Skip to main content

título: cruzeiro
data de publicação: 14/10/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #cruzeiro
personagens: ângela e alberto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei pra mais um Picolé de Limão, a história da Ângela e do Alberto.

[trilha]

A Ângela conheceu o Alberto no começo do ano passado, eles eram só assim, conhecidos. Aí rolou uma festa, eles têm amigos em comum e eles começaram a ficar. Isso no começo do ano. — Não tão começo assim, depois do carnaval. — Aí chegou páscoa, ela estava de férias, ele tem uns horários malucos lá porque ele é advogado, então ele trabalha por conta, né? E eles inventaram de viajar, gente, por doze dias num cruzeiro pela Costa aí… — Nossa Costa aqui, né? Brasileira mesmo — Então, assim, navio… — Eu nunca fui, mas pelo que eu vejo, você tem as coisas pra você fazer lá dentro, tem um monte de coisa, mas você não pode, tipo, pegar suas coisas e pular [falando e rindo ao mesmo tempo] no mar… E pular no mar, né? Se não der certo, se não quiser mais ficar com a pessoa? Você tem que, sei lá, pedir outra cabine? 

Primeiro que era muito pouco tempo pra viajar, mas eles estavam empolgados. Ela descobriu na viagem que ele é chato, chato, chato, insuportável, chato de galocha, chato, pessoa chata, com tudo assim ele é chato, detalhes. E aí ela não estava aguentando aquele cara chato, doze dias, arrastou aquela coisa insuportável, ele junto e, ai, meu Deus, não via a hora que acabava. Acabou. Ai, ufa, alívio. Ficou uma semana sem ir ver, porque assim, ele é chato, chato, um cara chato, mas não fez nada assim pra ela, só não combina, sabe, quando não combina? — Tem isso, né? Porque às vezes a pessoa não faz nada pra gente e não combina, não dá liga. — E aí ela passou uma semana longe dele, né? — E é engraçado, isso já aconteceu comigo também, você tá com a pessoa muito tempo assim, aí quando você separa você fica com saudade e mesmo você sabendo que “Ai, foi chato”, mas você não lembra tanto da chatice. —

E aí ela voltou assim, eles voltaram a ficar porque eles viajaram juntos, mas não era assim um namoro, e aí depois de uma semana separados eles voltaram a ficar. E aí eles se viam uma, duas vezes por semana, então é diferente, e o namoro engrenou, gente, foi indo, foi indo, chegou o final do ano, festas; passavam no máximo dois dias juntos, não viajaram mais, assim, longo, né? Veio o carnaval, não viajaram, ficaram em São Paulo, também tudo tranquilo, chegou quarentena. [risos] Ele falou pra ela: “Ai, eu não vou aguentar ficar tanto tempo sem você, vamos passar essa quarentena juntos”, porque ela mora sozinha, ele mora sozinho, ela tem dois gatos, então ela falou: “Do meu apartamento eu não saio, então se você quiser vir passar quarentena aqui, tudo bem”. Aí, gente, olha a cagada.

Como ele foi passar a quarentena na casa dela, ele levou bastante roupa, bastante coisa pra não voltar no apartamento dele, porque ele emprestou o apartamento dele pra um amigo médico que tem família, que tá na linha de frente do Covid, então pro cara não ir pra casa e contaminar a família, ele ficou no apartamento. E aí como ele ia ficar lá com a Ângela, o amigo podia ficar tranquilo, o amigo médico lá no apartamento, [risos] então ele foi pra casa da Ângela na quarentena. E, assim, ele atende os clientes ainda, né? Faz umas coisas, porque também fórum, essas coisas, tudo fechado. Então ele dá mais ou menos a assessoria que ele tem que dar pra algumas empresas, que ele também atua em empresas.

E aí, gente, o apartamento da Ângela é pequeno, um exemplo, quando ele tá falando no telefone, ele pega o controle remoto da mão da Ângela e desliga a TV. — Não é que ele tira o volume, ou ele pede pra baixar, ele desliga a TV. — Porque ele fala que não consegue se concentrar, “vai falar no quarto, né?”, “Não, mas eu tenho que ficar aqui na frente do meu computador que tá na mesa de jantar, né?”, aí se ela tá também na mesa de jantar com o computador trabalhando ele reclama do barulho das teclas dela digitando. — Ele reclama de tudo, gente, de tudo — E aí ela começou a lembrar de novo do navio, de como foi insuportável e ela já tá assim há quarenta dias, ela não aguenta mais ver o cara na frente e ela não pode colocar o cara pra fora, porque no apartamento do cara tá o amigo dele lá que médico, e que ela não vai fazer isso, tipo, atrapalhar uma pessoa que tá trabalhando pra ajudar a população toda.

Então ela falou: “Puts, Andréia, eu tô aguentando, mas eu não sei mais o que eu faço, já conversei com ele… Já liguei, às vezes, ele desliga a TV e eu ligo… Já dei uns gritos com ele no telefone pra ver se ele se toca”, tipo, ele tá no telefone com alguém e ela começa a gritar mesmo “não desliga a TV, você é louco?”. Então, [risos]  a coisa tá assim e aí agora ela tem plena certeza que ela não quer mais ele na vida, e que tá igual a viagem. — Tá igual a viagem, que ela tinha vontade de pular no mar. — Ela falou agora: “Nossa, se as minhas janelas não tivessem grade de inox”, [risos] porque se fosse tela acho que ela rasgava e pulava — Nossa, eu já tinha pulado, é primeiro andar, mas eu tinha pulado pra sair correndo dele. [risos] —

E ela não aguenta mais, então ela gostaria [risos] que vocês dessem dicas, sei lá, ela já conversou, já até entraram lá num site que oferece, assim, pra você conversar, né? Quando você se sente sozinho e tal, ou pra resolver conflitos de matrimônio, mas nada dá certo. Ele é chato, gente chata, sabe gente chata? Ele é gente chata. E aí ela não tá aguentando. Aí eu falei pra ela: “Ai, ele vai sair, também se ele arranjar algum outro lugar pra ficar, você vai ficar com saudade e vai reclamar”, então pensa bem, né? Que ela falou que até gosta um pouco dele, mas ele é insuportável. Então não sei também se a Ângela tá sabendo o que quer, né? Mas, ai, gente chata é complicado.

Então, gente, deixa recadinho pra Ângela, o quê que ela faz com esse mala que tá na casa dela e que é muito insuportável mesmo. E, assim, não é que ele é ciumento, ele não é ciumento, ele não briga com ela, ele é chato, é uma pessoa insuportável, gente chata, chata, chata, e eu não vou ficar dando os exemplos porque se não pode identificar o cara, mas um cara chato, sabe um cara chato? É um cara chato. Então é isso, [risos] deixem recadinhos pra Ângela, como que ela pode melhorar a convivência com esse mala em casa, porque ela já tentou de tudo, já conversou, já tudo, só falta agora amarrar ele e amordaçar, [falando e rindo ao mesmo tempo] e deixar até o final da quarentena. Por favor, não faça isso, Ângela, é brincadeira. Comenta lá no grupo do Telegram Não Inviabilize, é só jogar na busca que acha, quem não tá ainda no grupo. Então um beijo e até daqui a pouco. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.