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título: aniversário
data de publicação: 07/02/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #aniversario
personagens: déia freitas e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje um Picolé Especial… Picolé sobre o meu noivado surpresa. [risos] — E por quê? — Porque o meu noivado surpresa aconteceu no dia do meu aniversário e hoje é aniversário do podcast. [efeito sonoro de crianças contentes] São três anos contando histórias aqui para vocês e eu estou muito feliz… E, se for possível, eu pretendo contar histórias para vocês durante muitos anos ainda… — Assim espero. — Atualmente, a gente tem duas histórias semanais aí nas plataformas gratuitas — toda segunda e toda quinta—feira — e a gente a nossa assinatura… Você pode ter histórias aí de segunda a quinta—feira no nosso aplicativo exclusivo, na Orelo, no Apoia.se, em breve no YouTube Membros e onde mais existir [risos] possibilidades.


Então, se você quiser assinar o nosso conteúdo aí, uma parte inédita, uma parte exclusiva: naoinviabilize.com.br/assine. E aí lá você escolhe a plataforma que melhor aí se adequa à sua personalidade… Todas têm o mesmo conteúdo, então aí é só mesmo uma questão de gosto. Hoje também por ser nosso aniversário, durante o dia, a gente vai ter aí duas histórias que são histórias diferentes, eu vou contar pra vocês a história Laços, que ela é dividida em três partes, então uma parte vocês vão ouvir hoje, outra manhã, outra quinta—feira… E a história Professor, que também foi dividida em três partes. Então uma hoje, outra amanhã e outra quinta—feira. Tudo isso aí pra gente comemorar o nosso aniversário.


E se você reparou, eu espero que sim, a nossa vinheta mudou… As vinhetas aqui do podcast elas foram feitas pelo Léo, né? — Que o Léo faz tudo aqui pra mim. — Lá no comecinho, com músicas grátis, porque a gente tinha 0 reais. [música triste] — Sério… O Léo começou comigo na confiança, tipo, eu pagando 100 reais pra ele pra fazer o que dava… — E a gente não tinha dinheiro, né? Então ele pegou essas músicas que são livres, que todo mundo pode usar e fez as vinhetas. Então, hoje, às vezes é engraçado que as pessoas ouvem as musiquinhas das nossas vinhetas no Tik Tok, em outros lugares, com outras pessoas usando e vem falar pra gente: “Olha, estão usando as vinhetas de vocês”, só que não são as nossas vinhetas, né? [risos] São vinhetas livres da internet. E aí, agora — que temos verba — eu fiz aí num estúdio muito legal chamado Pipoca Sound, todas as vinhetas do podcast. 


Então hoje vocês viram aqui essa primeira vinheta do Picolé de Limão, até quinta—feira tem a vinheta também nova, que ficou linda do Amor nas Redes e todas estão mudadas. Então, agora essas vinhetas são nossas, só nossas… Exclusivas, fofíssimas. Então, espero que vocês gostem de mais esse mimo aí de aniversário pra vocês. Bom, já falei demais… Agora vamos [risos] a um dos trechos mais chatos e insuportáveis da minha vida, que foi aí o meu noivado surpresa. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


Antes de entrar já no dia do ocorrido, eu vou dar um pouco de contexto aí pra vocês sobre esse meu relacionamento. [efeito sonoro de volta no tempo] Ao longo da minha vida, eu só tive três relacionamentos longos, então esse primeiro, — que foi do noivado surpresa — onde o cara tinha mais ou menos a minha idade. Depois eu tive um relacionamento — também longo — com um cara 15 anos mais velho que eu, e depois desse, eu tive um relacionamento também longo com um cara 7 anos mais novo que eu. — Então esse é o meu contexto de relacionamentos, né? Só tive três relacionamentos longos aí, e o último que foi com esse cara mais novo, tem uns bons anos aí que já terminou. — Naquele meu primeiro relacionamento, eu tinha começado a namorar esse cara ali com 16 anos. Então a gente era muito novo, né? Mas já era um namoro sério. — A gente namorava sério, namorava em casa… — Eu trabalhava muito, ele trabalhava muito também, então a gente se via mais de final de semana, assim.


Mas ele era um típico cara do interior, ele veio de um outro estado, assim, do interior, então ele tinha uma vibe, assim, mais do interior mesmo, né? — Aqui em Santo André eu já acho que tem uma vibe do interior… Ele era mais ainda assim. — Como primeiro namoro, a gente nunca tem parâmetro das coisas assim, né? — Com o que eu vou comparar se é legal ou se não é, né? — Então, tinham coisas que eram legal, né? Que a gente se dava super bem e tinha coisas assim que a gente não se dava bem. Por exemplo, ele era muito católico, muito mesmo… E eu já sou uma pessoa que questiona as religiões e não concordo com nenhuma, enfim, respeito, mas não é para a minha vida… Desde muito cedo assim, ele queria que eu fosse mais a missa com ele e eu não ia, né? Mas aí também ele ia na missa de manhã e depois a gente se encontrava.


Esse cara ele tinha um grande defeito que era o seguinte: Digamos que eu não gostasse de uma coisa e eu falava pra ele que não gostava e ele concordava, ele falava: “Tudo bem”, mas era da boca para fora, porque ele fazia o que ele queria. Então se eu falasse: “Olha, não gosto de surpresa”, ele falava: “Ah, tudo bem” e ia lá e fazia uma surpresa. A minha fala tinha pouca validade. E como ele achava que as coisas que ele fazia “ah, porque eu sou romântico, porque isso, porque aquilo” as pessoas achavam que ele estava certo… “Então tudo bem que a Andréia falou que não gosta de surpresa, mas é uma coisa romântica, então, ah, ela vai gostar”, não, eu não vou gostar… Se eu falei que eu não gosto, eu não gosto, né? 


Tinha um bônus… Que era a minha sogra, né? A mãe dele não morava aqui, ela morava em outro estado e ela vinha uma vez por ano pra cá para ficar um mês. E aí ela ficava um pouco na minha casa, um pouco na casa dele. E ela não… — Como é que eu vou explicar isso? — Ela não era uma pessoa ruim, ela não era uma pessoa ruim, ela era boazinha, mas ela tinha uma coisa que, assim… Ela queria, por exemplo, conhecer a Avenida Paulista, mas hoje eu não podia levá—la na Avenida Paulista, “Fulana, vamos combinar da gente ir no sábado?” e em vez dela fala: “Tudo bem, vamos no sábado”, ela já ficava triste e às vezes ela chorava, tipo: “Ninguém quer me levar na Paulista” ou “Ah, eu estou atrapalhando”, sabe? Então essa coisa de se fazer de vítima e até chorar por esse tipo de coisa, me irrita extremamente assim. — Eu sou uma pessoa que se irrita muito com pessoas que choram por coisas tipo “não te levei na Paulista”, sabe? — Então eu ficava irritada… Isso me irritava. Então ela tinha um pouco esse lado.


Uma surpresa que esse cara fez para mim antes do noivado surpresa foi assim: Eu sou uma pessoa, gente, que eu tenho medo de máquinas… Então, assim, até o liquidificador, dependendo do liquidificador, me dá um pouco de medo. É uma coisa minha, eu tenho medo de máquinas… Algumas mais e outras eu consigo usar. E eu nunca quis dirigir porque eu tenho medo de carro. [risos] Assim, de repente, estar no volante e matar alguém. Pra vocês terem uma ideia, minha mãe não dirigia e meu pai dirigia muito mal… Meu pai, numa praça, conseguiu fazer uma curva [risos] tão errada que ele derrubou a estátua da praça. [risos] Então ele era um péssimo motorista, assim, ele morreu de infarto e tal, nós não sabemos como não morreu num acidente de carro, porque assim, era Deus guiando mesmo, segurando o carro pela mão. Então, eu nunca quis dirigir… E uma surpresa que ele fez pra mim: Ele me deu a carteira de motorista. 


Então ele foi numa autoescola, pagou… — E não é uma coisa barata, né? — Ele pagou o curso e aí me falou, e aí eu tive que ir, fazer… E, modéstia à parte, eu aprendi bem, mas assim, se não existisse nem um carro na rua, nem uma pessoa na rua, eu dirigiria. [risos] Mas, por exemplo, eu sou muito boa de fazer baliza assim, de estacionar, eu sou muito boa, mas eu tenho medo de carro, não gosto de carro. E ele me obrigou… Me obrigou nesse jeito fofo da surpresa, né? Ele pagou… Como que eu ia deixar? Vai, na época que fosse, 2.000 reais… Como que eu ia deixar 2.000 reais ele perder porque eu não fui tirar a carta? — Sendo que eu nunca quis dirigir, né? — Então lá fui eu, fiz as aulas, fiz a baliza, passei… Peguei a carta. Ele tinha um carro e ele queria que eu dirigisse esse carro, né? E eu falei: “Meu Deus do céu, não quero dirigir”, e aí fiz algumas vezes dirigindo com ele, fui péssima… — Porque eu não queria, era uma coisa que eu não queria. —


Aí ele tinha também uma moto, e aí uma vez ele me levou num num campinho aí pra eu treinar com a moto… — Eu também não queria… — Mas ele todo foferrímo “ai, vamos lá, não sie o que lá”, caí da moto, queimei a perna. Então, assim, só transtorno… E aí um dia a minha sogra tava aqui em São Paulo e ele tinha levado o carro pra não sei aonde… — Eu moro em Santo André, gente… [risos] Ele levou o carro em algum lugar em São Paulo para revisar não sei o quê. — E aí ele estava de moto e ele falou: “Olha, eu vou, vou pegar o carro aqui de não sei quem, a gente vai nós três buscar esse carro e você, Andréia, traz o carro pra mim”. — Gente… De São Paulo pra cá. — E eu falei: “Não vai dar certo isso, não vai dar certo” e a mãe dele junto… E aí, fez o que fez, a gente foi, chegou lá e eu preferia estar sozinha no carro, né? Que se eu capotar era só eu. Ele botou a mãe dele junto comigo no carro… [efeito sonoro de carro dando partida] — Vocês não tem noção de como essa senhora veio agarrada [risos] [Instrumental Segura na Mão de Deus] naquela alcinha que tem em cima da porta. Porque a gente chegou por Deus… 


Eu peguei Anchieta, gente… Peguei a Anchieta. Enfim, dirigi, foi o único dia que eu dirigi… Quando eu cheguei aqui na porta de casa, eu dei a chave pra ele na frente da mãe dele e falei: “A próxima vez que você me pedir para dirigir, a gente vai terminar o relacionamento, combinado?”, e aí ele viu que eu fiquei realmente transtornada, assim, e nunca mais tocou nesse assunto, porque eu tenho um limite, assim, muito flexível, mas a hora que eu que eu falo uma coisa é aquilo. Então ele sabia que se ele pedisse pra eu dirigir de novo, eu ia terminar com ele. Então é esse contexto, entende? Minha vida era muito isso… Ele fazendo coisas fofas que eu odiava e que muita gente ia gostar. [efeito de voz fina] “Poxa, ah, o namorado pagou a carteira de motorista”. 


Um dia ele me me pegou aqui, eu achei que a gente ia para um lugar e ele me levou num lugar longe, sei lá, acho que era praia e eu nem queria ir… Sabe assim? Então eu não gosto de surpresa e ele era um cara que gostava de fazer surpresa, então ele tava com a pessoa errada, né? — Então, a minha vida era esse constante estresse. — Teve um aniversário meu que ele fez… Eu tava trabalhando, — eu trabalho desde os meus 15 anos e trabalho bastante — então eu saía cedo e voltava à noite… E teve um aniversário meu que ele fez uma festa surpresa na minha casa e a minha melhor amiga da época, fez uma festa surpresa para mim na casa dela… E terminou o meu expediente, tipo, sete horas da noite, vim para casa, cheguei oito e meia, quase nove horas em casa e tinha uma festa surpresa aqui e tinha uma festa surpresa na casa da minha amiga. Eu tive que ir nas duas… Minha amiga ainda brigou comigo, tipo, a gente rompeu depois disso… Porque ela achava que eu tinha que ter ido pra lá. — Sendo que eu nem sabia… Se era surpresa, como que eu sabia que eu tinha que ir pra casa dela, sabe? —


Eu vivia cercada de surpresas, era horrível. Eu falava que não gostava, mas ninguém me ouvia. — Inclusive a minha família… Ninguém me ouvia. — E aí chegamos ao fatídico 15 de maio, eu já estava trabalhando com moda… — E já trabalhava demais assim… Camela, camela, camela, camela… Eu trabalhava muito. — Cheguei em casa cansada, tendo que fazer o básico ali pra limpar a casa, então cheguei, nem tomei banho e falei: “Bom, vou limpar a casa, fazer alguma coisa e descansar”, era meu aniversário, não gosto de festa, não gosto de nada. Eu dentro da minha casa… — Eu moro na casa dos fundos, Janaína mora na casa da frente e, no meio, tem um quintal, né? — E eu aqui, percebendo uma movimentaçãozinha, ainda pensei: “Ah, meu Deus, né? Aquele famigerado bolinho, vão cantar parabéns e é isso… Não chama ninguém e é isso”.


E aí, de repente, quando eu saio no meu quintal, tá cheio de gente, meu tio montando churrasqueira e ele aí e minha prima, e todo mundo… E eu toda mal arrumada que tinha… — Sabe quando você terminou de dar aquele tapa na casa? Nem foi uma faxina, foi só uma limpeza básica, mas eu tinha chegado da rua, estava cansada… — E aí fui lá pro quintal falar e “oi” pra todo mundo, eu toda descabelada… — Estava péssima, gente, estava péssima… Não queria uma festa, eu não queria nada. — E aí fui ficando ali, né? Pensando: “bom, vou dar uma horinha aqui e vou vazar, né? Se tiver bolo, aí a gente já canta já e cada um vai para sua casa ou fiquem aí que eu vou vazar, vou embora da minha própria casa”. [risos] Em determinado momento, ele pediu a palavra, falei: “Ai meu Deus, pediu a palavra”, aí achei que ele ia fazer um discurso, né? Do quanto ele gostava de mim e tal… — E, gente, eu estou contando aqui só o lado bom do relacionamento, mas ele tinha um lado muito insuportável, muito controlador, muito manipulador, enfim, né? Porque alguém pode estar ouvindo isso e falar: “nossa, o cara era legal”, ele não era um cara legal. —


Ele pediu a palavra, né? E começou a falar e eu fui, sei lá, me curvando assim, querendo que abrisse ali o chão do quintal pra eu entrar. E aí ele falou, falou, falou, falou, falou, falou… E no final falou: “Quer casar comigo?”. — E, assim, gente, no fundinho, bem no fundinho do meu coração, da minha alma, eu sempre soube que eu não queria casar. Era uma coisa que ninguém ousava verbalizar, eu acho que nenhuma mulher… A gente está falando de coisa de 20 anos, mais até, era estranho você falar que você não queria casar, então eu ia na onda, mas eu sempre soube que eu não queria casar, né? — E quando ele me pediu em casamento, na hora, eu soube que eu jamais casaria com ele, jamais casaria… Se ele soubesse o que se passava na minha cabeça, a hora que ele estava me pedindo em casamento, ele ia guardar aquela aliança… Aliança que não serviu. Porque a minha prima que estava sabendo de tudo, — minha família estava sabendo de tudo — pegou um anel que eu usava no dedinho, [risos] no dedo mindinho, e aí ele fez uma micro aliancinha que não coube no meu dedo, né? E ele teve que refazer. E isso foi o sinal também que eu precisava. 


Enquanto eu pensava que eu não ia casar com ele de jeito nenhum e ele estava terminando o discurso para botar o anel no meu dedo… — E não tinha, gente, todo mundo em volta emocionado, não tinha como eu falar ali: “Então, nego, não vou casar com você, entendeu?”, não tinha como, não tinha como… — E aí ele foi tentar botar o anel no meu dedo, não serviu, não passou nem aqui nessa primeira falange assim e ele teve que levar para refazer e eu botei a aliança no dedo dele. Só que a partir daí, eu já sabia que eu não queria casar, mas era muito difícil sair desse relacionamento, porque todo mundo que olhava em volta achava que ele era o namorado perfeito e ele não era. E eu não conseguia sair disso… E a coisa foi escalando muito rápido, porque ele tinha… — Eu sempre fui uma pessoa pobre, né? Ele não era de uma família tão pobre quanto a minha, mas ele sempre trabalhou muito, assim, cresceu rápido, então ele já tinha carro, ele já tinha moto e depois ele deu entrada no apartamento e eu fui obrigada a pegar uma parte do meu dinheiro do Fundo de Garantia para dar entrada também pra gente comprar junto… E obrigada por que, né? Ninguém botou uma arma na minha cabeça pra eu fazer isso, mas era o curso natural de um relacionamento longo, entende? Era esse o curso natural. E demorou muito pra eu sair desse ciclo, viu? De entender o que realmente eu queria para minha vida… Que não era casar, né? Se um dia eu arrumar um namorado sério que não queira casar nunca, vai ser ótimo, mas se eu não quero morar com ninguém, sabe? Eu não quero esse lado do relacionamento, então fica mais difícil… —


Então, a coisa foi evoluindo, nesse dia do noivado eu fiquei muito puta depois com a minha família, dei esporro, falei: “poxa, vocês tinham que ter me contado, né?”, porque, gente, assim, tudo bem fazer surpresa para os outros, mas dentro da minha própria casa surpresa, sabe? [risos] Pra mim? Dentro da minha própria casa a facada nas costas da surpresa? Então aí a Janaína ficou chateada e tal, mas mereceu tomar um esporro, porque tinha que me contar. Além de minha prima, irmã, ela é minha amiga, ela tinha que ter me contado, mas ninguém me contou… Acho que ia ser… Talvez, acho que no fundo, eles não contaram também porque eles sabiam que se contasse eu ia dar um jeito de melar a coisa, porque noivado era demais para minha cabeça. Com esse apartamento aí que a gente comprou, a gente começou a mobiliar aos poucos e a gente comprou uma mesa de jantar muito bonita, muito chique e eu fui um dia para esse apartamento esperar essa mesa chegar, né? E, quando essa mesa chegou, ela era tão grande e ela vinha montada que ela não passou pela porta. Eles tiveram que fazer 1.000 coisas e tal e aquilo pra mim foi um sinal [efeito sonoro de sirene] de que nada do que estava ali me cabia.


E aí eu cheguei em casa e falei, falei: “Ó, vou terminar”. E aí foi um choque geral, né? Porque todo mundo realmente achava que a gente ia casar. A partir do momento que eu chamei ele pra conversar aqui na minha casa e falei que não queria mais, inicialmente ele chorou, eu chorei, porque assim, um rompimento é difícil, né? E eu falei: “Bom, então é isso, né? Cada um aí para o seu rumo, a gente vê a questão do apartamento pra vender”. Eu não tinha botado o mesmo tanto de dinheiro que ele, mas era o dinheiro que eu tinha, né? E aí conversamos sobre isso e tal do apartamento e beleza, ele foi embora… Eu, nessa época, estava trabalhando… Não vou falar o lugar aqui, mas num lugar aqui em Santo André, e aí esse cara, gente, ele começou a aparecer no meu trabalho e a fazer escândalo, chorar, me perseguir na rua e eu comecei a ficar com medo dele. Ele fez tanto, que eu fui mandada embora por causa dele, pelo que ele fez no meu trabalho. Eu ia e voltava a pé porque eu tinha que usar o dinheiro da passagem pra complementar a renda, né? E eu vinha com medo… Teve uma época que meu tio — pai da Eliane e da Juliana — ia me buscar e me levar no trabalho e me buscar, porque ele aparecia do nada no meio da rua.


Um dia eu estava quase na esquina aqui de casa — era uma padaria, hoje é um mercado no quarteirão aqui do lado — e ele apareceu de moto e me pegou pelo braço… — Com muita força. — Eu consegui soltar, correr pra casa [efeito sonoro de sirenes de policia] e foi o dia que eu chamei a polícia. — Eu chamei a polícia pra ele. — E aí a polícia veio e ele estava chorando no meu portão, aí os policiais conversaram com ele e o policial achou que eu fosse amolecer e eu falei: “não”, eu falei: “Eu quero fazer boletim de ocorrência e, se for possível, pode prender. Eu não quero mais esse homem na minha vida”. Aí o policial conversou com ele… Eu lembro do rosto desse policial até hoje assim e falou pra ele, falou: “Olha, eu já vi muita história assim acabar mal e, pelo jeito que eu estou vendo, você tem uma vida boa, segue a sua vida… Que a próxima vez que você voltar aqui, você vai preso”. — Eu queria que ele já fosse preso, mas ele não foi preso. —


Depois disso, ele foi me dando um pouco de paz, mas vez ou outra ainda ele aparecia. E ele foi um cara que quando ele tomou um “não” definitivo meu, ele se transformou. Então, ele passou a ser um cara violento, um cara ameaçador e um cara que me perseguia. — E podia chorar o quanto fosse, eu não tive dó, gente… — Porque só quem passou por isso, de se sentir perseguida, de ficar com medo de sofrer violência física e até de morrer, sabe o que é isso… Então, assim, eu não tenho dó de homem que chora por causa de relacionamento, porque quer voltar, não tenho um pingo de dó, zero dó. E não tive… E eu sempre aconselho isso: “Ó, te perseguiu? Chama a polícia, faz B.O. não tenha dó… Faz B.O. sem dó”. E eu sou essa pessoa que eu falo uma vez: “Olha, se voltar aqui de novo e me perseguir, ou me me mandar e—mail ou me ameaçar, eu faço boletim de ocorrência na hora”.


E, na época, depois eu até me arrependi de ter devolvido a aliança, porque era uma aliança grossa, grossona de ouro, devia ter derretido e feito um par de brinco. Só de indenização. — Ah, detalhe, viu? — Ele não me deu a minha parte do apartamento, ele ficou com o meu dinheiro. Então, além de tudo, no final ele me roubou. Porque não é só porque eu terminei e não quero mais ficar com ele que ele tinha direito de ficar com o dinheiro. O pouco dinheiro que eu tinha, suado, no apartamento… Não me devolveu, ok? Então nunca foi uma pessoa boa.

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Thaís, eu falo de Monterrey, no México. E, primeiramente, parabéns pro Não Viabilize por 3 anos. É o melhor podcast que tem na podosfera. E que Picolé de Limão, hein, Déia? Mas ainda bem que você conseguiu se livrar desse namorado aí, desse sujeito que não te valorizava nas atitudes e nas palavras. Então, apesar de que pareça bonito pra quem vê de fora, só a gente que vive a relação sabe dizer se aquilo é bom ou não pra gente. Que bom que você terminou e está vivendo de acordo com o que você acredita. Então é isso… Amei a história, amei de certa forma o desfecho também. E vida longa ao Não Inviabilize. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, meu nome é Vanessa, eu falo aqui de Goiânia. Ê, Déia… Eu sabia que uma hora essa história viria a tona e eu amei a história… Porém, eu acho, é um misto de Picolé de Limão essa história da Déia, desse noivado… Eu achei que Déia foi muito forte, porque foi um relacionamento que ela levou durante muito tempo e falar “não” nessa posição que ela estava, já tinha comprado apartamento, já estavam noivos, aquela coisa surpresa… Eu achei que você foi muito forte, Déia, parabéns… Eu sei da história de muitas mulheres que não conseguem e acabam levando, levando um relacionamento por muito tempo por não conseguir falar não e estabelecer limites, porque limites é uma coisa que esse cara ele nunca teve, deu pra ver na história. Feliz aniversário… 

[trilha]

Déia Freitas: Então essa é a história aí do meu noivado surpresa, [risos] que foi péssimo, mas que foi um passo também para eu ter certeza de que eu não queria casar com ele. — E que também tinha sido meu primeiro namorado, enfim… Se tivesse rolado esse casamento seria um erro, de fato. — Então, foi bom o que aconteceu e o final podia ter sido muito mais maneiro assim, né? Ele seguindo a vida dele e eu seguindo a minha. Eu cheguei a ligar para mãe dele quando ele estava me perseguindo e falar: “Olha, eu vou botar seu filho na cadeia. Você fala pra ele parar de aparecer na minha casa, no meu trabalho, me perseguir na rua, porque eu vou botar ele na cadeia”, e aí ela chorou, né? — Porque ela chorava por tudo. — E eu falei: “Chorar não adianta, a senhora venha para cá e dá um jeito no seu filho, porque eu vou botar ele na cadeia. A senhora vai vir para cá pra visitar ele na cadeia”. Tive que ser mais enérgica aí para ver se resolvia, né? E ainda bem que depois de um tempo… Mas eu perdi um emprego e ele não devolveu o dinheiro do meu apartamento… — Pessoa péssima. —


Então, essa é a história do meu noivado surpresa no dia do meu aniversário que eu estou contando aqui no aniversário do podcast. — Tem um monte de detalhe que eu esqueci que, enfim, mas é basicamente isso, né? — Espero que vocês tenham gostado aí da desgraça que foi esse relacionamento. [risos]. Porque botando na balança, tinha muito, muitos momentos ruins para alguns momentos bons. Então é isso… Então, espero estar aqui mais um ano com vocês, esse ano tem bastante novidade, em breve aí coisinhas pra vocês… Dá aquela força, apoia a gente, vai ver um conteúdo exclusivo, a gente tem o quadro Meu Erro, tem Desfechos… Hoje, por exemplo, para assinantes, eu fiz aí uma maratona de Desfecho. Vai ter desfecho o dia todo aqui no dia do aniversário do podcast. Então, ó, se você assinar agora, você ainda consegue pegar esses desfechos todos e tem mais umas 200 histórias no acervo pra você ouvir. 


Feliz aniversário para todos nós, né? — A gente está aqui junto nessa. — Imaginem aí que eu estou aqui cortando um bolo pra gente, porque bolo é sempre bom. Então, um beijo, gente, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.