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título: acelerada
data de publicação: 17/07/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #acelerada
personagens: samantha

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Cerveja Eisenbahn. Você tá aí sem tempo livre pra lazer ou tá com a sensação de viver apenas para cumprir seus deveres e obrigações? A pesquisa a Modo Acelerado — A relação do brasileiro com o tempo feita aí pela Eisenbahn te ajuda a refletir sobre a sua relação com o tempo e os hábitos a partir da sua rotina. A pesquisa levantou que apenas 9% da população brasileira adulta sente que tem um ritmo de vida calmo, enquanto uma parcela bem maior, 43%, declarou viver num ritmo acelerado ou muito acelerado. — Eu, estou aí nesses 43%. — 

Mas como a gente pode sair desse modo automático e absorver o mundo ao redor, respeitando aí o tempo das coisas? Talvez quando a gente tiver aí no happy hour tentar sair do celular… Ou quem sabe marcar um jantar com os amigos, diminuir o tempo mesmo de tela de celular. — Eu vou falar uma coisa para vocês: Em casa, sempre que eu andava pela casa — é uma coisa muito louca, né? — eu tava com o celular na mão. Hoje eu faço um exercício de que eu estou em casa ou se eu vou na Janaína, eu deixo o celular. Eu não ando mais o tempo todo com o celular e isso melhorou muito a minha vida, assim… — Eu acho que diminui o tempo de tela faz muito sentido, gente, muito sentido, sabe? Pra estar presente mesmo, para conversar ou mesmo pra olhar em volta. — Alimentação, hábitos saudáveis, lazer, trabalho, amigos, família, tudo isso é impactado quando a gente está acelerado. 

E aí Eisenbahn te convida a conhecer a pesquisa Modo Acelerado — A relação do brasileiro com o tempo no site: eisenbahn.com.br/modoacelerado, eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. A gente pediu histórias aí pra vocês, né? Eu amo que quando tem publi a gente pede as histórias direcionadas e vocês mandaram histórias para a gente de como é viver essa rotina louca, acelerada. E hoje eu vou contar para vocês a história da Samantha. — Ê, Samantha… — Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Samantha estava na faculdade, na época ela cursava psicologia e fazia estágio obrigatório e ainda trabalhava mais 40 horas ali no regime CLT, né? Básico. — Então ela trabalhava, fazia estágio e estudava. — E ela ainda dava conta de um relacionamento que ela tinha a distância com um cara, um uruguaio. — Que a gente pode chamar aqui de “Federico”. — Samantha estudava, trabalhava, fazia estágio e namorava a distância… — É bastante coisa, né? — E ela tinha uma rotina, Samantha morando aí em Curitiba, que era totalmente calculada, assim, desde a hora que ela acordava até a hora que ela ia dormir, que era tipo, sei lá, meia noite todo dia… E ela acordava super, mas muito cedo… Cada minuto era contado, senão não dava tempo dela fazer tudo o que ela tinha que fazer. 

E a Samantha ela não gostava de se atrasar em nada, ela sempre foi muito responsável — com os compromissos e tal —, então era tudo muito cronometrado, assim, uma loucura… E ela não queria desperdiçar nem um minuto, então quanto mais certinho fosse a rotina, mais ela sabia que ela ia cumprir tudo. Então, por exemplo, ela tinha exatamente a hora que o ônibus que ela precisava tomar passava, então se ela perdesse aquele primeiro ônibus, tudo da rotina da Samantha desandava… Era assim uma coisa louca… Então o que ela fazia? Ela acordava super cedo, não dava tempo de tomar um café reforçado, completo, ela só tomava um copo de iogurte antes de pegar aquele primeiro ônibus que tinha um horário exato, né? Que ela ia para o trabalho, ela já acordava, pegava na geladeira a garrafa de um litro de iogurte, pegava o copo no armário e tomava ali um copo rápido de iogurte e ia para o ponto de ônibus, assim, movimentos automáticos, sabe? Você faz sem pensar. 

Até que um dia, a Samantha foi abrir a geladeira para pegar o iogurte e cadê? Abriu o armário para pegar o copo e quem estava no lugar do copo? Ele mesmo, o iogurte… Com certeza nessa rotina automática, no dia anterior, a Samantha confundiu a ordem das coisas e guardou o iogurte — que acabou estragando ali no armário, ficou um dia inteiro no armário — e o copo na geladeira. [risos] — A louca, né? [risos] Quem nunca, né, gente? [risos] Olha, eu recebi essa história da Samantha e eu me vi em vários momentos… Eu vou contar depois uma passagem minha dessa coisa de você viver numa rotina acelerada. — Então, esse dia já perdeu aí um iogurte. — Prejuízo com comida dói demais, né? Dói demais… — Uns dias depois, Samantha teve que sair rapidinho do trabalho aí e ela trabalhava, saía, ia pro estágio, do estágio ia pra faculdade e ela teve que sair do trabalho muito rápido pra imprimir o relatório final do estágio dela. 

Então, a Samantha ela ia imprimir e voltar ali para pro trabalho… Então, ela saiu só com dinheiro da impressão ali e as coisas que ela ia precisava imprimir… Ela foi e, quando ela voltou pro trabalho… Ela foi, imprimiu as coisas — pegou aquele calhamaço de coisa — e a Samantha percebeu que ela não estava com nada na mão. O relatório simplesmente desapareceu. Até hoje a Samantha não sabe o que aconteceu… Ela acha que no caminho, de tão atarantada que ela estava de coisa para fazer, o relatório caiu da mão dela e ela não percebeu. — Eu já acho que ela deixou o relatório lá, pagou e não pegou o relatório, saiu sem nada na mão. Eu sou rainha de fazer esse tipo de coisa… — Até hoje ela não sabe onde está esse relatório. [risos] Os dias foram passando, Samantha aí nessa rotina frenética… Chegou um feriado, ela morando em Curitiba e o namorado dela no Uruguai, então ela pensou: “Bom, minha rotina já está bem suave, vou marcar aí com o Federico no meio do caminho, em alguma cidade ali da América Latina pra gente se encontrar”. 

E Samantha resolveu encarar uma viagem de 14 horas de ônibus… E era assim: Ela pegava esse ônibus, ia até uma cidade e chegava nessa cidade e tinha um barco que ligava até outra cidade para ela chegar até o Federico. E aí ela fez isso… — Gente? [risos] 14 horas de ônibus e depois um barco para encontrar o boy? Olha, precisa ser um mega boy, né? Pelo jeito, Federico aí é incrível. — E aí eles se encontraram e tal, mataram a saudade nesse bar e jantaram e tal…. E, num determinado momento, a Samantha foi até o banheiro e olha que coisa boa: A Samantha encontrou com a Pilar, uma professora dela uruguaia e que tinha dado aula de espanhol pra ela aí por muito tempo. Aí a Samantha começou a conversar ali com a Pilar em espanhol, né? Porque Pilar uruguaia e era bom que ela já ia treinando mais ainda o espanhol dela, e aí perguntou como estava e a Pilar respondeu que estava bem e nã nã nã, elas conversando e falando do feriado e tal e a Pilar falou que tinha ido visitar a filha… 

Conforme a conversa foi desenrolando, a Samantha percebeu que a Pilar não estava falando em espanhol, a Pilar estava falando em português e ela pensou: “Nossa, né? Nesses anos o português da Pilar melhorou demais, está falando igual brasileira” e, conforme a Pilar ia falando, na cabeça da Samantha, uma imagem ia se formando que não tava certo ali… E aí a Samantha se deu conta de que ela estava conversando o tempo todo com uma colega dela do estágio, que ela via todo dia… Na hora — com a cabeça assim de tanta coisa avoada — achou que era a Pilar… E a moça estava falando em português porque a moça é brasileira, amiga dela do estágio, e aí a Samantha falou: “Menina, desculpa, eu achei que eu estava falando com a minha professora de espanhol” e a amiga dela falou: “Eu fiquei na minha porque tem gente que quando sai do país gosta de falar a língua do país… Eu achei que você era uma dessas pessoas e tal, né?”. [risos]

E aí essa amiga, Lúcia, falou: “Bom, então é isso, né? Tchau aí, Samantha… Não tá com a cabeça muito boa, né?”. E a Samantha voltou e contou ali pro Federico, falou: “Menino, você não sabe o que aconteceu e tal…”, e aí encarou 14 horas de volta de ônibus e mais o barquinho antes, né? [risos] — Jamais faria, desculpa… [risos] – E acabou o feriado, Samantha voltou a sua rotina e de manhã acorda, abre o armário, pega o copo, abre a geladeira, pega o leite, abre a geladeira, guarda… — O leite não, iogurte… — Depois abre o armário, lavou o copo, guarda o copo, enfim, fez toda aquela rotina… E, nesse meio tempo, a Samantha tinha uma força da mãe dela. A mãe dela fazia as marmitinhas para ela levar para o trabalho, então era uma marmita e mais um iogurtezinho. — Que ela tomava, Samantha aí curtidora de iogurtes. — E ela tinha essa força da mãe e tal, só que tinha uma coisa… A comida da mãe era meio sem sal. — Eu amo comida sem sal, então eu ia amar a comida da mãe da Samantha, mas Samantha gosta de um temperinho a mais, um salzinho gostoso… —

E o feijão da mãe era realmente sem gosto, Samantha diz… — Achei um pouco ingrata, Samantha… Mamãe fazendo marmitinha, leva o sal a parte e bota no feijão. — E aí Samantha deu ali… Terminava o trabalho, ela tinha meia hora para comer e chegar no estágio… Então ela tinha que comer, sei lá, em dez minutos e correr 20 minutos para chegar no estágio… Então ela pegou ali a marmita e começou a comer e falou: “Gente, minha mãe, que incrível… Finalmente ela acertou aí como fazer esse feijão”, e aí ela ali, comendo, se deliciando, ela tinha dez minutos, falou: “Vou comer até devagar, porque está bom demais” e Samantha comia muito rápido. E aí ela comeu e falou: “Nossa, mas essa carne também… Minha mãe acertou demais… Não lembro de ter tido carne ontem no jantar, mas que delícia”… Comeu, terminou a marmita e foi procurar o iogurte… — Porque se tinha marmita, tinha iogurte… — Cadê o iogurte? Samantha na hora falou: “Não, comeram meu iogurte, alguém comeu meu iogurte”, a gente sabe, né? — Firma… A gente tem aí o podcast Histórias da Firma, vão lá na Amazon ouvir, histórias de marmita é o que há… — E aí ela chamou a copeira e falou: “Meu Deus do céu, roubaram meu iogurte” e elas procuraram, procuraram… E na geladeira tinha uma sacola ali fechada.

E aí a copeira pegou a sacola, abriu e falou: “Olha aqui tem uma marmita e um iogurte”… — Gente, a Samantha tinha comido naquela coisa de avoada, da pressa, a marmita de uma outra pessoa. Isso é muito grave… Pra mim isso é muito grave. [risos] — A Samantha tinha comido a marmita de outra pessoa, só que ela não tinha tempo para esperar, porque ela não podia chegar atrasada no estágio. Então, ela falou para a copeira: “Olha, por favor, vê para mim de quem eu comi a marmita e fala que pode comer a minha marmita”. Samantha sabia que não ia ser justo, porque a marmita que ela comeu estava muito boa, [risos] aqui criticando a mãe, Samantha… E a comida da mãe dela não tinha gosto, enfim, né? [risos] A sorte é que a pessoa que tinha levado a marmita já tinha combinado de almoçar com as amigas no restaurante e acabar dando a marmita para a copeira, então, no final, quem comeu a marmita da Samantha foi a copeira e, no dia seguinte, a copeira falou: “É, realmente, Samantha, o feijão da sua mãe… Zero sal. [risos] A comida estava realmente sem sal”, [risos] e aí depois que a Samantha comeu a marmita de uma outra pessoa, ela chegou ali no limite dela e falou: “Não, eu tenho que dar uma desacelerada, eu tenho que fazer as coisas com mais calma e desligar esse piloto automático”, que você acaba fazendo as coisas realmente sem pensar. E essa foi a história da Samantha… E agora eu queria contar uma história minha. 

Vocês sabem, eu venho da área da moda e, quando você trabalha com moda, você não tem hora para entrar, hora para sair. Então tinha dia que eu saía de casa, sei lá, às cinco e pouco da manhã, voltava meia noite… Aquela loucura. E eu fazia a Fashion Rio, fazia a Fashion Week e fazia… — Quando eu falo “fazia” é bastidores, assim, você não vê a luz do sol… É muita coisa. — E aí um dia eu saí de casa também no automático e peguei… — Eu moro em Santo André, então, tipo, era trem, metrô, ônibus, tudo… — Quando eu desço do metrô, eu não sabia mais para onde eu tinha que ir. Eu sabia onde eu estava, mas eu não sabia mais para onde eu tinha que ir, o que eu tinha que fazer, uma rotina que eu fazia sempre, mas que mudava pelo cronograma dos desfiles e tal… Eu não sabia se eu tinha que buscar alguma roupa, se eu tinha que ir direto pro lugar do desfile, se eu tinha que passar no show room… Eu não sabia mais nem que dia que era. 

Aí eu tive que parar, pensar, ligar para uma colega de trabalho pra saber o que eu precisava fazer… E uma outra vez também no automático, que eu trabalhava muito viajando de avião, eu entrei num avião, ia visitar uma loja — das lojas que eu era gerente — e eu não sabia pra onde aquele avião ia e eu estava com vergonha de perguntar. Então, eu passei a viagem toda sem saber para onde eu estava indo e eu desci no aeroporto, não reconheci o aeroporto e era um aeroporto muito pequeno em Natal, que eu ia sempre, porque tinha uma loja nossa em Natal, né? Eram produtos de vestuário com foco em estrangeiros, então a gente tinha muita loja no Nordeste e tal e, mesmo sendo um aeroporto pequeno, eu não sabia que era Natal. Aí eu li “Natal”, ainda fiquei sem entender e a gente tinha um quiosque no aeroporto… E aí quando eu vi as meninas, eu falei: “Bom, agora eu sei o que eu estou fazendo aqui”. Era da rotina acelerada que eu vivia, que realmente era, assim, caótica… Muito apressada. 

E uma hora, se você não para, o seu corpo te para, né? E você tem aí um burnout, você tem uma estafa, uma coisa assim… Então, é bom a gente parar um pouco e pensar se dá pra diminuir dez minutos, sentar e respirar [suspiro] dez minutos, falar: “Ufa, agora eu vou”, porque também não é sempre que dá para a gente: “Eu vou mudar meu estilo de vida”, é a realidade, né? Então, pelo menos que a gente consiga parar dez minutos aí, respirar e falar: “Não, deixa eu ficar quietinha aqui, acalmar um pouco essa rotina acelerada”. Eu tenho muita história de rotina acelerada, de esquecer, coisa de achar que estava tomando café e tá tomando um copo de ketchup, [risos] enfim… Coisas de quem trabalhou aí, sei lá, 15 horas, 17 horas por dia.

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui quem fala é a Fernanda, eu sou do interior de São Paulo. Samantha, eu dei risada da sua história, mas eu juro que eu ri com todo respeito, porque só quem viveu sabe. Essa vida de rotina corrida, uma vez eu que trabalho em outra cidade, vou e volto de ônibus e levo sempre uma marmita, resolvemos sair para comer, então pensei: “Poxa, trago a minha marmita de volta e levo no outro dia”. Tudo bem, cheguei em casa, tenho costume sempre de ler dentro do ônibus naquele aparelhinho de leitura, pus a marmita na geladeira e, no outro dia, quando eu tirei, percebi que ela estava um pouco mais pesada do que deveria. Sim, o meu aparelhinho que eu coloquei dentro da marmita, dormiu na geladeira. Por que ele estava lá? Não sabemos… Por que ele dormiu lá? Também não sabemos. A sorte é que ele só não estragou porque é à prova d’água… Tem hora que a gente precisa parar mesmo, essa vida corrida é terrível. Precisamos dar algumas pequenas pausas dentro das nossas possibilidades. 

Assinante 2: Oi pessoal, meu nome é Fabiana, eu falo de São Paulo. Oi, Samantha, receba meu abraço e deixa eu falar para você e para todas as mulheres :esses sintomas eles são dessa acelerada de vida sim, né? O que é evitável e o que é quase inevitável é que esses sintomas voltem mais tarde, lá no climatério, que é onde eu estou agora… Então, eu vim do futuro para falar para muitas de vocês que o climatério faz exatamente isso com a gente… Além de dar fogachos terríveis, podendo te deprimir muito, é bastante difícil o climatério. Então, eu vim aqui como mensageira do futuro, portadora de péssimas notícias, mas com um conselho valioso: consultem um ginecologista entrando nos 40, 44… Comecem a se prevenir, façam exames hormonais, se cuidem… Ser mulher é brabo. Um beijo. 

[trilha]

Déia Freitas: Se você se viu aí, se enxergou nessa história da Samantha ou mesmo [risos] na minha, saiba que você tá dentro desses 43% dos brasileiros que se identificaram aí vivendo no modo acelerado ou muito acelerado, o que aumenta as chances de você fazer tudo assim, de forma automática, sem perceber. Entra no site agora: eisenbahn.com.br/modoacelerado para ver todos os dados da pesquisa Modo acelerado — A relação do brasileiro com o tempo que a cerveja Eisenbahn e Datafolha fizeram esse ano aí para mostrar como a população brasileira está acelerada. — Valeu, Eisenbahn pela parceria… — Um beijo, gente, comentem lá no nosso grupo e eu volto em breve. — Vamos desacelerar aí, galera… — 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.