — [efeito sonoro de carro dando partida] Ela pegou o carro e voltou e a Catarina falou: “Não, eu vou já avisar aqui que eu trabalho daqui, eu tenho que fazer uns despachos, eu consigo digitar as coisas aqui do meu celular e eu fico com ela”. Esse período que a Marcela ficou no hospital, foi a Catarina que ficou com ela, a cunhada. 


E ninguém conseguia mais falar com o cara. Ele não respondia… Até a Catarina mandou mensagem para ele, que não tinha nem tanta intimidade e, no quarto dia ali que a Marcela estava internada, ele bloqueou todo mundo. A Marcela muito ativa nas redes sociais ia postando as coisas, que ela não estava andando realmente, e aí a mãe do cara tipo foi solidária e tal e a Marcela perguntando do cara e a mãe dele falou: “Ah, ele tá abalado, não consegue falar com você agora”, mas qual era a questão? A questão é que a Marcela não estava andando… Até que a Sabrina ficou muito brava, se encheu, sabe? E falou: “Olha, se você não me falar o que está acontecendo” — porque ela estava bloqueada, ela mandou do celular de uma amiga dela do trabalho — “Se você não me responder, eu vou te expor nas redes sociais, que você abandonou a minha irmã sem andar e eu não sei nem direito o que aconteceu nesse acidente”. E aí ele desbloqueou a Sabrina e falou que ela tinha caído do teleférico e nã nã nã, que ela não conseguia mais se mexer e ele falou pra ela… — Gente, o cara, 25 anos, Marcela, 22… — Ele falou: “olha…” — palavras dele, tá? — “eu sou muito novo, eu tenho uma vida pela frente e eu não vou ficar com uma mulher inválida, que vai estragar o meu futuro”. — Ele nem sabia se ela ia voltar a andar, tá? Ele nem sabia… Tá bom pra vocês? —

Só que a Marcela, além de estar lidando com essa questão de não saber se ia voltar a andar, se não ia voltar a andar, ela tava doida atrás do cara porque ela falou: “Sei lá, será que aconteceu alguma coisa? Será que ele também foi internado?”, porque a mãe dele também não respondia mais, enfim… E aí a Sabrina teve que mostrar as mensagens pra Marcela e a Marcela ficou horrorizada. A Marcela fez uma cirurgia no quadril, voltou a andar, mas depois de muito custo… E como a Catarina ficava em home office, foi a Catarina que acabou ajudando e a própria Marcela fala, né? “Você vê a ironia… Eu não queria a Catarina morando aqui, mas se não fosse a Catarina, minha irmã não ia poder faltar no trabalho”, porque tudo bem, a Marcela estava de atestado, estava afastada, pegou Caixa… Depois de 15 dias que você…. A empresa paga até 15 dias se você tiver atestado, depois você entra na Caixa e aí quem paga é o governo. Acho que é assim que funciona, se não for alguém depois pode falar nos comentários. —

Mas se não fosse a Catarina, a recuperação dela ia demorar muito mais, porque primeiro a Catarina trabalhava em home office, de manhã, antes de começar a trabalhar, a Sabrina saía de casa quatro e meia para pegar o fretado, então não dava para contar com a Sabrina. E um emprego bom, gente, você não vai perder um emprego bom, enfim, você tem que fazer seus arranjos, sabe? Você é classe C, não adianta a gente querer falar: “Ah não, eu largava tudo para cuidar da minha irmã”, e aí vocês vão comer o quê, sabe? Então tem esse lado também, tem que pensar nesse lado. E aí a Catarina, quando a Marcela acordava, já ajudava ela a tomar banho. E a Catarina tomou a iniciativa e falou: “Olha, marca a sua fisioterapia e suas consultas sempre no meu horário de almoço ou depois que eu saio do trabalho, porque aí eu consigo te levar de carro” e era assim que ela fazia, então ela marcava as consultas, as coisas… A Catarina fez um arranjo lá, tipo esticou o horário do almoço, tipo de 12h às 14 para poder fazer as coisas da Marcela e saía mais tarde do trabalho. — Mas ali em home office, então ela conseguia ajudar a Marcela em tudo. —

Então, você vê, né? Às vezes a gente não sabe por que será que ela foi mudar… — Também foi errado mudar, de qualquer jeito foi errado mudar. — Mas acabou que, assim, quem salvou e adiantou muito da recuperação da Marcela, foi a Catarina. A Marcela escreveu, além de contar o que esse cara fez, que ele falou: “Não vou ficar”, e aí a Marcela me falou uma coisa: “Andréia, a gente ia casar… Se eu tivesse casado com ele, ele ia fazer a mesma coisa depois de casado, ele ia me largar se eu tivesse ficado sem andar ou até mesmo ele ainda sem saber se eu ia andar ou não. Ele ia me largar”. — E ia mesmo, porque ele falou que ele era novo e que ele tinha um futuro pela frente e não ia ficar com uma mulher inválida. Ô, gente… — E um cara novo, sei lá, que teria mais consciência dessas coisas, né? — Isso foi antes da pandemia, olha, a cabeça do cara… E, assim, depois a Marcela falou que a família dele concordava com isso, tipo: você vai se amarrar numa mulher que não vai andar mais?” e eles nem sabiam se ela ia andar ou não, se não ia andar, sabe?


E aí a história podia acabar aqui, né? Ah, bonito, a Catarina ajudou e nã nã nã… Depois que ela se recuperou, a Marcela ficou com uma sequela,  a perna dela direita ficou um pouquinho mais curta depois da cirurgia e tal, mesmo com fisioterapia… Hoje ela anda mancando, né? E ela compartilha muito da vida dela nas redes sociais, ela ainda usa muito o Facebook e tal e ela tem até hoje alguns familiares do cara. — Por que também, Marcela? Tira todo mundo, bloqueia todo mundo. — Quando o cara soube por parentes ou amigos que ela tinha voltado a andar, ele quis conversar com ela. — E a Marcela jura para mim que ela foi conversar com ele não para pra voltar, mas pra entender, pra ter um fechamento daquele relacionamento. Ela jura pra mim que ela não ia voltar… — Quando ela chegou no shopping que eles marcaram, de longe ele viu que ela agora andava mancando assim, né? Pendendo mais pra um lado, e quando ela chegou, ele já tirou satisfação, tipo, “por que você não me falou que você tinha ficado assim?”, ela falou: “Assim como?” e ele falou: “Assim, mancando, toda torta”. Absurdo…


E aí eles acabaram que nem conversaram, meio que discutiram e ele foi embora. — E aí eu falei: “Mas se ele tivesse sido mais ameno, você ia querer voltar com ele?”, Marcela jura pra mim que não. Eu achava que nem devia ir. É um toque que eu dou aqui para vocês também, se vocês terminaram um relacionamento e vocês não pretendem voltar, gente, não marca nada… A gente vê muitos casos de violência contra a mulher e até de assassinatos de mulheres que vão conversar, porque “ah, o cara não está aceitando, eu vou conversar com ele”, não vai conversar nada. Nem se ele falar que vai tirar a própria vida, nem se ele falar que ele está sofrendo, nem se ele chorar… Não vai. Isso aí não é papel seu. Tem a família dele, amigo dele, a firma dele, foda—se… Essa é a real, não vá. Marcela não era para ir, já que ela não queria voltar com ele. Não tem que ter fechamento, o fechamento ele já te deu lá atrás, falou que você era uma mulher inválida, que ele não ia ficar com você. Esse é o fechamento. O restante a gente trata em terapia, não precisa encontrar o cara. —

Ele ficou decepcionado e bravo porque a Marcela não avisou que ela estava aí pendendo assim, estava com a perna mais curta e tal. — E é isso, essa é a história… Eu vou dar o nome dessa história de “Catarina”, por conta mesmo da Catarina, porque assim, no final, foi ela que deu aquela força que a Marcela precisava, né? E, assim, trampando, fazendo as coisas dela e ajudando, fazendo tudo que a Marcela precisava, inclusive levando para a fisioterapia todo dia, sabe assim? Então, foi realmente ali parceira. — Nesse tempo o inventário correu e elas realmente venderam a casa do pai e compraram apartamentos lado a lado. A Sabrina casou com a Catarina depois de um tempo ali, que ela já tinha comprado o apartamento, casou mesmo com a Catarina e hoje elas se dão super bem, mas cada uma tem a sua casa, né? Sua privacidade e tal. E hoje a Marcela não está namorando, mas você vê? Quem deu aquele salve mesmo que precisava ali foi a Catarina. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Nina de Londrina, Paraná. E com a história da Marcela a gente ainda percebe como é comum as mulheres serem abandonadas quando elas mais precisam de apoio. Quantas vezes já ouvi história de mulheres que estavam sofrendo com caras péssimos, mas continuaram lá porque ele sofreu o acidente, ele está com uma doença ou ele inventou uma doença e ela ficou, às vezes até sendo maltratada… Porque as pessoas acham que é responsabilidade dela, mas porque ao contrário não é assim? E ainda tem gente que defende, que acha que está certo em abandonar. Que bom, Você teve apoio da Catarina e da Sabrina e se recuperou e esse cara péssimo saiu da sua vida. 

Assinante 2: Oi, oi, pessoal, aqui quem fala é Valentina, fala de Itajaí, Santa Catarina. Eu fico pensando: Será que meu namorado cuidaria de mim se eu ficasse inválida? Meu padrasto cuidaria da minha mãe se ela tivesse câncer? Meu tio cuidaria da minha tia se ela tivesse um derrame? Até que ponto vai o machismo e o mau caráter de um homem e de uma sociedade que normaliza, digo ao ponto de não denunciar a negligência e o abandono dos familiares, filhos, até que ponto nós conhecemos nossos companheiros, parceiros de vida e etc? Será que nós, mulheres, podemos estar dormindo ao lado do nosso próprio algoz caso alguma coisa atinja a nossa saúde? Medo, sinceramente. 

[trilha]

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo… Um beijo, Marcela, Sabrina, Catarina, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.