título: arroz
data de publicação: 27/08/2022
quadro: luz acesa
hashtag: #arroz
personagens: silvana
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei pra um Luz Acesa. A história que eu vou contar para vocês hoje é a história da Silvana. — É uma história que aconteceu antes da pandemia, mais ou menos um ano antes da pandemia, e que depois, na pandemia, um dia voltou a acontecer. — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Silvana, ela mora num apartamento num Centro Histórico. — Que eu não vou dizer onde aí no Brasil. — São prédinhos de três andares. — E foram adaptados, né? Então, imagina assim: Era um casarão e adaptaram ali vários apartamentinhos, assim, kitnets. — Coisa pequena e uns, assim, um pouco maiores, que era tipo quarto e sala, um pouco maior. E, enfim… Um desses um pouco mais espaçoso era o apartamento da Silvana. — Aliás, é o apartamento da Silvana, porque ela mora lá até hoje. — A Silvana, quando ela era adolescente, ela aprendeu a fazer arroz com a avó… — E aqui a gente vai dar uma pausa na história de espírito pra contar como a Silvana faz o arroz. — Bom, essa técnica é pra economizar gás. Você sabe que pra cada xícara de arroz cru você vai colocar duas xícaras de água, né? — Normalmente água quente. — E é assim que ela faz… Então ela foi lá, cortou a cebola, o alho, refogou ali num pouquinho de óleo, [efeito sonoro de coisa sendo frita] botou o arroz, deu ali uma refogada e botou ali a água, a água quente. — A técnica que ela usa é a técnica do pano de prato. —
Então, depois que você botou a água quente, você deixa no fogo só um minuto. Desliga o fogo, deixa a panela ali no fogão, você vai pegar um pano de prato limpo, vai colocar sobre a panela e, em cima do pano de prato, você vai botar a tampa. — Então vai ficar um sanduíche: Panela, pano de prato estendido, assim, em cima da boca da panela e a tampa. — E aí você deixa ali 20 minutos sem abrir… — Mais ou menos uns 20 minutos. — E aí, depois dos 20 minutos, você tira a panela do fogo e bota na pia ali, tipo na pedra, no geladinho e tira a tampa. E aí você deixa ali mais uns cinco minutinhos e depois você pode comer, você vai abrir ali e o arroz vai estar soltinho. — Eu aprendi a técnica do pano de prato pra arroz diferente… A gente faz igual, mas deixa mais tempo no fogo e só cobre ali uns dois, três minutos antes de ficar no ponto. Você pode também usar o pano de prato se o seu arroz passou do ponto… Então aí você tira ele ali do fogão e bota o pano de prato e deixa também uns 20 minutos. Enfim, tem vários tipos aí de procedimento [risos] com pano de prato, você pode entrar no Google e achar o seu. Eu estou aqui salivando, porque eu amo arroz… Amo, amo… Qualquer tipo de arroz, eu amo. Eu sou arroznática. —
E aí a Silvana refogou ali o arroz, botou água, esperou um minuto, pôs o pano de prato, esperou 20 minutos, tirou, botou na pia e tirou a tampa… — Mas deixou coberto com o pano de prato. — A ideia era: Esperar esfriar um pouco pra colocar na geladeira. — Porque a Silvana e todas as pessoas sensatas não fazem marmita com a comida quente. O ideal é você fazer a marmita com a comida fria. — Então só no dia seguinte que ela ia fazer a marmita dela e já tinha outras coisas prontas, só faltava o arroz. Então, o arroz ficou ali na pia até a Silvana tomar banho, fazer as coisinhas e nã nã nã e voltar pra guardar na geladeira. — Silvana morando sozinha. — Acontece que, nesse dia — e em outros dias também, mas assim, nesse dia — a Silvana esqueceu o arroz pra fora da geladeira. — Esqueceu de guardar… — Quando foi de madrugada, a Silvana acordou, tinha esquecido também de levar água para o quarto… — Era um dia que ela estava muito cansada, então o certo seria ela ter guardado o arroz na geladeira e já pegar a garrafinha de água que ela levou para o quarto e ela não fez isso… Deitou, dormiu. —
E aí ela acordou de madrugada com sede, foi lá, acendeu a luz do quarto, andou um pequeno corredor — muito pequeno mesmo — e entrou na cozinha… Então, assim, ele entrou na cozinha e tinha que virar à direita pra dar de frente com a pia. Quando ela virou à direita, que ela deu de frente com a pia, [efeito sonoro de tensão] tinha uma pessoa debruçada na pia dela. A Silvana descreveu como alguém que parecia humano, mas nem tão humano… Uma densidade. — Ela falou assim: “Não era transparente, Andréia, mas também não era carne, assim como a gente, assim… Era estranho, era uma coisa estranha”. — E essa criatura estava debruçada na pia, em cima da panela de arroz. E aí a Silvana falou assim que parecia que essa criatura [efeitos sonoros de grunhidos] estava comendo o arroz. Só que a panela estava fechada, ela estava meio que… Assim, ela entrou meio de lado, dava pra ela ver a panela, a panela tava fechada com o pano de prato…
E ela falou que o barulho parecia que a criatura estava comendo, só que o barulho era como se aquilo estivesse cheirando a panela de arroz, meio que tentando entrar na panela de arroz, enfiar a boca na panela de arroz, sabe? E aí ela ficou sem entender o que estava acontecendo e ela ensaiou um grito, mas não saía nada. E aí a criatura percebeu que ela estava ali e virou. [efeitos sonoros de grunhidos] Quando virou, ela percebeu, parecia assim os traços de um homem, só que os dentes eram todos pontiagudos. E, assim, não chegava a ser preto os dentes, mas eram meio acinzentados, escuros e pontiagudos. Nessa hora, a Silvana teve ali um mal súbito, uma coisa e caiu. Quando ela voltou, assim, ela acha que demorou pouquíssimo tempo, ela tinha batido o rosto, assim, o lado direito do rosto na madeira do sofá. — O sofá acolchoado, mas mesmo assim, por dentro tem madeira, né? — Então ela bateu no sofá e pegou ali a madeira e meio que ficou inchado o rosto dela do lado. E aí ela não conseguia olhar mais para a cozinha, mas ela caiu ali, bem na porta da cozinha. E, quando ela levantou, a criatura não estava mais lá. A panela estava intacta, com o pano em cima, mas ela não teve coragem de comer e jogou tudo fora. A panela com a tampa, com o arroz dentro e o pano de prato. — Jogou tudo no lixo… —
E aí passou, ela não teve coragem de contar para ninguém, achou que, de repente, tava alucinando. Até que veio a pandemia… A Silvana pegou Covid… — Ela estava em casa sozinha, mas sempre conversando com os amigos no FaceTime e tal, né? — E aí, num dos dias mais críticos da Covid, ela estava bem zoada, já quase pedindo pra alguém levar ela para o hospital, ela viu essa criatura andando pela casa dela e ela falou que não era como se ele andasse, assim… — Como que eu vou explicar isso? Ele rastejava, mas não assim no chão, em pé, como se estivesse arrastando, assim. Eu não sei explicar. — Pensa assim: [efeitos sonoros de grunhidos] sacudindo para o lado e para o outro, assim e deslizando. — Acho que a palavra é essa. — Ele ia deslizando, mas no chão mesmo, não flutuando, nada… E ela falou: “Andréia, era tão mole o jeito que ele deslizava que eu podia jurar que tinha uma gosma no chão, mas não tinha, tinha nada”. E aí nesse dia que ela viu essa criatura de novo, que ela estava mal, ela deixou tudo aceso e tal, e aí ligou para a vó dela, pediu oração e tal.
Passou, ela não viu mais, mas foi um dia que ela achou que realmente ela ia precisar ser entubada, sei lá, internada e ela viu essa criatura lá dentro. Ela não sabe se essa criatura anda pelo prédio… Depois desse lance da Covid, ela tava comentando com um monte de gente, inclusive com uma vizinha dela do prédio. E aí essa vizinha falou: “Amiga, você tem que conversar com a dona Mirtes ali do 102, que você vai ouvir as histórias desse prédio… Com certeza é algo que não está lá, tipo, exclusivo no seu apartamento, mas está no prédio”. O que eu não entendo: Assombração come? A Silvana disse que parecia mais que estava cheirando do que comendo. Mas é estranho, né? E eu não sei, não tenho explicação pra isso. Alguém tem uma explicação pra isso? Que possa aí passar pra Silvana?
[trilha]Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Any de Garanhuns, Pernambuco. E, respondendo a dúvida da Déia: Não, espíritos não comem. Mas o que acontece? Eles sentem fome, então eles acreditam que estão comendo. Por isso que não é interessante deixar lixo naquela lixeirazinha em cima da pia, ou deixar comida em cima do fogão, essas coisas… Porque eles realmente ficam em cima da comida achando que tão comendo. Então, foi isso que aconteceu, ele estava em cima achando que tava comendo, quando, na verdade, não estava. É isso, um beijo.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Tayná de Belo Horizonte. Eu cresci sendo espírita, então eu tive acesso a uma série de explicações que o espiritismo traz dessas coisas que a gente vê… E uma dessas explicações fala sobre o vampirismo energético, ou vampirismo psíquico, que é quando espíritos desencarnados se alimentam da energia vital de outros seres vivos, podendo ser pessoas, animais, alimentos, enfim… Então essa coisa que ela visualizou poderia ser um espiritismo que estava em vampirismo energético, né? Tava se alimentando da energia vital daquele alimento que tava ali. Mas por outro lado, eu sou bem cética também, embora tenha sido espírito por muitos anos… E aí eu me pergunto, né? Ela viu essa entidade em dois momentos, um quando ela tava muito cansada e um quando ela tava muito doente, e a gente quando está nesses estados assim, a gente tem um acesso mais facilitado ao nosso subconsciente e pode se manifestar até por formas de visões. Então, será que não é por que ela estava nesse lugar de vulnerabilidade ou será que foi realmente uma manifestação espiritual?
[trilha]Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis com a Silvana. Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]