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título: cafeteira
data de publicação: 31/10/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #cafeteira
personagens: jussara e noberto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo pela última vez — mas eu espero que volte mais vezes — é o podcast de Dá um Reload. Dá um Reload é um podcast Amazon Original, feito pela equipe do canal Reload. O canal Reload é um canal de jornalismo para jovens, feito com base nas notícias de várias organizações de jornalismo independentes e premiadas. — Opa, eu vou ler a lista… — Agência Pública, Amazônia Real, É Nois, Marco Zero Conteúdo, O Eco, Ponte Jornalismo, Projeto Colabora e Repórter Brasil. — Gente, eu amo que existe um canal de notícias sério para jovens que fala a linguagem dos jovens, isso é muito importante. — Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio.

E hoje: história de firma. — Eu amo história de firma. — Eu vou contar pra vocês a história da Jussara. — E eu amo botar o nome Jussara em histórias de firma. [risos] Amo. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Jussara começou a trabalhar num escritório, num escritório super moderninho, todo aberto, estilo loft. — Esse ano agora, em janeiro. — E ela gosta muito do ambiente, gosta muito das pessoas… O salário tá mais ou menos, mas tá ok aí para o mercado agora. E lá ela trabalha numa mesa que é perto da cafeteira e, entre as pessoas que estão ali todo dia tomando café, tem um senhor que é mais ou menos ali do mesmo cargo que ela, sabe assim? — Galera mais a peãozada. E o nome desse senhor é Norberto. — E o senhor Norberto ele é toma café ali, ele é um senhor de mais idade, ele meio que destoa da galera que trabalha lá, que é meio jovem e nã nã nã e ele fica mais na dele… A Jussara já conversou com ele algumas vezes e tal e, um dia, ela estava observando ele na cafeteira… — Ela sempre observa as pessoas que vão na cafeteira ali… — E ela percebeu que ele puxou um botão da cafeteira e quebrou.

E não foi uma coisa, assim… — Como é que eu vou dizer? — Não foi sem querer. De onde Jussara tava, ela viu que ele olhou para os lados e ele quebrou a cafeteira de propósito. Por quê? Não se sabe. Ninguém sabe. — Não tem como ela perguntar pra ele ou falar que ela viu que ele quebrou a cafeteira de propósito. — Acontece que depois que ele saiu da cafeteira e quebrou, ela não tava mais funcionando, né? Então, a próxima pessoa que foi lá tomar café, reclamou e nã nã nã, chegaram lá nos chefes que alguém quebrou a cafeteira. E aí o dono do escritório ali se fez de sonso e, tipo, deixou pra eles resolverem. Então, alguém ali se mobilizou, mobilizou uma outra galera pra fazer uma vaquinha pra comprar uma nova cafeteira. E a Jussara sabendo que foi esse Norberto que quebrou de propósito… — Mas, assim, gente, por que eu dei o nome pra ele? Porque primeiro a gente não tem certeza se foi de propósito, né? A Jussara acha que foi de propósito. A gente não tem essa certeza. Então, pode ser que ele tenha quebrado, sei lá, puxou de mau jeito, sei lá. Pata de urso, enfim. — 

E aí todo mundo entrou na vaquinha, inclusive o Norberto e a Jussara começou a achar que essa vaquinha não é justa. Não é justa porque ela sabe quem quebrou e ela acha que quem quebrou devia ser o responsável em consertar essa cafeteira, porque é uma cafeteira chique. E, no meio ali de “ah, vamo fazer”, “não vamo fazer”, perceberam que pra comprar uma nova seria muito cara, porque são poucas pessoas no escritório, mas dava para fazer uma vaquinha pra consertar aquela, que sairia mais em conta, né? Então, a Jussara tá achando que não é certo e ela está querendo contar pras pessoas que ela viu que foi Norberto que quebrou a cafeteira. — E aí, assim, gente… — Não concordo. Primeiro que ela tá lá há seis meses, né? Acho pouco tempo. O Norberto já está lá há anos… Segundo, ela viu de longe ele quebrando, mas não dá pra saber se ele fez de propósito, se não fez… Então, vai criar uma situação que pode prejudicar mais a Jussara do que ele, vai expor o cara e, sei lá, gente… Dá lá 10 reais na vaquinha…  Que é isso a vaquinha é entre 10 e 30 reais, enfim… — O correto seria o chefe consertar essa cafeteira, independente de quem quebrou, né? Mas o cara também se está fazendo sonso. —

E aí a questão agora é que, assim, a Jussara contou pra uma pessoa, uma moça que é amiga dela lá do trabalho… Contou que foi o Norberto. E ela não tem certeza se essa moça espalhou ou não o boato. Acontece que suspenderam a vaquinha. Ninguém falou mais disso, a cafeteira tá lá… A Jussara ouve um zunzum aqui e ali e ela tá achando que essa moça contou pra todo mundo que foi o Norberto… — Vindo da boca dela, entendeu? — Agora, eu sou a pessoa que, por mais que a gente está olhando uma coisa de longe, pode ser outra coisa, gente. E se o botão já estava solto e ele puxou pra tentar encaixar e… Sabe? Agora já foi… Jussara já espalhou, já mandou para frente aí uma coisa que ela acha que ela tem certeza, mas eu não sei, gente… Porque o olho da gente às vezes engana. Ainda bem que ela não contou para os chefes, né? — Que poderia gerar uma situação… — Mas ela contou para uma moça fofoqueira que, provavelmente, já espalhou o negócio… Pelo o que ela entendeu, a moça não guardou o segredo.


Ela ainda pediu pra moça: [efeito de voz fina] “Ó, não comenta com ninguém, mas eu acho que foi o Norberto, eu vi ele puxando o botão e nã nã nã”. Então, assim, acho complicado… Acho que Jussara não devia nem ter falado, devia ter já mandado e-mail pra gente, pra gente debater isso aqui. — Sem contar para ninguém. — Agora já contou e é esperar… O cara que começou a vaquinha suspendeu, vamos ver por que que ele suspendeu. E por enquanto é isso, assim… E aí eu fico pensando que, poxa, o cara tá lá e, de repente, ele nem sabe disso aí que tá rolando, né? Que estão falando dele, que ele puxou o botão e, como eu disse, podia ter encaixado, sei lá, desencaixado já. Acho que agora, Jussara, ficara na sua e espera… Se alguém vier te perguntar ou se o Norberto vier te confrontar, aí depois você vê o que você faz…


Porque, assim, agora você realmente já falou dele, né? Ele tem o direito de vir perguntar pra você porque você falou que ele quebrou a cafeteira. Então, vamos esperar. Jussara está preocupada aí que ele possa vir perguntar alguma coisa, mas se ele vier, ele tem esse direito. Eu acho, pelo menos… Se alguém falar que eu quebrei um negócio e isso chegar no meu ouvido, eu vou querer saber quem foi que falou e vou querer tirar satisfação com a pessoa. — Pra saber de onde ela tirou isso aí, ainda mais se eu não quebrei, entendeu? — Então, Jussara, eu acho que é isso, assim… Esperar. 


[trilha]


Assinante 1: Oi, eu sou a Raquel do Rio Grande do Sul. E, Jussara, sinceramente, né? A gente sabe que o combustível do funcionário da empresa é odiar o patrão e tomar muito café, né? Ninguém vai se sabotar a ponto de quebrar a cafeteira. Mas eu acho que, sinceramente, a cafeteira pode ter quebrado na mão do Norberto, mas não necessariamente que ele quebrou por livre e espontânea vontade. Eu acho que seria mais interessante se tu chegasse nele e conversasse, falasse a real, né? Se a situação ficasse inviável… E façam a vaquinha, sim, gente… Não é assim que as coisas funcionam, sabe? Tipo “ai, não acho justo”, tem muita coisa que a gente não acha justo, mas aí eu vou ficar eu trabalhando sem café por causa de uma coisa que eu nem sei se é verdade ou não? Então… Pensa nisso. Resolve essa situação contigo mesmo, que eu ache que é mais fácil do que resolver com o Norberto. Porque está nesse impasse aí e para todo mundo tá super joia. Quando vê o coitado do Norberto tá lá também louco pela cafeteira. Um beijo.

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Jeane de Brasília. Eu, no lugar da Jussara, não teria comentado com ninguém sobre o que eu vi e também agiria como a Déia falou, né? Eu acredito que às vezes a gente pode ver uma coisa, achar que viu uma coisa e não ser aquilo. A gente não sabe exatamente o que aconteceu. Ele pode ter chegado lá e o botão já estar quebrado… É claro que ele poderia ter se manifestado e falado o que aconteceu pra alguém, mas ele não falou, né? Parece que ele é uma pessoa muito quieta… Então é complicado, né? Eu não falaria também, deixaria o benefício da dúvida.

[trilha]

Déia Freitas: O canal Reload descomplica a notícia. É um canal feito de jovens para jovens, é informação de qualidade na sua timeline, sem enrolação. Acesse gratuitamente o podcast Dá um Reload na Amazon Music. Toda quarta-feira bem cedinho tem aí um episódio novo. Amei a parceria, voltem sempre aí, Canal Reload. Eu vou deixar os links aqui na descrição do episódio. Um beijo e eu volto em breve. 


[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.