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título: cleverson
data de publicação: 04/05/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #cleverson
personagens: cleverson, moça e patrão

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história do Cleverson. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

O Cleverson trabalha numa empresa — que a gente vai chamar aí e de Pônei Contábil — e ele trabalha lá em uma área da contabilidade de pagamentos, enfim… E ele cuida de várias empresas. No departamento do Cleverson, trabalha somente ele e mais uma moça. Acontece que, essa moça, ela entrou no lugar de uma outra que saiu, que teve bebezinho e pediu pra sair. Essa moça entrou no meio do ano… — Passado, né? Nessa vaga aí que que tinha ali no setor do Cleverson. — Só que ela entrou com indicação do chefe dele. — O chefe dele não é o dono do escritório, é um escritório de contabilidade grande. E foi esse chefe que colocou essa moça lá. — Acontece que essa moça, gente, ela não faz absolutamente nada. — Nada mesmo. —Se bobear, ela pega só umas fichas, desarquiva e arquiva, mais nada… Sem fazer absolutamente nada. 

E o chefe não fala nada porque ela é amante do chefe. [música de tensão] Só que nessa, o Cleverson agora está fazendo o trabalho de duas pessoas. Ele tem que fazer o trabalho dele — que ele já fazia — e agora está fazendo o trabalho da moça, porque ela não faz nada… Ele já cobrou, ele já fez reunião com esse chefe, ele já marcou as coisas e deixou na mesa dela pra fazer. — Ela não faz… — Segundo o Cleverson, ela não deve nem saber fazer. E, com isso, o Cleverson começou a fazer muita hora extra, porque ele não estava dando conta dentro do horário dele de fazer todas as empresas. Aí ele foi chamado no RH, que era pra ele fazer menos hora extra. — Porque tem um limite e nã nã nã e tudo se transforma em banco de horas. Enfim, né? — E aí ele parou, ele falou: “Bom, tá bom então. Então eu vou reportar aqui as empresas que eu fiz e as que eu não fiz, porque deu meu horário e eu fui embora”. 

E aí ele reportou, copiou algumas pessoas no e-mail lá, o que ele estava fazendo e o que estava sendo deixado de fazer. E aí um chefe, acima do chefe dele, marcou uma reunião… [música de tensão] Pra entender o que estava acontecendo e tal. E aí o Cleverson resolveu abrir o jogo. Ele falou: “Olha, eu trabalho no setor com mais uma pessoa e essa pessoa não faz absolutamente nada. Não é que ela faz uma coisa ou outra, ela não faz nada”. — Nada. — E aí o chefe dele estava na reunião, tentou contornar, mas esse superior falou: “Olha, então me dá aqui, deixa eu ver as coisas e tal”. Acabou vendo que essa moça não fazia nada mesmo e mandou essa moça embora. Mandou essa moça embora, o chefe do Cleverson ficou possesso da vida e agora ele não contrata ninguém mais pra vaga, ele deixa o Cleverson lá sozinho, se lascando, sem poder fazer hora extra e fica inventando coisa. 

Falando: “Ah, o Cleverson não tá dando conta, talvez a gente precise mudar de funcionário”. Esse comportamento do chefe gerou um ódio em Cleverson e ele resolveu tomar uma atitude… — Ele tinha como enfrentar o chefe dele? Não… O que que Cleverson fez? — Cleverson criou um e-mail fake, contas fakes na rede social e mandou pra todo mundo da firma — via redes sociais — os prints que ele tinha de coisas sobre o chefe e a amante. E aí criou—se um burburinho… — Lá dentro. — Porque, assim, ele é um cara, né? Então, as pessoas meio que não desconfiaram dele, que foi ele que fez isso, né? —E não satisfeito… [risos] Cleverson mandou todas as infos do caso do chefe para a esposa do chefe. — Via Instagram. — E ela visualizou, respondeu a ele que queria saber mais e Cleverson contou tudo o que ele sabia, sem tentar se comprometer, né? Como ali um funcionário da Pônei Contábil. 

E aí a vida desse chefe, tanto na empresa, que ele começou a ser questionado… — Porque a moça trabalhou lá, né? Então, alguns superiores chamaram ele pra conversar algumas vezes. — Então ele estava sempre agora de cabeça quente, né? E não estava mais assediando o Cleverson. — Porque ele nem tinha tempo pra isso. — E, por outro lado, a esposa dele devia estar fazendo barraco, sei lá, porque esse chefe chegava, assim, um trapo pra trabalhar. Daí o Cleverson aproveitou que esse chefe estava meio que totalmente sem controle na empresa — e enfim, passando esse perrengue pessoal — e chegou num outro chefe dele e falou: “Olha, fulano não tá dando conta, o meu trabalho tá acumulando… Eu preciso que vocês contratem mais uma pessoa pra trabalhar comigo”. 

E aí esse chefe, que já sabia um pouco da treta, mas não era o chefe que tinha mandado a mocinha embora falou: “Bom, então tudo bem, vamos ver aí lá no RH se tem currículo, se tem alguém pra mandar”. E aí mandaram uma moça que foi contratada, — a moça é ótima [risos] — o Cleverson tá treinando ela aí e ela tá pegando as coisas super bem. E foi um pouquinho antes das festas, né? Então a moça entrou, assim, tipo dezembro, e aí agora eles estão pegando o ritmo. Esse chefe pediu um afastamento… — Ele não foi demitido, nada… Ele pediu um afastamento alegando aí problemas pessoais. — O Cleverson não sabe se ele vai voltar, se não vai. A chefia do mini setor dele ali foi passado pra outro cara, então ele nem sabe se quando esse chefe voltar ele volta para ser chefe do Cleverson ou não. 

E, assim, o Cleverson me o escreveu porque ele estava totalmente sem saída, sem saber o que fazer. — É um emprego que ele não pode perder, porque, enfim, é ele que se sustenta e tal. — E quando ele resolveu contar tudo da vida aí desse cara lá na empresa pra mulher do cara, ele falou: “Poxa, [risos] me deu um alívio e eu transferi o problema”. Porque até então ele estava focando… O chefe estava focando nele, transformando a vida dele no inferno. Aí ele foi lá e transformou a vida do chefe num inferno e ainda ninguém descobriu. Eu sou contra essa coisa de revelar traição, eu já falei aqui que eu acho meio problemático, pode dar em situações de violência, enfim. Nesse caso do Cleverson aí, que a gente saiba, né? Porque a gente não sabe a história do casal, mas não teve nenhuma violência. 

Ele se vingou, conseguiu resolver o problema ali na Pônei Contábil, pelo menos por enquanto, né? A gente não sabe se esse chefe voltar, como é que vai ser. Mas eu não sei, me dá uma sensaçãozinha de amargor, sabe? Tudo muito errado. E o Cleverson, coitado, tá lá fazendo o trampo dele, enfim… Achou que esse era o jeito melhor de se defender e atacou. Então eu não sei, gente, o que vocês acham aí de Cleverson? Ele tá certo de ter exposto a traição do chefe, contado pra a mulher do chefe, contado na empresa? Ou era melhor ter, sei lá, tomado outro caminho? Eu não sei, eu tenho dúvidas. Eu sei que deu tudo certo, mas eu não sei, me fica um amargorzinho, assim, na boca, sabe? [risos] Ê, Cleverson… Então eu vou deixar essa pra vocês. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, gente, oi, Déia, eu sou Lívia, aqui de Recife. Eu acho que, na teoria, o trabalho deveria ser um lugar onde você se sente seguro pra reportar caso algo esteja errado e pra você denunciar mesmo certos tipos de assédio, porque foi isso que Cleverson passou, foi assédio moral. Então, o chefe dele tentou fazer da vida dele um inferno e aí ele simplesmente deu o troco na mesma moeda. Talvez se o chefe dele tivesse essas armas em mãos, ele teria utilizado. Então, o que ele fez foi tentar se proteger de alguma forma e essa forma foi o ataque. Então, eu acho que ele não está errado, não, eu acho que, infelizmente, as empresas não colaboram pra que isso seja diferente e eu acho que Cleverson foi super certo. Valeu. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, meu nome é Mirian e eu falo daqui de Curitiba. Cleverson, eu amei a sua história e a sua história é uma lavada de alma pra todos nós que tivemos um chefe diabólico na vida. É lógico que a sua conduta pode ser questionável do ponto de vista ético e moral? Absolutamente, mas a gente também pode ponderar que você tentou seguir o caminho correto, tentou resolver isso pelo RH e não deu boa. Então, assim, não posso negar que me sinto vingada por você. Admiro sua conduta e sua coragem, apesar de ela ser questionável. E eu adorei a sua história e estou feliz que você finalmente está bem e com alguém te ajudando no seu trabalho. Um beijo. 

[trilha] 

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.