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título: vergonha
data de publicação: 07/10/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #vergonha
personagens: amélia e dona marieta

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo é a minha queridíssima, amada, idolatrada, a cor de rosinha que eu amo, Hidrabene. — Vocês sabem, né? Que eu sou blogueira Hidrabene. — A Hidrabene ela tá com um lançamento incrível, o Protetor Solar Facial Ultra Leve — e é leve mesmo, gente — com três opções de fator de proteção 50, 70, 90. Os novos protetores Hidrabene possuem fórmulas que entregam conforto e suavidade para o dia a dia. Eles são compatíveis para todos os tipos de pele — então, ó, não deixa minha pele cinza, o que já é incrível — e eles também previnem o fotoenvelhecimento e a pele absorve em segundos. — Ele tem uma sensação, assim, ultra leve, sabe quando você passa aquela coisinha suave? — 

E ele suaviza as rugas e linhas de expressão… Além de ter esse sensorial incrível, o protetor solar facial ultra leve da Hidrabene traz os benefícios da argila orgânica e da Aloe Vera — que eu amo —, ativos que proporcionam ação calmante, purificante e hidratante. Acessa agora o site da Hidrabene, que é: hidrabene.com.br ponto e vai lá conhecer os novos protetores. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio e fica com a gente até o final que tem cuponzinho de desconto. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Amélia. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]


Como é a configuração da família da Amélia? É uma família formada por mulheres, tem a mãe da Amélia — que a gente pode chamar aqui de “Marieta” — Dona Marieta ganha um salário-mínimo e mora com Amélia. Amélia tem uma irmã — mais nova que ela um ano —, Amélia agora está com 40 anos e Amélia tem uma filha. — Uma filha que completou agora 17 anos. — A casa da Amélia tem dois quartos, num quarto dorme a mãe, Dona Marieta e Amélia, no outro dorme a irmã e a filha da Amélia. Com o salário—mínimo da Dona Marieta, elas pagam o aluguel, dá certinho ali para pagar o aluguel e o IPTU — porque sim, quando você aluga um imóvel, você paga o IPTU também, não acha certo, quem teria que pagar é o proprietário do imóvel, mas geralmente a gente vê que quem está locando que paga, né? —

Esse salário—mínimo só dá para isso… Todas as outras contas agora estão nas costas da Amélia. — Então, o que a Amélia faz? — Amélia trabalha num consultório odontológico, ela gerencia ali as coisas que acontecem nesse consultório e ela ganha, bruto, R$3.100. — Com um desconto aqui, desconto ali, e tal, 2.700 na mão da Amélia. — Com esses 2.700, ela tem que pagar ali a água, a luz, o convênio médico da mãe — que é a única que tem convênio médico e é um convênio caro, mas eu acho que se a gente botar assim, que se a Dona Marieta paga o próprio convênio, porque o convênio da Dona Marieta é mil reais, R$1.100. Então, eu acho que dá para a gente falar isso, que a Dona Marieta paga o próprio convênio e o IPTU e até o aluguel, as coisas todas, quem paga é a Amélia. Eu acho que a conta fica mais clara assim pra gente entender, porque de aluguel é isso, acho que é 1.200 de aluguel, aí ela paga a água, paga a luz, tem mais umas contas ali de mercado e tal, bom, o dinheiro vai tudo… —

Como a irmã dela não está trabalhando, então tudo nas costas da Amélia… E a irmã não está trabalhando desde antes da pandemia, nenhum emprego está bom, nenhum emprego está à altura. Chegamos ao começo de 2023… A Amélia — que trabalha nesse consultório odontológico durante o dia — conseguiu um bico de garçonete à noite para complementar a renda porque a filha dela queria fazer um cursinho caro e depois entrar numa faculdade particular dos sonhos dela, que também é cara. Amélia, como uma mãe dedicada, falou: “Bom, eu vou… Vou trabalhar, fazer tudo” e ainda desse dinheiro ela dava 200 reais para a filha e 200 reais para a irmã. — Pra eles comprarem as coisinhas delas, então já é 400  reais… Sobra 2.300 para você fazer compras do mês, pagar aluguel, enfim, bastante coisa, né? E ainda comprar uns remédios de Dona Marieta que às vezes precisa e tal. — Só que é uma lanchonete que a irmã dela, da Amélia, e a filha frequentavam. 

Primeiro elas torceram o nariz assim: “Nossa, você vai trabalhar lá?”. — Enfim, a Amélia só arrumou esse emprego a mais para poder custear, para melhorar a vida de todo mundo em casa, né? E, detalhe: O ano retrasado a Amélia conseguiu botar um ar—condicionado na sala e, poxa, a conta de luz aumenta e tal, as duas lá bonitas que não trabalham só ficam no ar condicionado. Então veja quanto que vem essa conta de luz… Tem mês que vem 400 reais de conta de luz… Você paga como, né? — E aí ela começou nessa lanchonete e, assim gente, ser garçonete não é fácil, é correria é bem puxado o trampo…

Ela chegava em casa uma hora da manhã, morta… Chegava em casa, dormia e quando era 06h ela estava de pé pra poder ir para o consultório, trabalhando nessa lanchonete de quarta a domingo e no escritório odontológico de segunda a sábado. — Amélia se matando de trabalhar, né? — E as duas botando defeito ali, que “ai, porque você trabalha lá de garçonete, agora fica chato a gente frequentar”.  Quando a Amélia estava mais ou menos com quatro meses nessa lanchonete trabalhando — então era lá abril, quase maio — era aniversário da lanchonete e a lanchonete quando faz aniversário, é um aniversário temático. Todos os funcionários trabalham fantasiados… — A empresa dá fantasia e você bota e trabalha fantasiada. — Então, a Amélia teria que trabalhar também fantasiada… Não vou falar aqui a fantasia dela, mas eram fantasias, assim, divertidas, fofas… — Então vamos dizer que Amélia estava vestida de pônei. — Então ela teria que servir as mesas ali vestida de pônei, e aí você vai, você veste a fantasia de pônei e pronto… E aí está ela lá, vestida de pônei, quando chega a irmã e a filha da Amélia com uma turma. — Porque a irmã da Amélia gosta de sair com os jovens. — Então, as duas na mesma turma, um monte de gente e todo mundo rindo das fantasias, porque é engraçado você ver gente fantasiada e tal, mas rir das fantasias e achar engraçado não significa que você está tirando sarro da pessoa, né? E aí a Amélia fez o trabalho dela ali até uma hora… 

Uma hora ela viu que a irmã e a filha tinham ido embora e, quando ela chegou em casa, as duas estavam acordadas para falar que ela era uma vergonha, que elas passaram uma super vergonha com a Amélia daquele jeito, que não sei o quê… A Amélia falou: “Tá bom, eu sou uma vergonha, né? Ótimo, perfeito”. No dia seguinte, a Amélia foi lá na lanchonete e acertou as contas dela. Falou: “Bom, não vou trabalhar então mais na lanchonete, não era isso que estava incomodando vocês? Não vou trabalhar mais na lanchonete. Então agora, daqui para frente vai ser assim: “Filha, você quer estudar, fazer faculdade tal? Então você procura um trabalho, porque eu não vou poder te ajudar, meu dinheiro só dá para as contas. Ar—condicionado? Vou chamar o eletricista para tirar, porque eu não tenho dinheiro para pagar e vocês não estão trabalhando. Minha mãe, que é a única que também gera uma renda aqui, não fica na sala quando o ar—condicionado está ligado porque ela não gosta, ela passa mal, ela fica só no quarto. Então não vai ter mais ar-condicionado”. Ela foi lá, chamou o eletricista e desconectou a fiação lá do ar-condicionado.

TV por assinatura? “Fiz as contas aqui e estou pagando mais de 100 reais de TV por assinatura… Eu não assisto nada, eu e minha mãe a gente só assistia novela na TV aberta. TV por assinatura está cancelada. WiFi? Vocês estão trabalhando? Vocês vão usar computador para estudar? Vou pegar um pacote básico”. Amélia diminuiu todas as contas, parou de comprar besteira, então salgadinho de pacote, chocolate… É arroz, feijão, legume, verdura e, quando tem, uma carne… É isso. Cortou todas as coisas… Ela falou: “Andréia, eu e minha mãe a gente não come chocolate, não come essas coisas. Eu gastava meu dinheiro tudo com elas duas e as duas me humilhando, falando que tem vergonha do meu trabalho? Pois agora eu só trabalho lá no consultório, não faço hora extra mais… Porque eu pegava uns turnos a mais pra poder complementar a renda. Não faço. Tô descansada, estou juntando um dinheirinho e vou pegar a minha mãe, vou viajar. Minha filha está puta da vida, porque sem a minha ajuda ela não vai conseguir fazer a faculdade que ela quer. Então ela que faça a faculdade que ela consegue…”.

A Amélia diz: “Eu nem faculdade fiz… Trabalho num cargo administrativo, ganho 3 mil reais… Não tenho faculdade. Então, se ela quer ter as coisas dela, quer fazer faculdade, ela tem que trabalhar e estudar à noite”. A irmã está arrasada também, ela falou: “É bom você começar a procurar um emprego de qualquer coisa, porque eu não vou te dar mais 1 real. 1 real você não vai ter”. Cerveja na compra também, tirou refrigerante também, tirou… Ela falou: “A gente tem um filtro aqui, sai água gelada até… Toma água”. [risos] Eu amo… [risos] Amélia tá errada, gente? Ela escreveu pra gente por isso… Eu acho que ela não está errada. Quer refrigerante? Quer chocolate? Quer salgadinho? Quer cervejinha? Trabalha… A menina já se formou no ensino médio. A outra lá é um ano só mais nova que a Amélia não trampa, desde antes da pandemia… Ô, gente… “Ah, porque não tem nenhum trabalho que serve”, ô…

Lá do lado do consultório dela tem um negócio de xerox, sabe? Só que como tem uma faculdade perto, então tem muito movimento… E ela já marcou pra irmã dela ir lá para começar agora quando voltarem as aulas.  Ela falou: “Você vai trabalhar lá e aí a gente vai dividir as contas aqui em casa… E minha filha também tem até janeiro aí pra dar entrada no Jovem Aprendiz, estágio, seja o que for aí que ela quer fazer… Trabalha em loja… Porque nós vamos dividir as contas dessa casa em quatro. Todo mundo é adulto aqui, eu não vou mais me matar de trabalhar pra cuidar de vocês”. Então, a Amélia trabalhava das 08h00 à 01h00, em dois empregos, para poder manter todo mundo no luxo, pra ouvir da irmã e da filha que elas tinham vergonha da Amélia. Eu também acho que a Amélia está certa, ela não cortou comida, todo mundo tem arroz, feijão, macarrão, tem um legume, tem uma salada, tem uma carne quando dá… Tem a água boa do filtro. Compra shampoo… — Tem isso também… — “Shampoo eu vou comprar o que o meu dinheiro der, bada de shampoo especial”. — Porque a Amélia comprava pras duas. —

“Ah, o shampoo que quer, o creme que quer”, agora é o creme e o shampoo que tem. Quer o seu creme e seu shampoo especial, diferente? Trabalha, compra… Quer um perfume? Trabalha, compra. “200 reais por mês que eu dava para cada uma? Agora é 400 reais que eu estou guardando pra fazer uma viagenzinha pra praia, alguma coisa com a minha mãe”. Não acho que ela está errada, é todo mundo adulto. “Ah, mas a filha precisa de uma força”, ela falou: “Andréia, eu já fiz de tudo por essa menina… Ela estudou em escola particular, assim, eu me matando, dando meu sangue e nunca está bom. Sempre tem vergonha de mim. Então está com vergonha? Trabalha. Eu concordo com ela, 200%… Acho que ela está certíssima. É isso, gente, você quer as coisinhas? Tem que trabalhar. Pra ter coisinha tem que dar um trampo. O que vocês acham?

[trilha]


Assinante 1: Oi, pessoal, meu nome é Fabiana, eu falo de São Paulo e eu sou Team Amélia desde criancinha. A gente que é mãe sabe muito bem como é difícil ver um filho desejando coisas, passar vontade é muito doloroso, mesmo que eles tenham as necessidades todas supridas. Sei muito bem o que é esse amor que leva a gente a se sacrificar para fazer certos luxos para os filhos da gente… E eu imagino que esse senso de justiça que levou você a também estender os privilégios da tua irmã, foi o mesmo que fez com que você tirasse das duas depois daquele episódio tão triste. E é muito fácil para todo mundo que está de fora dizer que você devia ter retirado os privilégios antes, ou que você nunca deveria ter dado ou que você nunca deveria ter retirado, mas só a gente que é mãe sabe o quanto é bom poder suprir um desejo de um filho e o quanto é importante estar atento e retirar na hora certa. Você nunca errou… Se errou, ninguém soube. Um beijo, tudo de bom para você. 

Assinante 2: Oi, gente, aqui é Roberta, do interior do Rio. E, Amélia, você poderia ter feito ainda mais… Porque se tem uma coisa que eu odeio, é pessoa folgada. Da família ainda, que sabe o que você está passando, que sabe quais são as suas lutas e sabe como é difícil e ainda, pelo amor de Deus, gente, usar o ar-condicionado na sala? Para mim, ar-condicionado na sala é luxo. Então, Amélia, você está certíssima, estou aqui para te apoiar no que você precisar. Acho que você tinha que ter feito mais… Comprava o shampoo só para você e não comprava para elas. Falava: “Ué, quer lavar seu cabelo? Então compra o shampoo, um dá seu jeito”. Onde já se viu sentir vergonha da família? Eu acho isso um absurdo, gente, não consegui… Esse episódio me deu até uma dor no coração de raiva. 

[trilha] 


Déia Freitas: A minha queridíssima Hidrabene acabou de lançar o Protetor Solar Facial Ultra Leve Fator de proteção 50, 70 e também fator de proteção 90. E esse protetor é compatível com todos os tipos de pele. — E, assim, gente, a pele absorve em segundos, sabe? — E ele suaviza ainda as rugas e linhas de expressão, previne o fotoenvelhecimento e traz os benefícios da argila orgânica e da aloe vera. — Que são calmantes, purificante and hidratantes. — Usando o nosso cupom “PICOLE10” — “picolé” sem acento e o 10 em numeral, tudo junto —, você ganha 10% de desconto em todo o site, inclusive nos nossos protetores, lógico, né? Sem valor mínimo, exceto para os kits. Hidrabene, eu te amo e amei que recebi os protetores incríveis, muito obrigada… Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]