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título: bate-papo
data de publicação: 16/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #batepapo
personagens: mauro, suelen/márcia e rogério

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi gente… Hoje eu vou contar pra vocês a história do Mauro e da Suelen, e é o Mauro que me escreve. 

[trilha]

Ele conheceu a Suelen numa sala de bate-papo, numa época que estava febre, né? Essa coisa de sala de bate-papo do UOL. — Quem nunca, né? [risos] — E ele conheceu a Suelen, eles começaram a conversar, não tinha ainda essa coisa dos recursos de câmera, de FaceTime, essas coisas e eles trocavam fotografia, ela dizia que era uma moça muito religiosa, muito recatada e do lar, [risos] e ele assim mais empolgado, né? E queria conhecer a Suelen, queria conhecer a Suelen. Mauro morando em São Paulo, Suelen morando em Rondônia… — Gente, Rondônia é longe, pelo menos pra quem tá em São Paulo, é longe. — E eles conversando muito e trocando juras de amor, e isso e aquilo, e era inviável para o Mauro ir pra Rondônia, não tinha como, era muito longe, e ele não tinha grana assim pra ir, porque passagens de avião também eram muito caras. 

E aí eles continuaram conversando, a Suelen tinha vinte e três anos na época e o Mauro tinha vinte e seis, então idade perto, né? E a Suelen falava muito que ela gostava de bonecas, brinquedos que só tinham aqui em São Paulo, que não tinha lá na cidade dela, não tinha uma loja de brinquedo e tal… — Eu já ia achar muito estranho isso, gente, assim, sei lá, uma moça me pedindo brinquedo, eu já ia achar que era uma criança. Ia mesmo, sério… — Ele queria conversar com ela por telefone e ela falava que era muito tímida, que ela não queria conversar por telefone e ela começou a pedir uns brinquedos pra ele, mas assim, era vai, brinquedos mais caros, como se fosse colecionador assim, coisas que nem ele tinha, mas ele se empolgou e assim, ela deu o endereço, né? E ele começou a mandar muito, muito, muito brinquedo pra ela assim, muitos jogos, muita coisa, e mandava também umas roupas femininas, mas ela falava que não gostava tanto de ganhar roupas que ela gostava mais de brinquedos e jogos… — Mas, gente, [risos] Mauro, como você não desconfia de nada, né? —

Eles ficaram nessa por um ano, enquanto o Mauro mandava presentes e mais presentes pra ela, chegou a dar um celular pra ela… — Mas não adiantava nada, porque Suelen não queria falar com ele no telefone, né? — Ele foi juntando dinheiro pra ir pra Rondônia fazer o quê? Surpresinha. [risos] — Ai, meu Deus, a famosa surpresinha. — E aí ele foi juntando dinheiro, um ano de namoro virtual, eles falavam muito em casamento, falavam muito em filhos, né? E aí chegou o grande dia, Mauro tinha juntado dinheiro que dava pra ele ir, ele sabia que a família dela era religiosa, então ele não ia poder ficar lá, ele arrumou um hotel lá numa cidade próxima porque parece que na cidade dela não tinha nem hotel, ou pelo menos não tinha como ele localizar isso online, né? 

E lá foi ele, pegou uma mochilinha, cheia de presentes, [risos] voou até Rondônia pra conhecer a nossa amiga Suelen. E aí chegou, chegou à noite, ficou nesse hotel que ele tinha reservado, ele tinha dinheiro pra ficar três dias no hotel e depois voltar embora, já tinha o voo que parece que lá era de três em três dias que tinha voo que ia pra lá, não era todo dia que tinha voo que ia pra Rondônia, nessa época que o Mauro conheceu Suelen no bate-papo do UOL. E aí estava certinho pra ele voltar, e aí ele pegou um ônibus de onde ele estava no dia seguinte pra cidade de Suelen que dava mais ou menos uns quarenta e cinco minutos, aí chegou na cidade de Suelen, conseguiu localizar lá a rua de Suelen, bateu na porta de Suelen. [risos] Atendeu uma senhora, ele falou: “Olha, eu vim, eu sou Mauro, né? Sou amigo da Suelen lá de São Paulo, eu tô trabalhando aqui em Rondônia esses três dias e vim aqui só fazer uma visita, trazer uns presentes”, porque ele sabia que não ia poder falar que estava namorando com a Suelen há um ano e tal, ele queria conhecer a família, se apresentar e quem sabe, né? 

Aí a senhora falou pra ele: “Olha, aqui não tem nenhuma Suelen”, aí ele falou: “Como não? Não é esse endereço?”, aí ele pegou uma foto… — Sabe quando você manda, você recebe a foto por e-mail e você manda nessas casas de fotografia pra fazer num papel de foto? Então ele tinha um porta retrato com a foto da Suelen, tinha mais que uma e tinha uma foto que ele na carteira porque ele era muito apaixonado por Suelen. — Aí ele mostrou a foto pra senhora e a senhora falou: “Ué, essa moça mora aqui sim, mas ela não chama Suelen, não, ela chama Márcia e ela é a esposa do meu filho”, ele ficou com aquela cara pálida assim, a mulher já também queria saber do que se tratava, já ficou nervosa, botou o Mauro pra dentro, pegou o Mauro pelo braço, colocou pra dentro, e falou: “Não, pera aqui que a gente vai resolver essa situação agora”, e aí foi lá e chamou a Márcia.

A Márcia que era a Suelen da foto, olhou para o Mauro e falou: “Não te conheço, nunca te vi, nunca te conheci de jeito nenhum”, e a sogra já brava, o Mauro olhou pra dentro da casa e assim, na sala, era uma casa muito pequena e era, sei lá, uma sala, cozinha, dois quartos, e na sala tinha tipo um espacinho, uma estantezinha com cadeirinha de criança, essas coisas e muitos dos brinquedos que ele mandou. Aí ele falou: “É, você falou pra mim que você se chamava Suelen, sim, olha aqui os brinquedos que eu te mandei e você recebeu os meus brinquedos, agora você vem falar que você não me conhece?” — E aí, gente… [risos] — A Márcia Suelen virou pra ele e lançou essa: “Estes brinquedos o meu marido comprou em São Paulo online e mandou entregar aqui”, seu marido? O Mauro falou: “Não, você é a Suelen, eu falava com você, a gente trocava foto, a gente trocou juras de amor, você dizia que me amava”. 

E aí a Márcia falou que nunca tinha falado com ele, que aqueles brinquedos eram do marido. Aí ligaram para o marido que estava não sei onde, o marido veio… — E aí, gente, segura… — Daí foram chamar o cara, o cara veio e ele foi obrigado a confessar. A namorada do Mauro, — A Suelen — era o cara, o cara chamava Rogério e ele tinha conversado e namorado online durante um ano, [risos] e tinha pedido os brinquedos pra filhinha dele. — Sério? — O Mauro estava dando brinquedos pra filhinha do cara e o cara viu que podia se aproveitar disso e passou um ano — Um ano… — namorando online com o Mauro. O Mauro saiu de lá arrasado e com as fotos da Suelen que era a Márcia, e… [risos] A história podia acabar por aí, né? Lembra que ele ia ficar lá três dias? No dia seguinte ele tinha falado com a senhora quando ele chegou que ele estava no hotel na cidade vizinha, só tinha um hotel na cidade vizinha.

No dia seguinte quem apareceu no hotel atrás do Mauro? A Márcia, — Márcia Suelen. — a moça da foto. E ela disse pra ele que tinha ficado pensando a noite toda, que ele se apaixonou pela foto então que talvez ele fosse apaixonado por ela e tal, e resumindo, a moça ficou com ele o dia inteiro no hotel, eles transaram, ficaram juntos, ela, obviamente, não tinha nada a ver com os papos que ele tinha com a Suelen porque Suelen não existia, então era a personalidade do marido de Márcia que ele amava com a aparência de Márcia, a combinação gerava Suelen, mas Suelen em si não existia. Então foi bom, ele ficou com a moça, e no dia seguinte ele pegou o avião e veio embora, e a partir daí a moça que era a Márcia queria continuar conversando com ele e ele não quis mais, acabou bloqueando todo mundo, mas foi uma [risos] desilusão amorosa que no final até que gerou um pequeno romance aí entre Márcia e Mauro. E Rogério que deu o golpe nele por um ano, com presentes, coisas que ele ganhava e dava pra filha e quando era roupa dava pra essa própria Márcia acabou aí sendo corno, né? Então o Mauro foi enganado, mas também Rogério recebeu o troco. [risos] 

Olha que loucura, gente. Então é uma história que já faz tempo, né? O Mauro não precisa de nenhum conselho, mas ele gostaria de ouvir de vocês aí, se alguém já caiu nessa pegadinha do chat da UOL de achar que tá falando com alguém e de ser outra pessoa. Então deixem lá os seus comentários no nosso grupo do Telegram, o grupo é “Não Inviabilize”, é só entrar lá e comentar. Um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.