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título: cartola
data de publicação: 31/07/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #cartola
personagens: fabíola e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Agência Pública e uma história que precisa ser contada. Dezenas de meninas e mulheres afirmam que foram aliciadas e tiveram seus corpos explorados por um poderoso empresário brasileiro. De acordo com as denúncias, meninas menores de idade em situação de vulnerabilidade eram atraídas por promessas de dinheiro, eletrodomésticos e presentes. Presentes estes que elas receberiam caso se submetessem a uma rotina de exploração sexual por esse empresário. Ele teria mantido esse esquema, gente, por pelo menos 30 anos. — Sim, isso que você ouviu… 30 anos. — Sem ser incomodado pela polícia, pela justiça e nem pela imprensa. 

Esse homem é ninguém menos do que Samuel Klein, o fundador das Casas Bahia, que morreu em 2014. Por muito tempo, ele foi admirado no mundo dos negócios como um empresário que veio do nada e construiu um império, o que rendeu a ele o apelido de “Rei do Varejo”. Só que, enquanto Samuel Klein circulava nas mais altas esferas de poder e ganhava rios de dinheiro, ele teria cometido graves crimes sexuais contra meninas e mulheres. As denúncias indicam que tinha até um quartinho do lado do escritório dele, ali na sede da empresa, onde teriam acontecido os abusos. — Agora, se coloca no lugar dessas mulheres… — A quem você iria recorrer se estivesse numa situação como essa? — É uma história tenebrosa, né, gente? — A Agência Pública fez uma série de reportagens — e elas foram publicadas —, mesmo assim, muita gente ainda não conhece essa história e as jornalistas da Agência Pública sabem que ainda tem muita coisa pra ser investigada aí nesse caso. 

Por isso, a Agência Pública abriu um canal aí para arrecadação — de doações — por meio de pix para continuar, retomar aí essas investigações e fazer um trabalho bacana, jornalístico em um podcast. Pra fazer um podcast desses, gente, não é barato… — Não é barato mesmo, fica em torno de 90 mil reais. Isso é um fato, é uma realidade… — A gente precisa arrecadar esse dinheiro para a agência pública até o fim de agosto agora, para bancar esse projeto. — E eu estou muito engajada nisso também. — Vai cobrir os gastos com a equipe, as viagens, os equipamentos, advogados… — Porque quando você faz uma denúncia desse tamanho, você precisa estar coberto de todas as maneiras. — O pix da agência pública é: contato@apublica.org. — Eu vou deixar o PIX aqui na descrição do episódio. — 

A gente vai fazer também uma ação nas nossas redes pra aí dar uma força mesmo pra Agência Pública pra levantar essa grana. Eu acho que é uma história muito importante, que tem que ser contada e contada de uma maneira séria e responsável, como é tudo o que a Agência Pública faz. Então, gente, eu conto com vocês… Qualquer valor é importante. A sua contribuição, por menor que seja, vai ajudar a fazer esse podcast acontecer. — Então, eu conto aí com vocês… —E hoje eu vou contar para vocês a história da Fabíola. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

Essa história tem quase 18 anos. A Fabíola tinha acabado de completar 22 anos e ela namorava um rapaz desde os seus 18. — Então já fazia quatro anos aí que ela namorava um cara. — E quando ela completou 22, no dia do aniversário dela, esse cara a pediu em casamento. — Já odeio… Eu já fui pedida em casamento no dia do meu aniversário [risos] e foi a pior coisa da minha vida. Mas, enfim, eu acho muito ruim quando alguém tira o protagonismo de uma data, que foi o aniversário da Fabíola e que era o meu aniversário, pra transformar em outra coisa que não seja só sua, então, aquilo vai ficar marcado como o “dia do noivado no dia do aniversário”, uma merda. Enfim, o cara fez isso… —  A Fabíola ficou muito feliz — Ao contrário de mim, ela queria casar com ele. — e começou ali o início dos preparativos, por que o que acontecia? A partir do momento que Fabíola foi pedida em casamento, as duas famílias combinaram… — As duas famílias, tá? — E eles, de comum acordo, eles se casariam em um ano. 

Então, um pouco antes do aniversário seguinte da Fabíola, eles se casariam. E aí começaram a ver os preparativos com bastante tempo, tudo com muita calma. Eles escolheram tudo, até a cor das toalhas das mesas na festa… Então, os preparativos foram ali caminhando, né? Eles combinaram de pagar meio a meio essa festa e, reparem: foi uma festa pra 400 pessoas. [efeito sonoro de caixa registradora]  — Bastante, né? — A gente está falando aqui de famílias que têm um pouco de grana. E o casamento foi tão tradicional que ficou combinado que esse rapaz, esse cara, ele casaria de cartola… A Fabíola disse que era uma cartola igual do Príncipe Harry. —Eu, como não acompanho a família real, tenho ranço, então não sei como é essa cartola, pesquisem aí, enfim, era uma cartola dessas. — Então ia ser um casamento chique, né? Um casamento muito chique. E assim foi desenrolando aí o ano, até que chegamos na semana do casamento…

Uma semana frenética, porque muita coisa estava ali acontecendo. Então, primeiro chegou o terno do cara, ele já tinha feito algumas provas, alguns ajustes e tal… E essa cartola já tinha sido comprada e ela estava com a Fabíola numa caixa enorme, tipo caixa de chapéu, né? — Eu adoro chapéu, caixa de chapéu então… Acho lindo. Mas cartola? Enfim, não entendi muito a vibe desse casamento. Mas casamento chique, né? — Primeiro chegou o terno dele na segunda-feira, a cartola já estava lá, então, assim, o traje do noivo já estava completo. Na terça—feira, chegou — depois do último ajuste — o vestido da Fabíola e a costureira veio junto pra fazer ali os últimos arremates que você faz no corpo da noiva, né? Pra estar tudo perfeitinho e tal. O véu vinha de um outro lugar que foi feito ali de um jeito específico, que eu não vou comentar aqui, e aí chegou a caixa também, um estilo caixa de chapéu com o véu… Então, assim, uma coisa tudo muito chique, muito ritualístico. Nessa semana, as madrinhas já estavam com a noiva… Foi alugada algumas suítes aí de um hotel para as madrinhas e a noiva para ter aquele aquela semaninha gostosa antes do casamento. — Então, a gente vê que aqui, né? Há 15 anos, é uma coisa que eu não sei se era mais raro ou se já tinha todo mundo com aquele roupãozinho de seda, aquela coisa… Foi meio assim o casamento de Fabíola, todo nesse naipe mais luxuoso. –

Fabíola agora quase a completar 23 anos, o cara com 28, então tinha uma diferencinha aí… E aí a cartola e o terno foram enviados para a casa do rapaz, veio um tio dele lá buscar e dois dias antes do casamento em si, a cartola voltaria. — Porque tinha uma tradição… O pai dela que ia botar a cartola no cara, enfim, coisa lá da família deles. — Só que essa cartola não veio esses dois dias antes… E essa cartola chegou para a família da noiva no dia do casamento, pela manhã. Então seria um dia muito corrido, né? E no dia anterior o noivo fez uma despedida de solteiro, onde ele chamou só galera dele. — Acho que é assim que rola, né? — Então não chamou, por exemplo, o irmão da Fabíola… E aí fizeram uma despedida de solteiro e tal e, no dia do casamento, que foi numa quinta-feira de manhã, chegou a cartola lá. Então o casamento seria na quinta-feira à noite. — Aqui eu queria fazer um adendozinho, assim, deixar uma questão pra vocês aí: Vocês já repararam? Porque, assim, teoricamente, todas as igrejas católicas são igrejas de todos os cristãos católicos, né? Mas você já reparou que algumas igrejas só gente rica pode casar? Você não vê pobre conseguindo data para casar em certas igrejas? Eu morro de ranço e tem algumas igrejas que eu tenho mais ranço ainda… Algumas igrejas católicas. E essa que Fabíola ia casar é uma que eu tenho muito, muito, muito ranço, muito ranço, muito ranço… E não vou nem citar o nome de tanto ranço que eu tenho. —

E aí estava tudo certo, né? Também na igreja… Um casamento que tinha florista — E flores são muito caras, né? — com flores maravilhosas e nã nã nã… Tudo do bom e do melhor. Na hora do almoço, Fabíola estava muito nervosa, ela não conseguia comer, mas ela tinha que comer alguma coisa, né? Ela ia começar dali a pouco cabelo e maquiagem, então precisava estar ali bem alimentada. As madrinhas e a noiva resolveram descer e comer alguma coisa ali no restaurante do hotel, o hotel tinha um restaurante chique. — A gente está falando aqui, né? Daí da outra classe social. — E aí, quando ela estava almoçando no hotel, ela percebeu uma movimentação estranha. O pai dela tinha chegado e não foi falar com ela. Passou reto… E era uma mesa festiva com as madrinhas, todo mundo rindo, todo mundo ali comendo e tal e ele passou reto e subiu pra falar com a mãe da Fabíola que estava hospedada lá também. — E a Mãe não tinha ido, enfim, tava correndo atrás de outras coisas, resolvendo ali coisas por telefone… —

A maquiadora e a cabeleireira já tinham chegado, então elas tavam ajeitando ali as coisas onde ia começar a maquiar e tal. E aí o pai da Fabíola subiu e, segundo o que a Fabíola imaginou enquanto tava sentada lá, foi primeiro falar “oi” pra mãe. Dali meia hora o pai dela desceu, com uma cara muito péssima e chamou a Fabíola pra fora da mesa ali e falou: “Filha, vamos subir que eu preciso conversar com você” e ela falou: “Ai meu Deus, será que deu alguma coisa errada? Ia servir peixe e não vai mais? Vai servir frango?”, enfim, ficou pensando em coisas que podiam ter dado errado na festa, na cerimonia. E já subiu nervosa, falando pro pai dela que não ia aceitar isso ou aquilo, porque o casamento foi planejado com muita antecedência, né? E que todo mundo tava ali sendo pago direitinho… Então: “Meu Deus, essa aflição no meu dia mais feliz e nã nã nã”. Quando eles entraram no quarto, a mãe… A maquiadora e a cabeleireira estavam fora do quarto, tavam no corredor com uma cara péssima e a mãe estava aos prantos. [efeito sonoro de pessoa chorando copiosamente] A mãe da Fabíola estava aos prantos dentro do quarto. 

E aí, foi com muito pesar que o pai da Fabíola contou que, quando ele recebeu a cartola, ele recebeu a cartola de um funcionário da empresa do pai do cara, não foi nem um parente do cara que veio trazer… E o funcionário falou: “Olha, o senhor, por favor, abra e verifique. Tem um bilhete do Fulano pro senhor junto com a cartola”. E, no bilhete que estava com a cartola, era um pedido de desculpas… Do cara dizendo que ele não podia casar, [efeito sonoro de tensão] que ele não queria casar. Que, ao logo desse ano, ele foi percebendo que ele não queria casar e que ele não tinha coragem de falar isso pra Fabíola, que ele já tinha falado pra família dele e que, naquele momento, em que o pai da Fabíola recebia a cartola, ele estava indo embora do Brasil. Gente… Assim… Foi um baque, assim… Que Fabíola na hora perdeu as forças ali, desmaiou real. — E, quando ela desmaiou, ela bateu o rosto no chão e além de tudo ainda ficou com um roxo, assim, na maçã do rosto, né? E aí só tava os dois ali com ela, só os pais, né? E aí eles chamaram a maquiadora e a cabeleireira pra ajudar a acudir e tal. 

E aí a Fabíola voltou a si e começou a chorar, chorar, chorar… [efeito sonoro de pessoa chorando] Todo mundo ali consolando ela, as madrinhas subiram, e aí virou aquele caos… E aí, depois da Fabíola chorar muito, ela pediu que a mãe dela fosse na casa deles, né? E pegasse um vestido X lá, um vestido que ela tinha, né? — Porque ela não ia usar o vestido de noiva. — E ela resolveu, gente, levar a festa do casamento adiante… — Não avisar as pessoas. — Criou—se uma força tarefa pra avisar na porta da igreja que o casamento tinha sido desviado para o salão, diretamente… Porque o salão era em outro lugar, né? Então, quem chegava na igreja era convidado a ir direto para o salão. E aí a Fabíola estava lá com um vestido de festa, mas um vestido comum. E a maquiadora conseguiu cobrir o roxo do rosto dela e fez o cabelo… E ela explicou que o noivo tinha ido embora e que a festa ia continuar. Ela estava devastada, medicada, mas ela ficou até quase meia noite lá na festa e, detalhe: ela não deixou nenhum convidado do noivo entrar. E aí, para a família do noivo foi mais vergonhoso ainda, né? Porque quando eles chegavam na porta do salão eles eram avisados pelo irmão da noiva que praticamente queria matar o cara, né? 

O irmão da Fabíola falava: “Olha, o covarde fugiu, ele não vai casar, então vocês não vão entrar aqui”, porque tinha convite pra entrar, né? Era aquelas festas que você responde se você vai, se você não vai… E então foi uma festa apenas pra 200 convidados, né? Os convidados da Fabíola. E aí, uns dias depois, num acordo lá que eles fizeram, o pai do noivo pagou tudo o que a noiva e os pais da noiva tinham dispensado ali financeiramente na festa, né? Tudo foi coberto e ainda fizeram um acordo ali de um dinheiro pra Fabíola… — Tipo uma compensação mesmo, tipo um danos morais assim. Dois dias já tinha um advogado procurando a família da Fabíola pra resolver tudo. — O cara ficou sumido… Sumido assim, né? Sem dar nenhuma notícia pública, provavelmente para a família dele ele estava dando notícia.  E aí, depois desse tempo, a Fabíola ficou sabendo que ele estava morando na Nova Zelândia. — Longe pra caramba, né? [risos] — E Fabíola resolveu que ela queria ouvir da boca dele, cara a cara, por que ele tinha fugido do casamento. E Fabíola, com a ajuda de algumas amigas, conseguiu encontrar o endereço desse cara e se programou pra ir até ele. 

Pra família dela ela mentiu que ela ia fazer uma viagem aí, X, tipo para espairecer, porque ela não estava bem… — Realmente ela não estava bem, né? — Só que ela ia atrás do cara. E assim ela fez… [efeito sonoro de avião decolando] Ela foi atrás do cara na Nova Zelândia. — Reparem que eu falei aqui qualquer lugar, né? Não é a Nova Zelândia, mas enfim… — Esse cara estava estudando e Fabíola esperou que ele saísse do curso dele e interceptou ele na rua. O cara quase morreu do coração e ela falou que ela queria saber o que tinha acontecido e o cara disse para Fabíola que ele descobriu ali, na véspera do casamento — enquanto ele estava na despedida de solteiro — que ele tinha muita coisa pra conhecer do mundo ainda, pra fazer e que ele não queria casar com a Fabíola. E aí ela perguntou por que ele não foi falar isso pessoalmente pra ela… E ele falou que primeiro ele estava sem coragem, ele não conseguia verbalizar isso. E, segundo, porque ele estava realmente com medo de ser agredido pela Fabíola e pelos familiares da Fabíola, que ele sempre achou a Fabíola muito esquentada e, conforme ele foi falando isso, que achava ela muito esquentada, isso e aquilo, a Fabíola [risos] numa fração de segundos, voou na cara desse cara. 

Ele caiu no chão, a Fabíola caiu em cima dele e unhou muito a cara dele. Ele estava com uma mochila que tinha algo pesado — que ela não sabe o que é — e ela bateu algumas vezes na cara dele com a mochila… E vieram populares, veio a polícia e a polícia prendeu a Fabíola. [efeito sonoro de sirenes de polícia] E aí foi um auê… O cara mesmo [risos] com rosto bem unhado… [risos] — Ai, gente, é errado, eu sei que é errado, [risos] mas eu achei engraçado. Ai, desculpa… [risos] — Mesmo com o rosto unhado, ele não se machucou seriamente, né? Então ele não quis prestar queixa e a Fabíola foi deportada. Tem um país aí que não é a Nova Zelândia que [risos] se Fabíola quiser ir, é meio difícil. [risos] E aí todo mundo ficou muito, assim, horrorizado do que ela fez, né? — Porque ela tinha a unha bem grande, assim… [risos] — E no final o cara estava certo, né? Ele ficou com medo de contar por que achou que ia quer ser agredido e [risos] realmente ele seria agredido. A Fabíola falou isso, que o irmão dela também estava no veneno, enfim… Tanto que na família, o irmão dela foi o único ali que deu apoio depois que ela unhou a cara do cara. 

A Fabíola ela atravessou o planeta terra… [risos] Que o cara estava bem longe mesmo… [risos] Para poder única e simplesmente bater nele… Porque a Fabíola falou que a real era essa. Ela queria ouvir, mas independente do que ela ouvisse, ela ia bater nele. É errado? É errado. Eu ri? Não sei por que eu ri, [risos] mas eu ri… [risos] Assim, eu acho que as pessoas têm o direito de desistir de casar, mas é muito sofrido você fazer assim, né? Do jeito que ele fez, né? No dia do casamento e com tudo muito planejado durante o ano, enfim… — Assim, não culpo o cara 100% porque é um direito de todo mundo desistir… Eu sou a pessoa que prega isso, se você não está feliz com um negócio, desiste… Mas ele podia ter feito de outra forma, né? Podia ter encarado, pelo menos chamado a Fabíola na casa dele, porque aí seria… Ia ser unhado? Ia ser unhado, mas ia ter gente ali para segurar ela, sei lá. Ele não estava com a vida dele em risco, né? Ou pelo menos eu acho que não estava, não sei também o que o cara pensou…  Apesar de tudo, ele tem um pouco de razão, porque ela atravessou realmente oceanos pra unhar cara dele, né? —

E aí ela lembra que, quando ela voltou, que ela chegou no aeroporto, a mãe dela falando: “Você não tem juízo, você quase cegou ele… Você virou o quê? Um leopardo? Uma onça?”. [risos] “Onde já se viu, unhar a cara das pessoas…”. E a mãe dela falou várias para ela, mas ela estava satisfeita. Ela falou: “Déia, se bobear, ainda tinha pele dele embaixo da minha unha Quando eu cheguei no Brasil”. Gente, foi muito errado, muito errado… Eu ri porque realmente ele ficou bem, né? Assim, depois que cicatriza, não ficou nem marquinha. Se fosse uma coisa mais grave, eu não ia rir, mas eu achei muito surreal ela ir até o outro lado… Errado. Muito errado. Quando ela viajou, porque estava lendo o e—mail que ela falou que ela viajou atrás dele, eu achei que eles fossem voltar, sei lá… Estava esperando… Eu não sei o que eu estava esperando, mas sinceramente, quando eu li a parte que ela foi pra cima dele, unhando, eu dei um grito, né? [risos] Falei: “Gente, não acredito que ela fez isso”, mas a realidade é essa, assim, não teve… Não foi uma conversa que acrescentou nada. Uma conversa cabeça, sabe assim? Os dois falando de sentimentos… Não foi nada disso. 

Foi uma conversa bem superficial, o cara querendo sair fora, ela questionando por que que ela tinha sido abandonada no dia do casamento, que ela merecia uma explicação, né? Fabíola falava isso pra ele. E aí quando ele começou a falar que ela era esquentada, que isso e aquilo, que ele começou a botar defeito nela, ela falou: “Ah, Andréia, aí minha vista… Não vi mais nada e fui para cima dele, derrubei ele no chão e unhei e bati com a mochila na cara dele”. Então é isso… [risos] Será que tinha o quê? Laptop na mochila? Pesado, né? Dói. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, ideia, meu nome é Adriani, falo do interior de São Paulo. Cara, parece história de filme, né? Fiquei muito impressionada com o espírito vingativo da Fabíola, que se dispôs a atravessar um oceano só para poder ir lá dar uma unhada na cara do ex noivo dela. Por mais que a violência seja errada, Fabíola, não acho que você esteja totalmente errada e acho que só você sabe o ódio que você sentiu de ter sido abandonada dessa forma, assim, de uma maneira muito covarde, como ele fez as coisas… Então, por mais que violência seja errada, Fabíola, estou do seu lado. [risos] Espero que você esteja bem hoje em dia, tenha superado esse trauma. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Juliana aqui do Rio Grande do Sul. Fabíola, eu passo muito pano pra ti. Sei que não foi a coisa mais certa que tu fez, mas eu acho super compreensível. Eu também já gostei desde o início, quando tu e tua família resolveram seguir com a festa e conduziram a situação de uma forma muito boa, inclusive não deixando os convidados do teu ex noivo canalha entrar na festa, né? E ter ido pra esse outro país unhar cara dele, eu acho que foi o que ele mereceu, apesar de não ser certo, foi algo que ele mereceu, afinal, ele poderia super ter reunido amigos ou familiares para conseguir te dar essa notícia de uma forma melhor antes, a fim dele não apanhar, né? Mas ele não fez… Ele acabou sendo um baita de um cafajeste. É óbvio que ter recebido a notícia da forma como você recebeu, piorou muito a situação e talvez por isso ele tenha apanhado. Então, eu concordo contigo, eu acho que tu teve tuas razões e é isso… Um beijo, fica bem. 

[trilha] 

Déia Freitas: Bom, gente, então lembrando, eu estou junto aí com a Agência Pública nessa arrecadação pro podcast, pra contar essa história tenebrosa que eu narrei pra vocês no começo aqui do episódio. O pix da Agência pública é: contato@apublica.org. Por favor, gente, faz uma contribuição, vamos fazer esse podcast acontecer. Vou deixar as informações aqui na descrição do episódio e acompanhe aí a Agência Pública nas redes, eu vou deixar as redes deles aqui também. Então é isso, um beijo, gente… — Eu fiquei de cabelo em pé aqui, são denúncias muito sérias e vamos acompanhar. — Eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.