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título: demônia
data de publicação: 22/11/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #demonia
personagens: pâmela e prima

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão. [risos] — E hoje que história, viu? — Eu vou contar para vocês hoje a história da Pâmela. Ela que me escreve e é uma história de treta familiar. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]. 

Bom, a Pâmela mora com a mãe e o pai numa casa na frente, e a tia dela e a prima moram numa casa nos fundos. — Todo mundo no mesmo quintal. — A mãe da Pâmela sempre deu uma força para a irmã, né? Que mora nos fundos… A irmã se separou, passou por várias dificuldades e acabou criando a filha dela, a prima da Pâmela, sozinha. E aí conforma essa garota prima da família foi crescendo, ela foi dando um certo tipo de trabalho. — Então, assim… — A mãe da Pâmela sempre comprou… Tipo, se a Pâmela tem lápis de cor de 36, ela ia lá e comprava uma caixa de lápis de cor 36 para a prima. — A mãe da Pâmela… Sempre foi assim, ela sempre quis dar para as duas igual. — Porque sabe o quanto a irmã dela sofreu para criar a menina sozinha. Então sempre foi assim. 

Então elas iam para a escola juntas, elas iam… — Faziam tudo junto, assim, e tinham as mesmas coisas. — Só que aí o que acontece? A prima da Pâmela, ela não se conformava em ter os mesmos lápis que a Pâmela… Ela ia lá e pegava tipo, 6 lápis da Pâmela e sumia com os lápis. Aí ela ficava com 36 lápis e a Pâmela ficava com 30 lápis. Aí era aquela choradeira, brigaiada e nã nã nã né. Aí procuravam os lápis e achavam escondidos na casa da prima. Então sempre foi assim… A prima sempre gostou de pegar as coisas da Pamela e sumir ou quebrar, enfim… 

E aí a Pâmela foi crescendo, né? E foi se afastando da prima. E a prima continuava aprontando. E aí o que a tia da Pâmela falava? que essa prima, ela não ia para a igreja, né? Junto com a família… E que ela tinha problemas de demônio no corpo. [risos] — Olha… Ai… — Porque tudo era o demônio no corpo… “ai, porque a fulana fez, demônio”, “fulana fez aquilo, demônio”, “ah, porque ela estava no trabalho e foi mandado embora por justa causa porque pegou uma coisa de dentro da bolsa da colega de trabalho… Demônio”. E a Pâmela nunca se conformou com isso, né? — Tudo é o demônio? Sabe? — Nunca é a prima, é sempre o demônio que está agindo. 

Aí agora pandemia, né? Final de ano… De repente, a Pâmela recebe no e-mail dela um e-mail assim, daqueles de loja: “seu pedido foi realizado e o pagamento efetuado”, tipo assim… — Tipo etapas, sabe? De um pedido? — E aí a Pâmela falou: “Nossa, isso aqui deve ser vírus”, deve ser vírus, fraude… — Tipo, aquelas coisas que o povo cria e-mail spam pra você clicar e, tipo, roubar seus dados. Foi isso que a Pâmela achou. — E o que a Pâmela fez? — Com o e-mail da Lojas Pônei? — Nada… Jogou na lixeira e não clicou, porque achou que fosse vírus, fraude… Qualquer coisa… Spam. Passou mais um tempo, chega a fatura do cartão de Lojas Pônei… — Tipo, sabe cartão próprio da loja? — Chega aí um e-mail com a fatura da Lojas pônei de 1.110 reais em blusinhas. 

Ela falou: “Não… Não é possível. Alguém entrou na minha conta e, sei lá, isso é problema da loja”. Ligou na loja… E aí foram checando as coisas, tipo, onde que entregaram as blusinhas? Porque tem isso, né? Se você vai checar uma fraude, aí tem lá o endereço, sei lá, de quem compro as luzinhas no seu cartão e entregou sei lá onde. — Já aconteceu isso comigo numa loja, eu até postei no Twitter… A pessoa comprou uma geladeira e entregou, tipo, você olhava no Google Maps não tinha casa no lugar assim, tinha um cavalinho… [risos] Um cavalo num terreno. E aí lógico que estornou o meu cartão, a loja fez tudo… Porque, tipo, foi uma fraude. Não fui eu que comprei a geladeira, sabe? Mas deu um trabalho para conseguir resolver. Mas consegui. — E aí a Pâmela estava nessa vibe também, tentando resolver e falando: “Olha, eu não comprei essas blusinhas”. 

Só que aí, gente… As blusinhas elas chegaram na casa da Pâmela. E aí quando a moça viu o endereço lá e tal e viu tudo, ela viu que na parte do endereço tinha lá: “fundos”, mas estava tudo no nome da Pâmela. — Quem que mora nos fundos? A prima do demônio. — Aí a Pâmela falou: “Não, não pode ser… Não acredito que ela fez isso”. E aí ela deixou o negócio lá da loja pra resolver, que a loja fala: “tem X dias para resolver, nã nã nã”. E foi falar com a mãe dela… Falou: “Mãe, está acontecendo isso, isso e isso no meu cartão… Mil e tantos reais de blusa, de roupa e foi a Demônia”. — A gente vai chamar a primas de Demônia. —

Aí a mãe dela já ficou toda preocupada, falou: “Ai meu Deus, será que a Demônia fez isso? — Aí chamaram a Demônia… Demônia negando, negando, negando… Negando muito. — “Imagina, jamais faria. — E aí chamaram a mãe de Demônia, né? — Que é a tia da Pâmela. — Aí mãe de Demônia entrou na casa, começou a procurar e achou as blusinhas… Ainda com etiquetas. — Porque não tem onde sair, né? — E aí saiu aquela puta briga. A Pâmela conferiu ali as blusinhas, ligou de novo nas Lojas Pônei e falou: “o pedido chegou, mas não fui eu que fiz, eu quero devolver”, enfim, conseguiu devolver… Demorou para sair o estorno no cartão e foi… — Não teve prejuízo, né? Mas foi uma dor de cabeça. — 

Aí, gente… Tem umas três semanas que essa prima, — A Demônia. — para se vingar da Pâmela, está pegando as roupas da Pâmela do varal. Tipo, vai, ela lavou uma camiseta que ela gosta ali e ela está pegando… E aí ela pega, às vezes ela usa… — Tipo, sai no quintal vestindo a camiseta. — Aí a Pâmela vai brigar, porque assim, elas estão numas de uma vai pra cima da outra… E aí ela tira a blusa, às vezes ela rasga… Tudo por causa da treta das blusinhas, porque ela diz, a Demônia diz que: “ah, porque ela foi humilhada”, “ah, porque ela só queria umas blusinhas novas”… E aí agora a mãe da Pâmela fica assim: “Deixa ela, não liga… Ela tem problema espiritual”. [efeito sonoro de voz engrossando] Problema espiritual… Problema espiritual. “Vamos orar”, e está um inferno na casa. 

E aí, assim, não tem como mudar para outro lugar, sabe? — É o que eu falo… Às vezes as pessoas falam pra mim: “Ai, Déia, faz isso”, “faz aquilo”… Eu falo: “gente, eu sou pobre”. entendeu? Pobre tem limitações. Ponto. Então não tem… — A Pâmela não como mudar de casa, a Pâmela não tem como botar um muro… Porque não tem como separar as casas. São no mesmo quintal, uma grudada na outra, tem o corredor e só. Então, Pâmela gostaria de ideias do que ela pode fazer… Porque agora quando ela lava a roupa, ela tem que ficar tomando conta da roupa dela, porque a prima diaba — A prima Demônia. — fica pegando a roupa dela. Falou: “já que eu não pude ficar com as blusinhas…”. 

Pra vocês terem uma ideia, a mãe da Pâmela cogita comprar as blusinhas para a prima Demônia pra ela, tipo, sossegar… — Para alimentar o demônio e ele ficar quieto. — É surreal, né? E aí Pâmela está revoltada. — Óbvio. — Porque sabe que a prima, tipo, não tem demônio nenhum, a prima é mau caráter, menina insuportável. E elas estão nessa treta agora. As duas mães, né? Que são irmãs, só querem orar, orar, orar… Pedir pra Deus livrar a prima aí dos males. — Do demônio… Demônio aí que, na minha opinião, nem está aí, sabe? [risos] — Estão botando a culpa nele e nem tá sabendo o que está acontecendo. E Pâmela gostaria aí de umas sugestões de vocês, mas assim, sugestões dentro da realidade dela, né? Que é de quem mora no mesmo quintal, familiar ali e que trabalha em home office, mas não tem dinheiro pra mudar, para sair de casa porque ganha pouco… E que ela pode fazer? 

Gente, assim, sinceramente eu não sei… Além de vigiar as roupas do varal perguntei. — Eu perguntei, falei: “Pâmela, mas ela entra na sua casa, no seu quarto? Ela falou: “Não, não entra, porque eu tranco meu quarto e tudo, né? Ela não entra lá. Não entra nem na casa, para falar a verdade”. Assim, a Pâmela falou que ela não entra. — Então é só mesmo a questão da roupa no varal e, sei lá, de repente lava e vai ter que ficar vigiando a roupa… Você trabalha em home office, você põe ali seu laptopzinho na lavanderia até sua roupa secar… O que vai fazer para essa insuportável e mau caráter parar de encher o saco da Pâmela? Ela está muito brava, com toda razão. Também não adianta a Pâmela ficar batendo da prima, as duas ficarem se pegando… Porque uma hora isso vai dar ruim. — Já falei isso para vocês, vai dar ruim assim. — Tenta resolver sem bater em ninguém, sabe? Sem as duas se pegarem. 

E não tem que dar blusinha… Eu acho que não tem… A sua mãe quer dar as blusinhas, não deixa, porque não vai parar aí. Isso vai alimentar… — Vai fazer oferenda para o demônio de blusinha, sabe? Oferenda de blusinha. Chegamos nesse ponto… — Oferenda de blusinha para o demônio. Não faz o menor sentido… Então, deixem aí seus recados, que ela pode fazer com essa prima diaba. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, tudo bem? É a [Neila] de Curitiba. Pâmela, negócio é o seguinte: Você falou que a tua prima não entra na sua casa, não entra no seu quarto e você não tem como sair de casa no momento, vai ter que aguentar essa situação. O que você vai fazer é o que as pessoas que moram em apartamento fazem: você vai comprar um daqueles varalzinhos, eu não sei quanto tá, mas é bem barato… É relativamente barato. Pelo menos mais barato que mudar. Você vai comprar um daqueles varalzinhos que você apoia ele do lado de dentro da sua janela e vai pôr a sua roupa para secar dentro do seu quarto. Pronto, problema resolvido, ela não vai mais mexer nas roupas do varal. É isso aí. Bom, né? Tchau, um beijão. 

Assinante 2: Oie, eu só o Gabriel [inaudível] aqui de Senador Canedo, em Goiás. Pâmela do céu, com uma prima dessa você nem precisa do demônio. Aliás, ela é a própria demônia, né? [risos] Mas eu vou te falar o seguinte, eu pregaria altas peças nela. E você vai avisando pra ela: se for mexer nos meus “trem”, Demônia, eu vou te exorcizar e vai ficar cada dia pior pra ela. Um beijo, tchau. 

Déia Freitas: Um beijo e até amanhã. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.