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título: assinaturas
data de publicação: 06/10/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #surpresinha
personagens: amanda e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Amanda. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Amanda conheceu um cara aí quando ela tinha seus 22 anos, eles começaram a namorar e, com 24 anos, eles resolveram que iam casar. — Casar de papel passado, tudo certinho. — A Amanda tinha acabado de conquistar o primeiro bem dela trabalhando, que era um carro, um carro popular. Não era zero, um carro usado, popular, mas era ali a primeira coisa que ela tinha conseguido comprar com o dinheiro dela. — Guardem essa informação. — Esse casal resolveu aí se casar, a Amanda tava toda felizinha e tal. Foram lá e casaram… [efeito sonoro de sino batendo] Teve festa, teve tudo e foi tudo bem. Passado ali um ano, a Amanda engravidou… Então eles estavam com um ano de casado, a Amanda ficou grávida, a gravidez foi evoluindo, enquanto isso, este cara, um pouco antes de casar, ele tinha aberto uma empresa de embalagens, então ele vendia vários tipos de embalagem e vendia pra indústria, então era, assim, coisa de atacado mesmo, né? Vendas grandes e tal.

E, segundo ele, estava tudo perfeito, tudo indo muito bem. Enquanto a Amanda estava grávida, ela notou o marido um pouco preocupado, mas era pouca coisa. Eles moravam de aluguel, mas numa boa casa. E a vida foi seguindo, a gravidez da Amanda evoluindo até que ela teve o bebezinho. [efeito sonoro de bebê chorando] Ela teve o bebezinho, o marido dela tava ali do lado dela e nã nã nã, tudo certo… Chegando em casa ele colaborava ali com as coisas, mas ele sempre com um semblante, assim, meio preocupado por causa da empresa. E a Amanda perguntava pra ele e ele falava: “Não, vai tudo se resolver, né? Tá tudo… Tá tudo certo”. E aí a Amanda teve alguns problemas ali pra amamentar… Foi um começo, assim, muito difícil. — Com o bebezinho. — Ainda bem que a Amanda tinha o carro, né? Pra levar ela pra baixo e pra cima, ela dirigindo com o bebezinho… Então, assim, ajudava bastante ter o carro. 

Até que um dia, a Amanda está em casa — com o bebê —  quando toca uma campainha… [efeito sonoro de campainha tocando] E ela vai atender, tem uma moça com uma espécie de pasta, assim, uma prancheta e mais um rapaz. E ela fala: “Ih, será que é pesquisa? Já vou dizer que não tenho como preencher agora, tô com bebê pequeno e nã nã nã”. E não era, gente, era uma oficial de Justiça… Uma oficial de Justiça procurando pela Amanda. E aí a Amanda estranhou: “Como assim? Por que uma Oficial de Justiça?”. — E aí ela recebeu os papéis, porque só assim ela ia saber do que se tratava e tal. — A mulher falou umas coisas pra ela, mas ela não entendeu muito bem. E aí quando ela entrou de volta pra casa e foi ver, [efeito sonoro de porta rangendo] o carro dela, que era o único bem que ela tinha, ia pra penhora… E os bens, que ela supostamente teria além do carro, se tivesse, também seriam penhorados… E a conta da Amanda, que ela só tinha uma conta, pensava ela, estava sendo bloqueada, congelada. 

E aí ela assustou muito, ligou para o marido, falou: “O que tá acontecendo?”, ele falou: “Ah, não sei… Deve ser um mal entendido e nã nã nã” e ele veio pra casa… Ele veio pra casa, pegou os papéis e falou: “Eu vou ver do que se trata, pode deixar comigo que eu vou ver do que se trata”. Só que Amanda foi falar com o pai dela e o pai dela falou: “Isso tá estranho, cadê esses papéis?”. E aí o marido não entregava os papéis, falou: “Levei lá pro escritório, depois eu trago e tal”. E aí o pai dela foi atrás… — Parece, gente… Parece, não, ela falou que é isso, mas eu não sei explicar muito bem. — Existe um link do BACEN que você pode ver uma coisa chamada “registrato”, que vai mostrar todos os cartões de créditos, contas abertas, financiamentos, tudo o que tem no seu nome. E foi isso que o pai da Amanda fez ali junto com a Amanda, pra ela ver do que se tratava e, conforme ela entrou nesse registrato aí, — nesse negócio do BACEN — ela tinha várias contas, várias contas… Tinha empréstimos, tinha uma empresa aberta no nome dela que ela nunca soube. — E, assim, gente, surreal… Coisa de filme. — O pai dela anotou tudo, printou tudo, eles procuraram um advogado… — Tudo isso o marido da Amanda dizendo que ele que ia cuidar, né? E o pai dela correndo por fora. —

E aí veio o baque… Quem tinha aberto as contas e aberto empresa antes de eles casarem no nome da Amanda, era o cara. O cara, antes de eles casarem, não se sabe como, conseguiu falsificar a assinatura da Amanda em alguns documentos e procuração… — Gente, um monte de coisa… — E ele foi abrindo as coisas. E a Amanda me disse que ela não assinou nada, que ela não sabia de nada. Quem fazia o Imposto de Renda dela era o cara… — E nisso eu acredito, porque, assim, se você me perguntar qualquer coisa do meu Imposto de Renda, eu não sei te dizer nada, eu entrego na mão lá do negócio de contabilidade e é aquilo… Não sei te dizer, não sei explicar, não sei nada. Tanto que teve um ano aí que eu me ferrei, enfim… Tô errada? Tô errada. Não sei acompanhar? Não sei acompanhar. Acredito que a Amanda também seja como eu… Assim, a gente já tá errada, mas dá para fazer, entendeu? Tipo, sei lá, se alguém abrir uma conta no meu nome… E nem sabia que tinha esse negócio do BACEN. Eu só ia saber quando desse ruim… E foi o que aconteceu com a Amanda. —

E aí o marido dela tentou colocar panos quentes, dizer que ia resolver… Ela queria que ele explicasse como ele conseguiu abrir uma empresa no nome dela, porque a empresa de embalagens não estava nem no nome dele, só no nome dela. — Como ele conseguia fazer todas as coisas, né? — E a única explicação possível é falsificando a assinatura dela. Isso tá em processo ainda, não virou um processo criminal porque precisa resolver antes o que aconteceu na Justiça, o que a Justiça vai aceitar como o que aconteceu. A Amanda alega que ele falsificou a assinatura, mas parece que é muito difícil que seja aceito um perito, enfim… — Tens rolos aí, tem umas coisas que eu também não posso falar sobre porque ainda o processo tá correndo. — Mas a questão é que antes mesmo de casar, esse cara pensou em tudo, porque ele sabia que depois de casar, tudo o que desse de B.O. ali era dos dois, né? Porque eles casaram naquele regime básico lá, que depois que casa aí as responsabilidades são juntas, né? Antes é cada um com suas coisinhas. 

E por isso que só o carro dela estava sendo penhorado… — Porque o carro dela é um bem que ela tinha antes de casar e tal. E, gente, um rolo. — Numa primeira audiência foi dito que, tipo, era impossível que tudo tinha acontecido sem que ela soubesse, ela alega que não, não sabia mesmo… E eu acredito… Eu tenho muita dificuldade com essa questão de números e tal, então… — A gente está errado, lógico, tem que ficar em cima pra tentar não ser enganada, mas ela garante que não assinou nada. — Então, o cara falsificou, deve ter um jeito de provar aí e que sirva pra alguma coisa, enfim… O processo tá correndo, a Amanda disse que quando finalizar ou quando ela tiver qualquer novidade, ela escreve pra gente. Mas é isso… Ela com um bebê pequeno teve que lidar com tudo isso. Isso já tem uns três anos que aconteceu e foi um pesadelo, né? Eles se separaram, obviamente. O cara ainda pega o bebê… E, assim, o nome dele tá limpo, né? O nome dela tá sujo em todos os lugares que vocês puderem imaginar. Cartão de crédito ele fez também, enfim… 

Agora é processo, esperar… Demora, né? Tudo demora, enfim… E esse cara tá aí, agora pega o bebezinho, passeia, volta… Como se nada tivesse acontecido. Eu não sei o que eu faria, gente. Porque, assim, a traição, a quebra de confiança… E antes de casar… Antes de casar o cara começou a fazer as coisas no nome dela. — Antes de casar… — A Amanda desconfia que foi ali, nesse momento que ela assinava as coisas do casamento que ele conseguiu colocar algum documento, alguma coisa pra ela assinar. Mas tudo o que veio depois, ela disse que ela não assinou, então…


[trilha]

Assinante 1: Oi, Amanda, aqui é a Nayara do Rio de Janeiro. Ouvindo essa história lembrei de um caso muito semelhante que aconteceu com os meus pais. Na verdade, meu pai fez com a minha mãe algo parecido. No caso dele, a gente conseguiu o desfecho, mas só descobriu depois que ele tinha falecido, que a assinatura… Ele tinha conseguido falsificar a assinatura e conseguido um reconhecimento de cartório. Então, assim, não sei se isso poderia te ajudar, enfim, descobrir qual foi o cartório que autenticou facilitar no processo… Não sei. No nosso caso, infelizmente minha mãe teve que pagar a dívida e fez um acordo com o locador do imóvel que meu pai tinha alugado. Enfim, espero que fique tudo certo com você e torço aí que você encontre um companheiro mais legal. Beijinhos. 

Assinante 2: Oi, Amanda, meu nome é Liliane, eu sou de BH e trabalha em um banco. Recentemente eu atendi um caso de golpe que o cliente teve um contrato de veículo e uma conta aberta no nome dele. Ele abriu um processo de contestação no próprio banco e a gente constatou internamente que a fraude realmente foi realizada, né? Então, a gente mesmo pediu a exclusão dentro do histórico no SR do Banco Central, como se os contratos nunca tivessem existido. Pedimos a desistência das ações… Então, quem sabe você não conversa com o próprio banco. Se você já tiver feito isso, eu também sugiro que você peça cópia desses contratos pra você mesmo contratar um perito para comparar assinatura. São caminhos, né? Uma coisa que pesou muito no caso dele, é que ele não tinha disponibilidade de assinar o contrato na data em que eles foram ensinados. Quem sabe você não consegue ir por esse caminho também. 

[trilha]

Déia Freitas: Essa é a história da nossa amiga Amanda. Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Se você não tá no nosso grupo, é só jogar lá na busca do Telegram “Não Inviabilize” que o grupo aparece. Então, um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.