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título: boca
data de publicação: 09/11/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #boca
personagens: edivânia e beto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história de Edivânia. — Ê, Edivânia… [risos] — Bom, então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Edivânia — há um tempo aí, sei lá — pouco antes da pandemia, ela entrou num site de relacionamento. [efeito sonoro de notificação de mensagem] Uns tempos antes, ela tinha ido para a casa da mãe em Goiânia e tinha dado match ali com uns caras de Goiânia. Só que ela mora no Espírito Santo… — Então, né? Um pouquinho longe aí. — E aí ela continuou falando com dois caras de Goiânia. — E, um desses caras, a gente vai chamar ele de Beto. — E aí a Edivânia começou a conversar com o Beto, veio pandemia e eles continuaram conversando na pandemia… E Beto e Edivânia eles se apaixonaram durante a pandemia. Então, desde aquele começo, todo mundo muito preocupado com muito medo, enfim… — Eles passaram, gente, dois anos praticamente namorando online, inclusive, disse Edivânia, fazendo sexo virtual. — Então era um namoro real. — Quer dizer… — Virtual, mas um namoro sério, virtual.

E Beto muito apaixonado. — A Edivânia me mostrou uma foto do Beto, porque ela acha o Beto muito parecido com o Fábio Assunção. Ele tem um olho bem azul assim… Até engasguei aqui. Eu não achei parecido, [risos] só o olho azul, mas tudo bem. Ela muito apaixonada pelo Beto, Beto muito apaixonado por Edivânia também. Só que eles nunca tinham se encontrado, né? — Tem isso. — E o Beto morando sozinho lá em Goiânia. E sempre falando pra Edivânia: “Vem pra cá, vem pra cá, eu não aguento mais, não aguento mais”. E qual era o medo da Edivânia? Quando esse relacionamento se tornasse físico, como é que eles iam fazer pra namorar? Então, ele vivia falando pra Edivânia morar lá em Goiânia e ela tem família lá… Então ela até cogitou isso… — Mas, gente, sem conhecer o cara? Não tem como, né? — E aí, um belo dia, os dois chorando de saudade, né? E nã nã nã… — Aquelas coisas do relacionamento virtual. [risos] —

Ela comprou a passagem, deu uma loucura, ela falou: “Eu vou aí te ver e depois eu fico na casa da minha mãe e tal”. Fico uns dias com você e depois fico na casa da minha mãe. Então, o combinado era esse, ela chegar, ficar na casa do cara e depois ir pra casa da mãe dela. — Então estava tudo certo para que fosse assim. — Bom, o Beto ele resolveu buscar a Edivânia no aeroporto. — Porque, assim, gente, é muito, muito amor envolvido, assim, muita paixão… — E quando a Edivânia chegou e viu Beto e ele viu a Edivânia, assim, não era nada diferente do que eles acharam, né? Fisicamente, os dois eram o que eles aparentavam mesmo nas fotos, nos vídeos, enfim. E também eles já tinham conversado muito, então eles tinham mais ou menos a mesma ideia assim, né? As ideias batiam e tal. Então era tudo perfeito… 

Aí a Edivânia meio que começou a chorar no aeroporto mesmo, ele também ficou emocionado, ele levou flores… — Olha que gracinha esse Beto. — E aí eles se abraçaram e o Beto foi beijar a Edivânia… [risos] E foi aí que tudo aconteceu. Conforme Beto foi beijar Edivânia, a Edivânia… Palavras dela, tá? Ela falou que ela sentiu um cheiro de esgoto saindo da boca de Beto. [risos] E ela falou pra mim: “Déia, não é maneira de dizer, é esgoto puro… Esgoto puro aquela boca”. E aí ela não conseguiu beijar. — Edivânia tem estômago fraco. — então ela disse que aí ela deu aquele abraço apertado nele e tava assim, tava em choque porque não era possível… Aí, no carro dele, de novo, ele tentou beijar Edivânia e Edivânia a única coisa que ela conseguiu fazer foi chorar, [risos] porque ela não tinha coragem de falar pra ele, né? — Ela não tinha coragem de falar pra ele: “Olha, você está com bafo”, porque ela tinha acabado de conhecer ele pessoalmente, gente… Você não consegue falar isso pra alguém, “puta merda, você tá com bafo”. [risos] Se é uma pessoa que é sua amiga… Se é um amigo meu, uma amiga minha ou um parente, eu falo, falo: “Ó, dá uma olhada aí que tá com bafo e tal”. Eu aviso, eu sou a pessoa que dá toque do bafo, porque muita gente não dá e, às vezes, a pessoa não sente o próprio bafo. — 

E aí a Edivânia começou a chorar no carro, né? E o Beto todo, assim, preocupado, “Mas o que foi? O que aconteceu?”. E aí ela inventou a desculpa de que ela estava chorando por que ela tinha combinado de dormir na casa dele, que foi combinado, só que ela inventou que a mãe dela tinha feito um escândalo e nã nã nã, onde já se viu chegar e não ir pra casa… E aí que ela queria inverter a coisa, né? Queria ir pra a casa da mãe dela primeiro pra depois ir pra casa de Beto. Então, assim, ele ficou meio triste, mas falou: “Não, tudo bem… Eu entendo e tal”. — Além de tudo, o Beto é compreensível, muito compreensivo… — E aí lá foi a nossa amiga Edivânia pra casa da mãe. E ela falou: “Déia, te juro… Mesmo com o ar condicionado do carro, eu tive que abrir o vidro, porque ele falava e vinha um cheiro de esgoto”. — E aí, gente, assim… Pode ser o estômago. Pode ser a língua dele que está com uma coisa que chama saburra, que você tem que limpar a língua também, tem que escovar a língua, enfim… Se sua língua tiver uma coisa branca, tipo uma crostinha, assim, você tem que tirar. E outra coisa que as pessoas não se importam tanto, mas que pode dar bafo, é o resto de comida que fica entre os dentes, então tem que passar o fio dental. Então pode ser um monte de coisa, né? Esse mau hálito aí do rapaz, né? —

E aí Beto levou ela pra casa da mãe, tentou beijar de novo a Edivânia… Edivânia falou: “Olha, Andréia, eu te juro por essa luz… Eu aprendi a respiração e dei um beijo nele. Mas assim, depois que eu desci do carro, eu tive que correr e eu vomitei no jardim da casa da minha mãe, assim… Depois que eu passei o portão, eu vomitei, porque não tem a menor condição, não tem a menor condição”. [risos] E aí ela já entrou na casa da mãe arrasada e a mãe assustada, porque ela já chegou vomitando, né? E aí a mãe, a primeira coisa que falou: “Edivânia do céu, você tá grávida?” [risos] Ela falou: “Mãe, acabei de conhecer o cara agora, não tem nem como”. E aí ela contou pra mãe dela, né? Que ela tinha vomitado porque deu um beijo no rapaz. [risos] A boca do rapaz não tem condição…

E a mãe começou a rir, óbvio, né? — Dona Teresa. — E aí, dona Teresa falou assim: “Chama ele pra cá que eu falo”. E aí Edivânia falou: “Não, mãe, pelo amor de Deus… Eu acabei de conhecer o rapaz”. Ela falou: “Ué, mas alguém tem que falar pra ele que ele está com bafo”. E aí a Edivânia falou que não, que não, que não. [risos] 

E a Dona Teresa fez uns docinhos, que, assim, uma compota de doce lá com bastante cravo [risos] e falou pra Edivânia: “Dá pra ele comer que o cravo tira esse mau hálito aí e você manda ver”. [risos] Ai, meu Deus do céu… [risos] Só que a Edivânia não conseguiu… Não conseguiu nem dar o doce pra ele. O Beto ficou com a impressão de que ela não gostou dele pessoalmente. Ele ficou muito arrasado… — E ela gostou dele pessoalmente, porque, assim, ele é igualzinho era online, né? Só que tem esse detalhe… — E aí ela passou todos os dias na casa da mãe conversando com ele só online, não queria mais encontrar com ele e ele perguntando o que tinha acontecido… Mas ela não tinha coragem de falar, porque ela achou que ela fosse magoar ele. — Só que o que eu falei pra Edivânia? Ela acabou magoando mais ele, porque ele achou, né? O Beto achou que ela não tinha gostado. Sei lá, ele era feio, não era interessante, enfim… — E aí deu uma esfriada, né? O relacionamento deles. E agora eles voltaram a conversar de novo. E aí a Edivânia falou: “Como eu estou longe dele, eu consigo sentir esse amo, mas quando chegar perto, não dá, Andréia… Não dá. Porque o cheiro é muito forte, é muito forte… Não é só um bafinho, é um esgoto. Um esgoto”. — Eu acho que pode ser estômago, né, gente? Eu acho, sei lá. —

Mas se ninguém dos amigos, sei lá, da família do Beto não fala pra ele, eu acho que a Edivânia tem que falar. Falar: “Olha…”. O cara pode se ofender e nunca mais falar com ela? Pode, mas se ela falar com jeitinho, falar: “Olha, deixa eu te falar uma coisa. Eu não fiquei com você, porque assim, você está com algum problema de estômago, não sei… Porque você está com muito mau hálito, assim. Eu não conseguia ficar perto”. — Gente, não existe uma maneira suave de falar isso, né? Porque só de falar assim eu já acho ofensivo. — Mas se ela não desse toque pra ele… O Beto gosta dela, ela gosta do Beto, mas não consegue por causa do aroma, do bafo. Então eu acho que tem que falar, tem que encarar esse assunto… E, se ele ficar bravo, paciência. Será que, poxa, não teve uma moça sem noção pra falar pra ele? [risos] Tipo: “nossa, não vou te beijar, que bafo”. Porque aí a pessoa fala: “Poxa, será que eu estou com bafo mesmo?”, ou até um amigo pra falar: “Pô, cara, vamo ali, vamos marcar um médico e tal, né?”. Sei lá.

Então não sei, Edivânia, não tem outro jeito… Se você quer realmente retomar as coisas com esse rapaz, com esse Beto e ele também quer, pelo jeito, você tem que falar… Falar: “Olha, o que aconteceu foi isso, isso e isso”. Ainda, ele chegou a perguntar, né? Porque eles se beijaram na porta da casa da mãe dela, ele chegou a perguntar: “Mas você não gostou do meu beijo?” e pra falar, né? “Pô, eu entrei correndo e vomitei no jardim da minha mãe porque sua boca estava sem condição, sabe?”. Não existe uma maneira agradável de se dizer isso. Então tenta suavizar as palavras e fala: “Olha, ou você está com algum problema de estômago ou pode ser algum dente que apodreceu…”, [risos] — Não, isso daí não fala… — Mas assim: “Vê um dentista”.

Porque ela falou também que os dentes, assim, aparentemente tá ok… Só se tiver algum podre no fundo, alguma coisa… Mas ela falou que o cheiro é mais forte, que deve ser alguma coisa mais séria, um problema de estômago mesmo. Pode ser de estômago… — E aí vai e já trata também, porque não é ok ter mau hálito. Se tem mau hálito é porque ou não está escovando os dentes direito, fazendo a higiene bucal, que inclui também passar fio dental e escovar a língua… Não está fazendo direito ou está com alguma questão aí no estômago, que é aí bom, né? Já resolve. Então eu acho que também é uma dica de saúde, Edivânia. — Você vai ter que fazer isso. Vai com todo o carinho e fala: “Olha, eu gosto muito de você, só que tá difícil aí”, [risos] não tem jeito que não vai magoar ele dizer. Ele já ficou magoado porque achou que ela não gostou dele pessoalmente, né? E eu também entendo a Edivânia não conseguir falar de cara pra ele: “puta que pariu, que bafo de onça”, sabe? É difícil…

Ainda brinquei disso de bafo de onça, ela falou: [efeito de voz fina] “Andréia, jamais uma onça, um animal tão lindo, teria o cheiro daquele na boca”. [risos] Edivânia achou ofensivo com a onça. [risos] Eu acho que é uma coisa que é difícil de tocar no assunto? É difícil, mas é uma coisa que dá pra resolver? Dá pra resolver. Escreve, faz um e—mail pra ele detalhando a coisa do bafo, do que você acha, do médico… E se ele não te responder, se ele te bloquear, paciência… Se ele topar resolver, meu, vida nova, beijocas, dá tudo certo… 

[trilha]

Assinante 1: Aqui é Mariana de Florianópolis. Eu acho, Edivânia, que você tem que aproveitar esse momento que agora você voltou, vocês estão longe e vocês tão se reconectando de novo, pra contar isso pra ele, sabe? Pra largar a real… Porque você também, não só ele, tá perdendo oportunidades, perdendo coisas na vida por conta desse bafo de esgoto. Tu também tá perdendo de viver esse relacionamento. Vocês tiverem tão pertinho, podiam ter vivido tanta coisa legal… Não perde isso, sabe? Conta pra ele, busquem resolver essa situação pra tu conseguir viver presencialmente isso que deve ser maravilhoso se vocês têm essa ligação no virtual. Procure isso, conversa com ele e ele vai entender, vai ser bom pra vocês dois, não só pra ele. Um beijo.

Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, me chamo Mikaely Sena, falo de Alogoas. Eu tô ouvindo a história “Boca”, sou dentista e achei a sugestão da Déia uma ótima saída pra você, Edivânia. Mas se você não tiver a fim de enviar esse e-mail com o seu nome, eu sugiro que você dê um google com a seguinte frase: “SOS Mau Hálito”, porque a Associação Brasileira de Halitose pode enviar esse e-mail pra você se você fornecer os dados do seu namorado, só nome e e-mail, e eles enviam um e-mail padrão dizendo que algum familiar ou amigo próximo quis dar esse toque nele que algo não cheira bem e ele pode não desconfiar que foi você. E pra todos vocês eu dou a dica, né? De perguntar pra alguém próximo se vocês não têm um cheiro desagradável ou até mesmo dar uma lambidinha na mão e cheirar, porque se o cheiro estiver te desagradando, provavelmente ele está incomodando outras pessoas do seu convívio, porque quando a gente passa muito tempo com esse cheiro ruim, o nosso olfato se acostuma, então só incomoda outras pessoas, pode fazer outras pessoas vomitarem, mas mesmo assim a pessoa que tem mau hálito ela pode não sentir nada.  

[trilha]

Déia Freitas: Falei pra Edivânia manter a gente atualizado se tiver desfecho, ela falou que ela meio que está criando uma coragem, assim, e que com a força aí de vocês, capaz que ela consiga. [risos] Então, deixem seus recados pra Edivânia no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis. E eu volto em breve

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.