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título: beijoca
data de publicação: 01/12/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #beijoca
personagens: mara e alberto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história da Mara e do Alberto. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Mara e o Alberto eles estão casados já há quase 15 anos, eles têm uma filha de 13 anos e o relacionamento sempre foi ok assim, né? A Mara que me escreveu, e ela disse que, assim, o Alberto sempre foi muito parceiro dela, eles sempre fizeram muitas coisas juntos… E uma das coisas que eles fizeram juntos foi uma poupança. — Sim… — Eles guardaram dinheiro juntos e eles tinham ali em torno de 40 mil reais guardados para uma emergência. Não tinha nenhum plano assim tipo “ah, a gente vai fazer tal coisa com o dinheiro”, não tinha… Mas era um dinheiro que os dois guardaram. — Então, tipo, 20 mil cada um. — E era um dinheiro pra aí qualquer, sei lá, problema que aconteceu… A filha deles mais velha vai fazer uma faculdade, enfim… 

Chegamos na pandemia e o Alberto seguiu firme ali trabalhando e a Mara também. — Ambos em home office, tudo certinho, em casa. — Acontece que o Alberto ele tem um melhor amigo, o Jorge… E o Jorge perdeu o emprego na pandemia. — Bom, os amigos se ajudam, né? — Só que o Jorge ele não queria uma ajuda, ele não queria, sei lá, que o Alberto dessa uma força pra ele pagar umas contas, não… Ele queria abrir o próprio negócio já que tinha sido mandado embora. Ele esquematizou lá um negócio de entregas. Então ele ia contratar pessoas para fazer entregas para quem estivesse em casa, enfim, só que ele não tinha grana. — Nenhuma. — E ele sabia que o Alberto tinha uma grana guardada… 

E aí o que ele fez? Ele pediu emprestado para o Alberto e o Alberto emprestou… Até aí, né, gente? Tudo bem. Se o Alberto estivesse emprestado só os 20 dele. — Só que não. — O Alberto emprestou os 40 mil reais. E não contou nada para Mara… Porque a ideia, — Como eles não iam mexer no dinheiro. — era que ele fosse repondo sem que a Mara soubesse. — Porque ela, obviamente, ela não ia deixar ele pegar todas as economias e dar na mão do Jorge. — Bom, os meses foram passando, até que estava dando meio certo o negócio do Jorge… — Porque naquele começo ninguém mesmo estava saindo de casa. — Só que, gente, o Jorge ele pegou Covid e ele faleceu. E aí foi um baque para o Alberto… — Melhor amigo dele. — 

Ele ficou muito mal… Isso foi no final do ano. E aí depois que passou mais um mês e pouco ali, o Alberto resolveu contar para Mara que ele tinha emprestado todas as economias deles para o Jorge. — E agora o Jorge faleceu, né? Não tinha como pagar de volta. — A Mara ficou louca, louca, louca… ela sabia que o Alberto estava mal pela morte do Jorge, — Nem pelo dinheiro, né? Mas porque ele perdeu o melhor amigo. — Mas tinha a questão, assim, da traição. — A Mara considera isso uma traição, né? — E aí eles acabaram discutindo e ficaram um bom tempo sem conversar assim, né? A Mara muito chateada… E a Mara já tinha voltado a trabalhar na empresa. — Muitas empresas aí esse ano resolveram que “ah, vamos acabar com o home office”, não sei porquê… Porque se está dando certo o home office, deixa a galera em casa. —

E esse era o caso da Mara, ela podia muito bem fazer tudo o que ela estava fazendo da empresa em casa, só que a empresa criou um sistema de rodízio e os funcionários tinham que vir aí determinados dias. E a Mara estava muito machucada com essa história, porque ela confiava cegamente assim, né? No Alberto… Não pensou que ele fosse fazer uma coisa dessas. — Mas acontece, fez e, assim, ele tinha uma boa intenção de ajudar o amigo dele. O amigo dele até estava indo bem, ia conseguir, talvez, a gente não sabe, né? Começar a devolver. E a prioridade do Alberto, óbvio, eram os 20 mil da Mara. — Mas as coisas não saíram como o Alberto queria e a Mara ficou muito magoada. 

Aí pra ajudar, o Alberto foi mandado embora. — A firma dele lá reestruturou não sei o que e ele foi mandado embora. — E aí agora que não tinha mesmo como devolver o dinheiro pra Mara, porque assim, ele recebeu ali a rescisão dele, mas ele tinha que continuar colocando dinheiro na casa, né? Porque a Mara não ia aguentar sozinha. Então meio que não dava pra ele tirar desse dinheiro da rescisão e pagar pra Mara. E a Mara resolveu desabafar na empresa… Ela estava muito chateada e tal… — E o rodízio, gente, pensa assim… — O rodízio na empresa da Mara… — Não é uma empresa muito grande. — Então, acontecia ali por setor e, no setor dela, no rodízio dela, estava só ela e o Mario. 

E um dia lá que ela estava muito triste o Mário perguntou o que ela tinha e nã nã nã, ela acabou contando, o Mário deu uma consolada ali, “não fica assim e nã nã nã”. E eles foram um dia tomar café e o Mário deu um beijo na Mara. Eu perguntei: “Mara, como é que foi esse beijo? Ele te pegou de surpresa?”, aí a Mara falou: “Déia, ele me pegou de surpresa sim, mas eu quis sim… Eu já estava dando umas brechas e eu quis”. E aí foi um mega beijão assim, eles trocaram uns amassos e tal, mas ficou só nisso. E a Mara foi para casa se sentindo mal, se sentindo culpada, mas sem coragem de contar para o Alberto. 

E aí no dia seguinte quando ela viu o Mário, ela já falou para ele que isso não ia voltar a acontecer, que tinha sido um erro e nã nã nã. E o Mário falou: “não, tudo bem, te respeito… É que se você quiser, eu quero… O dia que você quiser, eu quero”. E deixou assim meio que aberto. E aí a Mara ainda está muito, muito, muito magoada com o Alberto e ela acha que ela só aceitou o beijo por causa disso. — Da mágoa. — Só que agora ela acha que ela tem que contar para o Alberto que rolou esse beijo com o Mário… Só que ela sabe que, quando ela contar, as coisas vão piorar bastante… Que primeiro que ela tem que estar com o Mario todo dia, só ela e o Mario, o Alberto com certeza vai surtar com isso. E ela tem essa dúvida. 

Ela gostaria de contar, mas ela sabe que contando ela vai prejudicar muito o relacionamento dela, e aí ela fica na dúvida, né? Porque o Mario também… — O Mário? Desculpa. — O Alberto também não contou para ela do dinheiro, e ela coloca as duas situações ali no mesmo nível. — Do beijo e do dinheiro. — E ela tem a razão dela, né? Conta ou não conta, gente? Eu fico na dúvida, porque assim, por um lado o que vai adiantar contar? — Assim, sabe? No vamos ver mesmo… — O que vai adiantar ela contar? O Alberto vai se sentir pior ainda do que ele já está se sentindo e, sei lá, pode desdobrar e ir para o final realmente desse casamento, né? Mas por outro lado, se a Mara já está com isso de não estar aguentando não contar, pode ser um negócio também que vai ficar corroendo ela aí por dentro. 

Não sei, gente. Eu acho que assim, tem que ver porque contar… Porque o beijo já foi, a Mara já parou a situação nisso, ela não deu mais nenhuma abertura para o Mario e ele também não insistiu. — Então não é que a coisa vai virar um caso, né? — Agora só contar da beijoca? O que vocês acham? Conta da beijoca, não conta da beijoca? Ela ainda está muito chateada com a questão da grana… Mas a grana, a hora que ele arrumar um emprego, se estabilizar, ele vai devolvendo… — Assim esperamos, né? — Agora o que vai acrescentar contar do beijo? Tudo bem, mentir não é legal, omitir também não, mas isso vai melhorar o relacionamento de vocês contando desse beijo? Tem esse ponto… Você vai se sentir melhor contando desse beijo, mesmo sabendo que o Alberto vai ficar muito, muito, muito pior? Talvez conta num outro momento, quando ele já estiver empregado… 

Porque agora ele está assim, né? Pô, desempregado, devendo para mulher, querendo acertar a situação com ela… Por outro lado, tem a Mara que escreveu para gente que está muito magoada, que queria ter o dinheiro dela volta e que agora deu umas beijocas no Mário, colega de trabalho que ela tem que ver todo dia… — Quando ela vai, porque ela tá indo três vezes na semana. — E ela encontra o Mário três vezes. — Então aí o Alberto vai ficar pior em casa sabendo, enfim… — Não sei, não tenho como aconselhar, porque não sei… E vocês? 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Inviabilizers, aqui quem fala é a Jana, sou de Salvador, Bahia. Mara, mulher, você se envolveu numa situação tão complicada… Uma situação triste, né? Que envolve a perda de uma pessoa pela Covid-19. Eu acredito que a Déia tem razão, sabe? Diante das circunstâncias, seu marido está passando por essas dificuldades toda, você também anda muito magoada, eu acho que o melhor é esperar. Dê tempo até mesmo para você entender os seus sentimentos em relação a isso… Porque se é uma coisa que te incomoda, que você sabe que você em algum momento vai ter que contar para ele, então espere um pouco ele se recuperar, ficar um pouco mais firme e você também, né? Pra entender melhor como é que isso te afeta, tá bom? Um beijo. 

Assinante 2: Oi, pessoal, aqui é a Gisele de São Paulo. Poxa, Mara, que situação, né? Por um lado, eu super entendo, tenho na minha casa uma situação parecida… Às vezes meu pai empresta dinheiro escondido da minha mãe e ela também fica bem… Ela se sente bem traída. Então eu entendo o paralelo que você faz aí das duas situações, mas são traições diferentes, né? São quebras de confiança, mas diferentes. Eu acho que você precisa ver o que você quer mesmo pro seu relacionamento, mas eu acho que a verdade é muito preciosa, né? Acho que contar a verdade é uma forma de restabelecer aí a confiança no relacionamento, porque se ele descobre depois fica pior. Às vezes é difícil a gente lidar com as consequências, mas se a gente se esconde a gente fica igual quem a gente critica, né? Boa sorte, um beijo. 

Déia Freitas: A gente tem o grupo lá do Telegram, é um grupo muito organizado, bem moderado ali pela Beth e pelo Dourado e a gente conversa sobre as histórias, sempre com hashtag. Não tem outros assuntos, não tem propaganda, não tem troca de receita, não tem nada, é só comentários sobre as histórias. Então, se você tem um comentário aí para deixar para Mara ou se você quer saber o que nós comentamos sobre as histórias, entra lá no nosso grupo do Telegram, é só jogar “Não inviabilize” na busca, tá bom? Então um beijo e até breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.