título: aluguel
data de publicação: 15/03/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #aluguel
personagens: cibele e joana
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu não estou sozinha, quem tá aqui comigo é a Natura Musical e o podcast “Nos Encontramos na Música”. No episódio de quinta-feira a Sarinha conversou com as cantoras Letrux e Lio Soares, e o papo tá muito bom, elas conversaram sobre o fortalecimento da rede de mulheres, o que é ser mulher e esse é um publi que dá gosto de fazer, gente, vai lá, ouve o episódio e, depois, se quiser, comenta lá no nosso grupo. A história que eu vou contar agora pra vocês é da Cibele e da Joana, e quem me escreve é a Cibele. Então vamos de história.
[trilha]A Cibele e a Joana, elas já moram juntas há quase quatro anos, e relacionamento incrível, perfeito, tudo certo, nada a se comentar assim. E aí chegou pandemia, né, gente? Pandemia, as coisas complicaram pra todo mundo financeiramente, né? Muita gente passando perrengue, e a Cibele e a Joana elas tiveram uma redução de salário, a Joana ficou quase sem nada e a Cibele ali mantendo o que dava, e aí a Joana conseguiu junto ao proprietário do imóvel que é um amigo delas assim, né? Que elas pagassem oitenta por cento do aluguel, então um desconto de 20%. — Bom, 20% de desconto é melhor que nada, né? — Então ainda tinha que pagar 80% do aluguel, elas combinaram, então a Joana como estava ganhando bem menos pagava conta de luz, conta de água, que elas gastam pouco e o aluguel que era o mais pesado a Cibele bancando ali integralzão, passando pra conta da Joana pra ela pagar o boleto.
E assim foi, gente, esse acordo aí dos 20% foi pra abril, maio e junho, o cara falou: “Olha, três meses eu consigo, né? E depois a gente vê como é que faz”, aí julho o aluguel voltou ao preço normal, o valor normal, e aí a Cibele ali batalhando e conseguindo pagar, aí quando foi em… — Setembro, agosto — ela estava ali nas redes sociais, a Cibele e cruzou online com o dono do imóvel que calha de ser um amigo delas, mas assim não era uma pessoa que a Cibele conversasse se não tivesse o que falar, sabe assim, não é bem amigo é um conhecido. E aí conversa vai, conversa vem, eles estavam falando dessa questão econômica, né? E do país e de tudo, e ele falou: “Poxa, eu espero ter ajudado vocês, né?”, aí ela falou: “Nossa, ajudou muito, ajudou muito”, ele falou: “Bom, eu não consegui fazer mais do que quatro meses pra vocês sem pagar nada de aluguel, porque eu também precisava retomar, então, agora vocês estão pagando metade. Nossa, a gente vai levar assim metade até quando as coisas voltarem ao normal, né? Eu não posso reclamar, eu tenho outros imóveis”, e continuou falando — Só que, gente, a Joana tinha passado que os primeiros três meses tinha que pagar 80% e depois voltou ao normal, só que ele deu quatro meses de graça sem pagar aluguel e agora era só 50%.
E aí a Cibele achou que não entendeu, e aí ela deu um jeito de perguntar de novo sem revelar que ela estava sabendo, que ela não queria colocar a Joana ali numa situação sem ter certeza das coisas e aí ele reforçou, né? Que ele não tinha feito isso só com ela, que ele tinha feito isso com outros, ele alternou, né? Então assim, alguns ele primeiro cobrou 50% e agora estava dando um pouco de isenção e pra elas tinha feito ao contrário, tinha dado os quatro meses de isenção e agora 50%, então ele explicou direitinho. — Então quer dizer que a Joana estava ficando com esse dinheiro? Gente, não é assim um dinheiro… Não é pouco, né? Tipo, vai, sei lá, elas pagam mil e oitocentos reais num apartamento bom e tudo, poxa, é uma grana. — Ela ficou quatro meses recebendo, vendo a Cibele ali suar pra conseguir pagar… — E o quê que ela estava fazendo com o dinheiro? — Aí a Cibele já deu uma surtada, né? Aí chamou ela pra conversar, a Joana começou a chorar, Joana falou que realmente estava ficando com o dinheiro, só que eu não quis falar mais, entrou no quarto, se trancou e ficou chorando. — Só que assim, gente, chorar não é resposta, você tem que me dizer o quê que tá acontecendo, cadê esse dinheiro? Gastou no que? Porque não tinha conta, quem estava bancando praticamente tudo… — E a Joana nem cartão de crédito tinha, quem estava bancando praticamente tudo era a Cibele, né? Agora na pandemia, porque elas sempre dividiram as contas de boa.
Aí a Cibele falou: “Bom, ela vai chorar hoje a noite toda, que chore, eu vou dormir aqui no sofá, mas amanhã ela vai ter que me dizer onde que está esse dinheiro”, dito e feito, né? De manhã a Cibele estava lá falando: “Não vou amolecer, não, não adianta chorar, eu quero saber desse dinheiro. Cadê extrato, cadê tudo? Agora eu quero tudo”, e aí a Joana só chorava, só chorava e não falou nada. Chegou na hora do almoço a Cibele deu mais uma dura nela, e aí ela meio que deu uma parada de chorar — E, gente, ô, meu Deus do Céu… — Joana, pouco antes da pandemia tinha conhecido uma moça, — Sim, Joana, conheceu uma moça — e aí Joana ficou mal financeiramente, mas tinha quem bancasse e a moça, pobrezinha da moça, a moça não tinha ninguém e ela estava bancando a moça, pagando o aluguel da moça, fazendo compra pra moça, a Cibele ficou enlouquecida, a Joana jura de pé junto que ela não ficou com a moça, ela só conversa com a moça, ela tem uma queda sim pela moça, ela admitiu isso, mas ela nunca ficou com a moça, nunca encontrou com a moça, nunca beijou a moça, mas tá bancando a moça com o dinheiro da Cibele. [risos] — Ai, meu Deus do céu. —
E aí ela foi stalkear essa moça aí e pela stalkeada que ela deu, ela acha que a Joana sim tá com essa moça, mas ela não tem como ter certeza. E aí ela gostaria de saber de vocês se ela… O quê que ela faz, se ela esquece tudo isso… — Gente, assim, antes de né, finalizar. Mesmo que ela não tenha ficado com essa moça, gente, e a infidelidade financeira? E vendo você Cibele ali se matar… — Cibele falou que teve dia que ela chorou, que ela não sabia como ela ia pagar o aluguel e a Joana lá, tipo plena assim, só esperando pra pegar o dinheiro pra financiar outra moça? Dinheiro suado de Cibele? E agora se ela não tivesse encontrado com o cara? Ela nunca ia saber que era pra pagar só metade do aluguel, sabe, gente? Não é só que “Ah, não ficou com a moça”, é um monte de coisa eu acho, pelo menos eu acho, envolvida. Mas no caso a Cibele quer saber se ela perdoa, se isso foi insignificante, eu não acho, né? Porque a Cibele tem assim uma visão diferente da minha, ela acha “Foi só dinheiro”, eu acho que não é só dinheiro, né? É a lealdade, a confiança, a outra pessoa vendo você se lascar, sem sentir a menor compaixão, esperando você depositar o dinheiro pra passar pra mocinha indefesa, sabe?
Então a Cibele acha que é só dinheiro, apesar dela estar desconfiada se realmente não teve uma traição amorosa, que ela, sei lá, se ela deveria ficar de boa ou não. Ai, gente não consigo, sabe? Não sei. Eu não confiaria mais na Joana que tá lá bancando a mocinha… Estava, né? Porque agora Cibele cortou tudo. E aí falou que a Joana só chora, que a Joana quer o perdão e que a Joana também chora porque a mocinha lá agora tá em dificuldades, [risos] falei: “Ai, Cibele, só falta agora você me escrever daqui um tempo que você tá bancando a mocinha lá também”, bancando a Joana que, tudo bem, é sua companheira, estamos num momento de crise então, né? No casal quem puder bancar o outro é isso que tem que ser feito mesmo. Agora, ela pegava o dinheiro, ela te enganou com o negócio do aluguel pra bancar a mocinha indefesa lá? Não te como, né?
Então, gente, sejam gentis lá no grupo com a Cibele, mas não estou vendo saída não. Eu sempre quero reconciliar, quero ver o amor vencer, mas tá difícil do amor vencer, viu? [risos] Tá complicado de vencer esse amor. Então, gente, deixem seus recados lá pra Cibele e eu volto daqui a pouco com a nossa próxima história, e que também nossa, ai, olha, hoje está difícil. [risos]
Assinante 1: Gente, pelo amor de Deus, para de tratar a infidelidade financeira como se fosse a coisa mais natural do mundo, dinheiro é difícil de ganhar, a gente rala pra conseguir as coisas e o mais importante é que a menina não beija na boca da outra? Cibele, por favor, não é assim, não, se valoriza mulher. Não, não cai na história da Joana, não, deixa ela chorar e, com certeza que ela chora no colo quente lá da mocinha, viu? Se valoriza, mulher, sai dessa furada e, de preferência arranja um jeito da Joana de pagar esse dinheiro de volta, porque é muito absurdo isso que ela fez, é muito sério, não pode tratar como se fosse qualquer coisa, não. Um beijo, se cuida.
Assinante 2: Oi, gente, meu nome é Maya, vim deixar um recadinho pra Cibele. Cibele eu desejo muito que você consiga ressignificar essa relação de confiança, que foi quebrada, uma coisa muito séria, são contas que são muito importantes, a gente sabe o valor, né? De estar com o nosso aluguel em dia e você fez o possível e o impossível pra manter tudo isso em ordem e isso foi quebrado pra sustentar uma outra pessoa. Eu não perdoaria essa situação, ia ser muito difícil pra mim, mas eu desejo que você consiga passar por cima disso tudo e se fortalecer e tomar controle de todas as contas da sua casa a partir de agora. Um grande beijo e se cuidem aí, hein?
Déia Freitas: Um beijo.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]