título: contrabandistas
data de publicação: 10/10/2022
quadro: amor nas redes
hashtag: #contrabandistas
personagens: leila, lívia e adriana
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais uma Amor nas Redes. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é a Ipanema e o lançamento da sua coleção Sempre Nova: Unidas o bonde brilha. E este é o terceiro e último episódio com histórias de força feminina, liberdade e união que trazem aí inspiração e enaltecem a potência dos encontros entre mulheres. Se é para brilhar, que seja em conjunto. A gente vai destacar hoje a importância das conexões verdadeiras e mostrar como ter aliadas para fortalecer os passos do dia a dia faz toda a trajetória valer a pena. E é essa força somada que faz o bonde brilhar. E, no bonde de hoje, eu trago a Leila contando a história de amizade com as amadas Lívia e Adriana. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Em 2020, a Leila tinha acabado de se casar. Na sequência, veio uma pandemia e ela começou a se sentir estranha, a se sentir mal e acabou que Leila descobriu que ela estava com leucemia… — Leucemia mielogênica aguda, mais conhecida como LMA. — Foi um choque, né? Porque aí a Leila começou o tratamento e perdeu os cabelos, passou muito mal… Tinha efeitos colaterais intensos da quimioterapia. E, durante o tratamento, — no hospital — a Leila precisou de muitas doações de sangue. E aí, lógico, as pessoas compartilhavam pelas redes sociais e todo mundo falava disso pra doar sangue. — Inclusive, gente, doem sangue. — E, nisso, uma outra paciente que estava internada no mesmo hospital que a Leila, a Lívia, ficou sabendo da história da Leila e que ela estava fazendo tratamento ali e “ah, quero conhecer a Leila”. Então, Lívia internada também numa outra fase do mesmo tratamento pra mesma doença, o mesmo tipo de leucemia, foi procurar a Leila e conversar com ela.
E, por incrível que pareça, Leila e Lívia estavam no mesmo andar do hospital, elas tinham a mesma equipe médica e as duas trabalhavam na mesma empresa… E elas nunca tinham se conhecido antes, né? Se conheceram ali no hospital, em tratamento. E o caso da Lívia tinha sido mais delicado, assim, ela tinha precisado de transplante de medula e ela teve várias intercorrências. Inclusive, a Lívia chegou a ficar em coma e entubada. Então, quando ela chegou na Leila, ela tinha muito pra falar e para acalmar a Leila, que estava ali naquele começo de tratamento. E esse primeiro contato da Lívia se deu ali por mensagens do Instagram, porque apesar de eles estarem no mesmo lugar, elas estavam isoladas, né? Elas estavam em tratamento.
A Lívia foi ali acalmando a Leila conforme as coisas iam acontecendo, o tratamento ia seguindo. Inclusive, a Lívia deu muita força para Leila quando a Leila ficou careca, né? — Porque a Lívia também já tinha ficado. — Então ela explicou, estava lá do lado, deu força, mandava mensagem todos os dias para saber como a Leila estava. E, com o tempo, as enfermeiras, percebendo essa amizade das duas, começaram a deixar as duas em quartos, uma de frente para a outra, porque pelo menos elas conseguiram dar tchauzinho uma para a outra, né? E, assim, as duas passaram tempo, muito tempo juntas. Assim, sofreram juntas, tiveram intercorrências juntas, tipo febre, falta de apetite e viviam ali aquele mundo, como a Leila diz “aquele mundo oncológico” juntas.
Como as duas tinham o mesmo médico, às vezes elas enchiam o saco da equipe médica pedindo comida diferente, porque você está todo dia ali no hospital, comendo só aquela comida… E uma coisinha ou outra elas podiam comer de fora… — Mas, assim, não é a equipe médica que vai buscar e tal, né? — Então, elas começaram a fazer contrabando de comida mexicana no hospital. [risos] — Amo… — Não era nada, assim, escondido, mas tipo as coisas vinham de fora dentro do que elas podiam comer. E a amizade de Leila e Lívia era tão grande que uma via o relatório da outra. — Sabe aquele relatório diário que sai e tal dos pacientes? — Pra ver como a outra estava, como estavam os exames… E aí as duas, quando trocavam esses exames, elas riam e choravam juntas, né? Porque às vezes piorava, as vezes melhorava…
Na primeira alta da Leila, — após 46 dias internada — foi a última alta da Lívia. O tratamento da Lívia em internação tinha chegado ao fim. — Então, as duas saíram juntas do hospital. — Lívia ali no final de tratamento e a Leila ainda com uma estrada pra percorrer ali, se tratando. E aí elas começaram a marcar as consultas no mesmo dia ali no hospital para que elas conseguissem se ver fora do quarto, né? — Porque antes elas só se viam no quarto do hospital, agora elas conseguiram se ver no hospital. Ali na chegada, na entrada e ficar um pouco juntas. — A história da amizade delas e do contrabando de comida mexicana percorreu ali o hospital e as enfermeiras apresentaram ali, pelo WhatsApp, uma outra paciente que estava lá com o mesmo tipo de leucemia, a Adriana.
E aí a Adriana tinha tido também as mesmas intercorrências que elas, ali somada que Adriana teve algumas cirurgias também… E as três foram ficando amigas. Elas tinham a mesma doença para tratar — em fases diferentes — e isso uniu ali as meninas. E aí, numa outra internação da Leila, agora o contrabando de comida acontecia com a Adriana. [risos] A Lívia já estava fora, né? — Então podia ser a pessoa mandando a comidinha. [risos] — Mas por algumas questões específicas ali de saúde da Adri, ela só podia comer o sorvete e a sobremesa contrabandeadas, então não era toda comida que ela podia comer. E a Adriana, com a saúde um pouco mais delicada, deu vários sustos ali nas duas, na Lívia e na Leila. E, numa das altas da Leila, e a Lívia já fora do hospital, elas se juntaram para ir lá visitar a Adriana, porque elas estavam muito preocupadas, né?
E aí os médicos quase infartaram, [risos] porque Adriana não podia receber visitas. — Dependendo do tratamento que você faz, você tem que ficar ali um pouco isolado, né? — Mais um tempo se passou, a Lívia realmente não precisou mais de internações. A Leila e a Adri terminaram o tratamento na mesma época e elas criaram um grupo de WhatsApp. — Pra se apoiar ali e contar as experiências diárias e tal. — E hoje, dois anos após o tratamento, elas ainda mantêm contato e amizade. Inclusive, elas já se encontraram depois que todas acabaram as internações. Elas já se encontraram num ambiente fora do hospital. Eu recebi a foto aqui, as três belíssimas, felizinhas, se encontrando fora do hospital. E a Leila termina o e-mail dela falando: [efeito de voz fina] “E hoje estamos as três vivas e aproveitando a vida”. É muito legal, né, gente?
Eu escolhi essa história pra esse mês agora de outubro, acho que tem tudo a ver também. E, poxa, as três ali num momento super complicado da vida encontraram forças pra se unir e uma ajudar a outra. — Olha, quero nem chorar aqui, viu? — E agora a gente vai ouvir essas três divas contrabandistas de comida mexicana [risos] e eu já volto.
[trilha]Leila: Oi, Não Inviabilizers, eu me chamo Leila Amorim, sou aqui de Santana de Parnaíba. Em maio de 2020 eu descobri que estava com leucemia, especificamente a LMA, e que iria precisar de um tratamento quimioterápico e isso envolveria muitas transfusões de sangue, perda de cabelo… Todas aquelas coisas horríveis de um tratamento oncológico. Nisso nós começamos uma campanha, via internet mesmo, pedindo para que as pessoas saíssem de casa com segurança, fazendo agendamento pelo telefone e fossem até o hospital fazer as doações de sangue. A Lívia viu o meu post nas redes sociais e ela entrou em contato comigo. Por coincidência, nós tínhamos alguns amigos em comum e trabalhávamos na mesma empresa.
Quando a Lívia estava encerrando o tratamento dela, nas últimas semanas, vendo a nossa amizade e de como a gente acabava ajudando a melhorar o dia da outra quando de repente os exames, os resultados de exames não eram tão legais ou quando tinha uma febre ou uma outra tinha alguma intercorrência, nos apresentaram a Adriana. Adriana também estava em tratamento oncológico, o mesmo tipo de leucemia que a nossa, só que ela já estava em outra. hospital. Então a gente criou grupo e nos falávamos todos os dias. Então a gente virou ali as três amigas do hospital, né? Era muito engraçado, né? Porque eu e a Lívia, no caso, ficamos conhecidas como “as contrabandistas de comida mexicana”. Foi, inclusive, através dessa história que a Adriana ficou conhecendo, sabendo da nossa existência.
Eu e a Lívia tínhamos o mesmo médico, a equipe da Adriana era outra… E aí nós duas mandamos o WhatsApp pra ele falando: “Doutor, por favor, a gente está morrendo de vontade de comer uma comida mexicana”. Aí ele autorizou, com algumas ressalvas. E a gente comia super pouco também, porque não tinha muito apetite. E a irmã da Lívia buscou pra gente comida mexicana. Já tinha escutado várias histórias sobre câncer, mas não conhecia nenhuma história de pessoas que tinham sobrevivido ao tratamento… A Lívia chegou nesse momento para desmistificar muitas coisas que eu sabia sobre o câncer. Ela já estava numa fase de tratamento mais avançada, o caso dela precisou de transplante de medula óssea e começamos a trocar figurinhas sobre o nosso dia a dia.
Ela me ajudou muito desde os sintomas, das coisas que eu sentia e o que ela fazia para aliviar. Quando eu tive que cortar o cabelo… Raspar a cabeça, na verdade, ela me auxiliou muito toda nessa parte emocional… E tudo isso via WhatsApp. E o mais engraçado é que, como nós estávamos muito próximas e as enfermeiras notaram isso, obviamente a gente não podia ter contato uma com a outra, então elas começaram a deixar sempre a gente em quartos próximos, às vezes até da mesma porta, para que quando abrisse a porta, uma conseguisse ver a outra lá do outro extremo e pelo menos dar um tchauzinho.
Temos um grupo de WhatsApp onde a gente compartilha o nosso dia a dia, conta sobre as nossas coisas e é muito importante, porque é um lugar que eu posso me sentir segura. Eu não preciso ter receio do que eu vou falar, eu não preciso ter medo de como eu vou ser interpretada… Porque elas sabem exatamente o que eu estou sentindo. Elas sabem o quanto cada vez que a gente liga a TV e vê que alguém teve o diagnóstico de leucemia e faleceu, quanto aquilo dói. Então, é muito importante ter a amizade delas e eu espero que dure pra vida inteira. Sem dúvidas eu sou mais feliz porque eu sei que elas existem… Não tem como falar da Lívia e da Adriana sem me emocionar.
Nós nos conhecemos no momento mais complicado da vida de cada uma e, sem dúvidas, uma foi a fonte de apoio da outra. A gente chorou junto, a gente riu junto, nos preocupamos juntas… Todas as vezes que tinha qualquer problema com uma de nós três estava ali esse círculo de amizade muito forte. E também o pós hospital, manter esse contato com elas faz toda a diferença na minha vida, porque eu tenho pessoas que passaram pela mesma coisa que eu, entendem minhas aflições, entendem as minhas angústias… Infelizmente o medo que a gente tem de um dia essa doença poder voltar. E elas são as melhores presentes que eu ganhei durante esse tempo que eu estive no hospital, nesse tratamento oncológico. E, por favor, doem sangue, doem plaquetas, sejam doadores de medula óssea. Isso salva vidas e salvou as nossas.
Lívia: Olá, pessoal, eu sou a Lívia, falo aqui de São Paulo. A nossa amizade foi muito Amor nas Redes… Num momento nada bom, mas que deu tudo certo. Quando eu estava terminando meu tratamento contra a leucemia, eu vi um amigo meu compartilhar um pedido de doação de sangue para Leila. Como eu não sabia como que ela estava lidando com o diagnóstico recente e tal, eu mandei mensagem para o marido dela, me colocando à disposição pra ela, pra ele, pra família, pra todo mundo que eu pudesse ajudar. E, no mesmo dia, eu e ela a gente começou a falar e foi impressionante, assim… A gente trocava experiência, eu dava dicas porque eu já estava acabando o meu tratamento e ela estava começando… E a gente criou uma grande amizade. Como a gente não tinha imunidade por conta do tratamento, a gente demorou muito até poder se ver, mesmo que de longe, mas parecia que a gente se conhecia há séculos.
E a gente dava muito trabalho pra comer no hospital, né? São os efeitos do tratamento, da quimioterapia e tal… E aí um dia a gente estava se falando no WhatsApp e deu uma vontade muito grande na gente de comer comida mexicana. E aí, com a ajuda da minha irmã, que era minha acompanhante nesse dia e com o aval dos médicos, eu pedi comida mexicana, liguei pra lá, pedi pra dividir a porção pra duas pessoas por conta da pandemia, né? Pra que nenhuma visse a comida da outra e tal e a minha irmã também facilitou esse contrabando inter quartos aí. E a gente também já contrabandeou vidro de azeitona de marido para marido… O vidro estava besuntado de álcool gel, eu não sei nem como que não caiu no corredor do hospital. [riso]
Nos últimos meses da minha internação, eu sempre ouvia falar de uma paciente, a Adriana, que ela ficou num quadro super delicado e tal, e sempre falavam dela pra mim e de mim pra ela. Depois que eu tive alta do hospital, resolvi mandar uma mensagem, me apresentar, tudo e aí, com isso, a gente criou um grupo nós três no WhatsApp e sobrevive até hoje. A gente compartilha dor, aflição, nossas conquistas, laudos de exames, né? Que não podem faltar e muita amizade. É estranho falar isso, mas a leucemia serviu pra trazer as duas para a minha vida, assim, em definitivo. E, como não poderia deixar, estimular a doação de sangue, de plaquetas, de medula óssea… Eu estou viva graças a uma doação da Alemanha. Então, acho que é uma pauta super importante aí que todo mundo precisa saber mais e se interessar. Um bicho.
Adriana: Meu nome é Adriana, moro na cidade de São Paulo. Eu vivi o maior Picolé de Limão da minha vida ao ser diagnosticada com leucemia mieloide aguda em um estágio já avançado no dia do meu aniversário de 35 anos. Eu fui para o hospital apavorada, porque a gente estava no meio da pandemia e eu estava com um problema na garganta… E eu tive que passar por uma cirurgia emergencial e, dois dias depois, eu estava esperando ter alta pra curtir o meu aniversário em casa e eu recebi a notícia de que eu não sairia tão cedo do hospital porque eu estava com câncer. E eu tive que começar o tratamento já ali. Foi muito agressivo a primeira fase e eu tive muitas complicações. E, dentro de uns 20 dias, eu já estava em coma… Eu passei 9 dias. Quando eu voltei do coma de uma forma milagrosa na UTI, eu consegui fazer amizade com as enfermeiras da UTI e elas me contaram a história de uma paciente que tinha passado por uma coisa parecida comigo. O nome dela era Lívia.
E aí eu achei a Lívia nas redes sociais e todo mundo me contava a história dela, como ela era legal… Só que eu não tive coragem ali, dentro de todos os meus medos, de mandar uma mensagem pra ela e falar: “Oi, tudo bom? Eu sou a Adriana”, falei: “Gente, ela vai achar que eu sou uma maluca”, mas eu fiquei seguindo ela nas redes sociais pra saber como ela estava, porque para mim já começou ali ela ser uma fonte de inspiração, porque ela já tinha passado, né? De eu falar: “Poxa, se ela conseguiu, eu posso conseguir também”. As nossas chances são sempre poucas, né? O câncer é muito injusto e as estatísticas nunca estão a nosso favor. Então, qualquer pontinha de esperança que eu encontrava, eu apegava. E, mesmo antes de começar a falar com a Lívia, ela já fazia parte de um desses motivos. E o tempo foi passando ali… Eu tive diversas complicações, eu tive um problema muito grave no intestino e já em outubro, já perto do meu último ciclo de quimioterapia, quando uma enfermeira começou a conversar e falar da Lívia e da Leila, que eram o terror do hospital, porque elas não queriam comer, não queriam fazer fisioterapia, não queriam fazer terapia, não queriam nada…
E eu era, assim, supermodelo… Eu passei tanto tempo sem comer. Nossa, eu tive problemas muito graves de desnutrição. Quando eu conseguia comer era uma alegria tão grande… Beber água… Tudo. Então, eu fazia tudo muito certinho, fazia todas as terapias… E aí eu ouvi falar dessas mocinhas que estavam lá na outra ala e que elas faziam contrabando de comida mexicana e outras coisas assim… E aí uma enfermeira falou: “Por que você não manda uma mensagem pra elas? Você vai gostar muito delas e tal”. Eu fiquei com vergonha, assim, e ela acabou pegando meu contato e passando pra Lívia. E aí a Lívia me mandou uma mensagem e a gente começou a se falar. E ela me apresentou a Leila, que elas já eram amigas e a minha vida mudou completamente a partir dali. Porque eu nunca tinha passado por nenhuma experiência assim na família, de uma pessoa próxima diagnosticada com câncer.
Então, eu tinha muitas dúvidas, muitos medos, muitas incertezas que eu não tinha coragem de compartilhar com as pessoas. Eu sentia, assim, que ninguém conseguia direito me entender. Quando eu chorava mais de repente quando meu cabelo caiu, pelo fato de eu estar morrendo ali assim e estar nos momentos muito difíceis. Quando eu comecei a falar com elas, tudo fazia sentido. Foi um lugar de entendimento, de companheirismo, assim, inacreditável. Pra mim, mudou completamente ali o meu tratamento, assim… Toda a minha vivência relacionada a aquilo que estava acontecendo. E o mais legal: [voz animada] Eu tive acesso também a contrabando de comida. No dia que a gente terminou a sessão de quimio a gente ganhou um certificado de coragem, a coisa mais linda do mundo. E veio, assim, entrou um monte de gente no quarto com um monte de salgadinhos, um monte de coisa que eles certificaram, tipo uma festa… Que, na verdade, era a festa da Leila, mas que rolou um contrabando para mim.
E, teve uma vez, que depois que eu conheci elas, elas me influenciaram um pouco… Eu nunca tinha pedido nada de fora do hospital, mas eu comecei a querer mais, comecei a querer comer mais coisas. Aí teve um dia que eu pedi esfiha também e mandei o contrabando de esfiha doce lá pra Leila. A mãe da Leila muito maravilhosa um dia levou Picolé de Limão pra mim [risos] porque era a única coisa que conseguia fazer o meu enjoo diminuir naqueles momentos de quimioterapia. E a gente teve essa alta e a gente conseguiu, eu e a Leila a gente se encontrar, tirar uma fotinho no dia dessa alta que a gente teve junta, que era pra ser a nossa última alta, assim, e começar uma nova vida. Mas como eu sou meio curva de rio, eu ainda tive algumas complicações.
Eu tive algumas internações e aí teve uma vez que eu estava internada muito mal, mas elas foram me visitar meio que escondido, assim, entraram no meu quarto, eu estava morrendo e elas já estavam ótimas… E a gente tirou uma foto. Foi a polêmica daquele hospital, meu Deus do céu… Que ninguém tenha sido mandado embora por conta disso. Já fazem dois anos de tudo isso e a gente continua com contato diário no nosso grupo, onde a gente ri, chora junta, de coisas grandes, pequenas, a gente compartilha nosso dia a dia… E essa semana, quarta—feira, eu fui realizar um sonho de fazer um spa juntas das três. Eu só chorei porque sou uma chorona, mas, assim, é muito lindo tê—las na minha vida, a gente compartilhar todos esses momentos, tudo o que a gente passou… E é maravilhoso saber que a gente está juntas pra sempre, que hoje nós três, nesse momento ainda estamos bem, estamos saudáveis, estamos felizes.
Como nós tivemos câncer hematológico AS três, é essencial em qualquer tratamento de câncer hematológico, transfusões de sangue e de plaqueta. Nós três passamos muito por isso e também a gente conseguiu levantar campanhas imensas no banco de sangue. Pra mim, isso foi uma coisa muito, muito emocionante, por quê? Durante a pandemia, as pessoas que nem me conheciam às vezes, que nem conhecia nenhuma delas, se levantavam e tinham coragem de sair de casa, enfrentar aquele mundo que não tinha vacina, que não tinha nada, aquele caos, aquela loucura pra ir doar um pouco de vida pra gente. Então, eu quero agradecer a todos os doadores de sangue do Brasil e pedir para todas as pessoas que puderem: Doem sangue, doem plaquetas, se cadastrem para doar medula óssea… Porque isso pode ser uma coisa muito pequena pra quem está bem, está saudável, mas realmente salva a vida das pessoas. E essa corrente de amor, de doação de sangue e essa amizade maravilhosa e incrível que se formou ajudou muito a salvar minha vida também.
[trilha]Déia Freitas: Ai, cara… Amizade é isso, né? Olha, não tem muito que dizer, né? É a gente se unir mesmo e dar força uma pra outra. Ipanema Sempre Nova, Campanha Unidas o bonde brilha. Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. Ipanema, livre dos pés à cabeça. Eu amei fazer parte desse bonde. Obrigada aí, Ipanema pela parceria. Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]