Skip to main content

título: amigo hamburguer
data de publicação: 29/04/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #amigo
personagens: ivo e maurício

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Ivo. — E eu coloquei um título [risos] nessa história que é “amigo hambúrguer”, que é uma música do Supla que conta a história de um amigo que nunca tem dinheiro e está sempre na aba de outros amigos. E esta é a história de hoje, uma história aí parecida com a música do Supla. — Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

O Ivo abrigou aí em seu lar, em seu apartamento, um amigo — que nós vamos chamar de Maurício — o ano passado. Então, mais ou menos agosto do ano passado, Maurício foi morar aí na casa do Ivo. — Por que Maurício foi morar na casa do Ivo? — Porque o Maurício vinha — de um outro apartamento que ele dividia com dois caras — e o Maurício não estava pagando as contas. Já tinha quase sete meses sem pagar conta, e aí os caras falaram: “Olha, não dá mais, né? A gente tá aqui para dividir em três pra ficar mais suave para todo mundo e a gente está te bancando”. E aí botaram o Maurício pra fora, e Maurício, amigo de Ivo, pediu uma força aí.

Ivo falou pra ele assim: “Olha, você sabe que aqui só tem um quarto, você vai ter que dormir no meu sofá. Então, tem que ser uma coisa provisória”. — Na época o Ivo estava namorando. — Então ele falou: “Tem que ser uma coisa provisória e tal, eu não quero perder minha privacidade e nã nã nã” e o Maurício falou: “Não, cara, relaxa… Eu vou ser discreto aqui, não vou sujar nada, não vou deixar nada bagunçado… Você vai ver, você nem vai perceber que eu tô aqui”. [risos] Ivo falou: “Beleza então… Uns dois meses? Então, agosto, setembro outubro? Tá… Antes do Natal, vai, na pior das hipóteses, você já se ajeitou, já conseguiu um lugar e já tá fora?”, o Maurício falou: “Não, relaxa… Qualquer coisa eu volto pra casa da minha irmã, que é no interior”. — Então, assim, não é que Maurício não tem onde ficar, ele tem a casa da irmã dele no interior que ele pode ir pra lá, a irmã dele ama ele, ele pode ficar lá. — 

Acontece que o tempo foi passando e nada de Maurício se mexer aí pra procurar um outro lugar ou, pelo menos, pra procurar emprego, né? E ele ali passando mês a mês na cola do Ivo. E eles tinham umas regras… O Maurício não podia levar nenhum cara lá pro o apartamento. — Então, essa era uma regra… — E o Maurício não podia entrar no quarto do Ivo, que o Ivo ele é muito, muito organizado, muito… E ele não gosta que mexa nas coisas dele. — Tá certo o Ivo. — Então, assim, ele tem lá o quarto dele, a suítezinha dele, as coisinhas dele e não é pra mexer, né? — O Maurício tava ali pra dormir no sofá. Tem o banheiro lá, tem a cozinha, tem TV na sala que é onde ele estava dormindo, no sofá… — O Ivo depois acabou até colocando uma TV no quarto, porque ele não conseguia mais assistir televisão porque o Maurício monopolizou ali a TV. — Enfim, então não era pra entrar no quarto do Ivo. — 

E, assim, o Ivo estava num final de relacionamento. — O cara que ele estava namorando já estava ficando insuportável, enfim… — E ter o Maurício dentro de casa foi, assim, a desculpa que o cara precisava para sair fora. — Porque pra mim isso é uma desculpinha, né? — Então aí o namorado do Ivo falou: “Pra mim ter o Maurício aqui é a gota d’água”, meteu o pé, foi embora… Aí o Ivo com esse rompimento aí ele foi passar uma semana na casa da mãe dele no litoral, pra dar uma espairecida, enfim, né? — Não ficar pensando aí nesse cara que rompeu com ele. — Ele ia ficar uma semana… Só que ele chegou lá na mãe dele e, tipo, não deu praia, assim, tava meio frio… E ele ficou lá, recebeu o carinho da mãe uns dois, três dias e falou: “Ah, quer saber? Vou voltar”… — E, gente, vocês concordam que ele não tem que avisar nada pro Maurício? Ele não tem que dar satisfação pro Maurício, tipo, “ah, tô voltando antes”. Não tem, né? Beleza… — 

[efeito sonoro de carro dando partida] Pegou o carro dele ali, voltou, chegou e pegou o Maurício no quarto dele com um cara… Nossa, mas o Ivo ficou louco… E aí expulsou os dois do apartamento, só que, assim, expulsou só que só quem foi embora foi o cara que estava lá. O Maurício não saiu, o Maurício ficou… E aí pediu desculpas, chorou e nã nã nã, e aí o Ivo falou: “Não, não adianta chorar, [efeito sonoro de pessoa chorando] não adianta pedir desculpas, eu quero que você saia” e arrumou as coisas dele, a mala dele ali e falou: “Pode sair”. Só que o Maurício ficou chorando lá no sofá, deitou, dormiu e não saiu. — Não saiu… — E isso aconteceu em março desse ano. Mas antes de março, ele já vinha tendo que lidar ali com coisas do Maurício do tipo: monopolizou a televisão… Tipo, não adiantava, assim, o Ivo não conseguia assistir nada. — Maurício tinha uns hábitos nojentos… — Um dia o Ivo pegou o Maurício comendo, assim, mordeu um palmito e voltou o palmito pro vidro… — Tipo, contaminou todos os outros palmitos… O palmito mordido pro vidro… Gente… —

Ai o Ivo ficou puto, falou um monte e aí perdeu… — Pô, um vidro de palmito custa quanto hoje? Uns 20 conto, né? [efeito sonoro de caixa registradora] Palmitão bom, assim, bonitão, parrudo, né? É uns 20 reais um vidro de palmito. — E aí o bonito do Maurício comendo palmito, mordeu o palmito e voltou pro vidro. Então o Ivo não podia nem confiar nas comidas que estavam na geladeira dele, porque o Maurício tem essa mania de pôr a colher na boca e pôr nas coisas, sabe? Ai, não dá, gente… Só que sempre rola isso, assim, eles brigam… — Brigam porque é o Maurício que faz merda e o Ivo que fala: “Mano, já deu, né?” —  E aí o Maurício chora e fica… Ele não sai, ele não sai. Não adianta, ele não sai… Os amigos… Eles têm vários amigos em comum, todo mundo já falou: Pega aí a mochila dele, as coisas dele, empacota tudo e bota do lado de fora… Despacha pra casa da mãe dele. Ele vai ficar aqui sem uma peça de roupa, nada? Manda pra casa da mãe dele ou pra casa da irmã dele. Todo mundo da família dele acolhe ele bem, né? Só que ele não quer voltar para o interior, ele quer ficar na capital.

E aí agora o Ivo está nessa… De março pra cá já várias crises dessa. — Porque o cara é muito folgado, mega folgado… — Pra vocês terem uma ideia, o Maurício falou pra ele: “Olha, não fuma aqui dentro”, ele é proibido de fumar no apartamento… Aí um dia o Maurício chegou e tinha um furo no sofá. Se tem um furo de cigarro no sofá, o que ele fez? Ele fumou lá dentro, né? — E aí aquela coisa, assim, não ajuda em nenhuma conta, come que nem uma draga… — De onde que ele arruma dinheiro pra cigarro? Porque dinheiro pra cigarro tem. — Então, o Ivo está num pesadelo, ele não quer ser um cara radical que vai empacotar todas as coisas do Maurício e colocar do lado de fora ou mandar para casa da irmã dele ou da mãe dele, tipo, ele se sente mal de pensar em fazer isso, mas ele está nesse limite assim, porque o cara não sai… — Não sai. Gente, como pode? — 

Como pode? Não, e detalhe: teve uma época em que o Ivo começou a sair com um cara super bacana e tal, né? E aí falou pro Maurício, falou: “Maurício, sei lá, vai dar uma volta, vai dormir na casa de outra pessoa pelo menos, só hoje… Que eu quero fazer um jantar aqui, né? Pro cara que eu estou ficando e tal e a gente vai passar a noite aqui, eu não queria você aqui”. — Porque é um apartamento pequeno, né? — E aí o Maurício falou: “Não, beleza… Quando você chegar com ele eu saio”. [efeito sonoro de portando sendo destrancada] Pois o Ivo chegou com o cara, o Maurício não saiu e jantou com eles… — Jantou com eles… — Tipo, o Ivo olhando feio pra ele e ele lá fazendo pratinho dele, jantou… O cara super sem graça, acabou o jantar o cara ia ficar, óbvio, né? O cara falou: “Ah, então, depois a gente se vê e tal” e foi embora… — Gente? —

E Maurício dá gasto, viu? A luz, óbvio que aumentou, porque ele deixa tudo aceso… Ele está sempre ali na internet e com tudo ligado. A água vem no condomínio, então acho que… Deve ter dado diferença, mas tipo, sei lá, é rateio, né? — Mas, assim, comida… Come tudo… Tudo… Tudo o que você coloca na geladeira ele come. E não come, assim, um pouco, ele come tudo… Ou morde e deixa lá. — Tipo, inutilizado, né? Porque aí só ele que vai comer, né? — Então o Maurício é esse amigo que… — como diz a música do Supla, amigo hambúrguer, na carteira não tem nada, só uma desculpa esfarrapada. — Então, o Maurício é cheio de desculpas assim… E nisso, meu, mais de ano… Agosto fez um ano e ele não sai. Então, o Ivo escreveu pra gente porque ele está nesse ponto, de empacotar todas as coisas do Maurício e despachar… — Gastar ainda, né? Pra despachar pra casa da irmã do Maurício, da mãe do Maurício. —

E aí esperar, tipo, a hora que ele for na padaria comprar cigarro e trancar tudo e não deixar mais ele entrar. Avisar o porteiro e proibir.  — É uma coisa radical, né? Eu não sei se eu teria coragem de fazer… Será? — O Ivo é como eu, meio mole, assim… Então ele fala: “Puts, eu tenho que fazer isso”, porque ele não sai, gente, ele não sai… E não adianta, assim, altas tretas e ele não sai. Então, o Ivo queria saber se isso é muito radical. Os amigos todos apoiam ele, que com certeza o Maurício não vai ficar na rua, né? Ele tem a casa da irmã e tal…. E o Ivo falou: “Eu pago até a passagem dele pra ele ir”, né? Se for o caso… Ai, gente, não sei… Acho bem, bem, bem extremo, mas o cara não sai. Como que resolve? Então o Ivo gostaria aí de saber de vocês como resolver essa questão aí do Maurício, que virou uma praga do Egito na vida dele. [risos] O cara destrói tudo, come tudo, suja tudo… 

Aquilo que ele falou, que o Ivo nem ia perceber que ele estava lá é mentira, assim… Tudo… O Sofá ele falou: “Nossa, assim que ele sair por aquela porta eu vou jogar esse sofá no lixo e vou comprar um novo, porque o sofá tá imundo e todo queimado de cigarro”. A casa tá toda bagunçada, enfim… Um caos, gente, um caos.. Aí eu fico imaginando o Ivo chegando ali com o date dele, né? Pra fazer um agrado pro carinha, fazer um jantar… E aí o Maurício viu que tinha nhoque… [risos] E falou: “Huum, nhoque” [risos] e jantou com o casal… Pensa que ódio… [risos] Você não sente nem o gosto da comida. [risos] Ai, Ivo, desculpa, eu sei que você tá puto, que você tá mal, [risos] mas não dá pra não rir [risos] do Maurício ficando no seu encontro e comendo todo o nhoque, né? Porque não comeu pouco… [risos] Que ódio… Ai, desculpa… [risos] 

Gente, dá uma força lá pro Ivo. Se tiver alguma solução que não seja essa extrema de empacotar as coisas do Maurício e mandar pra casa da irmã dele e pedir para o porteiro não deixar mais o Maurício subir… [risos] O Ivo falou que vai trocar até a fechadura, vai jogar o sofá fora… [risos] Ai, Ivo, desculpa… 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, pessoal, aqui é a Bruna e eu falo de Minas Gerais. Amigo, eu, no seu lugar, já teria feito as malinhas de Maurício e tinha colocado no corredor do prédio pra ele se retirar, porque, olha… Paciência, viu? Eu acho super ok você não querer ele na sua casa, uma vez que você já impôs as suas regras e ele não as cumpriu. ele não te ajuda com nada, né? Tá literalmente encostado e ele não tem o bom senso, né? De respeitar você, respeitar o seu espaço e, enfim… Nossa, eu super apoio que você coloque ele pra fora, viu? Essa é minha opinião. Pode até doer um pouco, né? Mas não sei, eu sinceramente não tô vendo outra solução, mas enfim… Eu espero do fundo do meu coração que você se livre, que fique tudo bem pra você, tá bom? Um beijo.

Assinante 2: Oi, pessoal, Oi, Déia, aqui é a Giseli de São Paulo. Nossa, Déia, você achou extremo empacotar as coisas dele e deixar do lado de fora? Eu já ia sugerir: Meu, entra com uma ação, fala que ele tá ocupando seu imóvel sem pagar nada e tá se recusando a sair e o juíz vai mandar a policia lá e vai tirar ele. [risos] Né? Isso talvez seja um pouco extremo… Mas o Maurício tá muito folgado e mimado, né? Faz só o que ele quer e do jeito que ele quer. O que eu sugeriria antes então talvez dessa medida mais drástica ou ao invés, entra em contato com a família dele, né, Ivo? Vê com eles, tipo, conversa, explica a situação fala que não tá mais dando, que você tinha acolhido de uma forma temporária, mas agora tá te sobrecarregando e você também gostaria de ter seu espaço de volta. Seja sincero com eles e, quem sabe eles intervindo, o Mauricio não se mexe, né? Boa sorte aí, beijão.

[trilha]

Déia Freitas: Fico pensando no Maurício nos encontros do Ivo, porque ele nunca sai e come tudo… [risos] — É muito engraçado… [risos] Desculpa. — Um beijo, gente, eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.