título: bolo de pote
data de publicação: 30/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #bolodepote
personagens: fátima, clarice, meire e jailton
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Voltei pra mais um Picolé de Limão, e a história de hoje é a história da Fátima, da Clarice e da Meire. Quem me escreve é a Fátima.
[trilha]As três são irmãs e no começo da pandemia elas se viram ali sem emprego, cada uma estava numa área diferente, não eram CLT, não eram registradas, então não tinham vínculo e foram dispensadas, cada uma na sua área. E aí como é que vamos fazer pra pagar as contas? Dentro de casa as três, mais o irmão e a mãe. E aí as três um dia lá juntas assim, pensando e vendo na internet que muita gente estava pedindo comida, resolveram fazer bolo de pote pra vender. — E, gente, eu amo bolo de pote, quem não gosta de bolo de pote? — Óbvio que ia ser sucesso, né? Elas começaram a fazer, as três muito boas assim na cozinha, então elas bolaram lá uma artezinha, o nome lá do estabelecimento delas que entregava só delivery era “Três irmãs” e especialistas em bolo de pote, tinha bolo de pote de tudo quanto é jeito. — Ai, olha, eu até salivei, ai que delícia. [risos] —
E aí a coisa foi ficando muito boa, inicialmente começaram no bairro e depois foram indo pra bairros assim mais afastados, classe média, classe média alta, então foram pegando amizades, às vezes ali, alguma diarista que não tinha parado de trabalhar avisava nos prédios, e elas foram vendendo, gente, foram vendendo muito bem o bolo de pote. Até compraram uma batedeira nova dessas profissionais assim, pra dar conta melhor, né? Do que só aquela batedeira caseira que elas tinham e a coisa estava ótima, estava dando pra elas pagaram as contas da casa e cada uma ficar com um pouquinho e tudo beleza. Até que um dia, uma amiga delas apresentou pra elas assim online, um cara chamado Jailton que era padeiro, então qual que era a ideia? Pra ver se além do bolo de pote, elas não queriam agregar ali um pãozinho doce. — Ai que delícia, gente. [risos] Meu Deus do céu. Ai, eu amo pão doce, quem não gosta de pão doce? —
E aí, Seu Jailton era um padeiro desempregado e ele queria ver se dava pra pôr junto ali uns pãezinhos, né? E, de repente, quem não quisesse comprar bolo comprava pãozinho doce. Elas acharam a ideia boa, então a ideia era: comprar os pães do Jailton e elas revendiam, colocava um pouquinho ali a mais, montava ali um kitzinho e vendia. E começou a dar mais certo ainda, então era bolo de pote e ali o pãozinho do Jailton. E aí como o Jailton fazia os pães com o amigo dele, tipo, eles improvisaram um lugar pra fazer os pães, eles alugaram, então era ele mais um outro amigo padeiro, só que cada um fazia os seus pães, cada um tinha um horário lá, eles não eram sócios de nada, eles só alugaram o lugar e aí o cara fazia os pães e vendia onde queria, e ele fazia os pães dele com o material dele e vendia onde queria.
E a coisa caminhando, caminhando, ele ia todo dia lá de manhã bem cedinho entregar os pães fresquinhos, na casa das meninas, né? E assim, ele não levava pão francês, porque pão francês ele vendia pra outro lugar, ele só levava pão doce e uma quantidade lá que elas pediam diariamente, ele levava vários tipos de pão doce. — Ai, que delícia… — E a coisa foi indo… E quem recebia esses pães — Ali de máscara, tudo certinho — era a Meire, a Meire que recebia esses pães do Jailton, e isso começou lá em abril e veio vindo, veio vindo ela recebendo pães, recebendo pães, de repente, gente, pintou aí uma paixão [riso] entre Meire e Jailton. E aí a Meire, assim, ela que fazia as compras, né? Que saía pra comprar as coisas no mercado… — E assim, agora é tudo uma especulação porque ela não conta como foi que ela se encontrou e começou a namorar com o Jailton, ele furou quarentena e começou aí a namorar o Jailton. —
Até aí já furou quarentena, não vou nem falar nada mais, né? Isso aí a gente vai deixar pra lá, mas ela começou a ficar estranha com as outras duas irmãs, isso ali pelo final de julho, assim agora, um mês e pouco. Ela começou a ficar estranha e ela já com o Jailton, as meninas deduzem que desde ali do começo, porque ela ficou uma época muito felizinha, né? — Então, com certeza já estava apaixonada. — E aí, de repente um dia Meire sumiu… — Meire sumiu, gente, sumiu a Meire. — E não sumiu só a Meire, sumiu a Meire e a batedeira profissional. [risos] Gente, a Meire deu um golpe nas irmãs, ela pegou o dinheiro do mercado, que elas faziam uma boa compra pra comprar as coisas para o bolo de pote da semana toda, ela pegou esse dinheiro, pegou a batedeira e sumiu, aí mandou uma mensagem pra mãe dela dizendo que explicava depois, e o quê que Meire fez, gente? Meire foi morar com o Jailton.
E o Jailton e ela montaram um negócio de bolo de pote e pãozinho doce, ela deu uma rasteira nas irmãs, e não foi só isso, ela pegou toda aquela lista de clientes e começou a vender bolo de pote e pãozinho pra galera que era das três… — Gente, como Meire foi capaz? — Aí a batedeira, porque assim, elas precisavam da batedeira profissional de qualquer jeito, né? E era das três e quem tinha tirado a batedeira no crediário foi o irmão delas. E, assim, um cara muito pacato, muito correto que não se metia nas brigas das irmãs, mas nessa briga ele mandou um recado pra Meire, ele falou: “Olha, a batedeira eu tirei no meu nome, a nota tá no meu nome, se essa batedeira não aparecer aqui em casa hoje eu vou lá delegacia dar queixa do Jailton que ele furtou a minha batedeira”, e como a Meire conhecia o irmão que tinha… — “Tic, tic, tic”, pegou a batedeira e voltou pra casa e pôs a batedeira lá. —
Só que assim, né? A hora que ela entrou em casa e deixou a batedeira em segurança, [riso] a Fátima e a Clarice foram pra cima dela, gente, brigaram de soco, as três. Aquela brigaiada, brigaiada, a mãe “Ah, tô passando mal” — Já sabe, né? — E aí a Meire foi embora de novo, e até então a Meire estava vendendo, né? E elas estavam paradas porque elas não tinham o dinheiro, e aí o irmão mais uma vez socorreu, foi lá, fez um pequeno empréstimo que elas não precisavam de tanto, mas elas não tinham nada, tinham reinvestido e a Meire tinha levado tudo. E aí elas começaram a fazer de novo o bolo de pote, só que as pessoas que elas vendiam antes não queriam mais o bolo de pote delas, elas não sabiam porque, até que uma das pessoas pegou e falou pra ela, falou: “Olha, a gente já tá sabendo que a sua irmã agora separou de vocês e tá fazendo bolo de pote delas porque ela disse que vocês não tem higiene nenhuma, que vocês, inclusive, estão com Covid”, [risos] “Que o lugar que vocês fazem o bolo tem rato, tem barata e que ela não aguentou e aí ela foi fazer em outro lugar os bolos, e aí ela se separou de vocês”. — Gente, olha a história, além de dar o golpe, Meire ainda mentiu. —
E aí nossa, aquela brigaiada, aí foram lá na porta da casa do Jailton xingar a Meire. — Aquela coisa, né? — E agora elas estão começando a reverter de novo, foi um mês todo assim meio conturbado, mas no final deu tudo certo, elas voltaram a vender, pegaram outras áreas. Eis que, adivinha? Deu certo Meire e Jailton? — Óbvio que não deu, né? — Meire aguentou um mês, aí descobriu quando estava lá que Jailton gostava de uma cachaça, então acabou bebendo todo o dinheiro do pãozinho e um pouco do dinheiro do bolo em cachaça e ela voltou pra casa. — Óbvio que a mãe dela ia aceitar, porque ela é filha também. — Só que agora ela quer voltar para o negócio, e a Fátima e a Clarice se negam, elas não querem a Meire mais no negócio de bolo de pote, Meire que vá fazer outra coisa. Inclusive a Clarice falou pra ela: “Você não ficou um mês lá vendo o seu macho fazer pão? Faz pão. Você não aprendeu a fazer pão doce? Vai vender pão doce sozinha”, porque elas não estão vendendo mais pão doce, né? Voltaram só com o bolo.
Aí só que a mãe chora, a mãe pede pra incluir, perdoar a Meire, e incluir a Meire no negócio de novo. E aí elas estão nessa dúvida, Clarice está irredutível, não quer, o irmão não se mete, a mãe chora que quer e a Fátima que me escreveu tá na dúvida, se deve dar essa chance aí, porque se ela falar que dá, a Clarice mesmo emburrada vai acabar aceitando a Meire de volta na sociedade. Mas, ai, gente, sinceramente? Além de tudo mentiu, levou embora a batedeira, a Meire não tem consideração pela família. Virou a cabeça por causa de Jailton, aí ela falou que foi o Jailton que mandou ela fazer as coisas, falar as coisas, mas, ah, Meire é adulta, né? Então não sei, gente, eu que sou uma pessoa mais rancorosa assim, pra perdoar Meire, posso até falar pra ela: “Olha, tá perdoada, mas fazer bolinho de pote junto não vamos, você faz suas coisinhas, a gente faz as nossas coisinhas”.
E aí a Meire tá um doce de pessoa, né? Falou que mesmo sem tá na sociedade mais, porque era uma sociedade de boca, né? Não tem nada formalizado, falou que ela ajuda a limpar, sabe? Tá toda solicita. Inclusive Meire foi nos lugares que ela mentiu falar que tinha sido o cara que ela estava morando que fez a cabeça dela, papelão, né, Meire? Papelão. E aí a Fátima quer saber de vocês se ela deve dar uma chance pra Meire e colocar de novo a Meire no negócio de bolo de pote, que é um sucesso e que a Meire quase destruiu tudo, né? Por causa lá da bisnaguinha do Jailton. — [risos] Ai, meu Deus, eu precisava fazer essa piada da bisnaguinha —
Então, gente, o que vocês acham? A Meire deve voltar aí a fazer bolo de pote com as meninas? A Fátima e a Clarice elas devem aceitar a Meire de volta ou não? Eu hoje, é não, né? Dependendo de quantos bolos de pote a Meire me desse, talvez sim, [risos] mas não… Não, gente, não conseguiria, porque ela foi muito sacana, né? Se o irmão não tivesse ameaçado, e detalhe, hein? Se o irmão não tivesse ameaçado capaz de Jailton ter bebido todinha a batedeira profissional em corote, já pensou? Tem isso, o irmão salvou a batedeira porque elas podiam estar agora com Meire de volta sem a batedeira, tem isso. Então, gente, deixem seus recados lá pra Fátima e pra Clarice no nosso grupo do Telegram que é “Não Inviabilize”, e um beijo, eu volto daqui a pouco.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Mico Meu é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]