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título: detetive
data de publicação: 03/10/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #detetive
personagens: marluce e detetive peixoto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é Wondery Brasil e o podcast “O Amor na Influência”. A segunda temporada do podcast O Amor da Influência já estreou e dessa vez é apresentada pela minha amiga queridíssima Camila Fremder e pelo talentoso Gabriel Santana. — Que está de volta na segunda temporada. — Camila e o Gabriel batem um papo sempre com a participação de influenciadores, criadores e artistas sobre todos aqueles assuntos que não postamos nos nossos stories, no nosso feed… — Enfim, que a gente não comenta nas redes sociais. — 

Quando tudo parece que está dando errado, sabe? Quando o seu ex reaparece do nada e você quer exorcizar aquele traste, [risos] sabe aquele amigo que tem inveja de você ou mesmo um projeto que você já tirou do papel, mas ainda está mantendo aí no sigilo? Esses temas são difíceis pra todo mundo, mas já imaginou para quem está aí sob os holofotes o tempo inteiro? Os três primeiros episódios da segunda temporada de O Amor na Influência já estão disponíveis em vídeo no canal Wondery Brasil no YouTube e na sua plataforma de áudio preferida. Novos episódios todas as terças-feiras. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio e vão lá assistir porque Camila e Gabriel arrasam. — E hoje mais uma história aí da zona cinza… E hoje eu vou contar para vocês a história da Marluce. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]


A Marluce conheceu o marido quando ela era muito jovem e eles começaram aí a namorar e depois de um ano de relacionamento, eles se casaram. — Era uma época que os concursos públicos eram mais fáceis, talvez, ou talvez tivesse menos gente tentando. — E ambos passaram aí em concursos, né? Então, a vida deu ali uma estabilizada financeira e tal, e eles foram construindo aí um patrimônio. Tiveram dois filhos logo que casaram, no primeiro ano ali, tiveram uma menina e depois de um ano tiveram um menino… Foram construindo o patrimônio, compraram uma casa, depois compraram uma casa na praia e a vida foi seguindo… Tempo foi passando, um casamento muito bom, feliz… As crianças foram crescendo, estudando em boas escolas, porque os dois com bons salários.

As crianças viraram adolescentes, depois jovens adultos e entraram na faculdade. — Universidades federais, né? Porque eles tiveram uma boa educação, então foi mais fácil para eles aí, uma vida de privilégios. — Quando este casamento já estava ali no seu marco de 23 anos — sendo que a garota, a filha com 22 e o menino com 21 —, este marido chegou na Marluce. — Do nada, porque ele estava igual sempre e pediu divórcio. Quem me ouve há mais tempo sabe que eu acho que quando a pessoa quer separar, o que você tem que fazer? Você tem que dar a separação, não importa… Você teve 23 anos ótimos com essa pessoa e agora ela não gosta mais de você… Então é hora de terminar, né? — A Marluce não aceitou muito bem, teve uma crise nervosa, eles brigaram e ele falou: “Olha, eu não vou voltar atrás, eu espero que seja amigável e eu quero seguir minha vida de outra forma”. — E eu acho que ele está certo. — Marluce resolveu contratar um detetive… — Vamos botar um nome aí no Detetive Peixoto. —

Contratou um senhor, o Detetive Peixoto, e o Detetive Peixoto tinha uma equipe… Tinha o cara do T.I, do computador, pra dar uma vasculhada nas redes e na vida desse homem… Marluce não sabe até que ponto as buscas tecnológicas deste parceiro do Seu Peixoto eram lícitas… — Então, se o cara era um hacker ou não, ela não sabe dizer isso… — Tinham algumas pessoas que ficavam na rua — que então seguiam a pessoa de moto, enfim — e tinha lá a equipe dele. E a Marluce descobriu que o marido dela já estava traindo ela com outras mulheres — nenhuma mulher fixa — há pelo menos dois anos… — Que foi onde a busca do cara conseguiu chegar. — Aí descobriram que ele tinha uma outra conta… — Assim, eu não sei, não consigo ver de que maneira… Talvez lícita sim, né? Acho que se você puxar o registrato sai as contas que você tem, né? — Outro cartão de crédito, enfim, que provavelmente ele usava para esses fins, né? 

Ela descobriu tudo sobre ele, o quanto ele era um traidor e nã nã nã, e o Seu Peixoto deu o seguinte conselho para a Marluce: “Olha, diante das coisas que eu estou te passando aqui, o que eu sugiro? Você primeiro pedir o divórcio, aceitar o divórcio dele e impor essas condições, porque você pode dizer que você descobriu essas traições, enfim, e depois você ter uma conversa com ele”. — Isso foi o seu Peixoto que sugeriu pra ela. — Marluce foi lá, arrumou um advogado, mostrou tudo que ela tinha conseguido para o advogado e disse ela queria ficar com a casa que eles já moravam — que ele podia ficar com a casa da praia —, diante dele ter uma outra conta, os valores que tinham naquela conta paralela ela teria direito a metade, enfim, ele ficou muito surpreso que ela descobriu aquela outra conta, mas o advogado ia descobrir de qualquer jeito, né? — O advogado dela. — E foi feita aí a separação, o divórcio… Só que Marluce não seguiu todos os conselhos do Detetive Peixoto… 

E a vida seguiu, foi estipulada uma pensão para os dois jovens — porque até terminar a faculdade eles teriam essa ajuda de custo —, o pai não se opôs… Essa pensão — porque não é ajuda de custo, é uma pensão realmente para os dois — foi estipulada de maneira amigável e era descontado já no contracheque lá do órgão do governo que o agora, ex marido de Marluce, trabalhava… Depois de um ano, o marido de Marluce queria muito voltar com ela. A Marluce falou: “Andréia, eu confesso para você que eu fiquei esperando isso acontecer, porque eu sabia que isso ia acontecer… Para poder dizer “não”. Pra poder tirar sarro da cara dele”. Quando a Marluce botou o Detetive Peixoto atrás do então marido dela, ela descobriu por que ele tava querendo o divórcio… Ele estava querendo o divórcio porque ele estava namorando uma mulher de 30 anos. — Então, digamos ali que eles já estavam na faixa dos 50 e tal e ele estava com uma moça de 30, muito bonita… E a Marluce falou: “Andréia, o meu marido era um homem de meia idade comum, assim… Para aquela moça estar com ele, só poderia ser golpe, né? Mas eu tinha as informações e resolvi não compartilhar”. Que informações que ela tinha? —

Peixoto descobriu que aquela moça ela tinha seis processos de estelionato, ela tinha esse modo de agir, ela conquistava os caras que ela achava que tinham alguma coisa para oferecer para ela, tirava os bens… Então fazia, sei lá, o cara vender a casa e dar o dinheiro para ela… Prometendo casamento. Ela sempre dizia que ela queria se casar e ter filho com aquele homem. Depois que ela tirava tudo, ela dava no pé… — Então, Marluce tinha essa informação um pouco antes de se separar e ela tinha certeza que isso aconteceria com o marido. — A sugestão do Peixoto foi: “Se você contar agora, pode ser que ele acorde, e aí ele não queira mais separar e continue com a moça… E aí o patrimônio de vocês, sei lá, ele vai dar um jeito de acabar… Mas você separando você garante a sua parte do patrimônio, e aí você dá um toque pra ele, você mostra os processos que ela tem e, se ele quiser continuar, é por conta e risco dele”. Mas a Marluce, conhecendo o marido dela do jeito que ela conhecia — 20 e tantos anos juntos —, ela sabia que contando dos estelionatos, a ficha dele ia cair e ele ia largar a moça. 

E aí Marluce resolveu omitir esse fato, porque ela queria realmente ver o marido dela sem nada. — Pelo tempo que ela descobriu que ele traía, enfim… — E isso aconteceu… Quando eles separaram, ele alugou um apartamento, porque ele trabalhava na cidade, né? — E não na praia. — E a moça fez — e tudo isso a Marluce ficou sabendo pelos filhos, né? Pelos filhos dela —, fez o ex—marido da Marluce vender a casa da praia e dar o dinheiro pra ela, porque ela disse que ela ia com o dinheiro botar uma outra parte e ia comprar uma casa pra eles. Fez ele fazer um empréstimo consignado pra ela, deu dinheiro pra ela, ela comprou um carro com o dinheiro… Então, digamos que o empréstimo consignado foi de 100 mil… — Ela comprou um carro com o dinheiro. — Ela foi tirando tudo o que ela conseguia dele, a ponto de metade do salário — um pouco mais da metade até — com pensão e empréstimos. Quando ele não conseguia mais pegar dinheiro, assim, no banco e tal — de maneira lícita —, ela apresentou um agiota para ele e ele pegou, vai, digamos, mais 50 mil no agiota… 

Ele teve que vender o carro dele para pagar o agiota… — Porque ele não estava mais conseguindo pagar só os juros e o cara começou a pedir o dinheiro, então, ele teve que vender o carro dele. — Ele não conseguia mais financiar o carro porque ele estava com parte do salário dele bastante comprometido — então ninguém aprovava o financiamento —, ela estourou o cartão de crédito dele em uns 30 mil… — Dois cartões, ele não conseguia pagar. — Ele ficou sem crédito, com o nome sujo, ele ficou na lama… — Na lama. — Uma parte ali do salário dele que sobrava ia para o aluguel, condomínio, água, luz, essas coisas, e o restante para comer. Nesse ponto, quando ela viu que não tinha mais nada, ela largou ele.  — Óbvio. Tudo isso ela fez em um ano… A moça é um gafanhoto, né? Ela destruiu tudo o que ela achou pela frente. —  E aí agora que ele tava sem nada, ele tava procurando, a Marluce pra voltar, ela disse que não e ela disse: “Bem feito, você não amava? Ela não era o amor da sua vida? Olha aí o amor da sua vida e nã nã nã”, então ainda fez, tiro um sarro dele ali. 

Ele até hoje não se recuperou, nem financeiramente, nem emocionalmente, porque foi um baque para ele e tal. A Marluce não se arrepende, porque ela acha que se ela tivesse contado, ela realmente tinha evitado dele cair nesse golpe, mas ela optou por não contar… E ela falou: “Andréia, do mesmo jeito que eu paguei um detetive e descobri tudo, ele podia também ter contratado um detetive para saber quem era essa moça de fato… Ele não fez. Então, se ele não fez, por que eu tenho obrigação de contar pra ele, né?”. Até hoje ela nunca falou pros filhos que ela sabia dessa parte, né? — Que ela contratou um detetive eles sabem, mas não que ela sabia dessa parte, que a moça tinha vários processos de estelionato e tal… — Marluce não se arrepende, não se arrepende… Ainda falei pra ela, eu falei: “Mas sei lá, a casa de Santos, alguma coisa, era um patrimônio que ia ficar pronto para os seus filhos também”, ela falou: “Andréia, herança de pessoa viva… Meu ex podia vender a casa, fazer o que ele quisesse, porque era dele, não era dos meus filhos, né? Meus filhos estão em ótimas faculdades, vão se formar e eles que trabalhem e consigam aí o patrimônio deles. Eu agi da maneira que eu agi porque realmente eu queria me vingar do meu ex—marido pelos pelo menos dois anos de traição aí, de traições que rolaram, sem que eu sequer desconfiasse”.

Então, [risos] é a zona cinza… Vocês podem achar: “Ah, não é zona cinza porque ele traiu”, mas aqui a questão é: Ela devia ter avisado? Por, sei lá, pelos tantos 21 anos que passaram bem… Porque ela falou que até o momento que ele pediu divórcio o casamento era ótimo… Ele sempre foi um cara muito ok, assim, então sei lá, em consideração a isso ela devia ter falado? Ou como a mãe dela… A mãe dela sabe, a mãe dela disse: “Você devia ter protegido o patrimônio dos seus filhos”, mas a Marluce tem esse pensamento que eu acho correto também, de que não existe herança de pai e mãe vivo. Então, seu pai e sua mãe podem gastar até o último real deles, que o dinheiro é deles, né? Você vai, você trabalha e você faz seu próprio patrimônio. A moça gafanhota sumiu na vida e ele ficou com tanta vergonha que ele não fez nem boletim de ocorrência. E aí é que eu falo, tem que fazer… Porque é o tanto de ocorrências que pode, sei lá, lá na frente, dar pelo menos uns aninhos de cadeia para ela, porque estelionato no Brasil não dá nada… Mas se for bastante, sei lá, pode pegar uma penazinha, né? — Enfim… A gente tenta não compartilhar de um punitivismo tão grande, mas tem casos que eu acho que, sei lá, a gente acaba também… A minha zona cinza é essa, que eu sou contra… —

Acho que tudo o que der para a gente resolver longe da prisão é melhor, mas às vezes eu caio nessa, né? Do tipo: “Pô, merecia uns aninhos de cadeia? Merecia…”. Vai adiantar? Talvez não adiante… Talvez um outro método fosse melhor, mas me dá raivinha. [risos] Então a minha zona cinza é essa também. [risos] Vocês acham que ela foi certa na vingança? Ou ela devia, pelos anos todos de companheirismo e que o cara foi bacana, ela devia ter dado esse toque pra ele e aí ele decidia se vai ficar com a estelionatária ou não? O que vocês acham?

[trilha]


Assinante 1: Meu nome é Patrícia, estou falando dos Estados Unidos. Marluce, a sua história me fez pensar como existem dois pesos e duas medidas, porque quando um homem abandona uma mulher com filhos e deixa ela sem nada e ela tem que trabalhar, ralar, se acabar pra poder se recuperar, as pessoas acho que não tem muita dó… Vem com aquele papo de “ai, mulher guerreira”, “você é forte, você é guerreira, você é batalhadora”, mas quando o cara faz um monte de escolhas erradas e ele tem que sofrer essas consequências, as pessoas ficam com dó e até esperam que outra mulher na vida dele o salve desses problemas. Não culpo você, eu acho que você fez o que você achou que tinha que fazer mesmo. E é isso, gente… A gente não precisa ter dó de quem faz escolhas erradas de jeito diferente, não, tá bom? Um beijo pra vocês. 

Assinante 2: Oi, aqui é a Carol de Brasília. Marluce, aqui eu acho que entra que a gente não tem que ONG de macho. Se o cara foi esperto pra fazer um caixa dois, uma conta separada com dinheiro pra você não saber e, enfim, essa sacanagem toda, a traição por dois anos, por que você teve a obrigação de contar? E é isso, o patrimônio dos seus filhos e da sua parte está garantida e graças a Deus vocês sempre proporcionaram aí e têm proporcionado oportunidades e são jovens privilegiados pra conquistar as coisas deles… E o pai escolheu agir assim, agora ele que lide com as consequências, ele é bem grandinho já. Um beijo e fica bem, Marluce, curte aí sua vida. 

[trilha] 


Déia Freitas: A segunda temporada do podcast “O Amor na Influencia” já está no ar e nessa temporada Gabriel Santana retorna dividindo a apresentação com a minha amiga Camila Fremder. Você já pode ver e ouvir os três primeiros episódios no canal Wondery Brasil no YouTube e na sua plataforma de áudio preferida. Os episódios novos saem todas as terças-feiras. Valeu, de novo, Wondery Brasil… Um beijo, Gabriel, um beijo, Camila, te amo… Um beijo, gente, e eu volto em breve. 


[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]