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título: diferença
data de publicação: 10/02/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #diferenca
personagens: priscila, mãe e irmã

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Estava com saudades já de falar isso, hein? Quem está aqui comigo para começar o ano, assim, de maneira incrível e com a pele super macia? Sim, a Hidrabene, a marca cor de rosinha que eu amo. Uma das primeiras marcas a chegar junto aqui no podcast e tá junto com a gente aí há mais de dois anos. — E é a marca que eu indico, assim, de olhos fechados. — Quer aí um skincare de qualidade? Uma escolha confiável, com cuidados diários para a pele? Enfim, coisinhas incríveis, cheirinhos maravilhosos? Hidrabene, meu amorzinho… Eu uso os produtos e é ela a marca que eu escolhi pra levar e a assinatura do Não Inviabilize como os meus dois kits. — Sim, eu tenho dois kits na Hidrabene, não é chique? — 

O Kit Pônei Bene — [risos] que eu amo — e o Kit Pônei Cara Lavada que me salva assim no dia a dia. E os dois kits são uma combinação de produtos de alta qualidade, carinho e o mais importante, praticidade. — Que eu sou uma pessoa muito prática, então passou um creminho e foi… Foi viver. [risos] Amo… — Acesse agora o site da Hidrabene: hidrabene.com.br e vai lá conhecer os meus dois kits. — Vai escolher seu kit, por favor? Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio, clica no meu link e fica com a gente até o final que tem sim cupom de desconto. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Priscila. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Priscila ela tem mais uma irmã — um pouco mais nova — quatro anos mais nova que a Priscila e elas sempre cresceram de uma maneira muito harmoniosa. A mãe de Priscila ela era casada com o pai de Priscila, teve Priscila, separou, casou com outro cara, teve essa segunda filha, separou. — Então, elas são filhas de pais diferentes com a mesma mãe. — A mãe de Priscila é branca, o pai de Priscila é negro, o pai da irmã de Priscila é branco… Naquela família a configuração era: Uma mulher negra — parda, assim como eu — e duas brancas, a mãe e a filha mais nova. Elas cresceram, com muita harmonia até chegar na adolescência… Elas com quatro anos ali de diferença, quando a Priscila estava com 19, a irmã mais nova estava com 15, e aí elas começaram a brigar muito… E a mãe ali sempre botando panos quentes, tentando apaziguar a coisa. 

As duas estudaram em colégio particular — no mesmo colégio — e quando a Priscila se formou, a mãe dela falou pra ela: “Olha, se seu pai não vai te ajudar, sei lá, nas coisas, você vai ter que estudar mais para passar numa universidade pública e tal, mais perto de casa, porque eu não tenho como te ajudar”. E aí Priscila foi lá, fez o corre dela, estudou bastante e passou numa universidade federal na cidade dela. — Então ela só gastava ali com transporte e tal e alimentação e isso o pai dela bancava. — Quando a irmã mais nova da Priscila se formou, ela começou numa universidade particular muito cara, e aí a alegação ali era que o pai da irmã da Priscila que pagava. E aí, beleza… Um ano de faculdade, dois anos de faculdade… A nossa amiga Priscila teve que trancar uma época, enfim… — Porque é aquela coisa, né? Grana… Enquanto o pai estava ajudando, aí tinha época que o pai não conseguia e tal… —

Só que o estranhamento era que o pai da irmã dela mais nova era mais pobre que o pai da Priscila, sabe? A conta não batia, mas tudo bem, o tempo foi passando… Até que uma festa de final de ano, num Natal, ela acabou descobrindo por uma tia que quem estava pagando a faculdade da irmã mais nova era a mãe. — Era a mãe… — Sendo que a Priscila precisou trancar duas vezes porque uma época o pai dela ficou desempregado e não tinha nem o do transporte…. Assim, a mãe não ajudou ela em nada. E aí vocês vão me perguntar assim: “Ah, de repente, ela pegou ranço da filha por causa do pai” e não… Essa mãe da Priscila ela tinha relacionamento ok assim como os dois ex—maridos, né? Então não era uma questão de ranço, nada, era simplesmente porque ela não fazia, né? A Priscila ali com muito custo se formou e depois de um tempo curto até, a irmã dela se formou também. — Porque a irmã dela em nenhum momento trancou, né? A Priscila precisou trancar… — 

Priscila se formou em arquitetura — fazer um parênteses aqui pra dizer o quanto é difícil uma pessoa negra na arquitetura, de ter a oportunidade, enfim, é um assunto aí pra um outro Picolé de Limão — e a irmã dela se formou em odontologia, que é uma faculdade cara, que tem muito material, enfim… E depois, para você começar a trabalhar também, você precisa ali de uma injeção de dinheiro, né? E a Priscila sempre muito magoada… A relação que essa mãe com essa filha mais nova tinha, era de muita cumplicidade e segredinhos, tipo às vezes a Priscila chegava e elas paravam de falar, enfim… O tempo passou, cada uma na sua área foi fazendo suas coisas e, com muita luta, a Priscila conseguiu ali fazer suas coisinhas e tal… Até que a mãe delas caiu doente… As duas morando já em outros estados e a mãe não aceitando ficar com uma cuidadora, queria que uma das filhas voltasse para cuidar dela. E aí a mãe insistiu que essa filha fosse a Priscila e a Priscila voltou, largou carreira, largou o namorado que ela tinha em outro estado, largou tudo pra voltar e cuidar da mãe…. E a outra continuou levando a vida aí, leve e solta. 

Conforme ela voltou, ela viu que ela tinha que bancar as coisas ali, porque a mãe dela não estava trabalhando mais e não tinha aposentadoria ainda. Então, ela foi bancando do bolso dela, com as economias dela, a mãe… Até que uma vizinha dela falou assim para ela: “Ô, Priscila, vai viver sua vida, bota uma cuidadora para cuidar da sua mãe aí e vai viver sua vida” e a Priscila ficou ofendida, né? Tipo assim: “Como que eu vou largar minha mãe? Por que você está falando isso? Pra eu largar minha mãe?” e essa vizinha sempre falava isso, pra ela largar mãe dela. Ela não largou a mãe, a mãe ficou doente por três anos e meio e faleceu. Faleceu… E foi aquele baque, enfim, as filhas fizeram o enterro da mãe, até que Priscila recebe uma ligação… E essa ligação era de uma advogada que era amiga da família. E, nesse momento, a Priscila descobriu que a mãe tinha deixado um testamento. E nesse testamento, ela tinha deixado 50% de tudo para a filha mais nova e os outros 50% para dividir entre a filha mais nova e a Priscila. 

Então pensa: A filha mais nova ficou com 75% de tudo e a Priscila com 25. E só aí ela entendeu porque a vizinha estava mandando ela largar a mãe, porque a vizinha tinha sido uma das testemunhas lá para assinar o testamento. Então a vizinha sabia… Provavelmente a mãe da Priscila pediu segredo, né? E aí a Priscila foi atrás de um advogado para saber se isso era certo, o advogado falou que realmente ela podia fazer isso, mas que a Priscila também podia pegar todas as notas de tudo o que ela gastou com a mãe desse tempo que ela ficou cuidando da mãe, inclusive, o que ela teve de perda de salário e das coisas que ela deixou pra entrar na justiça e pedir o ressarcimento disso, pra tirar isso dos bens e aí dividir, mas que não há nada que se possa fazer, porque realmente qualquer pessoa que tenha herdeiros necessários pode deixar 50% para quem ela quiser, mesmo sendo privilegiar uma única filha e a outra não. E aí, agora elas estão na justiça… A filha mais nova — irmã da Priscila — se mostrou um demônio… — Muito ruim mesmo assim, humilhando a Priscila e tal… —

E a Priscila, depois de muito tempo, começou a enxergar a mãe realmente como uma racista, assim… Pegando alguma coisinha aqui e ali que a mãe falava, o jeito, a diferença de tratamento e tal. Então, depois da perda da mãe, ela teve esse baque aí de descobrir que a mãe privilegiou a filha mais nova — a filha branca, do pai branco — e não a Priscila. Agora o inventário tá na justiça, né? Estão fazendo aí os trâmites do que tem que fazer pra ver se ela consegue descontar as coisas que ela quer descontar, do que ela gastou com a mãe e do que ela também deixou de ganhar para cuidar sozinha da mãe. E a outra agora está querendo mentir que também cuidou da mãe, mas o advogado da Priscila é esperto e já tem provas que ela nem lá foi… Esses três anos ela nem foi ver a mãe e ainda assim a mãe manteve aquele testamento… — Porque ela podia mudar, né? Se ela quisesse ela podia mudar, mas ela não mudou. —

E a Priscila foi falar com essa vizinha e contar para a vizinha… A vizinha falou: “Então, eu sabia… E depois que você tava aqui, que ela já estava doente, eu falei pra ela que era injusto o que ela estava fazendo e ela ficou quieta. Tipo, eu ainda falei pra ela que que o homem lá do cartório tinha falado que, se ela quisesse mudar de ideia, falou na frente da advogada ainda… “Se mais pra frente você quiser mudar de ideia, você pode vir aqui e refazer o testamento”. Só que ela não quis”. A vizinha várias vezes falou pra ela: “Vai lá, refaz isso, tá injusto e não sei o que lá” e ela não quis… — E a Priscila sempre foi uma boa filha, carinhosa, amorosa, sempre tratou a mãe com muito respeito… Então, o que pode ser, né? — Então, esse é o sentimento da Priscila, que ela descobriu que a mãe dela era realmente racista. Aí alguém vai poder falar: “Mas ela casou com preto, não sei que lá”, mas isso não impede, gente, isso não impede… Eu não vou reproduzir aqui as coisas que essa mulher falava quando ela estava casada com o pai da Priscila e que a Priscila ficou sabendo pelas tias e tal… E também não vou falar aqui o que ela falava pra Priscila, mas ela tinha aí sim essa coisa. 

Essa é a história da Priscila, um baque realmente pra ela saber que a mãe dela privilegiava a irmã mais nova, pagou a faculdade da irmã mais nova, enfim, né? E ela teve que trancar. Então, desde lá… Eu sei lá… É que é mãe, né? Eu falo que não ia voltar, mas eu ia acabar voltando também. Mas é duro, né? É duro… E na época a Priscila não confrontou, assim… Ficou sabendo que a mãe pagava a faculdade da irmã mais nova da Priscila e ela não falou nada, ficou só magoada. Eu teria pelo menos feito um barraco, sei lá. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, eu sou a Geovana, eu sou de Curitiba e eu sou psicóloga. E, como psicóloga, a gente sabe as consequências e os efeitos da rejeição materna na vida de uma pessoa… Busca um atendimento psicológico para essa rejeição que você passou não perdurar a sua vida inteira, porque a gente sabe que pai mãe é o primeiro meio social que a gente vive. Primeiro meio social que a gente entende o que é acolhimento e o que não é. Construa uma rede de apoio forte, encontre pessoas que você se sinta bem, que possa te acolher e continue indo atrás do que é seu por direito… E não fica insistindo pela sua irmã, tenta seguir sua vida sem ela, mas se cuida e busca ajuda. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, oi, Priscila, eu sou Natana, eu falo de Minas Gerais e sou psicóloga. Priscila, primeiramente, sinto muito, muito, muito que você tenha passado por isso. Eu acho que já é difícil lidar com situações de racismo na sociedade em geral, quem dirá dentro da nossa própria família, né? E aí eu queria dizer pra você que terapia nem sempre é solução para tudo, mas pode sim ajudar a lidar com esse tipo de situação difícil. Especialmente porque acho que é importante você elaborar isso dentro de você, porque mesmo que você conscientemente saiba que isso foi uma situação de racismo, talvez dentro de você, inconscientemente ainda tenha partes de você que talvez não tenha lido essa situação dessa forma… Por se tratar de uma relação com sua própria mãe, né? A nossa relação com a nossa família é algo que marca muito a nossa saúde mental, o nosso desenvolvimento psicológico sadio, então é importante sim você dizer isso na terapia, por mais que doa… Mas pra você elaborar, para você dar um nome aos bois, para que isso não se volte contra você. Porque por mais que você conscientemente saiba que aconteceu, isso pode desenvolver dentro de você alguns transtornos, alguns traumas. Eu acho que lançar luz para isso na terapia é muito importante nesse momento. Um beijo, fique bem. 

[trilha] 

Déia Freitas: Já faz mais de dois anos que a Hidrabene e está aqui em parceria com o Não Inviabilize, a gente cresceu junto e vocês fazem muito parte dessa história. Então, ó, vai lá conhecer meus kits, por favor, vai comprar um creminho, eu sei que você quer, eu sei que você precisa… Compra creminho. Eu tenho dois kits na Hidrabene, o Kit Pônei Bene — amo — e o Kit Pônei Cara Lavada. Com os kits da Hidrabene pensados por mim, você garante aí uma rotina de limpeza, hidratação e cuidados… E usando o nosso cupom: PICOLE10 — tudo junto, maiusculo, sem acento e o dez numeral —, você ganha 10% de desconto em todas as compras do site — exceto nos kits — para continuar aí sua jornada de cuidados com a Hidrabene. Se você comprar algum produtinho, algum creminho, compartilha com a gente, marca sim o nosso arroba lá no Instagram: @hidrabene e @naoinviabilize. — Segue a gente, segue aí a marca cor de rosinha que eu amo. — Valeu, Hidrabene, mais um ano, te amo muito, tamo junto. Um beijo, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]