título: ambição
data de publicação: 16/06/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #ambicao
personagens: lúcia e otávio
TRANSCRIÇÃO
Atenção, estamos no YouTube. Sim, este mesmo episódio que você está ouvindo aqui agora você vai poder ouvir a partir das 10h00 no YouTube. Então avisa sua mamãe, sua vovó, sua titia ou coleguinha. Vai lá, segue a gente, curte alguns episódios, ativa o sininho e vem acompanhar a gente no YouTube.
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje — de novo — é a minha queridíssima Hidrabene. — A marca cor de rosinha que todo mundo ama. — A Hidrabene está com uma seleção especial de produtos para você montar aí a sua skincare perfeita e manter aí uma rotina de autocuidado sem pesar no seu bolso. São produtos que custam até R$ 89,90 cada. Você consegue montar um super kit de skincare para o seu cuidado diário com limpeza, hidratação e proteção, escolhendo entre protetor solar, lipstick hidratante, sabonete facial, hidratante facial, clareador corporal, água micelar, máscaras faciais e muito mais… — Gente, as máscaras da Hidrabene, eu não tenho nem o que dizer, perfeitas. —
Acesse agora: hidrabene.com.br, eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio. — E fica comigo que no final tem sim cupom de desconto. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Lúcia. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Lúcia conheceu o Otávio enquanto os dois ainda faziam faculdade. Lúcia e Otávio se apaixonaram, namoraram um tempo e se casaram… [efeito sonoro de sino soando] Terminaram a faculdade casados… Começaram um mestrado juntos, os dois professores.Muita coisa em comum, a área em comum, os dois gostando das mesmas coisas em questões, assim, de trabalho, de lecionar, enfim… Tudo dando muito certo. O tempo foi passando e Lúcia e Otávio eles já tinham por objetivo não ter filhos. — Então, era objetivo comum ali que eles não teriam filhos. — Eles iriam financiar um apartamento para sair do aluguel, isso deu certo e eles financiaram o apartamento em 30 anos. Eles iriam pagar em menos tempo? Era um dos objetivos… Mas o outro objetivo também era fazer um doutorado fora, enfim, eles tinham aí muitos objetivos em comum na área de trabalho. O tempo foi passando, chegamos à pandemia e o Otávio, que lecionava em um lugar e a Lúcia em outro, o Otávio foi mandado embora. Nesse momento, as coisas apertaram um pouco, mas assim, casal que trabalha unido também passa pelo perrengue unido, né?
Então, se um tá empregado e o outro não tá, tá procurando, bom, vamos manter aqui, vamos segurar a barra quem tá trabalhando. Lúcia dando aulas ali em casa, né? Era um período ainda de muita restrição e o Otávio ajudando no que dava, no que podia, e ele tinha ainda a indenização dele. Só que o Otávio foi pensando: “Bom, minha indenização uma hora vai acabar, eu não posso ficar sem trabalho”. Quando flexibilizou pela primeira vez ali, o Otávio resolveu fazer entregas com o carro dele por aplicativo. Inicialmente ele não carregaria pessoas, somente entregas… E ele começou, ele fazia o horário dele, ele tinha lá uma rota e ele trabalhava dois dias na semana. Foi um dinheiro que ajudou muito, né? A Lúcia disse que foi muito importante o Otávio ter essa iniciativa… Que é aquilo que eu falo, gente: Trampo é trampo. Se você tem contas, que nem a Lúcia disse: “A gente paga uma parcela de, digamos que seja dois mil reais no apartamento, no financiamento. É mil meu, mil dele… A gente paga, sei lá, 400 de condomínio, é 200 meu, 200 dele”.
Sempre dividiram as contas em dois, ambos não tinham convênio médico nas suas empresas, né? Quando o Otávio também estava lecionando. Eles pagam convênio, então é meio a meio ali e por aí vai. Com aquele dinheiro das entregas, Otávio pagou a parte dele das contas ali e o que sobrou eles tinham ali — cada um podia fazer o que quisesse, óbvio —, mas tinha também uma conta conjunta que eles colocavam dinheiro ali para uma viagem ou para pensar nesse doutorado fora, enfim, nesse curso fora… O tempo foi passando, a pandemia foi acabando e o Otávio não foi aplicando para vagas ali de professor. — Ele tinha um currículo muito bom. — E ele resolveu sair das entregas, porque agora a pandemia tinha acabado e passar ali a carregar pessoas, transformar o carro dele num carro de aplicativo. — Para carregar pessoas. — A Lúcia começou a achar estranho… Tinha umas vagas boas na área dele, por que o Otávio não estava aplicando para essas vagas? A Lúcia resolveu sentar e conversar com o Otávio.
Por que ele não estava aplicando para aquelas vagas que eram umas vagas boas? Ele ia voltar a lecionar, que sempre foi uma coisa que os dois gostaram muito… O Otávio disse que agora que ele estava trabalhando como motorista de aplicativo, ele fazia as contas ali e conseguia tirar praticamente o que ele ganhava como professor, que ele fazia o horário dele, não precisava acordar cedo e não precisava lidar mais com os alunos, que era uma questão que já era um peso para o Otávio. Em questões de saúde mental, pra ele era muito melhor que alguém entrasse no carro dele e ele falasse só “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” e o mínimo do que estar numa sala de aula. — E é aí que as coisas complicam… — Parte da paixão da Lúcia pelo Otávio foi por eles terem os mesmos gostos, os mesmos pensamentos e o mesmo objetivo de estudar fora… De trabalhar, juntar um dinheiro e quitar o apartamento antes, sabe aquela coisa de “nossa, você pensa muito como eu penso, assim, e é por isso que eu te amo tanto, porque a gente é muito parecido”.
O Otávio, desde que acabou a pandemia, ele não voltou a lecionar e ele não pretende voltar a lecionar e isso tá matando a admiração e o amor que a Lúcia sente por ele. Quando ela toca nesse assunto, o Otávio acaba falando para ela que acha que a Lúcia é meio elitista, por que como que o amor da Lúcia está acabando por ele por ele ser um motorista de aplicativo agora? O Otávio falou: “Eu nunca vou deixar de ser professor, eu vou ser sempre professor, mas eu não estou lecionando. Eu estou agora querendo fazer outra coisa”. Aquele objetivo de estudar fora, o Otávio não tem mais… Otávio deixa de pagar alguma conta? Não. Otávio deixa de dar suporte pra Lúcia no que ela precisar? Não. Otávio até disse: “Se você quiser estudar fora, eu vou com você… E aí você vai com bolsa e tal e eu vou fazer a mesma coisa que eu tô fazendo aqui lá: dirigir. Porque eu não preciso pensar, eu não preciso fazer nada, eu não quero mais fazer uma pós—graduação, um doutorado enfim, X, no exterior, mas eu vou com você. O que você quiser, eu apoio”.
Para a Lúcia, ele mudou… Agora tem dia que ele não trabalha, porque ele tem aquele valor que ele almeja na semana ali e, quando ele atinge aquele valor, ele não trabalha mais. E isso incomoda um pouco a Lúcia, porque aí ela começa a dar aula ali cedo e chega tarde e ele estava lá, estava em casa. Eu entendo até o lado da Lúcia e também acho que o Otávio é lúcido, porque ele falou pra Lúcia que ele sabe que ele não é patrão dele mesmo, que ele venceu o sistema, não… Ele sabe que o trabalho que ele tem agora também explora o trabalhador, Otávio tem essa consciência, só que, mentalmente, pra ele tá melhor agora. E ele, por exemplo: “Ah, vamos trabalhar muito para pagar o apartamento em menos de 30 anos”, é um apartamento bom que eles não pretendem vender na cabeça do Otávio agora: “Qual o objetivo de amortizar e pagar antes?”, mas se a Lúcia quiser, ele falou: “Eu trabalho um pouco mais no carro, mas por mim a gente paga em 30 anos, a gente vai pagando… Não atrasa, tudo certinho”.
A Lúcia acha que o Otávio perdeu a ambição que ele tinha e que, com isso, a admiração que ela tinha por ele, por, sei lá, os dois terem os mesmos objetivos e tal, diminuiu e que talvez isso termine com o casamento deles. E aí o que eu falei pra Lúcia é: “A nossa vida…”, é o meu pensamento, tá, gente? “Ela não pode se resumir a trabalho. Trabalho é trabalho. ‘Ah, vou gostar do que eu tô fazendo’, ‘não vou gostar’, enfim, é importante que você goste pra você ter um pouco de saúde mental trabalhando, né? Mas você não pode deixar que nenhum trabalho te defina 100% e que tome o rumo da sua vida por você, sei lá. Sabe assim? Todo mundo tem que trabalhar, isso é fato. Se você não é dono dos meios de produção, você vai ter que trabalhar. O que não pode acontecer é que esse trabalho seja 99% da sua vida… E a gente sabe que hoje no sistema que a gente vive, às vezes acontece isso, de você trabalhar das, sei lá, das 07 às 18h e chega às 18h você tem que fazer mais hora extra para complementar o salário. Então você sai antes do sol nascer e volta para casa à noite, trabalhando. Isso é certo? Não é certo. Acontece com muita gente? A maioria da população. Mas você não está nisso porque você optou, entendeu? Você está nisso porque o sistema te levou a isso, te oprime a esse ponto. —
E o que acontece com o Otávio, eu acho que ele achou ali um jeito dele ganhar o dinheiro que ele estava ganhando dando aula, de um jeito que a cabeça dele não está pirando. Então, por que a Lúcia não pode achar outras coisas em comum com ele? Sei lá, viagens, séries, passeios… Por que precisa ser o trabalho? Eu entendo que para muita gente isso é importante, mas a ponto de você pensar até encerrar um casamento de um cara que tem o mesmo objetivo que você, de não ter filhos, de pagar todas as contas… O Otávio nunca furou com uma conta. Se você quiser estudar fora, ele diz que vai junto, só que vai chegar lá e vai trabalhar no carro de aplicativo e é isso que está incomodando a Lúcia, a falta de ambição do Otávio. E aí eu voltei a pergunta do Otávio para a Lúcia: Será que também não é um pouco de elitismo isso? De falar: “Poxa, antes eu era casada com um professor, agora eu sou casada com um motorista de aplicativo?”, porque tem gente que acha que profissão tem status, né? Para mim, trabalho é trabalho.
Uma pessoa que varre a rua, uma pessoa que dá aula, ambos são trabalhadores, que precisam do trabalho para sobreviver. Então, essa questão de status no trabalho depende muito do ângulo que você olha. Se você olhar do ângulo que eu estou te falando, de que no capitalismo, se você não trabalha, você morre, está todo mundo no mesmo barco? Eu não sei também até que ponto o Otávio não tem razão de achar que a Lúcia está, assim, vendo pelo status da coisa. E ele disse que ele gostou muito de lecionar, só que agora ele gosta de um trabalho onde a mente dele precisa estar mais vazia, assim, estar mais vazia. “Ah, mas o trânsito, não sei o quê”, nos horários de muito trânsito, ele não trabalha. Então, assim, por enquanto, ele está conseguindo pagar as coisas que ele já pagava e guardar um pouco de dinheiro que a Lúcia pede para ele guardar. Fora isso, ele realmente não tem pretensão de trabalhar a mais… Eu acho que esse sistema de carro de aplicativo é exploratório? Sim, mas o Otávio acha que é uma alternativa boa para ele no momento. Ele diz: “Lá na frente, se eu quiser voltar a lecionar, eu volto. Mas eu não pretendo”, essa é a questão, porque ele também não dá aquela esperança para a Lúcia de que esse seja um trabalho temporário, entende?
Ele continua pagando o INSS dele ali para se aposentar e tal, mas fora isso, não pretende realmente investir mais na carreira de professor. Eu acho que essa é a questão para a Lúcia e a Lúcia acha que isso sim abala o casamento, porque eles tinham muitos planos juntos na área que eles atuam como professores. Agora o Otávio não atua mais, mas os dois tinham muito em comum. E até as conversas mudaram, mas eu acho que nisso é o que eu falei para a Lúcia, você pode achar outras coisas para conversar com ele ou também conversar sobre o dia dele… Sei lá que tipo de passageiro ele pegou, enfim, né? Então, não sei, pra mim isso não é uma questão, que trabalho o meu parceiro vai ter, né? Desde que ambos trabalhem e que contribuam e tal, né? Na casa. Agora, eu entendo que pra muita gente, sim, isso é uma questão. Eu entendo. E é uma questão para a Lúcia. O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Bom dia, nãoinviabilizers, aqui é a Renata, do interior de São Paulo. Eu sou professora, sou casada com um professor e sei que o trabalho do professor é um trabalho realmente muito pesado, que tem uma sobrecarga mental muito forte e é natural que alguns professores decidam sair da profissão depois de algum tempo, até por autopreservação mesmo. O que me traz a reflexão em relação à Lúcia é: Será que ela ama o Otávio pela pessoa que ele é, pelos valores dele, pelas ideias dele e mesmo pelas diferenças que ele tem em relação a ela? Ou será que ela só ama o Otávio como um reflexo, como uma extensão dela mesma? Então, eu acho que isso é importante de refletir porque me dá a impressão que ela só ama algumas partes dele… E essa parte agora ele está decidindo retirar do jogo. Fica essa reflexão.
Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, aqui é Ludmilla de Portugal. Super entendo a Lúcia, eu acho que é compreensível que ela sinta essa frustração, mas acho que é válido também refletir até que ponto a gente ama o outro pelo que ele é ou pela nossa projeção em cima dessa outra pessoa, né? Me parece que a Lúcia tá um pouco frustrada e não sabendo gerar as próprias expectativas. Eu acho que amar também é muito deixar que a outra pessoa tome as próprias decisões, né? Tentar gerir um pouco a expectativa de, tipo, eu não posso controlar o que a pessoa faz, eu não posso querer que a pessoa viva do meu jeito ou que atenda todas as minhas expectativas sobre o que eu queria pra ela. O Otávio não me parece ser uma pessoa que deixou de cumprir as obrigações do casal, as obrigações de casa e a gente já ouviu aqui um milhão de histórias em que as pessoas simplesmente viviam encostadas e que não queriam trabalhar… Tente olhar o outro lado, né? Imagine se fosse você que precisasse de um respiro, que precisasse de um descanso pela sua saúde mental. Pode ser uma fase do Otávio e que isso mude com o tempo, eu acho que você, como esposa dele, deveria apoiar porque ele não tá deixando de te apoiar também. É isso, um beijo.
[trilha]Déia Freitas: Você pode montar o seu kit para cuidados diários com a sua pele com produtinhos Hidrabene que custam até R$ 89,90. A Hidrabene preparou uma seleção especial de skincare para a sua rotina sem pesar no seu bolso. Você encontra protetor solar, lipstick hidratante, sabonete facial, hidratante facial, clareador corporal, água micelar, máscaras faciais e, gente, muito, muito, muito mais… Nas compras acima de 150 reais, você ganha frete grátis. E usando o meu cupom: PICOLE10, — “picolé” em maiúsculo, sem acento, 10 em numeral —, você ganha 10% de desconto em produtos unitários. — Hidrabene, a marca cor de rosinha que, com certeza, todo mundo ama. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]