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título: casinha
data de publicação: 07/05/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #casinha
personagens: janete e nonô

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei pra mais um Picolé de Limão, e eu vou contar pra vocês a história da Janete, então vamos lá. 

[trilha]

A Janete, ela tá casada com o Nonô — [risos] Vamos ver quem… Quem tiver minha idade ou mais vai pegar a referência de nome que eu usei. [risos] —. A Janete está casada com o Nonô há quase doze anos e assim, quando ela conheceu o Nonô, eles começaram a namorar e aí estavam muito apaixonados e resolveram casar, e nos fundos da casa do Nonô, tinha um terreno muito grande e, nesse terreno, tinha um cômodo e um banheiro, e aí qual foi a proposta do Nonô? “Vou morar aqui porque aí a gente não gasta com aluguel, não gasta com água e luz”, por que o cômodo era ligado ao relógio de água e de luz da mãe do Nonô, “e aí a gente economiza”. E aí Janete falou: “Bom, pra começar é uma boa, é só um cômodo, mas é uma boa, a gente vai trabalhando e vai construindo”, aí a mãe da Janete falou assim pra ela, falou: “Bom, você quer casar com ele? Tudo bem, mas eu conheço esse tipo de cara, — Que é o Nonô — ele é um cara mesquinho, ele é um cara canguinha, mão-de-vaca e você vai sofrer muito”, aí a Janete falou pra mãe dela: “Ai, mãe, nossa, não… Imagina, o Nonô é só econômico porque ele quer progredir na vida, ele tá economizando, né? Ele não é mão-de-vaca”, e aí a mãe da Janete falou: “Bom, você quer casar pra ir morar lá naquele quartinho com ele, vai, mas ele não vai querer sair mais daquele quartinho, tô te avisando”. — Essas foram as palavras da mãe de Janete, já amo mãe de Janete. —

E aí a Janete casou, né? Nonô não quis festa, Nonô não quis nem fazer almoço. E a Janete queria fazer um almoço, né? Reunir pelo menos a família, mas o Nonô falou que ia gastar muito. E aí do cartório eles foram lá para o quartinho mesmo e, assim, o quartinho estava ruim, né? Então pra ir para o quartinho a Janete comprou tinta, arrumou a janela e ela fez tudo sozinha, contratou um pedreiro, ela pagou o pedreiro, ela pagou o material… Porque pro Nonô estava bom do jeito que estava mesmo, — Então, gente já é um mega sinal, né? De que Nonô, não sei, não… — E os dois trabalhando, né? E não pagavam água, não pagavam luz, não pagavam aluguel. O que a Janete falou? “Bom, tem espaço aqui pra gente construir, né? Fazer pelo menos, sei lá, puxar mais um cômodo aqui para o lado e fazer embaixo uma sala e cozinha e subir dois quartos”.  E Nonô virou pra ela — Ela falou que parece: “Nossa, Andréia, parece que eu estava vendo a minha mãe falar”. — e falou assim pra ela: “Ah, Janete, tá bom assim, um cômodo… Quando a gente tiver um filho a gente faz mais um cômodo. E aí a criança dorme no outro cômodo”. 

E aí Janete ficou meio assim, né? E falou: “Bom, deve ser porque tá tudo recente, né? Vamos esperar”. E ele nunca queria construir, e aí o quê que a Janete falou? “Bom, vou construir eu, porque eu não aguento, a gente mora só nesse quartinho aqui, não tem como”, e aí ela construiu mais um cômodo embaixo, né? Fez tudo direitinho pra poder fazer o alicerce pra subir a casa, né? E foi construído aos poucos, só que nessa, gente, ela construiu em quase cinco anos um sobrado bonito nos fundos da casa da mãe do Nonô, e ela construiu sozinha, ela que contratava pedreiro, ela que comprava o material, tanto que o Nonô quando ela falava assim: “Ah, o quê que você acha desse azulejo, Nonô?”, ele falava: “Você que escolhe, porque você que tá fazendo, você que vai pagar, faz do seu gosto”, e ele nunca pagava nada, nada, nada, nada. 

Aí quando ela quis engravidar, o Nonô falou que uma criança gastava muito e não queria filhos. E aí já foi uma questão, porque a Janete quer filhos, ela tá nova ainda, né? Ela casou com o Nonô ela tinha vinte e dois, então ela tem trinta e quatro, trinta e cinco anos agora, ela quer ter filhos, né? E o Nonô nunca quis ter filhos, porque falou que criança gasta. — E, realmente, criança gasta, mas não é essa a questão, né, gente? — E aí o Nonô sempre assim, nunca queria fazer festa, nunca queria sair porque gastava dinheiro, ele guardava o dinheiro dele e ela fazia as coisas com o dinheiro dela, e tudo bem, né? No começo você vai tentando se adaptar, mas depois é muito difícil viver com uma pessoa mão-de-vaca, né? Só você lutando, só você fazendo. 

E aí a Janete pediu o divórcio, ela não queria mais morar com o Nonô, viver com o Nonô, só que, né? Ela queria que o Nonô desse pra ela o que ela gastou no sobrado, porque como tá no fundo da casa da mãe dele, ela não vai ficar com a casa, né? A casa vai ficar lá pros irmãos do Nonô, pro Nonô quando os pais do Nonô morrerem, vai dividir, né? Na partilha, sei lá, e ela não tem direito, né? A ficar com a casa pra ela agora. E aí eu falei pra ela: “Bom, eu já vi, em algum lugar que eu não lembro onde, que se você tiver os comprovantes, você consegue, sei lá, né? Numa separação que ele te pague a parte da casa, mas eu nem sei se eu vi realmente isso, ou se alguém comentou isso, não sei, né?” — Precisa ver. — E ela ainda tá com o Nonô, não separou por causa dessa questão da casa, porque ela acha muita sacanagem sair e não ficar com nada da casa, né? Só que já se passaram mais de sete anos que ela terminou a construção e ela não tem mais os recibos, mas tudo saiu do bolso dela, não tem um real naquela casa do bolso de Nonô. 

Então eu não sei, gente, ela tá escrevendo porque ela quer separar, e ela queria um… Um assim, um apoio jurídico, né? Alguma orientação. É que pandemia é complicado, né? Ela ia procurar a Defensoria Pública pra se orientar, mas parece que eles estão só atendendo online, nunca dá pra falar, então ela não conseguiu essa informação, ela achou algumas coisas na internet… — Mas a internet é aquilo, né? Um fala uma coisa, outro fala outra coisa, e a gente que não entende a linguagem jurídica acaba não entendendo nada mesmo. — Então eu não sei, não sei se ela tem direito, realmente. Não sei nada, mas que bom que ela acordou pra esse Nonô aí e não quer mais ficar com ele, só que agora estão na mesma casa, estão em quartos separados e o Nonô falou: “Tudo bem, quer separar, separa”, mas ele falou, inclusive, que ele não quer gastar com advogado, [riso] que ele aceita o advogado que ela escolher, mas que em relação à casa, a casa tá ali, se ela quiser ficar ali, ela fica ali, e ele vai ficar ali também, foi o que ele falou. Então o Nonô não pensa em pagar espontaneamente nada pela construção da casa, então se alguém tiver aí alguma orientação jurídica pra passar pra nossa amiga Janete, por favor, pra resolver essa questão da casinha, que ela não quer largar a casinha só pra ele.

[trilha]

Assinante 1: Oi, pessoal, meu nome é Patrícia, sou do Rio de Janeiro. E, ô, Janete, tadinha de você. Pior que mãe, né? Mãe sente de longe o cheiro de homem um sete um, de cara que não presta pra nada, né? Ai, é horrível. E, assim, meu bem, juridicamente falando, eu acredito que você não possa fazer muita coisa, não. Porque apesar de você ter feito as obras da casa, não tá no nome dele, né? É a casa da mãe dele, e você não tem mais os recibos, né? Então eu acredito que você não possa fazer muita coisa com relação a isso, não. Talvez por vocês terem o contrato do casamento, vocês terem testemunhas de que vocês moraram nessa casa juntos e tal, você consiga alguma coisa, mas acredito que seja um pouco difícil, mas… [risos] A nível de vingança, eu se fosse você, esperaria um dia que eu saberia que ele tá na rua o dia inteiro, contrataria uma equipe de mudança e levaria tudo de dentro da casa, simples assim… E quando eu falo tudo, é tudo mesmo assim… Ventilador de teto, chuveiro, tampa do vaso sanitário. Eu levaria tudo porque se fui eu que paguei, se fui eu que comprei, é tudo meu… Ele não ia poder falar nada, quando ele chegasse em casa ia estar ele e as paredes só e acabou. É isso, pessoal, [risos] um beijão. 

Assinante 2: Meu nome é Carlos Glória, eu sou do Rio de Janeiro, sou advogado na área de família. Então, faltaram algumas informações no áudio como o regime do casamento dela, em relação também se ela tem alguma forma de comprovar que o valor colocado para a obra da casa dela, se ela tem alguma forma de comprovar isso aí, né? Seja por testemunhas ou algum local que ela comprou que consiga emitir uma segunda via de nota, tendo essas informações levantadas sobre o regime de casamento e as informações dos pagamentos, seria mais fácil a gente conseguir auxiliar ela nos fatos posteriores. A ação vai demandar também um certo tempo, porque ela talvez, ela iria querer uma justiça gratuita, né? Uma vez aí que o marido dela, atual, é uma pessoa que não gosta muito de ter gastos financeiros. Tá bom? Tchau, tchau. 

[trilha]

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e eu volto daqui a pouco.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.