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título: bebê do mal
data de publicação: 27/08/2022
quadro: luz acesa
hashtag: #bebedomal
personagens: alice e hamilton

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei pra um Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história da Alice. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Alice trabalhava aí numa multinacional — bem grande — e ela tinha um colega de trabalho que dava carona pra ela todos os dias. Então, o cara tinha um carro ali, um carro popular — um carro básico — e eles dividiam, rachavam o valor da gasolina. Então, de segunda a sexta eles iam juntos e voltavam juntos e era ótimo assim, ele era um colega de trabalho bem bacana. — A gente pode chamar ele aí de Hamilton. — E aí, Hamilton e Alice, de vez em quando, eles variavam o trajeto quando estava, sei lá, muita chuva ou muito trânsito. Enfim, eles botavam ali no GPS e ia variando ali o trajeto para chegar na firma. E o Hamilton ele era obcecado em chegar cedo, em não atrasar… Então eles saíam bem antes, assim, de casa, ele passava na casa da Alice pra eles irem para o trabalho. 

Até que um dia, o carro do Hamilton começou a engasgar, assim… — meio que querer falhar e parar. — E eles pararam… Ele foi encostando, assim, pra não atrapalhar o trânsito e eles pararam em frente a um muro muito, muito grande, assim, mas não era um muro alto, [efeito sonoro de porta de carro sendo batida] era um muro relativamente baixo e era um lugar que eles passavam de vez em quando, não sempre, mas que eles nunca tinham reparado. E aí a hora que parou, e aí foi descer e o Hamilton foi ver o que era, ele já todo preocupado que ia atrasar e nã nã nã, a Alice ali mandando mensagem para o chefe dela, [efeito sonoro de mensagens no Whatsapp] já avisando, enfim… — Que eles eram de departamentos diferentes, Hamilton e Alice. —

Quando ela terminou de mandar mensagens, ela falou: [efeito de voz fina] “Bom, eu não tenho mais o que fazer, o que eu posso ajudar?”. Hamilton falou “Nada também, eu vou ter que chamar um guincho, sei lá, e a gente… Depois que o guincho vier, a gente pega aí um carro de aplicativo e vai para o trabalho”. E a Alice olhou em volta — pra ver onde ela tava, né? Pra ver primeiro se era um lugar seguro e tal. — E ela viu que eles tinham parado em frente a um cemitério. Só que não era um cemitério desses tradicionais que você vê as lápides e tal, sabe um cemitério que parece um parque? Um jardim assim? — Tem muito hoje em dia, né? Que você enterra e depois você bota grama por cima ali, a placa no chão… Então fica aquela coisa, assim, tipo um descampado de grama, assim, você vê longe assim, mas é um cemitério. Então, eles nunca tinham reparado que ali era um cemitério. —

E aí, a hora que o Hamilton viu que era um cemitério, ele falou: “Ai, pelo amor de Deus, não acredito que a gente veio parar na frente de um cemitério… Alice, não fica olhando pra lá, olha para cá, foca na rua, foca no trânsito”. — Porque o Hamilton tinha medo. — Aí Alice achou o lugar bonito, ela falou: “Ai, será que esse guincho vai demorar? Eu queria dar uma espiada”. E aí a Alice resolveu ir dar uma olhada, assim, ali do portão… Era um portão bem grande que estava aberto… Do portão do cemitério para dentro, só pra olhar, ver como é que era. — Alice, por que, Alice? Por que você foi no cemitério? — E aí o Hamilton ficou lá resmungando e lá foi a Alice. Olhou, viu que era tudo praticamente a mesma coisa, tinha alguns lugares com árvores e tal, mas era um parque de gente morta. — É isso, né? Um parque de cadáveres, o cemitério. —

E aí, quando ela estava voltando para o carro… — Então pensa assim, ó: Pararam aqui na calçada, tinha um recuo pra você entrar pra frente do cemitério. — Então, pensa: Calçada, ruazinha de recuo, mais calçada e portão do cemitério. — Quando ela estava chegando na ruazinha de recuo, a Alice escutou uma risadinha, [efeito sonoro de criança rindo] uma risadinha de criança… — Como essa risadinha que a gente tem aqui no começo da abertura do Luz Acesa. Inclusive, Alice frisou isso pra mim: “Andréia, era uma risadinha igual vocês usam aí”. [efeito sonoro de criança rindo] — E aí ela falou: “Gente? Uma criança?” e olhou em volta, não viu nada… Quando ela foi atravessar a ruazinha ela viu um bebê. — Uma criança de mais ou menos ali uns três anos, gente. — Como era essa criança? Essa criança estava com uma roupa que Alice não sabe explicar bem, mas ela falou que era uma roupa… — Assim, o que a Alice me falou? — “Andréia, eu nunca vi uma criança de roupa marrom assim… Roupa marrom”. — Você não vê criança… Não tem, tipo, uma roupinha marrom… E ele estava com um pano… — 

Não parecia bem um macacão, marrom… Era uma criança muito branca, muito branca, de cabelinho castanho, quase claro assim, mas era um branco estranho, Alice já falou… E de olhinho, assim, olho verde. — Só que era uma criança. [efeito sonoro de criança rindo]  — E a Alice está ali, vai atravessar uma rua, mesmo que seja uma rua de recuo, ela falou: “meu Deus do céu, essa criança escapou de alguém do cemitério”. — Ela não pensou em nada assim, gente, de assombração… Era tipo sete horas da manhã… Sete e pouco, sabe? — E aí aquela risadinha, a criancinha correndo… A Alice começou a correr atrás dessa criança pra pegar e achar alguém, né? Só que ela deu uma corrida ali atrás a criança e corre, corre, corre e não consegue pegar e, puff, a criança sumiu. Quando ela olhou de volta para o carro, pra dar um grito ali pro Hamilton, pra falar: “Gente, tinha uma criança aqui… Sumiu”. O Hamilton estava pálido, pálido…

Porque, de longe, o que ele via? A Alice correndo atrás de alguma coisa muito pequena — porque ela estava curvada — e sem nada. — Não tinha ninguém. Ele via a Alice correndo atrás de nada. E aí ele já ficou apavorado e a Alice chegou lá perto do carro, o guincho ainda não tinha chegado e ela falou: “Você viu o bebê que estava correndo e sumiu?”. Ele falou: “Alice, pelo amor de Deus, eu falei pra você não ir na porta do cemitério… Você estava correndo atrás de nada, não tinha nada”. E já começou a brigar com a Alice ali. E a Alice meio em choque, assim, né? Muito incrédula de ter visto uma criança que não existia. Ela falou: “Bom, com certeza é coisa da minha cabeça, né? Com certeza é coisa da minha cabeça”. E aí chegou o guincho, o Hamilton ali já meio bravo porque ela entrou no cemitério… “Porque vai que agora você trouxe um monte de espírito com a gente”, enfim, tava puto. 

E aí chamaram o carro de aplicativo e foram para o trabalho. E, na volta, como eles estavam agora sem carro, o Hamilton falou: “Bom, vou aproveitar então, vou ficar aqui, fazer hora extra, já que a gente chegou um pouco mais tarde”… — Hamilton obcecado por horário, [risos] obcecado. — “Já que a gente chegou um pouco mais tarde, eu quero compensar esse horário, vou fazer hora extra aqui”. E aí a Alice pediu o carro de aplicativo e foi para casa. Chegando em casa… — Alice mora sozinha numa kitnet, assim, num quarto e sala pequeno… Quarto, sala e banheiro. — Fez a rotina dela ali. — Ela levava comida para o trabalho e deixava também comida pra comer à noite, já prontinha nos potinhos pra não ter que cozinhar. — Tirou do freezer [efeito sonoro de geladeira abrindo] um potinho, botou ali em cima da pia… — Enquanto ela ia tirar roupa, tomar banho e tal, pra depois botar no microondas e comer. — E quando ela estava saindo da cozinha, ela ouviu de novo aquela risadinha… [efeito sonoro de criança rindo] 

E aí a Alice me falou: “Andréia, meu… Automaticamente eu já pensei: “Ah, não, palhaçada… Tá na minha cabeça isso aí, isso não existe”, né? — Palavras de Alice… — “Isso não existe”. E aí ela escutou a risadinha e não viu nada, foi para o quarto, tirou a roupa ali pra ir para o banheiro tomar banho e tal… Quando ela estava indo do quarto para o banheiro, dali ela conseguia enxergar a cozinha e tinha ali uma mini salinha, né? Só com um sofá de dois lugares. Ela viu passando, correndo, aquele menininho… Dentro da casa dela. Ela falou: “Pronto, né? Endoidei… Endoidei, estou impressionada…”. E, sem medo, a Alice foi tomar banho… — Ó, meu cachorro até latiu aqui. — Saiu do banho, botou o pijama, esquentou a comida, comeu… — E como que a Alice fazia? — Ali pra não ficar com tudo aceso, ela tinha um abajur, assim, esqueci o nome… — Uma arandela. Chique, né? Ai, arandela… Então [voz irônica] Alice tinha uma arandela. — E ela acendeu ali a arandela da parede assim e falou: “Bom, vou dar uma relaxada aqui, dar uma olhadinha na internet e dormir”.

Conforme ela passou pelo corredor onde ela ligou a arandela, ela viu de novo o bebê. Ela fala: “Ah meu Deus, não acredito nisso”. [efeito sonoro de criança rindo] Aí foi lá e acendeu tudo, acendeu todas as luzes e a arandela ficou acesa também… — Quando você está perto de uma luz, assim, que você faz a sombra, essa sombra é projetada, né? — Então, Alice, de onde ela estava no quarto, ela olhou para a porta que dava no corredorzinho do banheiro, um mini corredor onde estava a arandela e pra lá era a sala e a cozinha também micro. Quando ela olhou o bebê, a sombra… Ela via o bebê e, na parede, a sombra que ela via não era de um bebê… [efeito sonoro de tensão] Era uma sombra de alguém muito magro, muito alto e curvado. — Sabe corcunda? — Então, ela olhava aquele bebê que estava paradinho — na porta, assim, do quarto, rindo pra ela — e o bebê não entrava no quarto… [efeito sonoro de criança rindo] Rindo pra ela. E, na parede, ela via a sombra do bebê, que era cadavérica, de um homem muito magro e com as costas arqueadas, assim. 

E aí ela assustou… — Só aí ela assustou. — E aí o bebê não passava, não entrava no quarto dela. E aí a Alice começou a chorar, fechou o olho, começou a rezar e o bebê ali sumiu. Aquele bebê estranho. Alice pegou o telefone, ligou pra mãe dela, contou e a mãe dela: “Ai, acho que você tá cansada e nã nã nã… Não é nada e tal”. E a Alice dormiu… No dia seguinte, de manhã, quando a Alice levantou, as coisas que ela tinha no armarinho do banheiro, tudo o que estava à vista na cozinha, na sala, assim, estava no chão. E ela não escutou barulho nenhum. Algumas coisas estavam quebradas, outras não… — Como se alguém tivesse passado e derrubado tudo, derrubado tudo das prateleiras, inclusive do alto… — E aí ela ligou de novo, aos prantos para a mãe… A mãe resolveu ligar para a avó, — para a mãe da mãe, né? — e aí a avó falou: “Eu vou pra lá”. E aí a avó chegou e diz essa avó, que é uma rezadeira… — E rezadeira a Alice me explicou que é diferente de benzedeira. Ela não benze, não faz nada em você, mas se você precisar de uma reza boa… Inclusive, falei: “Alice, fala pra sua vó rezar aí pra mim”, [risos] custa nada, né? — 

E aí ela falou que essa avó dela, que a gente pode chamar de dona Maria. Quando dona Maria chegou na casa da Alice, a dona Maria viu esse bebê. Só que acontece que esse bebê para dona Maria não parecia um bebê humano, era assim, uma coisa pequena e com uma aparência muito, assim… — Como é que eu vou explicar como ela falou… — Falou pra Alice: “Parecia lama”. — [efeitos sonoros de grunhidos] Pensa uma criatura meio que derretendo, que parece lama. — E era assim que ela vivia… E ela começou a rezar, a rezar, rezar, rezar e rezando com a porta do apartamento aberta. E aí rezou, rezou, rezou, rezou, rezou… Conseguiu tirar, só que aí ela falou… Alice falou pra mim: “Andréia, minha avó fez isso no corredor… Não importava ali que tinha mais três apartamentos, ela rezou umas duas horas naquele corredor e foi descendo a escada rezando… Foi levando aquilo pra fora”.

E a avó dela foi rezando, assim, até atravessar a rua da Alice… Depois que atravessou a rua aí ela voltou… — Isso horas, gente, rezando, rezando… Baixinho ali, rezando. — Quando ela voltou, ela falou: “Bom, aqui ele não volta mais”. Ela entrou pra conversar com Alice e tal, falar… E por que aquele bebê — demônio, sei lá o que era aquilo — não entrou no quarto da Alice? Porque na porta do quarto da Alice, no alto, no batente da porta, tinha um terço [efeito sonoro de tensão] benzido pela dona Maria. Provavelmente foi por isso que ele não conseguiu entrar ali no quarto, mas na casa ele entrou. E aí a dona Maria fez mais uma reza no terço que levava sempre com ela e botou esse terço na porta da frente. Botou um preguinho… Falou: “Arruma um prego… Vamos bater um prego aqui e botar esse terço”. Então, quando você chega no apartamento da Alice, tem um terço todo enrolado ali num prego grande na porta dela, e a vó dela falou: “Você não tira esse terço daqui”. Inclusive, uma vizinha dela foi perguntar sobre o terço, ne? E aí a Alice falou: “Ai, é coisa da minha avó… Minha avó é muito católica”. Porque a vó da Alice é a católica mesmo. — Mas não falou que ela era rezadeira e tal… — Ela falou: “Minha vó é muito católica e tal, ela botou aí pra abençoar o apartamento e tal”. — Porque a vizinha correu logo perguntar, né? E falou: “Nunca teve terço aí e de repente tem terço” [risos] eu também perguntaria, acho, né? “Porque se o prédio está em endemoniado, você já me fala, que eu vou botar um negócio aqui também, né? [risos] Todo mundo botar…”. —

Agora, o que a Alice falou que o que mais impressiona ela e que às vezes ela tem pesadelo é ver a sombra desse bebê… Pensa: um bebezinho que aí você sabe que ele não é uma coisa boa, porque você vê na parede, projetada, a sombra do que realmente ele é. [efeitos sonoros de grunhidos] Então, isso aconteceu com a Alice e com certeza ela trouxe isso do cemitério com ela, porque ela não sabe… Ela não fez nada, nem entrou no cemitério, só olhou ali do portão e voltou, né? E quando ela contou isso para o Hamilton, porque ela acabou contando para o Hamilton o que tinha acontecido, o Hamilton passou uma semana fazendo ela ir trabalhar de carro de aplicativo, porque ele não queria a Alice [risos] no carro dele, com medo dela trazer alguma coisa aí, mas depois disso nunca mais aconteceu. Então, vamos aí torcer para que dona Maria viva muito ainda e continue aí com suas rezas, espantando demônios aí dos lugares. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, oi, Déia, oi, Alice… Meu nome é Brígida, eu falo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Eu sou espírita kardecista, estudo muito a doutrina espírita, minha família é espírita, então, o que que eu posso falar pra você, Alice? Esse espírito que você viu, na verdade, você viu ele na forma de criança, porque provavelmente foi a última encarnação dele aqui na terra. Ele deve ter desencarnado como criança, então por isso que você enxergou ele assim, mas toda criança que você vê, ela é um espírito velho… Não tem um espírito de um ano, de dois anos, já teve várias encarnações aí. E quando você viu na sombra um homem alto, você viu uma outra vida que ele teve, uma outra forma que ele teve. Então é isso, gente… E só vê quem tem mediunidade, tá? Então, Déia, você que morre de medo de espírito, você fica tranquilo que você não vai enxergar nenhum. Não que eles não estejam por aí, porque eles estão, tá? Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Lorena, eu falo de Aracaju. Gente do céu, eu sou o Hamilton na história. Eu sou completamente louca com esse negócio de assombração. Não quero ver, não quero saber… Mas assim, o que eu fico mais chocada é com as avós. Toda vez que alguém liga para uma avó, “vó, tem uma assombração”, ela vai lá, ela dá o nome, ela vai resolver… As avós são maravilhosas. Eu fico pensando: Será que eu seria essa avó? Será que eu iria atrás se algum neto me ligasse? Gente, eu não saberia o que fazer. Então, avós maravilhosas… vão lá, tiram espírito, fazem a reza, resolvem tudo. Eu achei incrível, eu amei de verdade. Beijo, gente. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história da Alice, comentem lá no Telegram. Sejam gentis com a Alice. — Ai, Deus me livre, hein? Deus me livre… Bebê, criança demoníaca me assusta mais do que adulto. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.