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título: crediário
data de publicação: 28/05/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #crediario
personagens: natália, amiga e namorado

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão. O Picolé de Limão de hoje, ele fica naquela zona cinza, [risos] que eu não sei definir muito bem o certo e errado assim, do que a nossa amiga fez, vocês é que vão dar essa luz aí pra ela. Quem me escreveu foi a Natália e é uma história sobre duas amigas, é uma história de carnê, [risos] ai, meu Deus.

[trilha]

A Natália trabalha num banco e ela tem assim… Uma estabilidade financeira, divide apartamento com uma outra moça que também tem estabilidade financeira, só que se enrolou aí no começo da pandemia e ficou com o nome sujo, e a Natália me disse que ela não pode ter o nome sujo porque ela trabalha em banco. — Eu nem sabia que tinha isso, mas enfim, ela disse que ela não pode. — Aí no começo da pandemia, a Natália ficou um tempo sem ir trabalhar, depois o banco fez rodízio, nã nã nã e essa amiga dela que mora com ela, ficou de home office e a empresa ficou de levar na casa delas o computador pra essa amiga trabalhar, só que essa amiga não contou pra Natália. E aí o quê que essa amiga pediu pra Natália? Pra Natália tirar pra ela um computador. — Um laptop. —

E aí assim, ela queria um laptop top, [risos] — Laptop top. — Um laptop bom assim, mais caro, e aí a Natália pensou, falou: “Poxa, é minha amiga de anos, eu sei que ela não vai falhar comigo, mas eu não vou gastar todo o limite do meu cartão pra pegar esse laptop, eu vou tirar no carnê”, e aí foi com essa amiga e o namorado da amiga comprar esse laptop. E lá o namorado da amiga deu vários pitacos, nã nã nã, ele que acabou escolhendo. — O laptop. — A Natália pagou, eles ficaram de entregar, porque na loja não tinha lá com as especificações que — O princeso — namorado da amiga queria e tudo certo. E a Natália ela não é uma pessoa boba, ela fez um favor realmente pra amiga dela… — Um favor que eu também faria, acredito. — E ela falou pra amiga dela assim: “Olha, a gente parcelou em dez vezes, então o quê que eu vou fazer? Quando esse computador chegar aqui, eu vou configurar, eu vou ficar com a caixa dele, com tudo, vou entregar o laptop pra você com o carregador e vou colocar aqui um perfil pra você usar, mas esse computador vai ser meu até você terminar de me pagar”.

E a amiga dela falou: “Sem problemas”, pediu pra ela instalar lá as coisas que o namorado tinha pedido, [risos] a Natália instalou e entregou o laptop pra essa amiga, assim que essa amiga pegou o laptop, na mesma semana chegou o computador do trabalho dela lá na casa, porque ela tinha dado pra Natália a desculpa que ela precisava de um computador pra trabalhar em home office. E aí chegou o computador, aí Natália falou: “Ué, a empresa resolveu agora mandar os computadores, né? Pra todo mundo”, aí a amiga ficou sem graça e falou: “Ah, sim, né?”, e só depois que a Natália foi descobrir que desde o começo essa amiga já sabia que ia receber o computador, e por que então ela mentiu pra Natália? Porque ela queria que a Natália comprasse o computador para o namorado dela. E se ela tivesse falado isso pra Natália, obviamente, a Natália não ia aceitar.

E aí a Natália falou assim pra ela: “Mas e agora como é que vai fazer? Você comprou o computador? Tem as parcelas”, ela falou: “Não, eu vou dar o computador pro fulano e ele que vai pagar as parcelas”, a Natália olhou bem pra amiga e falou: “Amiga, a minha dívida é com você, então se ele vai pagar pra você ou não as parcelas não é um problema meu, a minha dívida é com você, beleza?”, a amiga falou: “Beleza”. — Então tudo certo, né gente? —

Primeiro mês, a amiga pagou certinho, segundo mês a amiga pagou certinho, no terceiro mês ela não pagou e falou que foi porque o namorado não pagou. — Mas vocês concordam que não foi esse o combinado? — Não foi esse o combinado. Depois de muita dor de cabeça e de seis meses sem pagar… — Seis meses, então vamos pensar lá…— E se ela comprou isso em março, — Faz as contas aí mais seis meses, mês três, mês nove… — Setembro… — Se fiz a conta certa, porque eu sou meio burra pra conta. — Então até setembro ela não pagou mais nada, pagou dois meses e depois ficou seis meses sem pagar. E a Natália já super estressada… E, detalhe, a Natália pagando em dia as parcelas, porque a Natália não podia deixar sujar o nome, só que pra amiga ela estava mentindo que o nome dela já estava sujo, que ela precisava limpar o nome, que ela precisava do dinheiro, e a amiga só enrolando, só enrolando.

E esse cara ficava quieto, tipo, como se a dívida não fosse dele… — Mas também não era dele, porque se a namorada que deu o computador, né? — Aí, gente, setembro muita coisa já flexibilizada, né? — Muita. — E aí essa amiga depois de ter um quebra-pau com a Natália fez uma festinha, tipo, reuniu uns amigos lá na casa delas, porque a casa das duas, então assim, a Natália também pode reclamar até certo ponto, mas a casa também é da menina e a menina nunca deixou de pagar as contas da casa em dia. Detalhe que esse cara aí foi pra festa direto do trabalho, sei lá o quê de onde, com o laptop, gente. [risos] E a Natália falou que tinha umas dez pessoas na casa e todo mundo bebendo, ela acabou entrando na festa também, furando quarentena… — Ê, Natália… Muito errado, Natália. — Bebendo também, mas ela bebeu super pouco, mas todo mundo ali bebendo muito, chegou uma hora a Natália pegou esse laptop da mochila do cara, que é o laptop que ela estava pagando e escondeu. — Por isso que eu falo que isso é uma zona cinza, gente, porque por mais que eu sei que a Natália pagou por esse computador e está pagando até hoje, eu achei meio errado. —

E aí o cara foi embora e dois dias ninguém falou nada, porque assim, foi numa sexta. E o cara foi embora, quando foi na segunda que essa amiga veio comentar com a Natália que o fulano tinha sido furtado, provavelmente no metrô, e aí a Natália falou: “Bom, e aí, né? Foi furtado, meu nome tá sujo”. — Aí olha a amiga… — Falou pra ela assim: “Natália, agora que ele foi furtado e perdeu o computador não tem como ele te pagar mesmo e eu não consigo pagar, você me desculpa”. — Você me desculpa… — “E é isso” — Gente? — Só que a Natália já estava com o computador e pensa assim, ó, o computador da Natália é um computador de 2012 e esse computador que ela comprou pra esse cara aí é de 2020, mas eles são praticamente iguais assim. — Eu não posso falar aqui a marca, ela falou pra eu não falar… — Mas eles são praticamente iguais, o quê que a [risos] Natália fez?

Ela comprou os mesmos adesivos que ela tinha no computador dela, — Que eu também não vou falar aqui onde ela compra, mas é tipo essas coisas de papel de carta. — e colocou no computador novo, como se o computador novo fosse o dela antigo e o dela antigo ela arrancou os adesivos, deixou bonitinho e vendeu, e o computador já estava tudo no nome dela, então ela apagou o perfil do cara do computador e agora ela usa o computador novo. Ela que tá pagando, então o cara só pagou duas parcelas das dez, então a Natália acha que ficou pelo tempo de uso aí que ele usou. — Como se fosse um aluguel… — E agora, o que mais impressiona é que, realmente, o casal assim desencanou de pagar ela, é lógico que se eles fossem pagar agora ela ia falar que não ia aceitar, porque ela ficou com o computador, né? Mas eles nem se mexem. — Nem se mexem. Sério? —

E aí agora ela tá com bronca dessa amiga, — Porque assim, a amiga não sabe que o computador tá com ela e ela fala, toda vez que o nome dela tá sujo, e que ela vai ter que ela negociar isso pra pagar, e a amiga fala: “Ai, amiga, eu sinto muito, eu sei que eu pisei na bola, mas eu não posso te ajudar”, e essa amiga vive comprando roupa, tem uma situação boa, sabe? Ela podia pagar. Então a Natália mesmo estando com o computador, ela tá no veneno e ela tá querendo romper a amizade, tipo, sair lá do apartamento que agora vai renovar contrato e não conversar mais com essa mina, e eu acho que ela tá certa também, porque essa menina não sabe que ela tá com o computador e, mesmo assim, age como se: “Ah foda-se, paga aí, a dívida tá no seu nome, você que pague”. E aí, gente? O quê que vocês acham?

E ela queria saber de vocês se ela tá certa de não contar nada, ou se ela deve esfregar na cara deles que ela tá com o computador. Eu acho que não, gente, e eles não tão nem aí também, né? Vai adiantar? Capaz que ainda crie confusão, querendo te tomar o computador que é seu. Então já fez mesmo… Já pegou esse computador, então agora fica quieta. É o que eu acho, gente, não sei se é o melhor conselho, é uma história que eu acho complicada, porque assim, ela abriu a bolsa do cara e pegou, né? Mas também era ela que estava pagando, então aí eu fico assim na dúvida, [risos] o quê que vocês acham? Deixem seus recados lá pra nossa amiga Natália no Telegram.

[trilha]

Assinante 1: Oi, meu nome é Talita, sou do interior de São Paulo, Santa Cruz do Rio Pardo. E, Natália, se eu fosse você eu não contava nada, acho que você está certíssima, eu não sei se eu teria coragem que você teve, mas estou admirada. Acho que você fez certinho e não tem que contar nada, não. E se você quiser cortar amizade com essa moça aí, que eu nem lembro o nome mais, pra mim é “amiga cuzona”, você corta que não tem nada de errado, você está certa.

Assinante 2: Olá, Déia. Oi, todo mundo, tudo bom? Meu nome é Alessandra, eu moro em Dublin, eu vim falar sobre a história Crediário. Natália, concordo com você, concordo sim com a sua ideia de mudar de casa, eu acho que amizade é muito importante, lealdade na amizade é muito importante e a sua amiga não foi leal com você, por mais que ela soubesse que você não iria pagar o computador para o namorado dela, isso não justifica. E eu acho que você fez sim certo de pegar o computador, não conte nada, siga sua vida, as pessoas e o dinheiro têm uma relação muito diferente, né? Eu me importo sim com o meu dinheiro, eu já passei por isso, uma amiga minha nunca me pagou. Então assim, a gente continuou amiga, mas é uma amizade que eu sei o limite, então é uma amizade que vai ser meio assim, “colega”, sabe? Eu acho que você tem que seguir a sua vida, sair desse apartamento e continuar vivendo, sabe? Porque não é justo, eu não acho justo não pagar.

Déia Freitas: Um beijo, tô de volta logo logo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.