título: cuidados
data de publicação: 24/03/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #cuidados
personagens: eliete, dona ester e betinha
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é a Wizard. Imagina aquele momento especial em que você assiste aí a sua série favorita e, de repente, você percebe que está entendendo tudo sem precisar ler a legenda… Ou quando você vê um filme e finalmente entende aquela piada em inglês sem precisar procurar nada na internet? — Amo… — Esse é o efeito WOW da Wizard, quando você sente que está conseguindo entender e falar em inglês de verdade. Com Wizard você aprende inglês online e ao vivo, construindo sua confiança para se comunicar em outro idioma. E, agora, além de aprender inglês, você pode colocar o seu inglês em prática ao fazer uma aula experimental na Wizard, você pode ganhar um ano de Disney Plus Premium e ainda viagens internacionais com experiências exclusivas.
Imagina poder conhecer os Estúdios Marvel ou ainda ter um chá temático de Alice no País das Maravilhas? — Gente? Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio, você clica, vai navegando e vai escutando a história. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Eliete. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Eliete ela cresceu ali com seus três irmãos… Os quatro foram criados por Dona Ester, o pai sumiu no mundo e Eliete mais os irmãos foram criados aí por Dona Ester. Era uma época muito difícil, a Dona Ester ela lavava roupa para fora e, além de lavar roupa para fora, ela fazia a comida para obras… — Era uma época que nem existia marmitex, então o dono daquela obra deixava as marmitas lá e ela fazia comida todo dia e levava para os trabalhadores. — Com a sobra do que ela cozinhava ali, ela fazia render e fazia comida para eles também, para ela e para os quatro filhos. Foi assim que Dona Ester criou aí as suas crianças. Todo mundo cresceu, começou a trabalhar e ajudar em casa, aí a coisa melhorou, mas Dona Ester continuou trabalhando, fazendo as suas coisinhas, os quatro casaram e cada um foi levar sua vida aí dando um pouquinho de dinheiro para Dona Ester, para ela poder trabalhar menos.
A casa que eles moravam era uma casa humilde, mas que era uma casa deles, era uma casa da dona Ester, né? Depois que os filhos casaram, a vida ficou melhor para todo mundo ali. Bom, o tempo foi passando, cada um foi tendo seus filhos aí, Eliete teve uma filha e a vida seguiu. Dona Ester teve filhos ali na faixa dos 30 anos, então, agora que os filhos estavam com 30, Dona Ester estava com 60. O tempo passou mais um pouco, os filhos ali na faixa de 40 anos e a Dona Ester na faixa dos 70… Quando Dona Ester estava ali com 71, ela começou a ter alguns problemas de saúde. Dona Ester não poderia mais ficar sozinha… Eliete, que morava de aluguel, conversou com o seu marido e falou: “Olha, dá para a gente se acomodar na casa da mamãe, mudar para a casa da mamãe para que eu consiga cuidar dela e assim a gente economiza também no aluguel”, seria uma troca justa ali, né?”, Eliete conversou com os irmãos, nenhum deles queria assumir os cuidados da mãe — todos casados, mas — e Eliete tomou essa frente e foi morar na casa da mãe.
Qual era a ideia da Eliete? Mudando para casa da mãe, tanto ela quanto marido, quanto a filha — que a gente pode chamar de “Betinha” — fossem cuidar junto com ela da mãe, porque Eliete trabalhava fora também. No início deu muito certo ali os turnos para cuidar de Dona Ester entre Eliete e Betinha. Só que o marido, que ficava apenas duas horas com Dona Ester — ele não tinha que fazer nada, só ficar com ela ali — começou a ficar irritado, começou a falar que não ia dar certo, que ele não queria morar mais lá, que tudo bem que economizava o aluguel, mas ele tinha que cuidar da mãe dela. — Sendo que ele tinha que ficar duas horas na frente da televisão ali, olhando, cuidando da Dona Ester… — Começou a reclamar muito, até que ele disse que ia embora, que ele queria se divorciar.
Bem ou mal, ele era mais uma pessoa aí para dar uma força na casa e agora a renda ia diminuir, mas também não teria aluguel e as coisas apertaram e o Betinha disse para sua mãe, Eliete: “Mãe, eu vou trabalhar e a senhora sai do trabalho, porque é o único jeito para cuidar da vó”. Betinha estava ali com seus 20 anos, estudava… — Eliete fez um acordo na empresa para não sair sem nada, pedir demissão e Betinha foi trabalhar para pagar o básico.
Tinha a aposentadoria da Dona Ester? Ela recebia um salário—mínimo, só que esse salário—mínimo estava indo todo para remédios, suplementos, as coisinhas ali de Dona Ester. Uma luta, Betinha e Eliete cuidando de Dona Ester sozinhas… Os outros três filhos nem iam mais visitar Dona Ester, porque quando eles iam, a Eliete falava: “Olha, a gente podia revezar nos cuidados ou pelo menos vocês virem aqui mais vezes pra ficar um pouco com a mãe, porque ela também é mãe de vocês”, todos os irmãos saíam fora, falavam que não tinham tempo, que trabalhavam muito, só que Eliete tinha deixado de fazer as coisas dela para cuidar da mãe, né? Teria que ser ali os quatro cuidando, porque os quatro revezando até daria certo. O tempo foi passando, a situação de saúde de Dona Ester foi piorando e Eliete ia precisar adaptar ali o quarto as coisas para sua mãe. — Elas tinham dinheiro, ela e Betinha? Não tinham, mesmo com Betinha trabalhando, enfim, muito difícil, porque o dinheiro da própria Dona Ester ia para os remédios, para os cuidados dela. —
Situação muito apertada, quando uma amiga da Eliete — que ela não lembra nem qual amiga — falou pra ela que ela podia entrar na justiça para acionar os outros irmãos para que eles fizessem parte desses cuidados. Eliete não queria chegar nesse extremo, mas ninguém se mexia, eles tinham que comprar uma cama hospitalar porque alugar era mais caro, então era melhor comprar uma usada, enfim, tinha que adaptar o quarto para Dona Ester ter uma melhor qualidade de vida, né? E ninguém se mexia, ninguém fazia nada, enfim, ninguém estava nem aí. Ela resolveu, Eliete falou: “Vou sim botar na Justiça” e botou. Só que aí os irmãos, gente, surtaram… Pediram para ela retirar o processo antes de ter uma primeira conversa de conciliação para ver se rolava uma conciliação e a Eliete falou: “Não vou tirar, eu preciso da ajuda de vocês, tanto financeira quanto que pelo menos vocês venham visitar a mamãe, porque ela também pergunta de vocês, né?”. Na conciliação não se chegou ali ali a um acordo e realmente virou um processo.
O tempo passou mais um pouco, o processo ali correu, ia ter uma primeira audiência e já na primeira audiência, os irmãos não foram com advogados, nada… A Eliete tinha um advogado ali do Estado e, já na primeira audiência, o juiz descascou os irmãos e estabeleceu um valor para que eles dessem mensal para a Eliete cuidar da mãe e estipulou também visitas, porque existe vários tipos de abandono, financeiro, enfim, mas também da presença, deles terem que ir lá pelo menos fazer algumas visitas e tal. E ainda o juiz falou que estava sendo bacana porque eles podiam fazer rodízio das visitas, mas eles tinham sim que quando fizessem essa visita, auxiliar no que precisasse ali. E falou que a Eliete não precisava estar lá durante a visita, então durante a visita dos filhos, o que a mãe necessitasse de cuidados seria feito pelos filhos — pelo filho que estivesse lá visitando, eu nem sabia que podia isso, né? — e o valor era assim: Você tinha que pagar, é tipo como uma pensão… Se você não paga, você fica devendo pensão.
E aí os irmãos na hora reclamaram lá porque o dinheiro ia pra Eliete, mas a Eliete era que tinha que comprar as coisas, fazer as coisas, né? O juiz também falou pra eles que no valor ali também estava incluído, caso a própria Eliete precisasse de coisas de primeira necessidade, porque ela abdicou do trabalho dela para cuidar da mãe, né? Que nesse primeiro contato ali com o juiz e tal, se os três reclamassem muito, ele ia estipular um salário para Eliete, né? Pega aí um salário de uma cuidadora, divide em quatro, três partes eles teriam que pagar, mas a Eliete estava abrindo mão disso, do salário de cuidadora, ela só queria mesmo que a mãe não passasse necessidade, né? Porque ela podia se virar também, fazer um bico, alguma coisa em casa e tal e Betinha faria ali o mais pesado financeiramente na casa, fazer uma compra, uma coisa assim. Os irmãos pararam de falar com a Eliete e exigiram sim que ela estivesse presente nas visitas que eles fazem a mãe, porque eles não querem cuidar da mãe.
Então fica lá, eles não olham na cara dela… — Os três, tá? — Era pra revezar para ter mais visita, mas eles vão os três juntos, ficam tipo uma hora com a mãe… A mãe fica super feliz e eles vão embora. E aí chega final de ano, natal, essas coisas, eles pegam a Dona Ester, levam tipo, ficam uma hora e devolvem… Só que não convidam a Eliete para ir nas festas de família. E aí agora a Betinha quer sim que a Eliete entre de novo com o processo, reveja esse processo para receber um salário, porque ela acha justo que ela receba um salário de cuidadora. — .. Já que eles não falam mais com a Eliete, que tratam ela como um nada… — Se o salário for 4 mil, porque é tempo integral, né? Tira 1.000 que seria da Eliete e cada um dos irmãos tem que dar R$1.000 pra ela, fora a ajuda de custo que eles dão pra mãe. Todos ganham bem, todos trabalham, todos tem carrão… Só a Eliete que não tem casa, mora lá com a mãe, enfim, tá batalhando do jeito que dá. Então, a Betinha quer que a Eliete entre com uma nova ação ou que peça a revisão dessa ação para conseguir um salário.
Ao mesmo tempo que ela sabe que é uma coisa que só ela está fazendo, ela acha que parece que ela está sendo uma mercenária, que está cobrando por cuidar da mãe. — Mas, gente, ela não trabalha, ela não consegue trabalhar… E Dona Ester está lúcida, só que está acamada. Então, assim, tem que cuidar… Você vai botar num asilo? O juiz ainda falou isso: “Se vocês forem se juntar para pagar uma casa de repouso, vai ficar mais caro”. Eu acho que a Betinha está certa… Eu acho que realmente a Eliete tem que entrar com esse processo e pedir sim o salário. Ela cuida da mãe o tempo todo… Quando eles vão lá, eles ficam uma hora, eles não estão respeitando nem as visitas que o juiz estipulou… Mas pra Eliete falou: “É melhor até que eles fiquem menos, porque eles não olham na minha cara… Eles me tratam com desprezo”. — Então, já que eles desprezam tanto a Eliete, que ela deixou de ser irmã, então paga pelos cuidados… Tá errado, gente? Eu acho que não tá errado, eu acho que ela tem que cobrar sim. O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, aqui quem fala é Andressa do Paraná. Infelizmente essa situação da Eliete é uma situação que ocorre com várias famílias, isso é muito comum… Entre sim com o processo, é um direito, pois você, além do seu tempo, você tem todo um desgaste físico e mental, a gente sabe da sobrecarga que é cuidar de uma pessoa idosa e ainda mais uma pessoa que depende de você todo o tempo. Essa responsabilidade não deve ficar só para você. E, por mais que tudo o que você faça é por amor, os cuidados da sua mãe também tem que ter uma contrapartida, então recomendo que entre sim com o processo, tudo o que você puder juntar de provas e tudo mais também sobre essa negligência que seus irmãos estão fazendo, junte e faça esse anexo no processo. Solicite laudo, visita de assistente social também seria muito importante.
Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, aqui é Juliana de São Paulo. Sou psicóloga, trabalho especificamente com terceira idade e, Eliete, infelizmente a sua situação é muito, muito comum… A imensa maioria das vezes, quando a gente vai atender um cuidador que está sobrecarregado, ele tem essa história parecida com a sua, de membros da família que não conseguem se responsabilizar, se comprometer com os cuidados de um membro da família que está doente e que muitas vezes, na história dessas próprias pessoas, já foi o cuidador principal delas. Não se sinta culpada, não se sinta mercenária de forma alguma, você não está pedindo dinheiro para ter disposição para cuidar da sua mãe, você está pedindo dinheiro para poder fazer os melhores cuidados possíveis para ela. A gente precisa de dinheiro para proporcionar saúde, estrutura, qualidade de vida, tanto para quem está sendo cuidado quanto para a gente poder estar bem e poder exercer essa função de cuidar. Fique bem, um beijo.
[trilha]Déia Freitas: Algumas histórias que eu recebo no podcast elas me mostram pequenas conquistas que têm um impacto enorme no crescimento das pessoas que enviam as histórias para a gente e, com a Wizard, o inglês pode ser a sua próxima conquista. — Já pensou? — Já pensou no sentimento de perceber que você está conseguindo entender e falar em inglês no seu dia a dia? Na Wizard você aprende inglês online, ao vivo e de onde quiser, construindo sua confiança para se comunicar de verdade em outro idioma. E, claro, ó, tem mais: Você já está participando da promoção da Wizard em parceria com o Disney Plus? Acessa agora o link que eu deixei aqui na descrição do episódio e aproveita porque essa promoção incrível não vai durar para sempre, hein? Clica aqui, corre, vai fazer sua aula experimental, vai fazer tudo, gente, Wizard é o canal, é WOW. — Rimei, hein? Amei. [risos] Valeu, Wizard. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]