Skip to main content

título: condomínio
data de publicação: 11/12/2020
quadro: amor nas redes
hashtag: #condominio
personagens: elaine e jefferson picles

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi gente… A história de hoje é a história da Elaine e do Jefferson, e ela se passa em Belo Horizonte.

[trilha]

A Elaine é uma publicitária de vinte e nove anos e ela mora num apartamento muito bacaninha com mais duas amigas, então é um apartamento de três quartos grande, espaçoso, todo moderninho e cada uma tem um quarto e tal. Como foi a Elaine que alugou, ela ficou com a suíte e as outras duas moças dividem o outro banheiro, e a vida seguia, correria de trabalho, essas coisas, não tem hora pra sair, final de semana dependendo da campanha, vida corrida, mas a Elaine ela sentia falta sabe de ter alguém assim, de ter um amorzinho, de ter uma companhia e tal. Mas a vida dela uma correria, não tinha tempo de sair e, sei lá, de repente conhecer alguém e ela foi levando. E também tudo que tinha lá no apartamento que resolver, além de tudo que ela já fazia, era ela que tinha que resolver, as duas meninas não faziam quase nada. 

O prédio da Elaine era aqueles prédios assim mais chiques com condomínio mais caro, mas também que tem um monte de serviço, um monte de coisa e ela estava com um problema lá na garagem dela, não sei se no controle, alguma coisa assim, e ela precisou ligar na administração e aí a recepcionista lá passou pra uma pessoa que era o cara que cuidava daquele condomínio, que era uma administradora de condomínio que cuidava de várias e aquele cara era um cara que cuidava daquele condomínio e quando ela falou com o cara, o cara tinha uma voz muito interessante assim, ela pensou: “Huuum, será que é solteiro? Será que é hétero?”, aquelas perguntas básicas que a gente faz sempre. E aí conversou com o cara e ela ligou até nervosa, mas aí depois que ela ouviu a voz, ela deu uma maneirada assim, já foi assim mais mansa na voz e falou com calma e foi super compreensiva. [risos]

Conversou com o cara, o cara ficou de ver, de dá um retorno, aquele papo de sempre e passou uns dias o cara ligou pra ela, ela estava lá no meio de uma reunião e falou rapidinho com ele e perguntou se ele poderia falar com ela por mensagem, que por mensagem ela conseguiria ali disfarçadamente responder, mas que por voz não teria como ela conversar com ele no telefone, e aí o cara chamou no WhatsApp. O engraçado é que, assim, o cara não chamou do WhatsApp da empresa, ou talvez a empresa nem tivesse, chamou do WhatsApp dele e aí ela viu a foto dele. Além da voz, ela gostou dele pela foto e aí ela correu trocar a foto dela no WhatsApp [risos] pra uma foto assim um pouco mais bonitinha, né? Mais arrumada. Aí eles conversaram lá o que tinha que conversar sobre o negócio da garagem, decidiram lá o que tinha que decidir, passou.

Dali uns dias o cara chamou ela de novo no WhatsApp pra perguntar se tinha resolvido, ela falou que tinha resolvido, agradeceu e, assim, ela já tinha até meio que esquecido do cara, tipo, “Ah, o cara bonitinho, com uma voz bonitinha, mas passou”, e o cara respondeu pra ela assim: “Ah, fico contente que deu tudo certo. E aquele dia lá na sua reunião, deu tudo certo?”, [risos] — Quer dizer, nada a ver o cara fazer esse tipo de pergunta. — E ela deu uma estranhada, mas falou por cima, falou: “Não, foi tudo certo também, obrigada por perguntar”, e tchau, tchau, né? Aí de vez em quando esse cara chamava a Elaine no WhatsApp e assim, começou a chamar tipo, a Elaine chegava em casa, passava, sei lá, uns quarenta minutos, uma hora, o cara mandava uma mensagem, ou falava alguma coisa, sempre assim esse padrão. — Eu, na hora, já ia ter me ligado. —

E o cara começou a mandar mensagem pra Elaine todo dia, e assim, uma coisa é você achar um cara bonitinho, né? E falar “Nossa, oi, né?”, outra coisa é o cara que você não conhece, que você nunca viu, só ali por uma foto de WhatsApp, que trabalha na administradora que você precisou de um serviço uma vez na vida te mandando mensagem, né? É tipo coisa pra você bloquear. — Eu bloquearia, não seria nem educada… — Mas a Elaine foi desconversando, foi disfarçando, às vezes ela só visualizava e não respondia. E aí o cara, gente, começou a ficar bravo porque ela não respondia… — O cara que ela nem conhecia, fala se isso já não é filme de terror? Pra mim já é filme de terror — E aí o cara mandava umas mensagens assim que não chegava a ser mensagens grosseiras, mas assim meio que falando “Ah, por que que você não me responde? Por favor me responde”, super esquisito, né? 

Até que um dia ela respondeu pra ele: “Não posso falar agora, tô em reunião”, e ela estava na casa dela e ele respondeu: “Não tá, não, eu vi no seu acesso, você já chegou”. — Eu vi no seu acesso? Como que ele via? Gente, sério, se sou eu, na mesma hora já descia aquele elevador gritando, chamando polícia, bombeiro, tudo, porque como que o cara fica olhando o acesso dela lá na administradora, quando ela sai, quando ela chega? Vai saber se ele tinha acesso às câmeras lá do saguão assim, da garagem? Pra mim não dá… — O caminho correto seria já chamar a polícia, fazer B.O. e ligar na administradora no dia seguinte de manhã e contar o que aconteceu, né? Só que a Elaine ficou com medo, nem por ela, mas do cara perder o emprego. — O que eu acho que seria até justo porque, né? Um cara com um acesso desses a vários apartamentos, a várias mulheres, agindo desse jeito? Sei lá, não é um emprego pra ele, né? — Mas ela ficou com dó, com dó… — Com dó, Elaine? Sério? 

Ficou com dó do cara e não contou nada pra ninguém, e a Elaine, minha gente, aguentou esse cara mandando mensagem pra ela e enchendo o saco por quatro meses até o dia que ela assim, outras pessoas começaram a saber, né? Porque ela recebia mensagem, ficava aborrecida, e aí as colegas dela de apartamento falaram: “Olha, se você não entrar em contato com o administrador do condomínio, nós vamos entrar e vamos contar tudo que ele tem feito com você, então é melhor você ligar porque você vai falar com jeitinho, às vezes o cara até preserva o emprego dele. Se a gente ligar, o negócio vai ficar feio”, e aí ela falou: “Não, tudo bem, eu vou ligar”. E aí a Elaine ligou na recepção da administradora e pra moça ela falou: “Olha, tem algum superior do fulano de tal que eu poderia conversar? Não gostaria de falar com ele, nem que ele soubesse que eu estou entrando em contato”, e a menina já ficou meio cabreiro e falou: “Não, tem sim, eu vou pedir pra ligarem pra você, fica tranquila, ainda hoje ligam pra você, não sei o quê”, e ela ficou esperando, a Elaine ficou esperando.

Aí uma moça que aparentemente era superior ali na firma do cara, conversou com a Elaine, escutou tudo o que a Elaine tinha para dizer, falou pra Elaine colocar tudo no e-mail do que tinha acontecido, inclusive dele ter comentado do acesso que ele sabia os horários que ela chegava e saía, e a própria coordenadora lá da administradora falou pra Elaine ir até uma delegacia e registrar um boletim de ocorrência, que era melhor, ela se preservava e também ela tinha um documento. — E eu acho que a administradora fez isso porque com o boletim de ocorrência também fica mais fácil pra administradora, de repente, mandar o cara embora, sei lá, ou se acontecer algo pior a administradora falar: “Não, eu mandei fazer B.O.”, de repente tira o dela da reta. A gente sabe que o capitalismo tá aí [risos] e ninguém é bonzinho, então… — Mas ela seguiu a orientação e lá foi a Elaine pra delegacia no dia seguinte, nem foi no dia seguinte, dali dois dias quando ela teve um tempo pra fazer esse B.O. —

[som de pessoas trabalhando e telefone tocando]

Chegou na delegacia lá do bairro mais perto dela e chá de cadeira, né? Uma hora ela sentada, duas horas ela sentada, três horas e vinte minutos sentada, ela foi chamada pra fazer o B.O., ela já tinha explicado mais ou menos do que se tratava pra um cara lá, que devia ser o escrivão, né? Aí ela foi pra uma sala lá que ela ia falar com o delegado e o escrivão ia escrever lá tudo que ela falasse, nã nã nã. Quando ela entrou nessa sala, minha gente, ela perdeu o fôlego, o cara era lindo que estava sentado lá, e aí o escrivão assim bateu no braço dela e falou: “Não, não, não é essa sala não, sou eu que vou colher seu depoimento”, ela entrou na sala do Delegado jurando que ela ia falar com o delegado, [riso] e não, era o escrivão que ia pegar todo o depoimento dela e depois o delegado ia assinar lá e tal. Ela começou a conversar com o escrivão, mas tipo queria olhar lá na outra sala de novo, ver aquele cara bonito? E o cara também olhou pra ela também, passou. 

E aí ela fez o que tinha que fazer, fez o B.O., esperou mais uns quarenta minutos até o bonitão lá assinar, aí a hora que ela pegou o B.O. ela viu no B.O. “Jefferson…” — Vou inventar qualquer sobrenome aí, é… Jefferson Picles, em homenagem ao meu gato. [risos] — Aí ela leu lá no B.O. dela que o nome do cara que ela tinha achado um máximo era Jefferson Picles. Só que assim o Jefferson Picles não tinha dado bola pra ela, né? Ele olhou pra ela porque ela entrou na sala dele, mas foi só. E nessa de fazer o B.O., o cara pegou o RG dela, pediu o documento e na hora que ele devolveu, em vez dela guardar o RG na bolsa ela deixou em cima lá da mesa do escrivão, e o escrivão também não viu, ela não viu, ela pegou o B.O. e foi embora. Depois do dia seguinte que ela reparou que ela tinha esquecido o RG na delegacia, tinha um telefone lá no B.O. e ela ligou, só dava ocupado, nã nã nã e falou: “Ah, vou passar na delegacia”, passou na delegacia, o cara que estava lá falou: “Olha, o escrivão que te atendeu só vai tá aqui amanhã, eu não sei desse RG, você tem que voltar amanhã pra falar com ele”.

E aí no dia seguinte ela foi lá ver se o escrivão tinha guardado o RG dela, o escrivão tinha guardado o RG dela, ele até brincou, né? “Não, tá aqui, aqui é o lugar mais seguro pra estar seu RG e nã nã nã”. E, a hora que ela estava saindo da delegacia Dr. Jefferson Picles estava chegando, entrando na delegacia e ela saindo, ele não sei se leu o B.O., deve ter lido, né? Ou se associou, ou se gostou dela também, ele reconheceu a nossa amiga Elaine e parou ela, falou: “Ah, e aí? Você voltou, teve algum problema? Eu li o seu caso do rapaz lá do condomínio”, e ela falou: “Não, não, não teve nenhum problema mais, é que eu esqueci meu RG aqui e vim buscar”, ele: “Poxa, tal…” — E assim, conversa mole, sabe? — Aí ela achou também que Jefferson Picles, sei lá, de repente deu uma abertura, mas como que ela ia falar com um delegado? Aparentemente um delegado jovem Jefferson Picles, mas ela não tinha abertura e foi embora.

E desde então ela ficou pensando em Jefferson Picles, mas assim, não tinha, onde que ela ia encontrar? Só se ela cometesse um crime [risos] pra chegar no plantão do Jefferson Picles, não tinha, não tinha como, mas o universo conspira. O cara lá que trabalhava na administradora do condomínio foi mandado embora, mas antes de sair ele deixou uma surpresinha pra Elaine, não se sabe como que o cara fez, ele tirou o acesso dela a tudo, porque assim, o condomínio dela super moderno, informatizado, então assim, pra usar academia tinha lá um trequinho pra você entrar pra academia, pra usar a piscina, pra usar sauna, pra usar o que… Tipo, um clube. — Sabe aqueles condomínios enormes que tem tipo um clube dentro? — E ela não conseguia acessar mais nada e a administradora ficava de resolver, de resolver, tentava achar o erro e não conseguia, não achava esse erro. E a Elaine sempre foi uma pessoa fitness, né? Uma pessoa saudável, que gosta de correr, que gosta de malhar… — Deus me livre, Elaine. [risos] Não, mentira, exercício é importante, façam exercícios.

E aí ela não conseguia usar a academia de jeito nenhum e revoltadíssima resolveu pagar ali uma academia por perto pra poder pelo menos correr, fazer um pouco de exercício, né? Que era uma coisa que tirava a tensão da Elaine, então quando ela estava tensa ela gostava de correr na esteira e tal. E aí ela pagou uma academia e começou a frequentar essa academia, tá lá Elaine um dia toda esbaforida na esteira, quando ela olha pelo espelho. Sabe assim academia na frente e todo mundo lá correndo na esteira, mas um espelho na frente de fora a fora, quando ela olha pelo espelho um pouco mais assim pra direita, tipo sei lá, umas quatro esteiras pra lá, quem estava na esteira, gente? — Quem, quem, quem? Jefferson Picles — Gente, o Jefferson Picles na esteira, pertinho da Elaine, ela não sabia o que pensar, e assim perdeu até o ritmo da corrida, pensou “O quê que eu faço? Vou falar com ele? Não vou falar com ele?”, não teve coragem de falar com o Jefferson Picles.

Desceu da esteira e ficou por ali pra ver se, de repente, ele terminava também e trombava com ela, e lembrava dela, mas nada, o cara estava ali firme na esteira. E aí a Elaine nesse dia não conseguiu falar com o Jefferson Picles, ele continuou lá na esteira, ela acabou desistindo, só que ela começou a ir pra academia todos os dias, todos, até de domingo que a academia ficava aberta até uma hora ela ia pra academia. E aí o condomínio acabou resolvendo lá o problema dela de acesso… — Mas em vão — Porque agora nunca que ela ia sair daquela academia, né? O foco da Elaine era Jefferson Picles. Só que raramente ela encontrava Jefferson Picles. — Porque não sei, o cara tem plantão, né? Sei lá, delegado tem outro ritmo de vida. — E assim, do tempo, ela passou sei lá uns quatro meses frequentando direto a academia e encontrou o Jefferson Picles umas seis vezes no máximo e ele estava sempre ou correndo, assim, muito entretido ali num exercício e tal, e ela não tinha abertura pra chegar nele, e cada vez ela mais apaixonada por Jefferson Picles. 

E nesses quatro meses a Elaine fez algumas amizades na academia e pra uma pessoa lá que ela conheceu, né? — Um cara que eu não vou dar nome — ela pegou muita amizade, muita amizade mesmo e acabou comentando com o cara, tipo, “Ai, aquele cara ali e tal”, mas não falou que estava apaixonada, mas tipo falou que estava interessada, e o cara virou pra Elaine do nada assim, e falou pra ela: “Meu, mas nem investe porque aquele cara é gay.” — Gente, Jefferson Picles, gay? — Pra Elaine foi um balde de água fria, porque se o cara é gay não ia ficar interessado por ela nunca, e aí ela ficou muito mal e o cara ali amigo dela falando: “Não, relaxa, tem outros caras, nã nã nã”, e a Elaine ficou tão mal, tão mal, que parou de frequentar academia. Elaine voltou a fazer esteira no prédio dela, né? Arrasada, chateada. 

Nisso, passou ali mais uns dois, três meses, então desde quando ela conheceu Jefferson Picles até aquele momento já tinha passado ali uns oito meses e nada, e ela sempre pensava no Jefferson Picles, né? E agora pensava nele assim: “Nossa, nunca vou ter chance, por que eu fui me apaixonar?”, super arrasada. Daí um dia meio friozinho a Elaine foi até uma padaria perto da casa dela e sabe esses lugares que vendem a sopa que é dentro de um pão, mas o pão é enorme tipo do tamanho sei lá, da cabeça de uma criança de cinco anos? [risos] Um pão imenso redondo? E aí ela pediu uma sopa lá cheia de bacon, cheia de coisa, dentro do pão… — Ai, eu até salivei porque o pão eu ia querer… [risos] — E aí a ideia era comer toda aquela sopa com aquele miolo de pão macio e depois ir pra casa comendo aquela casca, comer aquele pão todo, essa era a ideia da Elaine, então ela foi pra padaria sentou na frente daquela bacia de sopa [risos] em formato de pão e começou a comer igual uma doida.

De repente Elaine ouve uma voz “Oi, você por aqui?”, ela toda encalacrada naquela sopa quente que estava na frente dela. — Quem, quem, quem? Jefferson Picles — Elaine quase engasgou com a sopa… — Passou até mal. [risos] — E ele sentou e começou a conversar com ela, perguntar se tinha dado certo o B.O. que ela tinha feito, assim, ele não viu ela na academia esse tempo todo? E aí ela acabou comentando “Ah, a gente acabou frequentando a mesma academia, agora eu saí, voltei pro meu prédio”, contou a história do que o cara fez e tal. E o Jefferson Picles pegou o celular dele e falou: “Ah, vamos trocar número, né? Não vamos perder esse contato”. — Ai, gente. —

Só que assim, agora na cabeça da Elaine era: “Você é amiga do Jefferson Picles, ele é gay, de repente eu apresento meus amigos pra ele”, e no fundo ela tinha um sentimento ainda, mas desencanou, né? Falou: “Ah, você é amiga do Jefferson Picles, a gente vai ser amigo”. E, às vezes, quando ele estava de plantão, estava ali perto da padaria, ele mandava mensagem pra Elaine, ela ia lá, eles jantavam juntos, na padaria mesmo, comiam as vezes um sanduíche, ou tomava uma sopa e conversavam bastante. E assim, o fato de agora Elaine ter consciência de que o Jefferson Picles era gay, facilitou as coisas pra ela porque ela ficava solta perto dele, falava as coisas com mais tranquilidade perto dele, bem assim uma coisa de amizade. E a coisa foi rolando, eles ficaram bem amigos ali uns quatro meses, eles se falavam quase todo dia, e assim, era tudo muito rápido, porque a vida do Jefferson Picles era muito corrida, né? E também por outro lado Elaine em nenhum momento deu uma abertura pra ele de outra coisa que não fosse amizade.

Até o dia que eles estavam saindo da padaria, eles tinham só tomado um café e tal e a Elaine falou: “Ah, bom plantão”, aquela coisa de sempre, quando ela vira, o Jefferson Picles pegou a Elaine pela cintura e tascou-lhe um beijo. [inicia trilha romântica] E a Elaine correspondeu né? Falou: “Tô na chuva, [risos] vou me molhar”, mas assim com a cabeça super confusa, e aquele beijão assim, beijão de novela mesmo. E o Jefferson Picles terminou de dar aquele beijão na Elaine, sorriu, virou as costas e foi embora. E aí assim, ela ficou na dúvida ainda, só que agora ela tinha uma questão. [risos] Olha a questão da Elaine, ela pensou: “Será que o Jeferson me beijou, sei lá de zoeira? Mas não foi um beijo de zoeira, foi um beijo de verdade”, e durante o beijo os corpos se encostaram e a Elaine sentiu [risos] uma coisa dura ali, só que ela estava em dúvida se ele estava animado, ou se era a arma dele, [risos] porque se fosse a arma, então quer dizer, o cara nem sentiu nada, o que estava duro ali era a arma. [risos]

E aí ela ficou com essa dúvida, se o beijo foi de zoeira, o que estava duro ali era a arma, [risos] se não foi ele que ficou animado, entendeu? [risos] — Ai gente, eu nunca mais vou parar de rir disso, né? Porque olha a dúvida, a pessoa foi beijada e não sabe se era a arma, [risos] ou se o cara estava animado, né? E aí ela assim, ela não tinha como mandar uma mensagem falando isso, né? E aí ela mandou uma mensagem assim: “Jefferson, o que foi isso?” e ponto de interrogação, e aí ela ficou na dúvida se ela colocava uma carinha feliz, ela achou melhor não, e aí ela colocou aquela carinha que tem o olho arregalado, assustado? Porque pelo menos a carinha suavizava, né? Não dava a impressão que ela não tinha gostado do beijo, mas que ela estava surpresa. E ele não respondeu, mas também ele tinha acabado de entrar em plantão e na hora, sei lá, não deu pra responder e aí ela dormiu. 

Dormiu pensando nisso e quando ela acordou ele tinha respondido de madrugada pra ela, e o Jefferson Picles fez aquela declaração de amor pra Elaine, que ele já era apaixonado por ela faz tempo, mas que ela não dava abertura e “Por favor, me desculpa, pelo beijo, mas é que às vezes eu achava que você também estava interessada, outras vezes eu achava que não, mas você nunca me dava abertura, nã nã nã”, e falou, falou, falou, falou, falou, e na cabeça da Elaine ela primeiro precisava tirar a dúvida, né? E aí ela mandou pra ele: “Mas Jefferson, você não era gay?”, [risos] — Agora escuta também, tanto tempo os dois conversando ela podia ter perguntado isso antes, bem antes… — E aí ele riu e perguntou de onde ela tinha tirado isso, que não, que ele não era gay, nem bi, que ele era hétero. E aí lógico que a gente vai desconfiar que aquele cara lá que falou pra Elaine que o Jefferson Picles era gay provavelmente estava interessado na Elaine, né? — Meio óbvio, né? —

E aí tirando esse mal entendido da frente, eles começaram a namorar. Elaine e Jefferson Picles namoraram, noivaram e casaram. E agora eles têm dois piclezinhos [risos] bonitinhos, um casal de piclezinhos, e estão super felizes, então é uma história de amor aí que no final, depois de muitos desencontros, deu super certo. Se não fosse lá o psicopata, o cara mala do condomínio, ela nunca ia conhecer Jefferson Picles, provavelmente não sei, de repente, o universo também podia colocar ele ali na padaria e ela conhecesse o Jefferson Picles de outro jeito, mas foi por causa daquele cara que ela acabou conhecendo o Jefferson Picles. E não era a arma dele. [risos] E o casal Picles segue felizinho aí, e foi isso a história de hoje. Um beijo todo mundo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.