título: combinado
data de publicação: 08/12/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #combinado
personagens: dona zilda, seu eurico, ana paula e paulo
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje história de família. [risos] — Eu adoro uma tretazinha familiar. Amo. [risos] — E já vou começar a história dizendo que eu sou time dona Zilda. — Eu sou dona Zilda 100%. Então… — Hoje eu vou contar para vocês a história da dona Zilda e do seu marido, seu Eurico e do filho deles, o Paulo e da nora, Ana Paula. Quem me escreve é a Ana Paula. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Bom, a Ana Paula conheceu o Paulo tem uns anos já. E aí, assim, o namoro foi ficando mais legal, mais sério e eles tinham planos para casar, mas não tinha muito assim quando, né? Porque os dois trabalham em empregos que não pagam tão bem. — Então fica mais difícil para casar, para ter as coisinhas e tal. — Só que dona Zilda e seu Eurico eles moram numa casa que tem o quintal muito grande e que tem uma casa nos fundos. Uma casa boa… Sala, cozinha, dois quartos, uma suíte e um outro banheiro. Tudo assim, legalzinho, né? — E como é que era a vida deles há um tempo? — Na casa da frente, moravam os pais da dona Zilda. — Porque a casa ali é dos pais da dona Zilda. — E, nos fundos, morava a dona Zilda, seu Eurico e Paulo. — Que é filho único. —
Aí os pais de dona Zilda ficaram mais velhinhos, dona Zilda e seu Eurico resolveram mudar para a casa da frente para cuidar melhor ali dos pais de dona Zilda. E a casa dos fundos ficou vaga, e a dona Zilda nunca quis alugar para estranhos, nem pra parente distante. — Porque a gente sabe que parente é serpente, né? — Então a casa ficou fechada. Eles limpavam e tal… E um detalhe: ali sempre foi um relógio único, então um único relógio de água para as duas casas e um único relógio de força para duas casas. E eles dividiam a conta meio a meio, né? Metade para cada casa. Então era assim a vida deles, super sussa.
Aí Dona Zilda mudou com o marido para a casa da frente para cuidar dos pais dela e a casa dos fundos ficou fechada porque o Paulo mudou também, foi todo mundo para a casa da frente. E aí Paulo conhece Ana Paula, surge esse romance e fica sério e nã nã nã. E aí vem pandemia… Pandemia dá aquele desespero no casal, porque ali na casa de Paulo todo mundo é grupo de risco e eles resolvem que o ideal seria que eles se casassem. — Só que sem estrutura nenhuma, né? — Os pais ali da Ana Paula não deixariam ela morar junto. — Apesar dela ter 25 anos, ela ainda respeita muito a opinião dos pais e eu não critico isso, acho até ok. —
Os pais da Ana Paula sempre falando: “Ai, você ia me dar muito gosto se saísse daqui casada direitinho e nã nã nã”. — E eu acho que se é a vontade do filho, da filha, tudo bem fazer o gosto dos pais também, né? Dar essa alegria. — E aí a Ana Paula queria isso, queria casar. E aí o que a dona Zilda falou? “Olha, a gente tem a casa dos fundos praticamente pronta, né? É só vocês comprarem ali alguns móveis, geladeira tem, fogão tem, a cozinha está montada. Vocês teriam que comprar cama”. Porque as camas eles levaram, para frente e tal, as camas. “E tá mobiliado, por um sofá melhor, né?”. E aí a Ana Paula se empolgou… E era perfeito, né? Máquina de lavar não tinha, era uma coisa que eles teriam que comprar, mas eles não tinham grana ainda… E tudo foi feito ali meio que no começo da pandemia, né?
Compraram os móveis e tal e acabaram casando só no civil. — Porque não tinha como fazer festa, era o auge da pandemia. — Aproveitaram uma brecha de um cartório lá e casaram. E aí dona Zilda é uma senhora ótima, ela não se mete na vida de Ana Paula, deixa lá eles fazendo as coisinhas deles, né? Só que tem uma coisa… Eles compartilham o relógio. E dona Zilda, quando eles foram morar lá, falou: “olha, o ideal seria que vocês colocassem o relógio de água e de luz, de força, de vocês… Por enquanto que vocês não têm essa grana, aqui é assim: meio a meio. Chega a conta de luz a gente divide em dois, chega a conta de água a gente divide em dois, independente da casa da frente ter quatro pessoas e vocês aí sendo em dois, beleza?”.
Dona Zilda foi clara. — E ela não está errada, gente, ela já está fazendo mil favores, sabe? Não vai querer dividir a conta de luz e água em seis para dar duas partes pros bonitos e quatro para ela… São duas casas, divide em dois. Não acho que ela está errada porque ela avisou antes, né? — E na hora a Ana Paula feliz achou que tudo bem. Só que depois isso começou a incomodar a Ana Paula. — Não sei porque também, né, Ana Paula? — Ela achava que o correto seria dividir a conta em seis e eles pagarem duas partes. O Paulo concorda com a mãe, acha que tem que dividir em duas casas até que eles coloquem o relógio deles, né? Vai juntando seu dinheirinho aí e bota o seu relógio. Porque dona Zilda não foi contra separar, mas ela não vai pagar por isso também, né?
E aí Ana Paula começou a implicar com isso. — É ela que me escreve. Eu falei pra ela o que eu acho, né? Eu acho que ela está errada. — E começaram a ter as primeiras brigas… Porque, assim, às vezes vinha conta de 350 e a Ana Paula dando uma de sonsa ali tentava fazer a divisão diferente e dona Zilda falava: “não, é meio a meio”. — E, gente, eu acho que é caçar briga à toa. — Porque, primeiro, eles não têm máquina de lavar… Eles estão usando a máquina da dona Zilda e a dona Zilda não se importa, ela pode usar a máquina a hora que ela quiser, quando ela quiser… E aí separa para o relógio, você não tem máquina ainda, você vai lavar a roupa no braço, amiga? Porque se você for lavar na roupa da dona Zilda, vai ser na água e na luz da dona Zilda… Então não adianta reclamar.
E, assim, tudo bem, eu estou aqui contando sua história pra você pegar a opinião dos ouvintes, mas mano, junta dinheiro, separe os relógios e, antes de separar os relógios, compra sua máquina de lavar… Porque, pô, dona Zilda te deu uma cozinha completa, vocês não pagam aluguel, se organiza, faz as coisinhas… Então, eu não acho que dona Zilda esteja errada e dona Zilda é irredutível nisso, não adianta nem querer falar. E, outra coisa, eles têm lá internet e televisão a cabo. — Também dividida em dois. — Isso mesmo depois que você separar os relógios, eu aconselho você ter junto, porque continua saindo mais barato, mesmo que seja dividido em dois, porque os pais da dona Zilda idosinhos também nem usam internet, nem assistem TV a cabo, então a divisão meio que está correta.
Você falou que o Paulo é super gente boa com você, que dona Zilda também é gente boa, só tem essa questão dos relógios… Meu, pra que caçar essa treta? Eu não estou entendendo, sabe?
[trilha]Assinante 1: Oi, aqui é Stéfany, estou falando de João Pessoa e sou totalmente team dona Zilda, tá, Ana Paula? [risos] Dona Zilda não tá lucrando em cima de você e do filho dela, pelo contrário, ela está sendo extremamente gentil, afinal, tirando aquilo que é pessoal e o que você e seu marido compraram pra mobiliar a casa que vocês estão, todo o resto ela está te cedendo de bom grado, inclusive seu teto, a própria casa. E os pais dela, idosinhos, só demandam praticamente o cuidado dela, né? Não é como se fossem quatro pessoas pagando o mesmo que você e seu marido sozinhos. E ainda que você considere desproporcional a divisão das contas que ela propôs, tem que lembrar que ela já está te dando um monte de coisa de graça e que o dinheiro que você quer deixar de gastar, certamente não paga nem 10% de um mês de aluguel, muito menos de uma parcela do imóvel. Então, é uma economia que fica sem finalidade, só serve agora para você arrumar uma briga e correr o risco de começar a viver um inferno.
Assinante 2: Oi, gente, é Jordana, aqui de Natal, RN. Ana Paula, eu, enquanto psicóloga, não pude deixar de pensar que esse teu incômodo em relação à divisão da conta de luz está simbolizando aí um incômodo inconsciente com outra coisa, sabe? Porque se está tudo certo, teu marido é gente boa, tua sogra também, foi tudo combinado e você concordou, né? Então do que é que é esse incômodo em relação a essa conta, supostamente, injusta? Eu particularmente não acho que seja injusta… E tá pontuando aí, está simbolizando, sabe? É uma coisa a se pensar.
Déia Freitas: Eu acho que é uma treta desnecessária, eu sou time dona Zilda e espero que o nosso grupo do Telegram… — Se você não está ainda no nosso grupo do Telegram joga na busca ali “Não Inviabilize que o grupo vem. — Eu espero que o nosso grupo te dê bons conselhos, porque eu acho que é uma treta desnecessária. Se organiza, separa os relógios, antes compra a sua máquina de lavar, né? Para você depois não ficar gastando no relógio e na água da dona Zilda já que você quer separar os relógios e bola pra frente. Você falou que ela é uma boa sogra, sabe? Agora “Ai, não é justo”? Eu nem acho que é injusto, na real, porque foi combinado e, pra mim, o combinado não é caro, né? Foi combinado, ela te falou antes… Esperasse então, não casasse até botar o relógio. Por que não esperou, né? Não queria casar, vocês? Então, gente pra mim é isso. Eu sou time dona Zilda, um beijo dona Zilda. Até logo.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]