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título: celular
data de publicação: 14/10/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #celular
personagens: carla e regina

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais uma história, a história da Carla e da Regina.

[trilha]

A Carla e a Regina, elas estão juntas desde o ano passado, maio do ano passado. É a Carla que me escreve. E a Regina tem muito, muito, muito ciúme da Carla. Elas são novas ainda, uma tem vinte e quatro e a outra tem vinte e cinco, então são moças novas, né? E a Regina tem muito ciúme, então a Carla não pode fazer nada. Se a Carla vai sair, ela quer saber tudo, com quem esteve, onde foi, quem são essas amigas… Se ela percebe que a Carla curtiu uma foto no Facebook ela já fica emburrada, essas coisas. E aí elas brigaram uma época, uns quatro meses que elas estavam namorando, elas brigaram e aí depois voltaram e, com sete meses de relacionamento, elas foram morar junto. — E, assim, gente, eu não sei… Vocês não acham? Eu acho, enfim, não, tem gente que dá certo, né? Que conhece e logo vai morar junto e tá aí há mil anos juntos, mas não sei. — E aí foram morar juntas.

E aí, um dia elas foram num show as duas, e a Carla perdeu o telefone no show, o celular, e aí ela não tinha como comprar outro na época. A Carla ficou um tempão sem celular. E um dia ela estava fazendo faxina, a Regina ainda estava trabalhando, gente, ela achou o celular dela… — Ela achou o celular dela, então, quer dizer, ela não perdeu o celular no show… — Quem pegou o celular dela e escondeu pra ver coisas do celular e, de repente, até deixar ela sem contato assim, com rede social, foi a Regina. Ela achou o celular dela em casa, quem que faz um negócio desse? — Quem que rouba, que furta o celular da namorada? — Já era pra acender aí uma luz vermelha gigante, né?

E aí ela confrontou a Regina, a Regina chorou, falou que tinha ciúme e que aí queria ver o que ela tinha no celular. Quer dizer, o celular ficou ativo, ficou ali as coisas que você vê por Wi-fi, né? Porque o chip ela bloqueou. E ela ficou vendo as coisas, vendo mensagens antigas e não achou nada, óbvio, porque a Carla falou: “Não tinha o que achar, né?”, e aí elas brigaram e tal, mas já estavam morando juntas. E aí a Carla perdoou e foram levando. E aí agora chegamos na quarentena… — Que tudo acontece na quarentena. — E a Carla, gente, ela não tá aguentando. — Ela não pode fazer nada. — Não pode fazer nada que a Regina tá ali em cima. E as duas estão trabalhando em casa, né? As empresas liberaram pra elas trabalharem em casa. — Só que, assim, eu acho que trabalhar em casa é pior do que trabalhar na empresa, porque na empresa você tá ali, se você sai pra tomar um café, alguma coisa, não tem tanta pressão, parece que em casa seu chefe tá toda hora te cobrando coisa. —

Carla ali no computador fazendo as coisas da empresa e, às vezes, tem que usar o telefone, mas pra coisa da empresa, e a Regina que também tá de home office, mas tem assim um chefe mais tranquilo, fica em cima dela, pra ver se ela tá trabalhando mesmo, e aí se ela nota o nome de uma mulher lá, tipo no bloco de anotação que é alguém que ela tem que falar, ela já quer saber “Quem é essa mulher? Que isso, que aquilo”, e a vida tá um inferno. E aí a Carla tá querendo terminar agora na quarentena, só que detalhe: o apartamento é da Carla, e aí a Regina vai ter que sair e ela não tem pra onde ir, vai ter que mudar pra, sei lá, pro interior, pra casa da mãe dela, que é em outro estado. 

E aí a Carla tá com pena, se termina agora, se não termina… Gente, eu acho que nessas coisas não dá pra ter muita pena, não, era se fosse assim, “Ah, se ela sair daqui ela vai pra rua”, você meio que, sei lá, se organiza pra ajudar a pessoa, a dar uma estrutura um pouco pra ela sair fora, mas também é problema dela, vai pra casa de um amigo, sei lá. Mas ela tem família, ela tem mãe, tem pai… Elas estão fazendo a quarentena direitinho, então a Regina tem carro, ela entra no carro dela e vai pra casa da mãe dela, do pai dela, é outro estado, mas é seis horas daqui, pega o carrinho e vai, né? Eu acho que se não tá dando mais…

Agora a Carla quer saber de vocês, como ela faz pra continuar na quarentena com a Regina, que ela não gosta mais da Regina. Eu não acho nem justo isso, né? Não gosta mais tem que falar. Mas ela acha que vai ser um drama. É, eu acho também que vai ser um drama, mas, gente, faz parte também, né? Fala aí o que vocês acham, o quê que a Carla pode fazer? Porque a Carla, não é que ela não quer terminar agora, ela não vê como terminar agora. Então o quê que ela pode fazer pra amenizar as coisas. Eu não sei, eu não vejo como. Porque se ela já te enche o saco todo dia, toda hora, você não vai conseguir, né? Você vai ter que aturar então desse jeito que tá até acabar a quarentena, que a gente não sabe quando, então é osso, né?

Então, gente, deixa lá [risos] a mensagem de vocês pra Carla, mas só essa coisa dela ter furtado o celular da própria namorada escondido, a namorada chorando sem celular, sabe? Sem poder se comunicar direito até na empresa? É muito horrível isso, né? Não sei se essa Regina é uma pessoa boa, não sei, “Ah, fez isso porque ama”, não sei. Então deixem lá as mensagens pra Carla, o quê que ela pode fazer pra amenizar a situação até acabar a quarentena, mas por mim é terminar, põe as coisinhas no carrinho dela e vaza, vai pra casa da mãe. Ah, vai ter drama? Vai ter drama, mas contanto que não tenha violência, que não tenha morte, né? Agora, se ficar junto, sei lá, também… Então precisa ver isso aí direitinho. Então, gente, comenta lá no grupo, nosso grupo no Telegram Não Inviabilize, é só jogar na busca, quem ainda não tá no grupo entra lá, um beijo e até daqui a pouco.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.