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título: balão
data de publicação: 17/08/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #balao
personagens: cíntia e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o podcast A Grande Fúria do Mundo. O filósofo Mario Sergio Cortella e seu filho — o jornalista Pedro Mota Cortella — apresentam A Grande Fúria do Mundo e a segunda temporada acabou de ser lançada. A Grande Fúria do Mundo é uma conversa franca aí e divertida entre pai e filho e toda semana eles compartilham suas opiniões sobre temas como o impacto da inteligência artificial nas nossas vidas, a sociedade do cansaço e como isso afeta as diferentes gerações, enfim… O podcast A Grande Fúria do Mundo estreia primeiro no Amazon Music e você já pode encontrar os dois primeiros episódios da segunda temporada por lá. — Além de ouvir aí um novo episódio semanalmente. —

Baixe o aplicativo Amazon Music agora e ouça A Grande Fúria do Mundo.  E hoje eu vou contar pra vocês a história da Cintia. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Cíntia tinha um namorado ótimo… Cíntia morando sozinha, namorado sempre ficava ali na casa dela, ela só com o cachorro — o Robinho. —  e a mãe da Cíntia, morando, tipo, uns três quarteirões ali, no mesmo bairro. Então, a Cíntia tinha, assim, um namoro ótimo, uma vida ótima, estava tudo ótimo… Até que um dia, o namorado de Cíntia disse que queria fazer uma surpresa pra ela. [risos] — Aqui já… Como é que eu vou dizer? Se fosse eu, ia falar: “Olha, não, né? Eu não gosto de surpresas, não aceito surpresas. [risos] Então, o que você tiver que fazer, você me fale pra ver se eu quero, se eu gostaria. Se não der pra mim, eu falo que não e a gente já tá aqui, já resolve aqui mesmo”. [risos] — Cíntia, gostando de surpresas, ficou felizinha e falou: “Nossa, né? Que legal, surpresa”. Então ele falou: “Olha, amanhã…” — que seria um sábado — “eu vou passar na sua casa onze horas da manhã e a gente vai sair. Vista uma roupa confortável”. — Já odeio… [risos] Porque surpresa que envolve roupa confortável, me vem coisa de trilha, piquenique, esporte, nada que eu gosto… —

Cíntia, ainda empolgada, falou: “Bom, como é que vai ser? É um passeio curto, longo? Eu preciso saber o que fazer com o Robinho, né? O meu cachorro…”. Ele falou: “Não vou contar mais nada”. Então, Cintia, precavida, falou: “Olha, mãe, eu vou passar aí umas dez horas e vou deixar o Robinho com você”. — A sorte que Cíntia fez isso… — “Vou deixar o Robinho com você e eu pego quando eu voltar, porque eu não sei, o Fulano vai fazer uma surpresa pra minha mim e nã nã nã” e a mãe dela falou: “Ê, Cíntia… Vê lá, hein? Vê lá”. — Sabe quando mãe fala assim: “Vê lá?”, “Essa coisa de surpresa aí… Vê lá”. E aí deu onze horas, o cara passou e pegou a Cíntia. E ele sempre foi muito empolgado com as coisas. Ainda perguntei pra Cíntia: “Mas ele era assim mega apaixonado?”. A Cíntia falou: “Não, não tanto… Era normal, assim, mas ele era mega empolgado com as coisas que ele fazia”. Começaram a dirigir, dirigir, dirigir e o lugar não chegava, não chegava… A Cíntia tem um pouco de enjoo, de andar de carro em viagens muito longas, então ela não foi ficando tão legal… 

E ele sabendo que ela tem esse problema de enjoo, sempre que eles iam fazer alguma viagem, ela já tomava um remédio. — Então, assim, eu achei que esse cara pelo menos tinha que ter falado isso pra ela, porque ele sabe que ela enjoa. Então devia ter falado: “Olha, toma o remédio que a gente vai andar de carro um pouco mais”. Não falou… Porque ele queria manter o sigilo e nã nã nã… — Então, Cíntia já toda gorfando… [risos] Toda encalacrada no enjoo foi seguindo viagem. Até que eles chegaram numa cidade que estava lá: “Bem-vindo a Pôneituva”. — Eu não vou falar o nome da cidade aqui, mas até podia… Acho que vou falar… Em vez falar Pôneituva, vou falar da cidade, que eu acho que é a única cidade do Brasil que tem isso e todo mundo vai pra lá pra fazer isso… Então acho que vou falar. — Bom, a cidade é Boituva e, pra quem não sabe, Boituva é a Capadócia do Brasil. — Então, sabe as pessoas que vão lá pra Turquia pra ir para a Capadócia andar de balão? Aqui no Brasil tem igual e é lindo igual… E os valores são muito bonitos, são seguros… Eu andaria num balão? Jamais. Mas é uma coisa que pra quem gosta, né? É super ok, super seguro. —

E aí… [risos] A gente está falando pra quem gosta… [risos] A Cíntia tem o mesmo pânico de altura que eu… E Cíntia jamais em sua vida, por vontade própria, entraria num balão. Primeiro que é um passeio que pra você fazer em dupla não é barato. Cíntia falou que era em torno ali de dois mil reais. A Cíntia falou que, assim, você pode escolher entre fazer o passeio em grupo, só sua turma ou individual ou em dupla, você escolhe… Cada um tem um preço. E pra fazer aquele passeio do jeito que o cara queria, custou dois mil reais, era só os dois e o dono do balão ali, né? O cara que dirige, o motorista de balão. [risos] A Cíntia em choque… Ela toda enjoada e ela não mora muito longe de Boituva, então, vai lá, foi o quê? Umas três horas de carro, então eles chegaram lá tipo depois do almoço, assim. E aí ela estava toda enjoada ainda… Ela virou para o namorado e falou: “Olha, você, me desculpa, mas eu não tenho coragem de entrar no balão” e toda a surpresa do cara era em torno desse passeio de balão que ele já tinha feito pagamento… — A Cíntia até então não sabia quanto tinha custado, ela só ia saber depois. —

E aí ele insistiu, insistiu… A Cíntia chorou, implorou, tipo: “Não quero, não quero, não quero”. Se só eu, já viro e já pergunto pro moço do balão: “Moço, onde fica a rodoviária aqui de Boituva que eu vou pegar um ônibus e vou embora pra minha casa… Já falei que não quero entrar no balão”, mas a Cíntia ali acabou cedendo e ela falou que a cesta do balão é alta, assim, né? — E eu acho que tem que ser, pra ninguém cair, né, gente? Pelo amor de Deus… — Então aí ela teve dificuldade, entrou na cesta do balão e ela falou: “Andréia, meu, é assustador até quando está enchendo, que liga o fogo lá e vai subir…”. Enfim, ela não gostou de nada… — E, assim, gente, é gosto, né? Eu acho lindo… Mas iria? Não iria. Acho muito lindo quem vai, é um passeio maravilhoso… Você não precisa ir até a Capadócia, se você quer andar de balão, vá a Boituva, São Paulo, viu? E anda de balão… Eu não sei se tem em outros lugares do Brasil, se tiver depois vocês comentem lá no grupo, mas Boituva é tipo Capadócia pra essa coisa do balão. —

E aí ela entrou com muita dificuldade no cesto, o balão começou a subir, Cíntia começou a passar mal e ela sentou na cesta… O cara ele viu, né? O motorista de balão. Ele viu que ela não estava bem, ele falou: “Olha, senta um pouquinho e tal, a gente vai subir… Se você se sentir ainda pior, aí a gente desce”, ignorou o namorado da Cíntia, porque o namorado da Cintia estava surtando lá, né? Chegou lá no alto, este cara começou a segurar a mão da Cíntia pra querer levantar ela. — Ela não queria levantar, gente, ela tava com medo, sabe? As pessoas têm que respeitar isso… — E aí fez que fez, a Cíntia levantou, abriu os olhos, “ai, lindo”, mas muito alto, ela tem medo… E aí ele aproveitou esse momento que ela ficou em pé, né? E abriu os olhos e pediu a Cíntia em casamento. Tirou um anel do bolso e falou: “Você quer casar comigo?”. A Cíntia não conseguiu nem responder… Ela estava mais enjoada ainda… — Além do enjoo da viagem que ele não falou pra ela tomar o remédio e tal. — Ela estava apavorada porque ela falou que dá uma balançadinha, assim… Não é uma coisa louca, mas dá uma balançadinha. — Tipo balanço, assim, de cadeira de balanço, sabe? Que depende um pouco do vento e tal… Gente, pânico… Eu não iria, né? — E aí ela não conseguia nem soltar a mão da cesta, assim, pra ele botar o anel. E aí ele fez ainda ela olhar pro lado porque ele pagou pra botar uma faixa no outro balão. — Pra botar uma faixa… [risos] —

E aí depois que ele pôs o anel e ela leu a faixa, que era tipo: “Cíntia, te amo”. Ela abaixou de novo e não falou nada… Não falou nem que sim, nem que não, só botou o anel. E aí o cara surtou… “Não, porque olha o que você tá fazendo, você tá me humilhando”. — Gente, ela só tava com medo… — “Você tá me humilhando, eu planejei tudo”… E isso no balão… Gritando com a Cíntia no balão. Aí o cara começou a fazer lá o procedimento de descida, porque ele deve ter pensado: “Pô, esse cara é um babaca”. E aí o cara, motorista de balão, virou pra Cíntia e falou: “Fica tranquila que nós já estamos descendo”, enquanto o namorado de Cíntia estava surtando. Aí chegaram no solo, graças a Deus… A Cíntia teve que sair da cesta com a ajuda do motorista de balão, porque o cara pulou da cesta e tava surtado, saiu andando… A Cíntia perguntou pro cara do balão, né? Falou: “Eu preciso pagar alguma coisa?”. Aí ele olhou pra ela, assim, com uma cara tipo: “Poxa, né? Que saco esse cara”, ele falou: “Não, moça, tá tudo pago. Boa sorte aí”, 

A Cíntia falou que viu na cara do moço do balão que ele estava querendo dizer: “Larga esse cara”. Eu falei: “Poxa, Cíntia, seria muito legal se você se apaixonasse pelo cara do balão”. [risos] Mas não é um filme…[risos] Que isso? Um filme? [risos] Não rolou isso. E aí eles voltaram, totalmente em silêncio, o cara querendo dar umas corridas na estrada, enfim, um inferno… Cíntia toda enjoada, com medo e tal… A hora que chegou no apartamento da Cíntia, esse cara falou um monte… Foi aí que ele falou que ele gastou dois mil reais e falou que sentia ia ter que dar mil reais pra ele, que onde já se viu… Que ela estragou tudo e que ele estava repensando se ele queria casar… — Quer dizer, até então queria casar, fez surpresa de balão e agora não queria mais na primeira dificuldade que apareceu, né? Porque isso é uma bobagem. Poxa, levou a menina numa coisa que ele sabia até que ela não gostava de altura e sabia que ela enjoava na estrada. Ele podia ter feito outra coisa… Ele que quis arriscar. — 

E aí falou que estava repensando e aí a Cíntia aproveitou e falou: “Olha, repensa mesmo, toma aqui seu anel, porque eu também tô repensando”. E aí eles tiveram uma briga ali e ele só ligou pra pedir os mil reais, dali dois dias, que era metade do negócio do balão. E ela falou: “Andréia, eu paguei pra não ter dor de cabeça”. E aí pagou… E de uma coisa que seria uma surpresa de noivado, virou um término. Terminaram. — E eu achei foi ótimo… — Acho que você se livrou, Cíntia. Porque pensa: O cara que é legal com você enquanto você faz tudo que ele quer e, quando alguma coisa dá errado, ele deixa de ser legal, né? Não é um cara bacana… Então eu achei que foi ótimo aí, foi bom que você foi lá e viu o que ele fez com você na frente dos outros ainda e você petrificado de medo…  — Quer dizer, ele não estava nem aí pro que você tava sentindo… Ele queria seguir ali o scriptzinho que ele fez. —

Detalhe: Ele tinha pedido pro cara do balão filmar. Então pensa o show de horror que foi, né? Depois a Cíntia nem sabe se ele pegou a filmagem ou não… Provavelmente nem pegou, né? Então essa é a história de Cíntia, de um pedido de casamento que, no mesmo dia, virou um término… Surreal, né?

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente… Carol Rodrigues de Fortaleza. Miga, sinto muito que isso tenha acontecido com você, mas pensa aqui comigo se ele tivesse te pedido em casamento… Porque ele tava com esse plano… Se ele tivesse te pedido em casamento num jantar super tranquilo, você só ia descobrir, sei lá, dez anos depois que ele era um mega babaca, egoísta… Ou então ia descobrir na rotina morando com ele. Eu fico feliz que tinha esse cara no balão com você, que ele foi cuidadoso, que ele teve empatia, de sentir que você não estava bem. Eu super entendi porque você teve que pagar pra ele esses mil reais, porque eu também faria o mesmo pela dor de cabeça e para me livrar desse traste, sabe? Eu acho que foi os mil reais mais bem pagos que você fez… Ele poderia te perseguir, te encher o saco… Me preocupa muito as pessoas acharem que em relacionamento elas querem oferecer pra outro o que elas querem pra si mesmo, sabe? Você tem que dar para o outro o que o outro deseja, sabe? Fazer uma surpresa que ele goste, enfim… Ele não pensou em você. 

Assinante 2: Oi, gente, eu sou a Raquel do Rio Grande do Sul. Eu odeio quando as pessoas que me conhecem, que eram para me conhecer, pelo menos, fazem surpresas que eu odeio. A pessoa não me conhece nem 1%. Ou seja, o seu namorado na época queria casar contigo e não tinha a pachorra de te conhecer a ponto de saber que tu não gostava desse tipo de coisa. Então, assim, pra mim não dá, sabe? Porque a pessoa quer se satisfazer fazendo uma coisa que ela gosta, mas que é para te agradar? Não orna nessas duas coisas, entende? Então, para mim eu já ficaria puta aí, entendeu? Porque se é pra me agradar, tem que fazer o que eu gosto, não o que a pessoa acha que eu gosto e que ela gosta mais do que eu, sabe? Esse seu namorado ele queria mesmo era fanfarronice, ele queria mostrar pra todo mundo que ele estava te pedindo em casamento, enfim, fazer aquela coisa dos sonhos e acabou sendo um grande maldito. Então eu acho que até foi um livramento, tá? Deu tudo certo, você não está mais com ele. Um grande beijo e até mais. 

[trilha] 

Déia Freitas: A segunda temporada do podcast A Grande Fúria do Mundo já está disponível no Amazon Music. Ouça uma conversa franca e divertida entre duas gerações. Mário Sérgio Cortella e seu filho, Pedro Mota Cortella, compartilham suas opiniões sobre temas da atualidade. Baixe agora o aplicativo Amazon Music e ouça aí o podcast A Grande Fúria do Mundo. Eu vou deixar o link para o podcast aqui na descrição do episódio. Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.