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título: anna
data de publicação: 15/02/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #anna
personagens: anna delvey

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E eu hoje eu não estou sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Hoje é um dia mais que especial, finalmente eu vou poder falar um pouco da Anna Delvey aqui, a convite da Netflix. [som de abertura da Netflix] A série Inventando Anna estreou agora sexta-feira que passou. — Espero que vocês já tenham assistido. — E a Netflix me convidou para contar o mês todo histórias de golpes e fazer dois episódios especiais sobre a Anna Delvey, inclusive este episódio foi ao ar lá no Spaces do Twitter da Netflix e, o próximo episódio no final do mês também sobre Inventando Anna estará lá no Spaces. Mais pra frente eu falo a data para vocês.

[trilha]

Bom, o que falar de Anna Delvey? Eu já queria começar dizendo que eu acho que ela chegou até onde ela chegou por ser uma mulher jovem e branca. — Assim, meio loira, meio ruiva… — Porque se fosse uma mulher negra, enfim, né? Tudo aquilo que a gente já sabe, não teria conseguido chegar onde ela chegou ali naqueles golpes, né? Todo mundo olhava para Anna e deduzia que ela era uma mulher já rica, apesar de estar bem vestida e tudo, isso não era questionado. A minissérie Inventando Anna foi inspirada nesse trecho da vida de Anna Delvey, onde esta garota conseguiu enganar muita gente rica… — E, assim, gente…. Gente rica, rica, rica mesmo. — 

O nome real da Anna Delvey é Anna Sorokin, ela nasceu em 91, numa cidade chamada Domodedovo, perto de Moscou e, com 16 anos, a família mudou ali para a Alemanha. E ela vem, assim, de uma família Classe C…  — Uma família da classe trabalhadora. — E a família da Anna nunca teve grana assim, nunca foi milionária, nunca chegou nem perto disso. A Anna teve uma oportunidade de estudar em Londres e depois ela foi para Paris trabalhar em uma revista muito famosa de moda. — E ela foi ser estagiária nessa revista. — E foi lá que ela adotou esse nome, né? — Anna Delvey. — Dizendo que Delvey era o nome ali a mãe dela de solteira, mas isso também não era verdade. 

Ali de 2013 até 2016, a Anna começou a viver como se ela fosse uma empresária riquíssima. Ela já aplicava uns golpes e, assim, ela andava com muito dinheiro, dava gorjetas de 100 dólares… — Sempre com aquele ar blasé, sabe assim? De gente rica. — E aí como ela ostentava muito, mas assim também, era mais ou menos discreta, ela meio que começou a chamar a atenção e as pessoas dali, a galera rica, começou a achar que ela era rica também. — Aliás, que ela era mais rica que eles. E como a Anna foi dando esses golpes assim? — Como ela fingia ter muito dinheiro, ela meio que dava a entender que ela tratava o dinheiro assim como uma coisa qualquer. 

Então, se de repente ela tinha que fazer alguma viagem ou ela estava em algum restaurante e ela estava com mais pessoas ricas, ela dava aquela do tipo assim: “Ah, paga aí, depois a gente acerta”, mas tudo muito casual, né? E as pessoas acertavam e, geralmente, eram pessoas muito ricas e depois acabavam esquecendo… — Tipo, golpes de dois, três mil dólares. — E, quanto mais ela estava nesse meio e conhecia mais pessoas ricas, as pessoas meio que achavam que ela “ah, ela é amiga de fulano, ela é amiga de ciclano”, né? E aí era interessante ser amigo da Anna. — “Poxa, uma ricaça e tal, que tem aí um fundo de dinheiro guardado na Europa e nã nã nã”. —

Então, as pessoas acabavam meio que querendo falar que eram amigos dela e, no fundo, ninguém sabia de onde ela vinha e ninguém era amigo de ninguém. — A real é essa… — Nesse período, a Anna conheceu um cara, começou a namorar um cara que estava aí numa pegada de lançar um aplicativo. — Então ele tinha investidores também, assim, de muita grana. — E eles ficaram um tempo juntos e, quando eles se separaram, esse cara também acabou não lançando o aplicativo, acabou se enrolando com grana… — Eu acho que ele também era um golpista. — Em 2016, a Anna vai de novo para a Alemanha para falsificar documentos, pra, tipo, fingir que ela tinha uma grana, por que qual era o plano dela? Ela queria abrir uma Fundação, — Fundação Anna Delvey. — e essa fundação ia ser um clube muito, muito, muito exclusivo assim, para pessoas riquíssimas, num lugar mega badalado de Nova York. 

E a Anna dizia que ela era herdeira e que ela tinha uma grana num fundo… — 60 milhões de euros. Gente… — E aí ela volta para Nova York e começa a morar em hotéis de luxo. Assim, uma vida completamente de glamour. — Eu acredito que a Anna queria realmente abrir a Fundação, não acho que a Fundação seria um golpe. — Acho que ela tinha esse sonho assim, surreal, de ter a Fundação e, para isso, ela precisava de um empréstimo milionário. E ela foi até as pessoas certas e tal para ajudar… — Nesse processo de conseguir um empréstimo… — E, enquanto ela não conseguiu o empréstimo, — Que seria um empréstimo de milhões. — ela conseguiu num banco 100 mil dólares — Assim, gente, do nada… —  de empréstimo, que aí foi o dinheiro que ela foi mantendo ali um pouco aquela vida dela de luxo. 

A Anna ela era tão fascinante nos golpes, que ela conseguiu enganar até uma startup de aluguel de jatinho particular e ela voou sem pagar nada. — Acabou andando de jatinho… — Aí a gente chega num ponto que a Anna vai com umas amigas para Marraquexe e fica num hotel lá luxuoso — Assim, maravilhoso. — em Marrocos, e eu acho que foi aí que começou o declínio da Anna… Porque aí a Anna não tinha como pagar esse hotel e ela acabou usando o cartão corporativo de uma dessas amigas. — Dizendo aquele: “Depois eu te pago”. — Só que essa amiga ela não era rica, né? Ela trabalhava e tal e acabou usando o cartão da firma e ela teria que pagar. Então aí ela foi até a Justiça e ela começou a perseguir a Anna e a pedir o dinheiro de volta, né?

E aí chega uma hora que a Anna se interna, tipo numa clínica de reabilitação, e essa… — ex amiga, né? Porque é ex amiga agora. — Que ainda estava atrás do dinheiro, consegue junto com a polícia armar um plano para que a Anna fosse presa…. — E ela vai presa. — E aí a Anna foi julgada e condenada por oito golpes. — Que totalizaram ali 275 mil dólares. —  Do maior crime… — Porque assim, gente, minha opinião, tá? Ela pediu esse empréstimo de milhões, mas esse dinheiro não saiu. — Então, por esse pedido aí de milhões e tal no banco, ela foi inocentada, tipo, ninguém considerou crime. — E eu também acho que não era crime, ela pediu… O banco podia dar ou não, né? — Durante o julgamento, a Anna contratou uma estilista [risos] pra entrar no julgamento ali a cada dia com os looks certos.

E, quando ela foi presa, quando a Anna foi presa, quem descobriu essa história foi uma jornalista chamada Jéssica Pressler, e aí ela publicou um artigo numa revista chamada de The Cut e esse artigo viralizou… Foi tipo um dos mais compartilhados do mundo em 2018. A pena da Anna foi de 12 anos, mas ela acabou aí saindo antes, né? Em fevereiro de 2021 ela saiu, mas acabou sendo presa novamente logo na sequência por ter ficado nos Estados Unidos um mês a mais do que o visto permitia. — Agora, o surreal é que, assim, ela não renovou o visto porque ela estava presa, né? — A Shonda Rhimes disse que quando ela leu essa história, ela ficou, assim, fascinada, obcecada e pensando: “Puts, eu vou odiar a Anna, né? Ela é uma pessoa que eu odiaria”, mas conforme a Shonda foi escrevendo ali a história para a série, conversando com as pessoas envolvidas e tal, ela, assim, ficou cativada pela Anna, assim, real.

Eu tenho sentimentos conflitantes, assim, pela Anna, porque, mano, ela é uma golpista. — Real… e uma mulher aí se aproveitando do seu privilégio branco em todos os sentidos. — Mas ao mesmo tempo, tinha umas passagens ali… — Principalmente ali na série, que eu falava “puts”, sabe quando você fica… Não sei, acho que um pouco de dó? Não sei dizer assim… — Não sei explicar o que eu sinto pela Anna. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é Bia, falo de Portugal. Eu maratonei essa série com meu marido em dois dias e amei. O que mais me deixou chocada foi a lábia dessa menina e o tanto de gente que ela enganou só falando que ela era uma herdeira milionária… Ela falava e as pessoas acreditavam… E acreditavam nisso, na minha opinião, simplesmente pela imagem que ela passava, pelas roupas que ela usava e pelos contatos que ela tinha, né? E, se alguém chegasse perto de questionar algo, ela dava um jeito de inverter completamente a situação, constrangendo a pessoa, de modo que a pessoa quase pedisse desculpas pra ela. Enfim, a manipulação, né? Então fica aí a lição pra não sermos ONG de ninguém, nem de amiga, e ficarmos atentos a qualquer sinal de manipulação.

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, meu nome é Adriano, sou do interior do Paraná. Depois da indicação da Déia eu assisti e, juntando os Picolés de Limão que ela publicou até hoje, eu fiquei imaginando, sempre existe algum sinal de quem sofreu o golpe, que é ele emite e o golpista ele percebe isso e faz uso dessas informações que a gente vai dando pra conseguir o que ele quer, que é aplicar um golpe. Não sei se é tanto o “golpe tá aí, cai quem quer”, acho que a gente precisa se preservar um pouco mais dessas informações que a gente vai passando pra frente nas redes sociais. Um abraço a todos.  

Déia Freitas: Eu quero muito que vocês vejam a série e comentem lá no nosso grupo do Telegram. A hashtag é “Anna” com dois N’s, eu quero saber a impressão de vocês, o que vocês acharam da Anna, o que vocês acharam da série. Vamos lá, vamos lá pro nosso grupo comentar. Um beijo e eu volto… Amanhã já tem história de golpe, sábado tem história de golpe e vamo que vamo. Valeu, Netflix, tamo junto. Beijo, galera.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.