título: bolsa de valores
data de publicação: 21/12/2020
quadro: picolé de limão com passas – especial de natal 2020
hashtag: #bolsa
personagens: carlos e primo joão
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais uma história do nosso especial de Natal: Picolé de Limão com Passas… E, olha, [risos] essa história, eu já vou começar perguntando pra vocês, se vocês tem um primo assim, porque eu acho que todo mundo tem um primo assim meio enrolado, meio trambiqueiro. E a história que eu vou contar pra vocês hoje é a história do Carlos, ele me escreveu pra contar uma treta enorme que teve na família dele com o primo João. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]O Carlos, ele trabalha num supermercado, então assim, ele não ganha bem, ganha pra viver, então ele não era uma das pessoas da família que era foco do primo João. Porque segundo o Carlos, primo João, era o bem-sucedido da família, o cara que trabalhava na bolsa, o cara que comprava e vendia ações, e todo mundo via ali o primo João como o primo rico, e o Carlos ali como primo classe C. — Mais parecido com a gente — E aí, não sabe-se lá porque cargas d’água um dia, o João reuniu a família pra dizer que ele tinha um negócio espetacular, que antes de entrar no mercado ele estava oferecendo pra família porque sabia que a família poderia ter lucro. Então era tipo, eu não sei explicar, mas tipo alguma coisa lá da bolsa que se todo mundo ganha três por cento, ele ia conseguir ganhar quinze. — Já adianto pra vocês que isso não existe, se todas as pessoas num negócio ganham três, que o mercado paga três por cento, pra você ganhar quinze, ou você vai ser enganado ou você vai cometer algo ilegal, não tem uma terceira possibilidade, entendeu? Não é só você, o alecrim dourado da sorte do mercado financeiro, entendeu? Então… [risos] O que acontece com pessoas comuns é isso: Ou você é enganado, ou você tá participando de um esquema fraudulento ou criminoso, não tem pra onde correr. — Mas como todo mundo confiava no primo rico João, as pessoas ali da família, um deu cinco mil, o outro mais ganancioso deu dez mil, querendo já, né? Viver aí desse dinheiro.
E isso aconteceu ali por setembro, o João falou: “Olha, vocês vão investir comigo e no Natal eu vou ter uma boa notícia pra vocês, eu vou chegar no Natal com os envelopinhos já do lucro de vocês”, e todo mundo feliz, né? O tempo passou, João ia dando ali os boletins do dinheiro crescendo, todo mundo feliz, todo mundo esperando o envelopinho, menos Carlos, porque Carlos não tinha dinheiro pra investir. [risos] Chegou véspera de Natal, ceia, todo mundo ia se reunir ali, e todo mundo esperando o João chegar com os envelopes, João disse até que ia vestido de Papai Noel, ia fazer uma grande entrada, né? — Riquíssimo, poderosíssimo… — E todo mundo ali aguardando. O Carlos foi comendo os negocinhos dele porque ele não tinha o que aguardar, não tinha investido nada, não ia ganhar nada, estava no zero a zero ali comendo uma coisinha, um bilisquetizinho, tomando uma cervejinha… Dá dez horas, dá dez e meia, dá onze horas, dá onze e meia, e nada de primo João.
Primo João não chega, primo João não chega, perguntam para a mãe de primo João, que ali é a tia, a tia também não sabia porque o primo João não morava com ela, riquíssimo, bem sucedido, já morava sozinho, já tinha o apartamento dele segundo dizia João… Pois, gente, esse João, não apareceu no Natal, e não respondia mensagem, a mãe de João começou a ficar preocupada. Quando foi na manhã de Natal, — Porque assim, é aquelas festas que todo mundo acaba dormindo ali na casa que tá sendo a festa pra já ter o almoço de Natal e fica todo mundo por ali — o pessoal falou: “Ele vai vir de manhã, deve ter, né? Pessoa rica, deve ter ido numa festa de rico à noite e agora vai vir almoçar com a gente”. João mandou uma mensagem… — Sabe onde estava João, gente? — João estava em Aruba. — Sim, João estava em Aruba. — E de Aruba ele teve coragem de falar para os familiares “Ah, essa coisa da bolsa é assim mesmo, ganha ou perde”, que ele tinha perdido tudo.
Só que assim, gente, essas coisas de… — Eu não vou saber explicar, mas tipo, parece que tem registro, né? Quando você aplica um dinheiro, mesmo que você perca — isso fica registrado em algum lugar. E aí um dos tios lá depois que passou o choque de todo mundo, não sei como, o Carlos também não sabe como, porque o Carlos ficou rindo… — Sozinho, escondido — E não se sabe como o tio foi verificar e o João, ele não tinha nem aplicado o dinheiro em nada, o João estava ficando com o dinheiro pra ele, e o João foi pra Aruba provavelmente com o dinheiro da família, né? E aí foi aquele brigueiro, um acusando o outro, a tia mãe do João passando mal, chama SAMU… — Aquela coisa, né? Natal típico [riso] da família brasileira. — E aí o João não voltou até o Ano Novo, o João foi aparecer tipo fevereiro e até hoje ele mantém esse discurso que ele investiu sim, sendo que a família tem provas que ele não investiu, e que ele perdeu e que acontece, “Ah, coisa que acontece”.
E agora pelo menos nas festas de família o João não é mais convidado, e depois descobriram também que ele não tinha comprado apartamento nenhum, que ele morava de aluguel. — Enfim, aquele primo mentiroso, trambiqueiro? — E ele acabou gastando aí o dinheiro de alguns membros ali daquela família e não devolveu, mantém a história até o final e não se acha culpado de nada, isso que é pior, não teve nem o arrependimento ali o primo João. E essa é a história de Natal [risos] do Carlos. Um beijo e eu volto daqui a pouco.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]