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título: álbum
data de publicação: 20/03/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #album
personagens: manu e ricardo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é o Museu do Amanhã. Para onde os sonhos te levam? Qual o seu sonho? Como o sonho pode levar a gente a lugares que nunca imaginamos? O Ministério da Cultura apresenta no Museu do Amanhã a nova exposição em cartaz: “Sonhos, História, Ciência e Utopia”, que tem curadoria do professor, escritor e neurocientista Sidarta Ribeiro. Os sonhos sempre desempenharam um papel essencial na história da humanidade, atravessando diferentes culturas, mas como explica Sidarta Ribeiro, a exposição mostra como a invasão da noite pela luz elétrica, pela televisão e pelos smartphones tem comprometido a qualidade do sono e a nossa conexão com os sonhos. O impacto vai além, isso afeta a cognição, a regulação emocional, a empatia e até a coesão social. Cuidar do sono e cuidar de como nos relacionamos com o mundo. 

A exposição “Sonhos, História, Ciência e Utopia” fica em cartaz até o dia 27 de abril. Adquira seu ingresso no site: museudoamanha.org.br. Cariocas pagam meia entrada e ouvintes do podcast Não Inviabilize utilizando o cupom: “SONHOSCOMPONEI” — amo, tudo junto, letra maiúscula — também pagam meia. Vai navegando no site do Museu do Amanhã enquanto eu conto história. E hoje eu vou contar para vocês a história da Manoela. — Eu achei essa história zona cinza, mas vocês sempre acham que não tem zona cinza e nã nã nã, né? Então vamos acompanhar. — Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

Manuela — que a gente vai chamar aqui de “Manu” — conheceu o Ricardo e eles começaram aí um relacionamento muito bom, de muita parceria, cumplicidade, enfim… E quando eles estavam ali com seis meses de relacionamento… — Então, veja, demorou bastante até firmar… — O Ricardo levou a Manu pra conhecer a família. Os pais ali meio que ok, mas um pouco esnobes e a irmã do Ricardo insuportável. —  Manu com 29 anos, Ricardo com 33 e essa irmã do Ricardo com 28. Então, veja, não é nenhuma criança, né? — Falou da roupa da Manu, meio que tirando sarro, falou do cabelo da Manu, enfim, foi um dia terrível, um domingo que ela foi conhecer a família que ela queria esquecer. A partir daquele momento, a cada pelo menos três semanas — uma vez no mês, vai — o Ricardo ia almoçar ali com a família e queria muito que a Manu fosse pra melhorar esses laços, porque a intenção do Ricardo sempre foi de firmar esse relacionamento com a Manu e casar. 

O tempo foi passando, cada vez que Manu tinha que encontrar com essa família do Ricardo era péssimo, principalmente por conta da irmã do Ricardo. O Ricardo dava umas enquadradas na irmã e até uma repreendida nos próprios pais também, mas é aquilo, né, gente? Tem uma hora também que não dá só pra você ficar brigando. — Então, a irmã meio que fazia as coisas por trás, assim, quando o Ricardo não estava vendo, enfim… Mas sempre foi um relacionamento péssimo. — Até que um dia, Ricardo levou Manu num restaurante chique e pediu Manu em casamento. Foi lindo e nã nã nã, família de Manu amando ele, enfim, um relacionamento bom apesar dessa família do Ricardo, a família mais próxima, né? O casamento foi marcado para dali um ano, Ricardo com condições financeiras ali bem melhor que que Manu. Então, ele já tinha um apartamento que já era dele, Manu ia morar lá, a irmã do Ricardo dava umas alfinetadas do tipo: “Ah, tá vendo, ó? Deu o golpe do baú, hein, Manu… Vai casar com homem rico e nã nã nã”, enfim… Desagradável. — Sabe gente desagradável? Era aí essa irmã do Ricardo. —

O tempo foi passando, a Manu e a família dela fazendo o máximo pra que fosse uma festa bonita, chique… Eles combinaram um casamento para 100 pessoas, porque aí vinha 50 do lado da Manu, 50 do lado do Ricardo, pai da Manu fez questão de pagar a festa, pagar tudo… Aquela coisa, né? O pai da noiva que paga e nã nã nã.  — Junto com a Manu, a Manu teve que pôr uma grana também… — A Manu escolheu o lado dela de padrinho e madrinha e o Ricardo, obviamente, colocou a irmã como madrinha. E aí a Manu já respirou fundo, porque assim, gente, não tinha como ela falar: “Não bota sua irmã no seu casamento como madrinha”, não tinha como ela falar. Fez uma reunião com as madrinhas e essa reunião foi péssima, porque, assim, as amigas da Manu já odiaram a moça, né? E ficou combinado que todas as madrinhas iam de rosa. Foi determinado uma cor de rosa ali que é um rosa que a gente chama de “rosa antigo”. — É muito bonito, é uma cor que eu gosto. — Então você podia escolher o modelo que você quisesse, né? Porque cada madrinha ia pagar o seu vestido, né? Mas a cor era esse rosa antigo.

E aí a irmã ali na hora reclamou, mas tudo bem, aceitou porque enfim, o casamento era da Manu. O tempo foi passando, foi dando tudo certo, o casamento ficando pronto, Manu não ia se arrumar com as madrinhas, ia se arrumar só com a mãe e a sogra e foi fechado um pacote ali para as três… E as madrinhas iam se arrumar… A cunhadinha deu uma esperneada porque já que a mãe ia se arrumar com a noiva, por que ela não podia? Mas a Manu falou: “Se não eu tenho que trazer todas as madrinhas”, ela entendeu e beleza. A equipe arrumou primeiro as mães — da noiva e do noivo — e elas foram liberadas e ficou só a Manu para finalizar as coisas, o vestido e tal. A mãe dela não ficou ali com ela… Junto com ela estava uma irmã ali, que a gente pode chamar de “Tânia”. Chegando muito próximo ao casamento, a Manu percebeu que tinha um burburinho estranho. — Muito estranho… — Mas a Manu tinha pedido para que ninguém levasse nenhuma perturbação para ela no dia mais feliz da vida dela, só se fosse uma coisa assim “ai, pegou fogo na mesa do bolo”, aí sim você vai falar com ela, se fosse alguma coisa que desse para contornar, não precisava falar com ela, não precisava estragar esse dia, né? — E eu acho que ela estava muito certa. —

Mas ela percebeu ali que as pessoas não sabiam se o que estava acontecendo devia ser falado para ela ou não. E aí chamaram a Tânia ali, a irmã dela, e contaram pra Tânia, a Tânia falou: “Não, isso aí a gente tem que falar pra ela”. Gente, o que aconteceu? A irmã do Ricardo, madrinha, foi de branco… De branco no casamento. Nisso lá fora já estava uma discussão da mãe do Ricardo com a própria filha, porque ela tinha o vestido rosa antigo, ela mandou fazer, só que ela foi de branco… E aí pra mãe ela estava justificando que quando botou o vestido não se sentiu bem e foi com um vestido branco que ela usou na formatura dela. — Gente, olha, me desculpa… Eu tenho dois filhos, Ricardo e essa moça, é o dia do meu filho, é o dia do Ricardo… Se a minha filha aparece de branco no casamento dele de propósito, porque ela tem o vestido rosa antigo, eu vou pegar ela pelo braço e vou levar ela até em casa. Se ela não trocar aquela roupa, ela não vai. Ela pode ter 30, ela pode ter 40, pode ter 50 anos… — A mãe brigou com ela, mas também assim: “Então tá bom, deixa ela”, só que ela ia ficar no altar, gente… 

E aí isso chegou no ouvido da Manau, a Manu teve uma crise de choro e mandou o seguinte recado para o Ricardo: Ela de branco no altar eu não entro. Ricardo ficou desesperado, foi falar com a irmã e a irmã falou: “Eu não vou tirar o vestido branco”. E aí o Ricardo falou: “Tá bom, você quer fazer isso no meu casamento?”, pegou uma prima dele e falou: “Prima, corre lá em casa, bota o vestido rosa antigo que você vai ficar no altar com o primo”. — Era a irmã do primo que a irmã dele ia ficar no altar. — E a irmã tomou um baque ali, mas não arredou o pé, ficou de branco. Ricardo resolveu, falou: “Tudo bem, você não quer tirar esse vestido branco? Então você vai sentar lá atrás no meu casamento”. E aí a mãe dele chorou, porque falou: “Você vai fazer isso com a sua irmã?”, falou: “Vou… Vou porque é o meu dia. É o meu dia. Vai estar todo mundo com vestido da mesma cor e ela de branco? Não, não, não vai”. E aí a prima correu e ficou ótima o vestido da prima, depois ela quis brigar com a prima [risos], mas a prima falou: “Não, agora eu vou ficar no altar… Você não quis, né?”. 

Refizeram a maquiagem da Manu, então meio que já deu uma estragada…  A Tânia falou um negócio pra ela: “Há males que vem para o bem. Pelo menos ela não vai ser madrinha do seu casamento, ela não vai estar no altar”. E, nisso, Manu teve um estalo, um pensamento, ela chamou a cerimonialista e falou: “Eu quero ter um minuto com a minha cerimonialista aqui antes de entrar” e teve esse minuto com a cerimonialista e foi linda… [marcha nupcial ao fundo] Abriu as portas ali, ela com o Seu João, o pai, entrou linda na igreja… Nem conseguiu achar a cunhada, porque ela queria ver que vestido branco a cunhada estava, né? Mas ela não conseguiu nessa entrada, ainda bem, né? Porque senão acho que ela ia ficar transtornada e casou… Muito bonito, casamento muito elegante, pago ali com muito esforço… Depois foram pra festa, tiraram fotos…Dia lindo, dia lindo. Quando chegou no salão de festas que ela viu o vestido da irmã do Ricardo… Ela simplesmente foi com um vestido ombro a ombro, justo, de renda, estilo sereia… Longo… Ela foi de noiva. Ela estava de noiva. Não é estranho? Ricardo ignorou a irmã porque achou realmente desaforo e Manu não aceitou nem os cumprimentos. 

Aí a irmã, de afrontosa, ficou meio que com cara de bunda. Passou a festa, eles foram para a lua de mel e o álbum ia demorar um pouco para chegar e nã nã nã… Chegou o álbum… “Vamos ver as fotos do álbum e nã nã nã, está aqui todas as fotos e tal”, e aí ela fez um álbum para ela e fez um mini álbum ali, um para a família dela e um para família do Ricardo e foram entregar. Primeiro foram na casa da família da Manu e, assim, gente, eu não posso culpar o Ricardo porque eu também sou uma pessoa muito distraída… Eu não consigo sentar e ficar olhando um álbum de fotografia, assim, muitas fotos… Enfim, é uma coisa que me distrai, não prende a minha atenção. E Ricardo também nem estava querendo ali, estava querendo ver o jogo com o sogro e as mulheres ficaram ali vendo o álbum e tal. E aí chegou o dia de ir na casa da mãe dele… Manu se vestiu bem elegante e foi… Tanto mostrar o álbum dela quanto o mini álbum. E aí, gente… No álbum todo não tinha uma foto da irmã do Ricardo. Nenhuma. 

Lá no dia, quando a Manu chamou a cerimonialista, a Manu falou assim: “Olha, eu já tô sabendo que a minha cunhada tá de branco… Você fala para o fotógrafo, se ele não tirar nenhuma foto dela com ninguém, eu dou um bônus pra ele de mil reais…”, tipo ela pagou 50% e ia pagar mais, sei lá, um tanto ali no dia… “Eu dou um bônus pra ele de mil reais se não tiver uma única foto dela em nada, nem de longe, nada”. E a moça mesmo tirou acho que uma foto lá, postou, tipo um story, alguma coisa assim, mas foto oficial do casamento não tinha nenhuma. Provavelmente o fotografo só, sei lá, botou flash ali quando ela tava, não bateu foto ou tirou do álbum, enfim.. E ela e a mãe do Ricardo elas surtaram, né? E aí a Manu só ficou olhando. E aí só que o Ricardo foi reparar que a irmã dele não estava no álbum, e aí ele ficou quieto, porque ele também não sabia se isso era um erro do fotógrafo, o que foi, enfim… Depois ele falou assim: “Manu, liga pro fotógrafo, vê se tem alguma foto da minha irmã” e a Manu, mesmo sem ter ligado, primeiro falou pra ele: “Olha, não tem” e depois resolveu falar: “Eu que pedi pro fotógrafo não tirar nenhuma foto da sua irmã vestida de noiva no meu casamento”. 

E aí o Ricardo ficou quieto e vida que segue… Isso foi assim um baque na família dele, aí ele falou também pra ela, falou: “Aí quem sabe agora você aprende, né? A ser gente quando você está vivendo aí com outras pessoas” e a Manu só ficou quieta olhando, falou: “Nossa, não tem mesmo, né?”, então quer dizer, foi a vingança da Manu. Mais um tempo se passou e, voltando de uma festa, a irmã do Ricardo sofreu um acidente e faleceu. E aí, um dia depois, a mãe do Ricardo veio querer falar que: “ai, nossa, não tem nenhuma foto dela no seu casamento e tal” e o Ricardo ficou meio assim, mas a Manu falou: “Mas tem foto dela e um monte de outras coisas, né?” e o mais bizarro é que a mãe resolveu enterrar a filha com o vestido de formatura, que era quase um vestido de noiva. Eu falei: “Poxa, mas e aí? Depois você ficou, sei lá, arrependida de não ter nenhuma lembrança dela no seu casamento?”, ela falou: “Eu não, sempre me tratou mal, agora só porque morreu virou santa? Não, no meu álbum não tem, não. Ela tem as fotos lá com as amigas dela, com os parentes dela… No meu casamento, independente de estar morta ou viva, não está”. [risos] É pesado, né? Então, Manu não se arrependeu, mandou a história para a gente ouvir sobre [risos] e ela falou: “Andréia, era meu dia… Ela não tinha direito de aparecer de branco e ainda queria estar no altar. Não, não… Eu fiz certo”. 

E aí, ela fez certo? Essa é a história da Manu, não se arrepende mesmo, assim. Ela tem um casamento ótimo com o Ricardo, óbvio que o Ricardo sofreu, foi a irmã dele, mas isso já tem bastante tempo. — Então, quem nunca supera é mãe e pai, né? Para irmãos acho que é um pouquinho mais fácil que pai mãe, né? Porque acaba alterando a ordem dos fatos ali, que todo pai mãe acha que vai morrer antes dos filhos. Então, essa é uma dor eu acho que a mãe do Ricardo tem, de não ter fotos da filha no casamento do próprio filho. — E aí a Manu também falou: “Andréia, muitas pessoas tiraram selfie, tiraram fotos com celular, uma foto ou outra ela tem. Ela não tem foto oficial no meu álbum. E aí é meu álbum, não é o álbum da cunhada”. Então é isso, o que vocês acham?

[trilha]

Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Nicole de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Eu acho que essa história “Álbum” é uma história clássica de causa e consequência. Se essa cunhada, sem noção e, que Deus a tenha, não tivesse causado e aparecido de branco no casamento da Manu, ela estaria no álbum. Por mais que ela fosse uma pessoa sem noção, uma pessoa que não tratava a Malu bem, pelo menos em uma foto de família oficial ela estaria. Mas como ela resolveu causar a aparecer no casamento da cunhada e do irmão, veio aí a consequência dos atos dela. E eu fiquei com medo que a mãe do Ricardo quisesse culpar a Manu, como quem diz que esse ato de não ter a colocado no álbum causou a morte dela. Ainda bem que isso não aconteceu e agora a gente torce pra que esse Picolé de Limão não vire um Luz Acesa. Beijo. 

Assinante 2: Bom dia, nãoinviabilizers, aqui quem está falando é Sabrina, eu falo do Rio de Janeiro. Eu não quero ser uma pessoa má, nem fria, mas assim, tadinha, né? Que pena que essa menina morreu, mas isso não anula o fato dela ter sido uma escrota. Significa que depois que a pessoa morre, quem ficou vivo é obrigado a esquecer tudo de ruim que ela fez? A Manu tá certa, tem várias fotos delas espalhadas na família, com os irmão, com todo mundo, o casamento é da Manu, a cunhada não apareceu nas fotos porque ela simplesmente colheu as consequências das atitudes ridículas dela. E aquele era o momento da Manu, não era o momento da cunhada. Agora, Deus que me perdoe, ela vai poder usar o vestido de branco para sempre. Ai, ai, [risos] desculpa. Beijos. 

[trilha] 

Déia Freitas: Conheça a exposição “Sonhos, História, Ciência e Utopia”, com curadoria do professor e neurocientista Sidarta Ribeiro, apresentando o poder transformador e revolucionário do sonhar. Em cartaz no Museu do Amanhã até o dia 27 de abril. É só adquirir o seu ingresso no site: museudoamanha. org.br. Lembrando que cariocas pagam meia entrada e ouvintes do podcast não inviabilize utilizando o cupom “SONHOSCOMPONEI” também pagam meia. E em celebração aos seus dez anos, em 2025, as visitas ao Museu do Amanhã todo dia dez do mês, os ingressos custam R$10 — é para ir. — Lei de Incentivo à Cultura, Realização do Ministério da Cultura, Governo Federal. — Valeu, Museu do Amanhã. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]