Skip to main content

título: barcos
data de publicação: 30/03/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #barcos
personagens: joelma e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão e hoje eu vou contar para vocês a história da Joelma. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Joelma conheceu aí — um cara — e começou a namorar esse cara lá pelos anos de 2010, e eles começaram a namorar, se apaixonaram e nã nã nã, casaram… Na época, a Joelma professora e esse cara aí trabalhando numa agência de publicidade. E a coisa foi caminhando, eles tiveram o primeiro filho, [efeito sonoro de bebê chorando] aí veio aí o primeiro conflito, — porque o cara não ajudava em nada — mas superaram a crise, né? Continuaram juntos… Aí veio o segundo filho, [efeito sonoro de bebê chorando] o segundo bebezinho, mais uma vez o cara deu aí uma pisada na bola, mas superaram e foram levando. A vida foi caminhando… As crianças foram crescendo, esse cara resolveu sair do emprego pra descobrir o que realmente ele queria fazer da vida. — Então durante um período aí foi nossa amiga Joelma que cuidou de tudo, né? Inclusive financeiramente ali da vida do casal. — Ela que segurou a onda. 

E aí ele descobriu que ele queria vender barco. [risos] É, ele queria vender barco, porque assim, quem compra barco? Quem compra barco é quem tem dinheiro, só gente rica compra barco, né? — Lanchas, iates… Só gente rica. — Então se você tiver uma boa clientela e, geralmente, quem é rico e tem barco de três quatro anos, assim, troca de barco. — Compra um maior… Geralmente é pra um maior. — Então, a Comissão é muito boa, né? — Se você consegue vender um iate, se você consegue vender uma boa lancha… — E aí ele começou a trabalhar com isso e realmente demorou um pouquinho para emplacar ali, mas quando ele conseguiu fazer umas vendas a coisa foi boa e a família se ajeitou ali, não dependendo só do salário da Joelma. 

Mais um tempo ali se passou e a vida do casal deu um salto financeiro muito grande… Só que a Joelma começou a ficar desconfiada, porque assim, estava incompatível. — A coisa. — Ele precisaria vender uns 10 barcos por mês para dar aquele padrão que ele estava dando para a família, assim, mais alto… — E, assim, ninguém vende 10 lanchas e iates por mês, né? — Só que a Joelma não conseguia descobrir o que estava acontecendo, né? Porque ele falava que ele estava realmente vendendo os barcos. Aí ele resolveu que eles iam trocar de apartamento, pra um apartamento maior e melhor, a Joelma ficou preocupada, né? — Falou: “Como é que a gente vai fazer isso, a gente não tenho dinheiro e nã nã nã”. — Ele falou: “Não, deixa comigo, deixa comigo que eu estou resolvendo e vai dar tudo certo”. 

E aí venderam, foram para um apartamento maior… — Mas a Joelma ali já um pouco desconfortável, né? E, nessa época, esse cara começou a viajar muito, assim, e a desculpa era que pessoa comprar um iate com vocês e, sei lá, tem todo um transporte, tipo, o barco, sei lá, sai do estaleiro lá, — Sei lá, da fábrica de barcos — da Pônei Iate e vai pra uma marina ali aportar até o dono pegar o barco. — Porque o dono do barco não pega o barco na concessionária de barcos, sabe? [risos] — Você não sai dirigindo um barco [risos] pela cidade. Os menores, esses que vocês passam aí, sei lá, nessas lojas chiques de barco que você vê, na maioria das vezes, é a concessionária de barcos, sei lá, loja de barco que leva até uma Marina e tal, mar, né? — Tipo, o cara quer pegar o barco no mar, lógico. —

Então ele dava essa desculpa de que ele acompanhava ali a venda, né? Fazia tipo um pós venda. Então, o Instagram do marido da Joelma tinha muita foto de barco e ele nos barcos, né? Porque às vezes, sei lá, a pessoa te convida… Você vendeu o barco pra ela e ela te convida. — Acho estranho, mas era ali o contexto das fotos dele. — E a Joelma começou a reparar uma coisa que, assim, muitas fotos do marido dela tinha um senhor nas fotos, assim… Estava sempre ali. E aí ela ficou pensando, falou: “Engraçado, será que ele vende vários barcos pra esse senhor, né?”, e aí perguntando pra ele, ele desconversou e falou: “Não, já vendi dois barcos pra esse cara, mas só isso e nã nã nã”, passou… 

A essa altura do campeonato o marido da Joelma já estava andando só, assim, de roupas de grife… — Mas coisa muito cara mesmo. — E estava incompatível… Ele ganhava gravatas, ganhava e abotoadura, malas chiques… E aí a Joelma falou: “Bom, tem mulher na parada… Esse cara está sendo sustentado por alguma mulher, porque não é possível”, e ela já estava ali encafifada com o apartamento, né? Durante a venda eles tiveram que vender o apartamento deles pra comprar esse outro e fez tudo certinho, no nome dos dois ali. — Pelo menos isso, né? — E aí Joelma resolveu que ela ia seguir o marido. — Só que não é fácil você seguir um marido que você não sabe muito para onde vai, porque, ah, ele vai, sei lá, entregar um barco… A não ser que o barco esteja, [risos] assim, no meio da pista sendo rebocado, você não tem muito como seguir seu marido. — E aí ela tentou, mas ela conseguiu seguir. 

Aí uma amiga dela falou: “Olha, contrata um detetive. Agora você está podendo ficar mais com seu salário, vê quanto custa um detetive e contrata um detetive”, e foi isso que ela fez… — Eu, particularmente, acho esse mundo de detetive uma coisa muito louca, assim, né? Porque pensa, você contrata uma pessoa… Parece filme. O que que é isso, é um filme? [risos] Você contrata uma pessoa para seguir outra pessoa e descobrir coisas pra você, é muito louco isso… E você pode fazer isso com qualquer pessoa. Tipo, ah, sei lá, qualquer pessoa… Eu não sei se existe uma ética dos detetives. Você chega lá e você fala: “Olha, eu quero que você espione essa pessoa aqui”, pode ser qualquer pessoa… Sei lá, “essa pessoa aqui X”, aí ele vai atrás da pessoa e vai te passar informações da pessoa… Não é louco isso? Acho um pouco bizarro, mas… —

Joelma resolveu fazer isso, contratar um detetive — para seguir o marido — e assim foi feito. A primeira coisa que ela teve que fazer foi passar a rotina, — do que ela sabia para esse detetive — ele explicou como que trabalhava, era ele e mais dois. — Eles usam muita moto, né? E filmam tudo, enfim… — E aí no primeiro mês o cara meio que fez um apanhado da rotina, né? Então conseguiu passar pra ela onde ele ia, os lugares que ele frequentava quando ele estava no litoral e nã nã nã, mas não pegou nada. E aí, assim, às vezes o cara, o detetive ele fala: “Olha, eu acho que aqui não tem nada” ou, sei lá, “eu estou na pista de um negócio” e foi isso que ele falou pra ela… Ele falou: “Olha, eu estou na pista de uma coisa, só que eu não posso te falar agora porque não tenho certeza”, e aí a Joelma ficou na dúvida: “Será que esse cara tá me rolando ou será que tem alguma coisa mesmo?”

Então, o que ela combinou? Ela falou: “Olha, eu vou pagar mais um mês então, e aí se não tiver nada no segundo mês aí eu não tenho mais condição de pagar”, e o cara falou: “Não, tudo bem, eu acho que mais umas duas semanas eu já consigo te entregar alguma coisa”. E aí depois de uma semana e meia o cara marcou com ela, — foi até rápido — ela foi no escritório lá do detetive e ele entregou para ela um envelope… — Com várias fotos… — [efeito sonoro de papel sendo rasgado] E aí Joelma quase caiu de costas… Realmente tinha alguém bancando o marido dela, só que esse alguém não era uma senhora bancando ele, uma mulher, era o cara da lancha, o véio da lancha, o senhor… Ele estava namorando um senhor, — tipo, um véio da lancha. [risos] Não é lancha, era um iate, um barcão assim, né? — E aí tinham várias fotos dele beijando o cara, tinha até foto deles dois, assim, nus no barco. — Como que o detetive conseguiu isso? Mas conseguiu assim… Os dois ali e pegou tudo, gente… Pegou toda a cena. —

E aí ela ficou transtornada ali, né? Que ela não imaginava realmente… O detetive falou pra ela que o senhor em questão era o Fulano de Tal, ele era muito rico e nã nã nã. Ela pegou as coisas, ficou em choque, mas pegou tudo e levou pra casa. E aí ela não aguentou… Porque, assim, ela contou para as amigas e as amigas queriam que ela esperasse para conversar com o advogado ou pra ver uma estratégia que ela ia se divorciar, isso já era fato. Só que aí ela não aguentou, assim que ele chegou em casa ela já despejou tudo, já contou tudo… Ele ficou em silêncio e aí ele pegou, fez uma mala [efeito sonoro de zíper fechando] e saiu de casa. E aí ela ficou super mal, Joelma ficou mal… Ele não dava mais notícias e dali uns dias um advogado procurou ela pra falar sobre o divórcio. — Provavelmente era o advogado lá do cara rico. — 

O marido dela estava abrindo mão de tudo, inclusive do apartamento para ela e que ele só queria o divórcio… E aí eles se divorciaram, ficaram um bom tempo sem se falar, decidiram essa coisa da visita dos filhos ali. Aí entrou na parada uma irmã da Joelma e tal pra fazer a conciliação de quando ele buscava as crianças, enfim… E esse marido dela deu um puta trabalho, porque depois tentou tirar a guarda das crianças dela. Foi uma confusão… E ela com um advogado mais, assim, pop, né? E ele como um puta advogado… Então foi pauleira. E aí depois de um tempo o senhor lá — do barco, né? que eu gosto de chamar do véio da lancha —faleceu…— E, conforme esse senhor faleceu, no dia seguinte do falecimento desse senhor, os filhos dele, — os filhos que já eram adultos, casados e tal, colocaram esse ex—marido da Joelma pra fora. — Tipo, no dia seguinte… Com uma mão na frente e outra atrás. —

E aí ele tentou voltar com a Joelma, — que ele não tinha mais nada, né? — e aí lógico que Joelma nem tchum e ele acabou indo morar no interior com a irmã e é onde ele está até hoje. Hoje ele mal vê os filhos, não paga pensão, enfim… O véio da lancha lá deixou esse cara desamparado e ele está fazendo a mesma coisa agora com os filhos, né? — Tipo, não quer saber. — Então essa é a história da Joelma, foi bem traumático na época, né? Principalmente a batalha pela guarda dos filhos, mas passou, tudo se ajeitou e é isso, segue a vida, né? 

[trilha]

Assinante 1: Olá, Não Inviabilizers, aqui é Isabel de Ouro Branco, Minas Gerais. Gente, eu achando que o cara tinha virado traficante… Enfim, né? Não sei o que é pior, mas pelo menos não foi nada ilegal. Minha solidariedade para você, Joelma, e que livramento… Porque eu fico pensando se esse cara consegue a guarda dos filhos e depois acontece o que aconteceu? Nossa, que bom, que bom que você ficou com seus filhos e se livrou ainda dessa grande cilada. Desculpa, mas eu tenho que fazer uma piadinha, né? O povo sonhando com o véio da lancha e o cara bem foi lá e arrumou o véio da lancha. [risos] Enfim, força aí, Joelma… Que bom que sua vida seguiu bem. Felicidades para você. 

Assinante 2: Olá, aqui é Estela, de BH. Joelma, que história, mulher… Chocada. E a coisa mais certa dessa história é Lei do Retorno, né? Impressionante como ela não falha. E, segunda coisa: eu te achei elegantérrima, porque se fosse comigo, eu tinha transformado esse barco, esse velho e essa lancha tudo num Titanic, porque que desaforo, você com dois filhos, ajudou ele e ele fez isso… Mas que bom que você já superou, está lindíssima, plena, que você seja muito feliz… Você e seus dois filhos. Um beijão. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.