título: anônimo
data de publicação: 07/10/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #anonimo
personagens: giovana
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]
Déia Freitas: Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a EBAC, Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia. A EBAC disponibiliza uma experiência única para que os alunos aprendam a aí quando e onde eles quiserem, oferecendo mais de 150 cursos online em uma plataforma própria de ensino e diversos desses cursos são na área de marketing, além de duas pós-graduações reconhecidas pelo MEC. — A EBAC tem um excelente curso de roteiro também, viu, gente? Deixando aí a dica. — Hoje na EBAC já são mais de 145 mil alunos transformando o próprio futuro e entrando aí no mercado de trabalho.
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[trilha]
O sonho da Giovana sempre foi fazer um intercâmbio, só que ela não tinha grana. Então ela começou a trabalhar ali com seus 17 anos, foi, cursou uma faculdade — trabalhando e estudando — e foi juntando dinheiro aí pra poder fazer esse intercâmbio. Quando a Giovana estava com 24 anos enfim ela conseguiu… — Então ela ajeitou todas as coisinhas para onde ela iria, quanto tempo ela ia ficar… — Ela ia para fazer um intercâmbio de seis meses com a possibilidade de estender por mais seis meses e isso era perfeito… Ela conseguiu esse intercâmbio porque, além do intercâmbio que ela queria para fazer um curso de inglês — mais básico —, ela poderia também participar de um programa de voluntariado, então era uma coisa que ia ocupar a Giovana meio período estudando, meio período fazendo voluntariado e assim ela ia conhecer bastante gente, ia exercitar o inglês e nã nã nã… [efeito sonoro de avião decolando]
Giovana embarcou… [efeito sonoro de avião decolando] Fazia parte do intercâmbio ficar na casa de uma família… Ela foi, conheceu a família e começou aí o intercâmbio de Giovana. No começo é meio sofrido para você acostumar, é outro idioma, as pessoas são diferentes, a cultura diferentes, você sente falta da comida, você sente falta dos seus familiares, enfim, sente falta de tudo. Mas a Giovana foi aí vencendo esses pequenos… Pequeninos obstáculos e foi tendo muito êxito ali no seu intercâmbio. Ela gostava das aulas, ela gostava do grupo que ela estava de voluntariado e tudo estava muito perfeito. Com mais ou menos um mês e meio que Giovana estava nesse programa de intercâmbio, ela foi chamada para conversar com uma coordenadora… E essa coordenadora falou que eles tinham recebido algumas queixas em relação a Giovana de que nas aulas, apesar dela fazer todos os exercícios e participar, ela não se integrava ao grupo, que ela era maldosa, que ela fazia fofoca e bullying com seus amigos — de sala — e que no voluntariado ela era preguiçosa e ela tratava mal as pessoas que precisavam daquele auxílio, do voluntariado, enfim, um monte de queixa…
A Giovana ficou perplexa, porque primeiro que era tudo mentira e, segundo, que qualquer pessoa poderia acompanhar a Giovana nas aulas e no voluntariado que ia saber que aquilo não era verdade. Aquilo era tão absurdo que a Giovana ficou, assim, chocada, chorou e nem se defendeu muito, porque não tinha muito do que se defender… Porque a própria coordenadora falou: “Olha, essas queixas não estão vindo de quem coordena lá o programa de voluntariado, nem da sua professora, as queixas vêm das pessoas que convivem com você nos dois ambientes e é muita coincidência que nos dois ambientes, que são pessoas diferentes, né?” — Ela fazia curso com uma galera de inglês e voluntariado com outra galera — “todo mundo reclame de você…”. E era uma mesma empresa que coordenava esse curso com esse voluntariado, né? Então as queixas chegavam no mesmo lugar. Giovana, muito perplexa, falou: “Bom, é isso, né?” e depois ela ficou pensando se não seria o caso dela ter feito uma queixa primeiro… Porque assim que ela chegou, uma das colegas dela de curso fez um comentário de que brasileiro era tudo ladrão, desonesto, enfim e ela fez uma queixa… — E como que você podia fazer a queixa? As queixas eram anônimas, você tinha um formulário lá que você preenchia e essa queixa ia para a coordenação, então você não precisava se identificar. —
O que a Giovana pensou? “Essa menina descobriu…”. — Que ela fez uma queixa, porque se a Giovana fez uma queixa falando o teor da queixa, a menina provavelmente saberia se a coordenação tivesse passado para ela quem era, então, pode ser que essa menina tenha começado a gerar queixas anônimas sobre a Giovana — Giovana ficou arrasada, mas seguiu com o curso mais um mês se passou, de repente, aquela família que tinha abrigado a Giovana e que eles eram muito cordiais, muito bacanas, a família começou a ficar bem hostil com ela, assim… Uma mudança total. Depois de mais um tempinho, a mãe da família falou que ela precisava procurar um outro lugar que não estava dando mais certo ela ficar hospedada lá. Quem tinha que ajudar a achar uma outra família era a coordenação desse pacote aí de intercâmbio que a Giovana fez, mas estava muito em cima, ela já estava com três meses e meio, um pouquinho mais de curso. E, diante de tudo o que estava acontecendo, a Giovanna resolveu voltar. — Parar o intercâmbio e voltar. Ela pediu para a família se ela podia ficar só mais duas semanas, que ela ia voltar, e aí ela cumpriu quatro meses ali do intercâmbio que ela tinha contratado de seis meses. —
Giovana voltou, e aí comentou com a família, com o namorado, como tinha sido tudo, que estava tudo péssimo… — Não tinha dado certo, né? — Todo mundo consolou ali a Giovana e vida que segue… Giovana, de volta, procurou um emprego e procurou um curso também para fazer aqui no Brasil, enfim, ela queria, sei lá, um prêmio de consolação, sabe? Só para não ficar parada também. E aí começou nesse curso na área dela e conseguiu um emprego, não pagava tão bem, mas enfim, a vida seguiu mais um pouco… Giovana que tinha levado o seu computador, seu laptop quando voltou ele estava meio já capenga e ela não ia conseguir comprar outro… Chegou um ponto do curso que ela precisava fazer um trabalho que tinha que ser, assim, mais delicada ali a confecção desse trabalho e envolvia imagens. Então, a Giovana resolveu usar o computador do namorado… E foi ali usando, usando, usando… Ela precisava criar para o trabalho um formulário — desses do Google Docs, sabe? —, criou o formulário e tal e fez tudo… E aí ela tinha que testar o formulário, então ela mandou para uma amiga, a amiga respondeu e, quando você você preencha o formulário do Google Docs, você tem a opção de deixar para enviar uma cópia para a pessoa e a outra cópia vem para você, enfim.
E aí a Giovana começou a procurar naquelas pastas para onde tinha ido aquele formulário e a Giovana encontrou uma pasta com outros formulários quando, de repente… Quem fez todas as queixas contra Giovana? O próprio namorado dela. Um namorado de quatro anos de relacionamento… “Ah, mas como que ele conseguiu acesso ao formulário da escola lá do lugar do intercâmbio?”, quando a Giovana preencheu aquela primeira queixa, o inglês dela não era tão bom e a Giovana pediu para o namorado ajudar e preencher para ela. E aí o cara aproveitou, guardou aquele link e começou a fazer várias queixas… E aí lá tinha uns textos também sobre comportamentos da Giovana no Brasil e ela acabou entendendo que os textos que estavam naquela pasta eram textos que ele tinha feito como se fosse carta anônima para a família que tinha hospedado a Giovana. O cara ele fez reclamações da Giovana no curso, reclamações da Giovana no voluntariado e ainda escreveu algumas cartas para a família que tinha hospedado a Giovana. Giovana na hora começou a tremer, começou a chorar e o namorado percebeu. Ele estava ali perto jogando videogame na televisão…
Quando ele veio correr ali no computador, tipo: “O que que foi?”, que ele viu que a pasta estava aberta, os arquivos estavam abertos, ele começou a chorar, o bonito… E aí olha o que ele disse, ele falou: “Ai, eu estava com muita saudade, eu não estava aguentando ficar sem você e eu sabia que se desse os seis meses e fosse maravilhoso o curso, você ia estender por mais seis meses e eu não ia aguentar. Então eu resolvi fazer isso para que você voltasse para mim. Eu te amo e nã nã nã”. — Gente? Um psicopata. Não, né? Não sabemos se é um psicopata, mas a atitude é de uma pessoa totalmente insensível, pessoa péssima. — E a Giovana, sem acreditar naquilo, pegou as coisas dela e foi pra casa. Conversou com os pais, todo mundo ficou muito chocado, né? Só que tinha uma coisa, gente: Tudo estava no computador dele e a Giovana não tirou print de nada, não tirou foto… Ela ficou chocada, sabe? Não encaminhou nada, nada. Terminou com o cara e até hoje ele nega, ele jura de pés juntos que ela inventou tudo isso pra terminar com ele. Muita gente acredita nele e fala: “Meu Deus, pra quê? Era só você terminar, não precisava inventar uma coisa tão horrível dessa sobre o cara”. A Giovana viu tudo, só que como ela não tem provas, tem gente que acredita nele porque falam que ninguém seria tão sórdido, tão maquiavélico de fazer algo assim.
A Giovana economizou muito pra poder viajar para poder realizar esse sonho aí do intercâmbio pro cara sabotar a namorada porque “ai, tá com saudadinha”? A Giovana procurou um advogado pra ver se dava para processar esse cara, mas o advogado disse que o único jeito seria se a escola lá, o lugar que recebeu as queixas, fornecesse o IP de quem gerou aquelas queixas, tipo, que é o número de identificação do computador. Mas a empresa lá que a Giovana pagou o intercâmbio não quis nem levar essa conversa adiante, assim, já falou logo que não e, como ela não tinha prova nenhuma, então ficou por isso mesmo. — Então, veja, o cara fez… E não foi uma queixa, foram várias, foi mudando, criando o perfil, enfim… Sabotou a Giovana no curso, no voluntariado, na casa que ela estava hospedada e ainda depois de descoberto, ele negou. Não para a Giovana, porque não tinha como ali na frente dela, mas para todas as outras pessoas, porque ele deve ter deletado a pasta, enfim. — E a Giovana até hoje quando ela pensa, ela fala: “Meu Deus, eu fiquei quatro anos com um cara que eu não conhecia” e para mim a Giovana não errou em nada, porque a única coisa que ela fez foi pedir ajuda para o namorado dela de quatro anos pra preencher uma queixa que o inglês dele era melhor, assim…
Se você não confiar na pessoa que está com você nem nisso, era melhor não estar, né? Então não acho que ela fez absolutamente nada errado. Eu teria feito a mesma coisa com ela, até pedido para um amigo, uma amiga me ajudar a preencher a queixa. Você nunca vai imaginar que a pessoa vai guardar aquele link e vai começar a fazer acusações falsas contra você, se passando por pessoas da sua turma, pesquisando as pessoas da sua turma, tanto no voluntariado quanto na aula. E eu achei o nível de sordidez, assim, absurdo… E a cereja do bolo é que ele até hoje ele fala que a Giovana inventou tudo isso para poder largar um cara tão dedicado, uma pessoa que sempre amou ela tanto. Eu fiquei chocada, sério mesmo assim… A gente acha que a gente já conhece o limite do ser humano, mas não. E uma pessoa com dinheiro contado, ele sabendo cada centavo que ela economizou para ir, sabe? Então essa história me pegou… O que vocês acham?
[trilha]
Assinante 1: Oi, Déia, oi, povo, aqui é a Alessandra do Rio de Janeiro. Eu estou pensando seriamente num jeito de comentar essa história, sem xingar esse sujeito todinho, por que não tem como, não tem palavra boa para essa pessoa que faz um negócio desse com a própria namorada… Agora, Giovana, livramento, tá? Que poderia ter sido uma coisa muito mais séria… Se ele fez isso agora com um intercâmbio, mais tarde ele faria isso com um emprego fora, uma super oportunidade que você tivesse para não ficar com saudadinha tua aqui… Então, se livrou foi tarde… Foram quatro anos perdidos com ele? Foram quatro, não foram quarenta. Melhor coisa. Então, você não perdeu nada, só se livrou… Você tem a vida inteira pela frente para descobrir alguém que realmente valha a pena para você, porque esse sujeito, sinceramente…
Assinante 2: Oi, gente, aqui é o Vinícius de Belo Horizonte. Ouvindo essa história da Giovana eu fiquei pensando até onde as pessoas vão em nome de um suposto amor aí… E esse, graças a Deus, ex-namorado da Giovana, além de ser um inseguro frustrado, ainda é uma pessoa muito tóxica, que nem mesmo consegue admitir as coisas que fez. Eu acho muito complicado quando a gente precisa lidar com pessoas assim, porque infelizmente algumas situações parecem mesmo que vão ficar impunes aí, né? Então, eu acho muito importante que a gente não se apegue a essas situações que podem fazer muito mal pra gente, pra nossa saúde mental. Às vezes, o melhor que a gente pode fazer é tentar relevar essa situação, seguir a vida e fingir que essas pessoas simplesmente não existem. Enfim, eu espero que a Giovana fique bem e que ela consiga seguir com as coisas dela em paz. Um beijo aí para todo mundo.
[trilha]
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[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]