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título: canavial
data de publicação: 11/02/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #canavial
personagens: pâmela, tio hélio e tia nair

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história do tio Hélio, quem me escreve é a Pâmela. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O tio Hélio sempre foi o queridão assim da família, todo mundo gostava muito dele a Pâmela também muito chegado ao tio Hélio. — Tio Hélio, inclusive, padrinho de Pâmela. — E a vida corria bem, todo mundo felizinho ali na família, até que um dia, tia Nair, — Esposa de tio Hélio. — chega pra família e anuncia aí uma coisa preocupante…. [música de tensão] Tia Nair tinha cansado de tio Hélio, [risos] ela queria a separação e estava comunicando a família. Ela era muito mais chegada à família do tio Hélio, né? — Onde está Pâmela. — E ela estava comunicando a família ali que ela queria paz, sossego… Que tio Hélio cobrava muito, que ela tinha que fazer tudo em casa e ela não queria mais essa vida. 

Tio Hélio tentou de tudo para convencer a tia a não separar, mas ela queria… E acabou se separando. Então ela ficou na casa onde eles moravam e, tio Hélio, foi morar na casa dos fundos da casa do pai da Pâmela. Então a Pâmela morava na frente com os irmãos, — E os pais. — e na casinha do fundo morava tio Hélio. E aí tio Hélio muito chateado, né? Porque estava separado, enfim… — Ficava tristonho lá na casinha… — Até que um dia ele foi fazer uns exames de rotina e tio Hélio voltou com uma bomba. [música triste] Tio Hélio estava com câncer… — E aí foi aquela choradeira na família, né? E todo mundo muito preocupado. — 

E tio Hélio estava tão abalado, que ele não queria contar para as pessoas onde era o câncer dele. Então todo mundo ficou aflito, né? E querendo ajudar… Mas ele falou que ele ia tratar e que ele, como a tia Nair tinha reclamado que ele não fazia nada sozinho, que agora ele ia fazer isso sozinho e nã nã nã e toda a família ali apoiando, né? Os dias que o tio Hélio ia para o tratamento ele voltava muito mal, e aí ficava lá o dia inteiro deitado. Aí começou a usar um chapeuzinho, porque o cabelo foi caindo… E aí ele teria que fazer uns tratamentos complementares e comprar uns remédios mais caros e aí a família se juntou… — Porque o tio Hélio tinha dado um valor, né? Que ele precisava ali pra pagar as coisinhas do tratamento dele, que eram 16 mil reais. — 

A família se juntou, cada um deu um pouco e conseguiram levantar esses 16 mil reais e deram ali para o tio Hélio e ele continuou o tratamento. Ele usava sempre um chapeuzinho agora, né? Porque o cabelo começou a cair. Tio hélio muito calvo… — Então ele só tinha cabelo nas laterais. — Aí ele resolveu raspar o cabelo… [efeito sonoro de máquina de cortar cabelo] — Pra não ficar caindo, né? Ficar uns pedaços sem cabelo e tal. — E aí ele ficou ali careca com aquele chapeuzinho, fazendo o tratamentinho dele. — Chapeuzinho era tipo chapeuzinho desses de pesca, sabe? De pano. — E aí mais um tempo se passou, tio Hélio começou a melhorar. — Ele ainda tinha um tempo de tratamento, todo mundo muito feliz que ele estava melhorando, né? — 

E em nenhum momento que ele estava se tratando, a tia Nair veio para ajudar em alguma coisa ou cuidar dele. — E, gente, eu acho que ela não tinha mesmo a obrigação, ela se separou dele, ele tinha família, estava brigado, não tinha porque também agora fazer a ex—mulher vir cuidar dele, né? — Isso era uma mágoa da família, né? Porque tia Nair, poxa, passou tantos e tantos anos com tio Hélio, podia pelo menos, sei lá, ter feito uma visita, né? Ter vindo… Então a galera ficou meio que na bronca com tia Nair. Aí um dia a mãe da Pâmela estava ali fazendo feira e elas faziam feira no mesmo lugar… — Mãe de Pâmela e tia Nair. — 

E aí mãe de Pâmela encontrou a tia Nair ali no meio da feira e virou a cara pra tia Nair. — Assim, de propósito mesmo, na frente da tia Nair, pra ela ver que, tipo, que ela estava aborrecida. — E foi embora… Tia Nair ficou cabreira com aquele tratamento, né? “Como assim virou a cara pra mim?” — Porque ela foi toda sorridente falar “oi”, sei lá, né? —. E ela ficou cabreira, falou: “Bom, na semana eu vou lá na casa de mãe de Pâmela”. — Que nós vamos chamar aí de Dona Maria. — “Então vou lá na Maria pra ver o que está acontecendo, né?” Aí ela lá, Tia Nair, foi falar com a Maria, mãe de Pâmela, para saber o que estava acontecendo. 

Aí mãe de Pâmela descascou, falou: “Olha, o Hélio passou por um tratamento muito grave aí pra um câncer, ele nem quis contar para a gente que câncer que era, ele sofreu muito… A gente estava aqui sempre dando suporte para ele, mas em nenhum momento você veio fazer visita. E você nunca mais viu o Hélio”. E tia Nair, assim, espantada, escutando em choque… E Maria pensando: “Poxa, será que ela não ficou sabendo do câncer? Ninguém falou para ela?”, porque ela, Maria, não tinha falado, mas pensou que alguém tivesse falado, né? E aí eis que tia Nair solta essa: “O Hélio com câncer? Desde quando?” [música de tensão] “Ué, ele passou por um tratamento longo, tá até careca agora… Só usa chapeuzinho”. 

Aí a tia Nair começou a ficar vermelha e falou: “Gente, não é possível… Eu vejo o Hélio quase toda semana que ele passa em casa para tomar café”. — Assim, eles separaram e começaram, assim, pelo menos a ter uma amizade, né? — E aí… — Gente, a bomba… — Tia Nair falou assim: “A única coisa que o Hélio fez esses tempos atrás e eu não sei onde ele conseguiu esse dinheiro, foi um implante de cabelo”. [risos] Tia Nair falou: “Inclusive, a cabeça dele, se você tira aquele chapeuzinho você vai ver que está parecendo um canavial”. [risos] “Tem vários caminhozinhos de cabelo que precisa esperar nascer, que isso, que aquilo”… 

“O Hélio nunca teve câncer, eu sempre vou com ele no médico, continuo fazendo as coisas com ele mesmo separado e ele nunca teve câncer, que câncer é esse?” E começou uma discussão ali de Maria falando que ele teve câncer sim e tia Nair falando que a única coisa que eu não tinha feito foi um implante. [risos] — De cabelo. Acho que o correto é transplante, né? De cabelo. Que tira de um lugar e bota em outro. — Enquanto isso, ele estava lá na casinha dele lá atrás… Tia Maria resolveu ir lá com tia Nair e as duas confrontaram o tio Hélio, e aí ele acabou confessando, gente, que ele nunca teve câncer e que ele pegou esse dinheiro para fazer um implante… Que agora que ele estava solteiro, ele achava que ele devia ter cabelo. [risos] — Que filha da puta. — 

E aí todo mundo ficou chocado, indignado, né? Porque, pensa, o cara fingindo que estava com câncer, que estava tratando, e aí a mãe da Pâmela, a Maria falou assim: “É por isso que você não falava que câncer que era”, ele falou: “Ah, eu não falei onde era porque eu fiquei com medo de dar azar”. [risos] — “E aí eu falo o que era em tal lugar e depois eu tenho câncer nesse lugar”. Além de tudo é supersticioso [risos] o tio Hélio. — E aí a família em choque, mas ao mesmo tempo aliviada que o golpista do tio Hélio não estava com câncer, né? E ele tinha inventado tudo, gente… Para botar implante. E tia Nair falava assim pra Maria: “Tira o chapeuzinho pra você ver o canavial, tá um canavial isso aí”. — [risos] Um canavial é todo separadinho assim. — 

E aí a Palmeira falou que essa história foi bem antes da pandemia e tal, né? E que agora tio Hélio tem cabelo, ficou bom o transplante capilar aí de tio Hélio. Não parece… Parece que realmente ele tem, já era, assim, o cabelo dele a vida toda. E tá ótimo, tio Hélio, saúde excelente, mentiu para a família toda, todo mundo ficou puto, mas pelo menos ele está saudável, né? Então, assim, se a família perdoou… — Segundo o que a Pâmela disse, até ela mesma e todo mundo perdoou, porque o tio Hélio sempre foi um cara muito legal. — Gente, como alguém consegue mentir que tem câncer? É dose, né? 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, oi, Não Inviabilizers, tudo bem? Eu sou João Pereira aqui do Rio de Janeiro, capital. E, olha… [risos] Ê, tio Hélio… Gente, mas peraí, ninguém também teve o trabalho de dar uma tiradinha no chapéu do tio Hélio no momento? De ver ele na privacidade? Olha, realmente… Mas concordo com a Déia, se a família perdoou, quem somos nós, né? Mas olha, ou tio Hélio é um ótimo ator ou a família da Pâmela, coitada… Estava tão atarefada que nem percebeu. Mas é isso, espero que agora tio Hélio possa aproveitar o cabelo, possa fazer cortes diferentes… E é isso, né? A vida está aí pra isso, vamo ser feliz. Beijo, galera. Beijo, todo mundo. 

Assinante 2: Oi, pessoal, aqui é a Helena, eu falo aqui de Quebec. Pâmela, sua família é muito evoluída, viu? Porque se fosse a minha mãe, tanto de pai quanto de mãe, tinha rolado umas tretas após essa revelação, né? Forçada pela ex mulher, porque isso que ele fez foi uma pilantragem. [risos] E tô rindo, mas é muito sério, entendeu? Câncer é uma coisa que não se brinca, não. Eu, se fizesse parte da família, ia obrigar ele a devolver uma parte desse dinheiro pelo menos, porque, tudo bem, é bom pra autoestima, mas foi conseguido num pretexto escuso, né? Que cara de pau enorme, para não dizer trambiqueiro, né? [risos] Mas pelo menos a vibe não tá pesada. Um beijo. 

Déia Freitas: Então é a essa história aí da família da Pâmela, do canavial na cabeça de tio Hélio. Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.