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título: curioso
data de publicação: 11/12/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #curioso
personagens: tábata e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o Multishow e o programa e Te Vejo no After. O programa Te Vejo no After é comandado pelo Marcelo Serrado, estreou semana passada e, no programa, o ator convida seus amigos para um verdadeiro after, com muito bate papo com números musicais, entrevistas e games. Por exemplo, o ator Douglas Silva quebrou um jarro aí sem querer [risos] e agora ele quer saber: Será que esse objeto era uma espécie de amuleto da sorte e agora ele terá aí algum azar? [risos] São ao todo dez episódios e, além do Douglas Silva, o programa conta também com a participação de Marcelo Falcão, Toni Garrido e muitos outros convidados especiais. 

Assista Te Vejo no After de segunda à sexta feira, a partir das 18 horas no GloboPlay ou às 22:30 no Multishow. — E hoje a história é um pouco mais picante, então é melhor que criancinhas não ouçam… Então ouça de fone aí ou tire as criancinhas da sala, tá? — E hoje eu vou contar para vocês a história da Tábata, então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Tábata ela conheceu um cara na faculdade e, logo de início, esse cara já pediu a Tábata em namoro. — Ele queria muito namorar… — E aí a Tábata achou ele bonito e tal, tava até gostando dele e falou: “Bom, tá bom, vamos namorar”. Só que tinha uma questão: A parte do sexo não engrenava tão bem assim. — O cara era meio burocrático, meio rápido… — A Tábata tinha impressão que o cara não chegava lá, terminava antes, assim, queria acabar logo, enfim… Só que Tábata foi criando um afeto por esse cara, mesmo com o sexo ruim. Além do sexo ser bem mais ou menos, esse cara também tinha ali umas atitudes machistas. Então, de repente, uma roupa que a Tábata colocasse ou “ah, mulher minha não faz isso”, “mulher minha não faz aquilo”. — Então, né, Tábata? A gente já vê aí que ele era mais pra ruim em tudo do que pra bom em algumas coisas, [risos] mas tudo bem. —

E Tábata foi levando, ela realmente estava gostando desse cara. Até que um dia — do nada — depois ali do sexo, esse cara perguntou a seguinte coisa pra Tábata: “Como é chupar um pau, Tábata?”. [risos] Tábata assustou, falou: “Quê? Como assim?” e ele: “É, que sensação que tem? Que gosto que tem chupar um pau?”. E aí a Tábata falou pra ele: “Mas nossa, que tipo de pergunta é essa assim, né? Por que está me perguntando isso?”, aí o cara respondeu pra ela que ele tinha curiosidade de saber como era chupar um pau. E aí a Tábata virou pra ele brincando e falou: “Ué, se você tem curiosidade de chupar um pau, você só vai saber chupando um pau. Por que você não chupa um pau?” e começou a rir, assim, porque ela achou que, sei lá, que pergunta mais nada a ver… 

E aí ele ficou muito bravo, falando que não, que ele era macho, que não sei que, onde já se viu, ele só estava perguntando, que era uma curiosidade… Passou… Tábata conheceu a família do cara, o cara conheceu a família dela, as coisas foram evoluindo, né? Ficando mais sérias, até que esse cara pediu Tábata em casamento. E aí Tábata virou pra esse cara e falou: “Olha, casamento é um passo muito importante… Eu acho que a gente tem que pensar”. — Ainda bem que ele não pediu ela na frente de todo mundo, pediu só entre os dois ali… — “Eu acho que a gente tem que pensar porque tem algumas questões que eu não entendo sobre você”, isso falando pra ele, né? E aí a Tábata mandou ver, falou: “Olha, tem a questão de que você vive me perguntando como é chupar um pau, como é fazer sexo anal e você me pede mais anal do que eu gostaria… Mesmo que eu recuse, você sempre pede isso e eu acho que você deve ter algumas questões aí da sua sexualidade e, se você for bissexual, para mim não tem problema, mas eu acho que você tem que descobrir isso em você. Então a gente vai casar?”

E aí, mais uma vez ele ficou bravo, falou que ele era homem, onde já se viu, que tudo que ele pergunta é por curiosidade, né? — Então a gente vê aí que é um rapaz muito curioso, né? — E que isso, que aquilo, enfim… E ela acabou não respondendo e ele também não tocou mais no assunto. A Tábata acha que ali, naquele momento, ele percebeu que se ele ficasse falando do assunto casamento, ela ia trazer à tona assuntos que ele não queria conversar. Outro ponto que Tábata falou que gerou uma questão — e aí eu acho que tem bastante resposta, né, Tábata? — é que ele sempre tava no celular antes do sexo… Então, assim, ele ficava bastante tempo no celular e depois ele tinha algum interesse na Tábata para transar. E não acontecia quando, de repente, ela estava a fim e ela ia meio que pra cima dele, nunca rolava… Era sempre ele que que ia atrás assim da Tábata. 

E aí, um dia, a Tábata veio por trás do sofá, ele não viu que ela tinha acordado e ele estava sentado no sofá meio que com a mão dentro do shorts ali e ela viu que ele tava vendo uma página de vídeos… — Eu não vou falar aqui o nome da cidade, vou inventar um nome de cidade… — Mas ele tava numa página chamada, por exemplo, “Gays de Ibipoquinha” que era tipo, vai, a cidade que eles moram. Ibipoquinha. Ele tava lá vendo vídeos de caras transando, e aí ela viu, assustou e voltou devagarinho pro quarto correndo… Deu ali 15 minutos ele tava lá no quarto querendo transar com a Tábata. — Então, né? Depois de ver a página Gays de Ibipoquinha, Tábata? Enfim… — E aí a Tábata disse que não e tal e ele voltou para a sala, provavelmente para ver mais do conteúdo de Ibipoquinha… — Essa página Hot Ibipoquinha. Eu nem sei se existe essa cidade… Se existir, gente, não é… Não foi em Ibipoquinha, tá? Mas eu acho que não existe. — 

Tábata e esse cara não casaram, passaram a pandemia juntos, momentos altos e baixos, enfim, pouquíssimo sexo. E chegamos agora ao ponto que Tábata está. — Qual é esse ponto de Tábata? O que está acontecendo agora com Tábata? — Esse cara ele voltou com as curiosidades, enfim, de encher Tábata de perguntas de como seria, de como seria… E agora ele tá insistindo, num nível que eu acho bem preocupante, em fazer um ménage. Só que ele não quer o ménage que a maioria dos homens aí pedem, né? Que são duas mulheres e ele quer introduzir ali na relação deles um outro homem. E Tábata não aceita… Ela não quer e ele tá insistindo, ele faz chantagem, ele diz que a Tábata não é mulher suficiente, porque onde já se viu, todo mundo agora faz isso… E aí a Tábata falou: “Tudo bem então, você quer fazer um ménage? Chama uma outra mulher… Porque eu não quero, não quero dar pra outro homem” e aí ele não aceita… 

A Tábata disse que nem com outra mulher ela quer fazer… Ela não quer fazer ménage. — E aqui, eu acho que é até bem por isso que esse cara não tem um nome, quando a gente diz “não” é não. A Tábata não quer ter essa experiência, ela não precisa ter se ela não quer ter essa experiência. Ela não quer estar com ele e estar com outro cara. — E aí ela já sugeriu pra ele: “Então vamos separar logo, já que você quer um outro cara na relação, vamos separar”, mas ele fala que não, que ele gosta da Tábata, que ele só quer introduzir um homem na relação deles. E esse cara não aceita que a Tábata sequer mencione que ele pode ser bissexual, mas a Tábata disse que o sexo deles é tão ruim que acha que ele é gay… E aí eu fico pensando: Tábata, ele tem as questões dele, talvez seja, sei lá, uma família difícil, um emprego, sociedade, não quer assumir…. E aquilo que a gente já falou aqui, ninguém tem direito de tirar ninguém do armário. Mas por que você se submete a isso? Por que você fica com esse cara? 

“Ah, ele tem as questões dele para resolver”?, deixa ele resolver as questões dele, sabe? A sua questão no momento é só tá com um cara que te come mal, — que foi o que você me falou — que está querendo forçar uma situação com você que você não quer que, desse ménage, de colocar um outro cara para fazer sexo com você e com ele junto… Talvez porque ele queira ter essa experiência com o cara e não sabe como pedir. Sabe aquele meme? [risos] Vou nem falar aqui… [risos] Tá querendo rola e não sabe como pedir? [risos] Eu acho que esse é o caso dele, entendeu? — Eu não queria chegar nisso, mas acho que é isso… — Eu acho legítimo até as questões dele… Não vou aqui, né? A gente não está aqui para falar dele, mas dele em relação a você, que é o que a gente está fazendo aqui, falando sobre, não rolou. Agora, por que você vai insistir? Ainda bem que você não quis casar… Sai fora, mete o pé. Não tem nada para você aí mais. Talvez o que ele quer aí você não pode tá oferecendo… 

Eu não sei, eu acho que agora que ele já está insistindo com essa questão de botar um cara pra transar com você e com ele e você não quer, termina logo isso… Sexo já não é bom, ele é machista com você, ele não fala nem para você o que ele gostaria no sexo para vocês poderem melhorar isso, né? E também não pergunta se você fica satisfeita, se você tem prazer, não pergunta nada… Então tá pensando só nele assistindo a página Gays de Ibipoquinha. Então, sabe… O cara já quer saber como é chupar rola, quer saber como é levar rola no traseiro, tá lá assistindo a página de Gays de Ibipoquinha, sabe? Deixa ele fazer as descobertas dele no tempo dele, mas nesse meio tempo você vai ficar sofrendo? Vai seguir sua vida. — Às vezes eu acho que as pessoas ficam nos relacionamentos porque tem medo de ficar sozinha, gente… Não pode ser. — Vai ficar sozinha. Se aparecer outro cara, apareceu, se não aparecer, amém, sabe? 

Então é isso, é isso que eu acho… Talvez ele precise de um relacionamento heterossexual pra manter fachada, mas você vai fazer parte disso? É sua vida também, né? A gente fala aqui que relacionamentos são acordos, esse acordo não está bom pra você. Então não fique, Tábata. — É o que eu penso assim, sabe? É só pegar aí o combo de coisas, o histórico aí do que o cara tá fazendo com você pra você ver que ele tem outras questões para trabalhar e que não cabe a você… Você não é psicóloga, não é nada dele a não ser namorada. — Então eu acho isso, Tábata… Agora é hora de você aí priorizar seus sentimentos e se priorizar, né?

[trilha]

Assinante 1: Olá, Não Inviabilizers, eu sou a Patrícia aqui de São Paulo, estudante de psicologia. Existe um mito que as pessoas acreditam que um relacionamento só acaba quando está na gritaria, na violência verbal e até física e isso é extremamente tóxico. A gente precisa normalizar os fins de relacionamento quando a gente ainda gosta e respeita a pessoa, mas não vê futuro mais com ela. E no caso da Tábata, nunca houve um futuro, porque sempre houve questões que estão incompletas para ela. Eu aconselho você a procurar terapia, Tábata, para descobrir o porquê você se submeteu a essa relação e aconselhar o seu namorado a procurar uma terapia para resolver as questões dele também, porque ele precisa também de ajuda para sair do armário, mas não é você que vai fazer isso. 

Assinante 2: Meu nome é Raíssa, eu sou de Belo Horizonte. Tábata, amiga, acho que você tá muito focada o seu olhar nas questões do seu namorado que, claro, que tem várias questões para ele lidar, mas está faltando você voltar a olhar um pouquinho para você, para você entender as suas questões, entender o que você está esperando dessa relação, o que você tá esperando dele, o que você está esperando do futuro… Qual que você acha que é o seu papel nesse relacionamento? Para onde você acha que você tá indo? Cabe a ele lidar com as questões dele, no tempo dele… Claro que ele está sendo paia com você, de te fazer de namorada sem se mostrar interessado, mas você também está sendo conivente com isso, né? Então acho que cabe você refletir um pouquinho aí e voltar a olhar para você, tá bom, querida? Um beijo, boa sorte. [beijos estalados] Beijo, galera… 

[trilha] 

Déia Freitas: Assista “Te vejo no After”, o programa que é comandado pelo Marcelo Serrado e é um verdadeiro after, com muito bate papo e convidados especiais. Você pode assistir às 22:30 e no Multishow ou de segunda a sexta, a partir das 18h no GloboPlay. Valeu, Multishow… Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.