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título: boca rosa
data de publicação: 19/11/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #bocarosa
personagens: fernanda e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão, e hoje historinha de Dia dos Namorados. [risos] Quem me escreve é a Fernanda. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Fernanda ela foi casada aí — Com uma criatura, um cara… — por quase seis anos. No último ano de casamento deles, esse cara resolveu… — Ele nunca tinha dado presente de Dia dos Namorados para a Fernanda, nesse tempo todo. E a Fernanda nunca achou ruim isso também, porque ela sempre achou uma data só comercial e tal, o casamento estava ótimo. Então… — Não tinha ali um motivo real para achar ruim que ele não desse presente, porque ela também não dava. No sexto ano ali de casamento deles, essa pessoa, essa criatura resolveu dar um presente para ela. — E o que era um presente? — O presente era um batom cor de rosa. Até então, a Fernanda usava os batons que ela tinha, de variadas cores, dependendo do dia e do look, [risos] da make, você bota um batom x ou y, né? E assim era com a Fernanda. 

E ele chegou com esse batom rosa dizendo para a Fernanda que ele tinha visto aquele batom, na empresa dele tinha uma moça vendendo e que ele tinha achado linda a cor e que ele queria que a Fernanda usasse esse batom. E ela ficou feliz, porque era um batom rosa bonitão mesmo, assim lindão. — Rosa, lindão. — E aí a Fernanda passou a usar o batom rosa. — E aquela coisa, né, gente? Poxa, você quer agradar ali o seu amorzinho, né? — Então ela meio que usou bem o batom rosa, ela só usava o batom rosa. E ele deu mais um para ela… — Né? Porque ela estava usando bastante aí o batom rosa. — 

E, às vezes, quando ela ia lavar roupa ali ela via que, poxa, ela foi abraçar o marido, esbarrou nele e ficou ali o batom rosa… Mas tudo bem, né? Você põe ali no molho, dá uma esfregadinha na mão e o batom rosa saía, vida que segue. E assim foi… O ano foi correndo, né? Dias dos namorados ali, 12 de junho… Passou julho, agosto, setembro, outubro, novembro… Chegamos a dezembro. Dezembro época de festas, Natal, Ano Novo… Fernanda estava lá na casa dela num final de semana qualquer aí fazendo faxina, a criatura tinha saído… — A Fernanda nem lembra onde ele tinha ido, se no mercado… Mas ele tinha ido fazer alguma coisa para casa, para comprar coisas para casa. — 

Quando chega uma moça na porta de Fernando, ali da casa de Fernanda. — E, gente, se você soubesse o tanto de história, o tanto de e-mail que eu recebo de histórias que são iguais a essa da Fernanda… Iguais, iguais, iguais… Tipo, você está lá na sua casa tranquila, de boa e, de repente, aparece uma mulher na sua porta. Quem é essa mulher? Quem? Quem? Quem? Não vou nem fazer suspense, gente… — Quem estava na porta de Fernanda ali? A moça era uma moça que estava namorando com a criatura. E não sabia que a criatura era casada… Quando descobriu que o cara era casado foi lá na casa da Fernanda falar com a Fernanda, contar para a Fernanda. 

Essa moça era uma moça do trabalho do cara. — Do marido da Fernanda. — E aí ela contou para Fernanda, ela tinha sido recém contratada em maio e, logo que ela foi contratada eles começaram a sair, a namorar… Mas escondido, porque na firma não podia ter relacionamento assim, né? E eles ficaram escondidos. — Então como ela não podia contar, ela era nova na firma e não podia contar para ninguém que ela estava namorando o cara, foi fácil ele esconder que ele era casado, né? — Ele não falava muito da Fernanda lá, então meio que passou batido. E como ela descobriu? [risos] 

Porque ali na firma tem uma rádio peão, né? — A fofoca meio que dá uma comida. — E ela descobriu que tinha uma outra moça lá que saía com ele também, só que essa moça sabia que ele era casado. E a história que estava correndo na firma era que ele tinha uma camisa… — Vai, morrer ele tinha uma camisa azul lá, uma camisa social azul que ele usava muito e essa terceira moça tinha sujando de batom rosa essa camisa… E aí ele fez todo um esquema de comprar uma camisa na hora do almoço para vestir… — E a Fernanda, detalhe, na outra ponta está a esposa lá… A Fernanda nem reparou que ele estava com outra camisa, porque, enfim, né? 

Aí ele deu essa camisa para essa moça que sujou de batom lavar, e essa moça brincou com ele: “poxa, se a sua esposa usasse o mesmo batom que eu, eu não precisaria estar lavando a sua camisa”. E ele achou essa ideia genial. E aí ele perguntou para essa terceira moça qual era o batom e a moça falou: “ah, eu compro aqui da Fulana, ela que vende”, ele foi lá e comprou o batom para a Fernanda e comprou batom para essa mocinha nova na firma, amante também. Então, as três tinham o mesmo batom para facilitar a vida aí desse cretino. — Que não tem outra palavra. — Para que, se alguma delas sujasse a roupa dele de batom, a Fernanda ia achar que sempre foi ela, né? E ela que ia lavar as manchas de batom aí, sendo dela, sendo da mocinha um da dois. 

Enquanto a Fernanda está ouvindo tudo isso em choque pelo portão, — Que ela não abriu o portão para a moça, né? Ela ficou ouvindo assim… Portão de grades, né? Ela ficou do lado de dentro ouvindo. — A moça olha para o lado e começa a correr, correr, gritando e já dando soco. Quem estava chegando? A criatura. A criatura não re parou que no portão da casa dele era a moça da firma que estava lá, e a moça da firma foi pra cima dele, gente. E ali na frente da casa da Fernanda, vizinhos em volta, a mãe da Fernanda morando na casa lá da frente, do outro lado da rua e começou um barraco. A moça batendo no cara, gritando, a Fernanda do lado de dentro ainda do muro ali, e a moça indo pra cima dele, a vizinhança chegando… Ele tentando se defender… 

Do outro lado da rua vindo já a mãe da Fernanda para saber o que estava acontecendo… Aquele vuco vuco, cachorrada latindo e Fernanda lá de dentro do portão. Eis que a mãe dela chegando perto e percebendo o que estava acontecendo, voltou para casa e voltou com um balde d’água, gente. [risos] E tacou com um balde d’água ali na moça e na criatura. E aí deu uma dispersada, ela começou a mãe da Fernanda a dar com o balde no cara… [risos] Foi um barraco barraco mesmo, barraco clássico, barraco daqueles Casos de Família. E aí a Fernanda não destrancou o portão, não deixou entrar. 

E daí eles se divorciaram, né? E um detalhe curioso, essa moça que foi na casa da Fernanda contou na empresa… — Ela e a outra eram da empresa, né? — Contou pra todo mundo da empresa o que estava acontecendo e sabe o que rolou, gente? As duas foram demitidas e ele não. — Revoltante, né? — Elas foram demitidas, primeiro foi essa mocinha que era contratada mais nova, né? Recém contratada e depois a outra… E ele continuou lá. Inclusive, diz Fernanda que ele trabalha lá até hoje… A cara de pau do cara de comprar o mesmo batom para que todas facilitassem a vida dele aí se deixassem manchas de batom. A coitada da Fernanda era a única que ia lavar. — E não ia desconfiar de nada. — Quer dizer, olha ele a cabeça do cidadão onde foi, de deixar todas aí com o mesmo batom pra ele poder trair com mais facilidade… 

[trilha] 

Assinante 1: Olá, meu nome é Fernanda e eu falo de Portugal. Olha, Fernanda, primeiro de tudo eu queria dizer que eu sinto muito mesmo por você ter passado por uma situação dessa. E, assim, eu fico muito chocada, principalmente ouvindo aqui as histórias da Déia, como os caras preferem, assim, montar um esquema, uma estratégia enorme pra poder traí quando era tudo muito mais fácil serem honestos, né? Falarem: “Olha, eu estou gostando de outra pessoa”, ou “Para mim um relacionamento monogâmico não funciona, não é o suficiente”, mas não, preferem ser desonestos e mentir, e arrastar outras pessoas para essas mentiras. Talvez seja isso, né? Que a pessoa gosta mesmo é de ser desonesto e de magoar os outros. E a parte que mais me deixou revoltada nessa história foi que as outras duas lá amantes foram demitidas e o cara até hoje trabalha lá como se nada tivesse acontecido. Isso é realmente revoltante num nível que eu não consigo nem explicar. Realmente a gente vive num mundo machista bem bosta. 

Assinante 2: Oi, gente, eu me chamo Valquíria, sou de Petrolina, Pernambuco. E eu não consigo explicar de quantas formas eu ainda estou chocada pelo que eu ouvi. Eu confesso que eu entendi logo do que se tratava quando a Déia falou que a Fernanda tinha que lavar as camisas dele que tinham manchas de batom da mesma cor do dela… Eu já imaginava o que poderia acontecer, mas eu não imaginei a que nível poderia chegar, né? De chegar a moça lá e contar tudo para ela assim na lata, e ela ficar chocada e, de repente, o cara chega na mesma hora, né? Mas eu achei maravilhoso que o cara apanhou na rua, foi exposto, a mãe da Fernanda jogou água nele… Eu achei aquilo lindo. Apesar de ainda estar revoltada, eu acho que ele deveria ter sido punido sim, porque não foram só as mulheres ali naquela firma que fizeram as coisas erradas e a Fernanda fez bem em se livrar dele. 

Déia Freitas: Então essa é a nossa história de Dia dos Namorados, [risos] eu sei que tem muitas histórias fofas por aí, mas foi essa que eu escolhi, porque quando a gente acha que não dá mais pra se surpreender, vem aí um e-mail com uma história nova e a gente se surpreende. Então, Feliz Dia dos Namorados aí para todo mundo, curtam os amores de vocês e um beijo e até breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.