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título: caixão
data de publicação: 11/07/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #caixao
personagens: magda e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Magda. — Ê, Magda… — Não é uma história pra criança, então ouçam de fones ou sem criancinhas na sala. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Magda conheceu um cara muito, muito, muito, muito, muito bacana, muito legal mesmo, e começou a ficar com esse cara. E o relacionamento estava indo muito bem, nas primeiras semanas, assim, ele comentou com ela que ele trabalhava com atendimento ao público. — Muito genérico, assim, né? — E aí, quando deu ali a terceira semana que eles estavam juntos, já saiu, tipo, duas, três vezes, ele resolveu contar pra Magda o que ele fazia. — E o que ele fazia? Ele realmente trabalhava com atendimento ao público, mas era um público diferenciado. — Ele trabalhava com um público morto. [risos] [trilha de suspense] O rapaz trabalhava na funerária. — Numa funerária aí X, vamos chamar ela de Pônei com Deus. —

Então, ele trabalhava ali na Pônei com Deus e tudo bem, né? Ele tinha lá o emprego dele na funerária, a Magda, no começo ficou meio cabreira, mas enfim… — É um trampo, né, gente? Trampo é trampo. Alguém tem que cuidar ali das pessoas mortas. E essa pessoa era esse cara. — E aí o relacionamento indo muito bem, tudo perfeito e tal… Muito quente as coisas, tudo muito perfeito, a Magda estava feliz, o cara tava feliz trabalhando na Pônei com Deus. Até que um dia… Eles estavam ali completando uns quatro meses de namoro, esse cara falou: “Olha, eu queria uma coisa diferente”, e aí a Magda falou: “Opa, né? O que será, né? Uma roupinha, uma coisinha… O que será diferente, né? De diferente aí que vamos ter”. — Olha a proposta que o cara fez pra ela. — O cara queria transar com Magda dentro de um caixão da funerária. [risos] [trilha de suspense] — É meio complicado, né? Mas, assim, não era um caixão com uma pessoa, nada, um caixão novo, sem uso. [risos] Quem ia pegar o caixão usado aí seria depois a pessoa que morreu, mas aí também, né? Ela não tem como reclamar mais. A não ser no nosso quadro Luz Acesa. —

E aí ele falou isso, que ele queria transar dentro do caixão. A Magda de cara falou que não, [efeito de voz fina] “Meu Deus, não, imagina”. Mas aí ela pensou: “Gente, o caixão tá lá… É só, sei lá, uma canoa de madeira”. [risos] — A comparação da Magda é ótima, né? — [efeito de voz fina] “É praticamente uma canoa de madeira, né? É como transar numa canoa”. [risos] Ai meu Deus… E aí ela “sim”… Ela falou: [efeito de voz fina] “Sim, vamo transar aí nesse caixão”. Só que para isso acontecer, envolvia uma logística… Tinha um dia na semana que ele fazia plantão sozinho e, na funerária, tem câmeras… Então envolvia eles conseguirem aí transar num caixão, numa área que não tinha câmeras, que era onde? Onde ficava ali, tipo, o estoque de caixão. [risos] — Eu não sei como chama a sala que tá cheia de caixão, eles ficam na parede, assim, né? — Só que aí, pra tirar da parede e colocar em cima de onde ele queria, porque ele não queria o caixão no chão, ele queria o caixão… Não em pedestal, porque senão ia cair, mas tinha uma mesa de cimento lá e ele queria botar o caixão em cima da mesa.


Então, além de transar no caixão, a Magda tinha que ajudar o cara a pegar esse caixão e botar em cima dessa mesa, que era o único lugar ali que não tinha câmera. — Porque enfim, você faz a preparação do corpo ali, enfim, pra não vazar esse tipo de imagem ali era um lugar que não tinha câmera. — Ela teria que ajudar ele com o caixão, se alguém visse nas câmeras, ele inventava uma desculpa que estava ali fazendo o inventário e tal e ela chegou pra trazer um lanche pra ele e ele pediu ajuda, enfim… Tinha como — se alguém pegasse nas câmeras — inventar uma desculpa, né? — E assim, gente, eu acho complicado isso de você ir na empresa da pessoa ali transar na empresa, né? Porque acho que dá justa causa, né? Se pegar… Não sei, aí o pessoal que manja aí das leis trabalhistas… Acredito que possa dar, não sei se tô falando besteira, mas acredito que possa dar uma justa causa aí, né? —

E aí ficou combinado isso, que a Magda passaria aí numa lanchonete, pegaria ali um sanduíche e um refrigerante pra levar para ele, que seria um motivo para ela ir na funerária no plantão dele, levar comida. [risos] — Em todos os sentidos, né, Magda? Levar uma comida. — E aí ela chegou lá, toda arrumada, empolgada… Ela era uma coisa que ela queria. Mesmo, né? — E, gente, eu já falei várias vezes no Twitter o quanto um caixão é caro, não é uma coisa barata. A não ser que você pegue aquele enterro pela prefeitura, que o caixão é bem fininho, roxinho, parece um caixote de fruta, aquela madeira fininha… Não sendo isso aí, caixão é um negócio caro, né? Então, além de tudo, eles estariam ali transando numa canoa caríssima. — E ele escolheu um caixão que era bonito, mas não era tão pesado. — Porque eles precisavam botar dois ali, né? — Então era um caixão leve, um caixão mais compacto, mas nem tão compacto. — Um modelo esportivo de caixão, eu diria, um modelo mais esportivo. —

E aí a Magda ajudou esse cara a botar o caixão em cima da mesa lá de cimento que ele queria botar, ficou firme — porque a mesa era de cimento, então não tinha como cair…  Eles só não podiam fazer com que aquele caixão escorregasse, né? Tombasse ali, enfim, numa mesa. — Só que aí ele queria que ela tirasse a roupa e entrasse no caixão, que ficasse no caixão. Ela falou: “Não, isso eu não vou fazer, eu não vou deitar esse caixão. Se você quer transar comigo no caixão, vai ser assim. Você entra no caixão… Eu já vim de saia e eu sento em você”. [risos] — Ô, meu Deus… [risos] — Então ficou combinado isso, o que ele queria ele não conseguiu, que seria ela nua dentro do caixão. — Ela falou: “Isso eu não vou fazer, né? Eu não vou deitar nesse caixão. Agora, eu posso muito bem sentar em você nesse caixão”.

Então, ele ficou nu, ela estava de saia e ela apenas levantou a saia e foi ali pra cima dele. Só que tem uma questão que agora a gente vai ter que falar da… — Aerodinâmica seria? Não sei a palavra certa, mas tipo… — Como que funcionaria isso dentro do caixão? Ele deitou, sobrou um pequeno espaço onde caberiam ali as pernas de Magda nas laterais internas, do lado dele ali no caixão. Então sentou nele e ficou com as pernas, assim… — Como que eu vou explicar? — Ela não ficou agachada, ela ficou com os joelhos dentro do caixão, encostada rente no corpo dele, e começou ali a cavalgar, né? E a coisa indo, indo, indo… E ela olhava aquele caixão, era muito estranho… — Porque ele tirou a roupa, então assim… — O peito dele nu no caixão começou a dar uma impressão — pra Magda — que ela estava transando com um cadáver, com um defunto. E aí meio que ela começou a passar mal, dar meio que, assim, uma tontura nela, mas ao mesmo tempo ela não queria parar. Estava num ritmo ali bom. 

Só que… — Gente… O caixão ele é feito, por mais que ele seja caro, pra um corpo imóvel, inerte, a pessoa morta, né? Ele não está preparado pra você cavalgar nele, não é ali um carrossel, um aparelho de ginástica, não é nada disso, é um caixão. — E eles, na empolgação, não perceberam que esse caixão estava começando a abrir. Então pensa, ó: Nas esquinas do caixão… — As esquinas do caixão é ótimo… [risos] As quinas do caixão… [risos] — As quinas começaram a ceder… Só que esse caixão ele não tá preso somente ali naquelas quininhas, ele tá preso ao longo das laterais. — Porque, assim, tem as alças e as pessoas têm que segurar e aquilo não pode cair o fundo, enfim… — Então não é só as quinas. E, conforme eles faziam essa pressão, esse caixão, no momento que ele fez um movimento pra cima, esse caixão meio que rachou no meio. [efeito sonoro de madeira rachando] — Pensa assim: Então na altura ali da bunda do cara a parte de baixo do caixão quebrou e, conforme ela quebrou. —

Ele deu aquela dobradinha pra cima e umas lascas de caixão [risos] fincaram na pele do cara ali. — Região, tipo, nádegas e parte de baixo assim da coxa. Aquela voltinha que tem ali embaixo da bunda, não sei o nome daquilo. — Quando quebrou ali, naquela parte, no meio… Então, o caixão ele não quebrou no meio, na vertical, ele quebrou na horizontal, no meio mesmo… Conforme ele quebrou ali, ele foi quebrando até a ponta e também a lateral quebrou e umas lascas entraram nas pernas de Magda. — Então, gente, foi um caos, porque o cara começou a sangrar… — Ela não tinha mais estabilidade pra levantar, então ela meio que jogou o corpo para o lado e caiu. Conforme ela caiu, parte do caixão foi com ela e a parte de baixo do caixão, que estava embaixo das costas dele ali, onde já estava machucado, machucou ele mais ainda. — Enfim, um caos. — 

Ela não tava machucada a ponto de precisar de ir no PS e tal, mas ele estava. Ele tinha umas lascas, assim, que… — Pô… Lasca quando entra, dependendo de como entrou, pra tirar é foda, né? — Então ele estava machucado nesse nível. Ele ficou muito assustado porque, enfim, era um caixão que não era barato e ele teria que explicar… — Como que ele ia explicar tudo aquilo? — E aí, por que esse cara não tem nome? — Porque daí pra frente ele começou a xingar a Magda, falando que era culpa dela, que se ela tivesse deitado no caixão, ele tinha a manha… — E aí quando ele fala isso, que ele tinha a manha, a gente pensa: “ele deve ter transado antes já no caixão, né?”. — Ele teria a manha de transar sem quebrar o caixão e, como ela ficou por cima, ele alegou que foi ela que quebrou o caixão, porque ela ficou ali se movimentando de qualquer jeito e acabou aí danificando o caixão.

Então ele botou a culpa nela real, assim, começou a brigar com ela e aí ele estava sangrando… — E aí a Magda fez uma coisa que eu acho que foi a melhor coisa que ela fez… [risos] — Ela falou: [efeito de voz fina] “Então é assim? A culpa é minha? Você tá aí me xingando de tudo quanto é nome? Beleza, tchau, se vira aí”. E aí Magda pegou a bolsinha dela, pegou o lanche e o refrigerante… — [risos] Amo… — E foi embora. Foi embora. Esse cara atormentou ela ainda mais um tempo depois. Não sabe como ele explicou ou se ele foi socorrido, se ele foi pro PS, se algum amigo foi buscar… Porque de moto ela falou que não tinha como ele ir. Ele continuou trabalhando na funerária, então ela não sabe o que ele inventou, mas seja lá o que ele tenha inventado, deu certo… Porque até onde ela ficou lá nessa cidade, ele trabalhava na funerária ainda. Depois ela mudou e tal, casou, enfim… — Mas ele só não ganhou nome por isso, porque ele ficou muito agressivo e começou a xingar Magda, dizendo que era culpa dela, [risos] que quebrou o caixão. Mas eu achei que a Magda foi perfeita, tipo: “Ah, então é isso? Um beijo, filho, se fode aí, [risos] se vira e resolve”. — 

E essa é a história da Magda, do dia que ela transou num caixão e que [risos] não deu muito certo. Mas ela falou que não faria de novo, porque ela teve uma impressão, quando ela olhava pra ele e ele estava ali delirando, de olho fechado, — mas ele assim, nu, com o peito nu — que ela estava transando com cadáver e que foi horrível a sensação, assim… Uns flashes, sabe? Mas que ela curtiu, enfim, né? Até a hora que o caixão se espatifou a coisa foi boa.

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, tudo bem com vocês? Meu nome é Bárbara, e eu sou de Uberlândia. E eu inventei esse nome e essa cidade, na verdade, porque eu também trabalho numa funerária, então vai saber se existe funcionário aí que tá me escutando, né? [risos] Mas a Magda foi digníssima, ela tá certíssima, ela tinha se colocado numa situação aí pra agradar o cara e tal e ele ainda consegue ser um canalha desse só porque no final não deu certo? Sim, já tinha começado o negócio errado, né? Pra dar certo no final, tinha que ser sorte mesmo, cara tinha que ter levado aí na esportiva mesmo com machucado, ela ia ajudar ele. Ele foi escroto, teve o que mereceu. E, assim, eu trabalho numa funerária e existem muitas histórias parecidas, sabe? Eu já ouvi falar de muita coisa, de gente que já fez, inclusive, até no carro, onde leva os caixões. Muito bizarro, né? Mas acontece mesmo. Beijo, gente.  

Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Raissa de Recife. Eu ouvi agora e, assim, eu fiquei com um pouco de medo e também meio horrorizada porque eu pensei em muitas possibilidades aqui, tá certo? A primeira que eu pensei foi que: E se o cara fosse, sei lá, um psicopata e ele fosse te colocar num caixão e fechar o caixão? [risos] Eu pensei isso porque é um dos meus maiores medos desde que eu vi Kil Bil, era de isso acontecer comigo. Mas a segunda parte infelizmente é um pouco mais realista que foi, assim, de onde surgiu esse fetiche de ele transar em caixão, sabe? Por que ele já tinha manha? Eu sei que a gente pode ter pensado no melhor, que é que ele já tenha transado com pessoas vivas e tal, mas eu fiquei um pouco com medo, sabe? De não ser uma pessoa viva… Então cuidado aí, gente. Um beijo.

[trilha]

Déia Freitas: Então essa é a história [risos] da nossa amiga Magda. — Ê, Magda… — Ainda bem que deu tudo certo, né? E ele também não se machucou gravemente, porque estava lá enchendo o saco dela depois e tudo certo… Estava andando de moto pra baixo e pra cima. Então ficou bem também, tirou aí as lascas do rabo. [risos] Comentem lá a história da Magda no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não tá no nosso grupo, é só jogar na busca do Telegrama “Não Inviabilize” que o nosso grupo aparece. Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.