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título: vovô
data de publicação: 31/03/2025
quadro: luz acesa
hashtag: #duplo
personagens: bruna e joão

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para um Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história da Bruna. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Bruna conheceu o João na faculdade, eles estavam ali no último ano, um se interessou pelo outro, começaram a sair e começou ali um namoro. Bruna muito feliz, João muito feliz… Depois de um ano mais ou menos de namoro, a Bruna e o João eles resolveram morar juntos. — Um ano eu acho pouco, gente, mas enfim… — Era um apartamento de dois quartos, onde um quarto era do casal e o outro quarto era um escritório para os dois — então tinha duas mesas, cada um tinha seu espaço pro laptop, enfim, tinha um armário grande, como se fosse um arquivo, enfim, uma sala ali que serviria para os dois em questões de trabalho, estudo, enfim —, o João já tinha um trabalho na área quando ele se formou e a Bruna conseguiu um trabalho na área assim que se formou. — Então, depois de um ano eles foram morar juntos e eles já estavam bem empregados, pelo menos isso, né? 

Bruna tinha um dia de home office, ela podia escolher entre terça, quarta ou quinta. — Não podia nunca ser nem na segunda e nem na sexta… Que péssimo, hein, empresa? — Geralmente ela escolhia a quarta—feira — que ela trabalhava dois dias na empresa, trabalhava um dia em casa, mais dois dias na empresa —, João trabalhava presencial os cinco dias da semana, às vezes precisava ir aos sábados, enfim… João entrava no trabalho 08h, quinze para sete ele saia de casa, ia trabalhar. Como era quarta—feira, ela estava de home office e ela entrava às nove, acordava ali umas 08h30, deu um beijo na Bruna e saiu, foi trabalhar… Bruna acordou, ficou de pijama porque estava frio, se enrolou numa mantinha e falou: “Bom, vou fazer um café e começar a trabalhar”. Bruna começou a trabalhar no seu horário certinho, ela estava concentrada trabalhando, já tinha umas duas vezes ido até a cozinha tomar um café… — Tava bem frio… — Quando deu mais ou menos ali umas dez e pouco, a Bruna escutou um barulho na porta: “João esqueceu alguma coisa e voltou”, só que eu estava ali num processo no computador ali que ela não poderia parar naquele momento. — Ela não ia parar. —

Ele ia entrar, ele ia até ali naquela sala que seria o escritório deles, enfim, ela ficou esperando e ela terminou o processo dela, que demorou mais ou menos uns dez minutos e o João não veio, mas ela escutou a porta abrir e fechar e trancar… Só podia ser o João. Bruna levantou… — Então quando ela saía desse escritório, tem a porta do escritório e de frente a porta do quarto, do lado direito a porta do banheiro, a esquerda um pequeno corredor e, terminando esse corredor, a direita a sala, de frente a cozinha. Então, quando ela saía do escritório, ela conseguia já ver um pedaço da cozinha de frente. — Ela viu que o João estava na cozinha… João estava na cozinha, encostado na pia, olhando para dentro da pia. Dentro da pia, algumas louças para lavar, alguns talheres, enfim… E Bruna chegou e falou: “Oi, João, você voltou? O que aconteceu?” e ela foi chegando perto do João para dar um beijo nele, abraçar ele ali pelas costas.. Quando ela estava chegando bem perto, o João virou. — Era o João? Era o João, mas tinha alguma coisa errada com o João. —

O João estava com um sorriso no olhar… — Sabe quando você não sorri com a boca, mas você sorri com os olhos? — Ela não sabe explicar, mas parecia maligno, parecia estranho. Bruna, sem entender, ficou com medo do João. A Bruna me falou: “Andréia, não sei, foi algo instintivo, me deu um medo do João, mas era o João. E eu, com medo, continuei falando… Sabe quando você fica nervosa e vira uma metralhadora? Assim, conversando. E ele só ficava me olhando com aquele sorriso estranho no olhar. Queria até pegar um copo d’água, mas para eu pegar o copo d’água eu tinha que passar por ele, ir até o filtro que estava à esquerda dele, pegar água e eu não tive coragem”. E naquele minuto nada fazia sentido na cabeça da Bruna, porque assim, o João nunca foi agressivo, o João nunca foi um cara mau, mas ele tava estranho. Bruna, no fundo, achou que era tudo uma cisma dela, mas ela falou: “Tem alguma coisa estranha”. Bruna voltou para o escritório, fechou a porta… Passou a chave. A intenção dela era ligar para alguém. — E eu acho que é isso, gente, quando você tiver alguma cisma, alguma coisa assim, pelo menos liga para alguém, avisa alguém, uma amiga, um parente, enfim. —

Quando ela pegou o celular para olhar… Para quem ela ia ligar? Quem estaria mais perto? Ela recebeu uma mensagem, era uma mensagem do João… [efeito sonoro de notificação no Whatsapp] Ela estava ouvindo João na cozinha e ele estava mandando uma mensagem para ela e, na mensagem, o João falou assim: “Amor, veja se eu deixei a minha caderneta de anotação em cima da mesa do escritório”. A Bruna olhou para trás que ela estava na mesa dela, a mesa dele ficava de costas na outra parede e a caderneta estava ali e ela pensou: “Meu Deus, ele tá fazendo isso para eu abrir a porta e ele entrar aqui”, mas ela estava escutando porque ele estava lá na cozinha, mexendo naqueles talheres, naquela naquela louça que estava dentro da pia, ela respondeu: “Tá aqui sim” e pensando: “Não vou abrir a porta, se ele vier aqui e mexer na maçaneta da porta, eu vou começar a gritar”, porque estava muito estranho… O João trabalhava na área ali de T.I e algumas senhas ele realmente anotava, alguns códigos, enfim, e a próxima mensagem do João foi: “Puts, eu vou ter que voltar para buscar porque eu esqueci essa caderneta. Eu vou passar rápido”, detalhe, “de carro, você tem como deixar essa caderneta para mim lá na portaria?”, nessa hora a Bruna gelou…

Como na portaria? Se o João estava na cozinha… Ela escreveu: “Passar de carro?”, o João escreveu: “É, eu estou saindo daqui agora”, “Daqui onde?”. Bruna ligou para ele, que ela tinha que ouvir a voz dele, ele estava na cozinha. O telefone tocou, o João atendeu e aquele barulho de firma, vozes até que ela conhecia… Ele estava na empresa. O João estava na empresa. Ele falou: “Bruna, eu estou saindo daqui agora, até eu ir no estacionamento, pegar o carro e chegar aí vai uma hora, mas eu tenho que passar. Você pode deixar na portaria? Porque eu vou passar rápido e pegar”, a Bruna paralisou… Se o João tava na empresa, quem que tava na cozinha? E ela estava escutando o barulho dele na cozinha. A Bruna ficou tão paralisada que ela não conseguia falar, expressar o que tava acontecendo e ela falou: “Vem rápido pra casa, por favor”. Do outro lado, o João sentiu que a voz da Bruna estava estranha, mas no que ele pensou: “Meu Deus, ela está tendo algum derrame, algum problema de saúde, alguma coisa”, porque a voz dela estava muito estranha. 

João saiu o mais rápido que ele pôde, ligou de novo no telefone da Bruna, a Bruna atendeu e ela só falava isso: “Por favor, vem pra casa, vem pra casa”, a Bruna não conseguia verbalizar o que estava acontecendo. — Era totalmente impossível o que estava acontecendo, porque era o João na cozinha e era o João na empresa ligando pra ela. — O João foi pra casa — ultrapassou aí até os limites de velocidade, enfim — e eles moravam num prédio com um elevador só, que atendia os seis andares e ele estava tão desesperado, que ele resolveu subir de escada, correndo, de tão atormentado que ele estava e o elevador estava parado, sei lá, no quinto andar, alguém devia estar carregando alguma coisa… E ele foi correndo pelas escadas… Quando ele destrancou a porta, ele falou, o próprio João se viu. Ele viu alguém igual a ele na cozinha segurando uma das facas que estavam dentro da pia. A cabeça dele bugou também quando ele… Sabe quando você olha e você pisca o olho de novo e fala: “Não é possível” e olha de novo, quando ele olhou de novo, ele não viu mais a pessoa que era como ele na cozinha. 

Ele piscou tão fechado, tão apertado, que a pessoa podia ter corrido ou escondido… E ele correu pela aquela entrada da cozinha que era um balcão, então dava para você ver tudo, para ver se não tinha alguém atrás do balcão… E não tinha. Só quem estava no chão ali era a faca, mas ele não escutou o barulho da faca cair no chão. A faca estava no chão. João sem entender nada, foi até a porta do escritório e começou a bater na porta: “Bruna abre, Bruna abre”, porque ele viu que ela não estava ali… E a Bruna agora com medo de abrir a porta para o João. E o João falou: “Eu não sei o que está acontecendo, mas eu me vi na cozinha”, e aí a Bruna abriu a porta e teve uma crise de choro. Sabe quando você, ai, dá aquele alívio, assim? E aí eles ficaram ali conversando sem entender, porque o João também se viu ali naquela cozinha e ele falou para a Bruna: “Bruna, era eu, mas não era eu, era alguma coisa parecida comigo”. Bruna teve uma crise de choro que não parava, ele tinha que voltar para a empresa para terminar um código e ele falou: “Se veste, vamos sair daqui, eu vou te deixar na casa de alguém”, deixou a Bruna na casa de uma amiga, “eu vou trabalhar, terminar o código que eu preciso terminar e eu volto lá para te pegar e a gente vê o que faz”.

E aí ele terminou ali o que ele tinha que terminar até umas duas e pouco da tarde e passou pra pegar a Bruna e estava muito frio, eles foram, tipo, para um café, para conversar, para entender o que tinha acontecido e eles não conseguiram entender. E aí os dois estavam com medo de voltar em casa, mas eles não tinham muita opção, enfim, né? Eles estavam naquele apartamento e passaram a noite ali grudados, então se um ia no banheiro, o outro ia no banheiro. Eles criaram uma palavra chave para eles, um falou no ouvido do outro que era para sei lá, se tivesse um espírito ouvindo… Mas o espírito ia ouvir se fosse no ouvido? Não sei… E aí eles combinaram que se aparecesse alguém ou se um desconfiasse do outro, ia perguntar essa palavra chave. Bruna nunca mais fez home office… Ela prefere não estar em casa sozinha. Eles moram no mesmo apartamento, nunca mais aconteceu nada — absolutamente nada, foi a única vez que aconteceu alguma coisa estranha, sobrenatural, na vida deles — e ela não fica sozinha no apartamento de jeito nenhum. Se ele vai sair com os amigos, ela vai para a casa de uma amiga ou vai sair com as amigas, enfim, a Bruna não fica sozinha em casa porque ela tem medo que isso volte a acontecer. 

Gente, o que que foi isso? Eu fiquei assustada com essa história. Acredito? Não sei… Por que não pode ser uma coisa que os dois imaginaram igual, assim… Ou pode? O que vocês acham?

[trilha]

Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, tudo bem? Aqui é a Lidia, eu estou falando da Alemanha. Existe uma expressão no idioma alemão que se chama “doppelganger”, que faz exatamente menção, geralmente, a uma segunda versão mais maligna de você mesmo. Você pode ver ou alguns de seus amigos ou parentes podem ver sem você estar nesse lugar especificamente, então seria uma visão espiritual, uma segunda cópia, um sósia seu, geralmente com interpretação nas lendas germânicas de mau presságio ou até de morte. Enfim, nossa, fiquei arrepiada ouvindo o episódio… Eu acho que eu oraria bastante para tentar limpar o ambiente, mas realmente, nossa, assustador… Imagino como devem ter ficado os dois naquela situação que a gente não consegue explicar com as leis normais, né? Valeu pelo episódio e Deus me livre. 

Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, meu nome é Brígida, falo de Campo Grande—MS. Eu sou espírita kardecista, já estudei bastante a doutrina Espírita, li muitos livros… Uma das coisas, são várias, várias coisas que podem ter acontecido, uma das coisas é um espírito que estava ali por aquele prédio, às vezes num outro apartamento, as pessoas não os viram porque nem todo mundo vê… Muitas vezes tem espírito, sim… Muitas vezes não, quase sempre, e a gente não vê, não é todo mundo que consegue ver. Enfim, o fato de ele ter assumido a forma física do João é porque os espíritos conseguem fazer isso… Não todos, tá? É igual atravessar porta, entrar em ambientes, empurrar objetos, mais ou menos como no filme Ghost. Que bom que os dois estão bem, beijos. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis aí com a Bruna e com o João. Deus me livre, um beijo, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]