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título: dono da casa
data de publicação: 18/12/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #dono
personagens: tânia e tamires

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra um Luz Acesa. E essa história [risos] ela já começa me deixando um pouco cabreira, porque eu recebi esse e-mail de duas gêmeas, e gêmeas para mim já dá um ar de clima de terror, né? As gêmeas… — Eu recebi essa história da Tânia e da Tamires, elas são gêmeas e elas viajam muito para fora do país e sempre alugam algo tipo o PôneiBNB, assim, raramente elas ficam em hotel, né? E aí, dependendo do lugar é um hostel, ou geralmente PôneiBNB mesmo. — Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Numa cidadezinha aí da França — que não é França, mas vamos dizer aqui que é — elas conseguiriam ir alugar uma casa pra passar 18 dias. Então elas ficariam ali numa cidadezinha fronteiriça e elas conseguiriam ir para outros lugares… — Inclusive outros países ali perto… Elas tinham programado, feito uma programação legalzinha, assim… — No primeiro dia, correu tudo bem, elas chegaram tipo bem de manhã e já saíram pra passear, para conhecer a cidade, para ver onde elas iam comer e nã nã nã…. Retornaram pra essa casa, era mais ou menos ali, assim, umas 17h da tarde, e aí elas já acharam estranho… Porque elas chegaram, colocaram as malas ali, mochilas e tal e elas não tiraram as coisas, não colocaram as coisas em lugar nenhum e deixaram a mala em pézinho, normalzinha. 

Quando elas entraram na casa, as malas estavam caídas e uma bem longe da outra, assim, como, sei lá, se alguém tivesse chutado, empurrado… E elas falaram: “Poxa vida, tem gente nessa casa” e não era pra ter, né? Porque às vezes você pode alugar só um quarto no PoneiBNB, mas não era essa a proposta ali, né? Elas alugaram a casa toda. E aí elas já ficaram ressabiadas, elas tinham trazido algumas coisas para colocar geladeira, enfim, para comer e elas foram colocando as coisas ali. E, conforme elas foram colocando as coisas, elas notaram que parecia realmente que tinha alguém dentro da casa. Como era a configuração da casa? Tinha uma sala, com a cozinha junto ali, mas nada assim… — Não pensem num ambiente moderno, é uma casa antiga, pequena… — Um quarto, que era onde elas iam ficar e, nesse quarto, tinha uma cama de casal… Era uma casa preparada para PôneiBNB, e duas camas de solteiro. — Era um quarto grande e tinha um escritório que ficava aberto também, tinha vários livros ali e uma escrivaninha, uma cadeira e só. 

E aí elas perceberam que enquanto elas estavam ali na cozinha, que dava visão pro pequeno corredor que tinha ali, que dava para o quarto e a porta da frente era o escritório, elas viram rapidamente uma pessoa passar do quarto para o escritório. E aí elas correram pra, tipo falar para a pessoa: “Ei, você não pode estar aqui”, quando elas entraram no escritório, não tinha ninguém e elas viram… As duas viram essa pessoa. E aí elas voltaram e falaram: “Nossa, né? A gente está, sei lá, jet lag, sei lá o que” e passou… E nessa casa ela não era uma casa moderna, era uma casa antiga, uma casa da Europa, dessas mais antigas e tinha um rádio de pilha, que ficava pensa assim, tinha a pia e tinha em cima da pia já uma janela com alguns vasos pequenos, inclusive, estranho, porque os vasinhos estavam todas as flores, assim, as plantas que tinham ali tudo morto, e o rádio. E, de repente, esse rádio fez aquele barulho de ligar…. 

— Elas estavam na cozinha, guardando as coisas, elas tinham acabado de ver uma pessoa passar do quarto para o escritório, foram lá e não tinha ninguém… Nem no quarto e nem no escritório. E aí elas voltaram para cozinha, continuaram arrumando as coisas, o rádio ligou… — E, em vez de música, noticiário, qualquer coisa, elas começaram a ouvir sussurros… O que você pensaria? — Eu já ia sair correndo e não ia pensar nada, ia correr. — Elas pensaram… Porque a gente vê que muito lugar desses que você aluga, pode ter câmera, pode ter gente te filmando… A gente já viu, né? Várias denúncias disso. E elas começaram a procurar câmera, elas pegaram o rádio, abriram atrás do rádio e aí… [efeito sonoro de tensão] Porque no lugar ali onde devia ter uma pilha, uma bateria, não tinha nada… E ele não estava ligado na tomada, não tinha um fio… E ele continuava na mão de uma delas com vozes sussurrando, sussurrando… Ai ela botou o rádio no lugar de novo e ficou olhando pra irmã… Tânia ficou olhando para Tamires e falou: “Gente, o que está rolando?”. 

— Só que é assim, gente, eu entendo elas, assim… É muito difícil você realmente acreditar em assombração, em fantasma, espírito, enfim… Se você está numa casa mal—assombrada, você vai pensar que realmente é uma pegadinha, alguma coisa… E elas entraram nessa. Se, de repente, a casa não tinha esse atrativo de ter pegadinhas e de ter… Gente, mas isso ia estar bem escrito ali, né? No anúncio da casa. — E com aquele rádio com vozes, elas comeram e tomaram uma garrafa de vinho. E aí, quando era lá pelas quase noves horas da noite, o rádio parou. Então, pensa, ó: Enquanto eu estou falando aqui com vocês, esse tempo todo, as vozes sussurradas e às vezes, assim, umas respirações, estavam saindo do rádio e elas agindo normalmente. Deu umas nove horas da noite, o rádio parou de tocar e elas foram para o quarto para dormir, para acordar bem cedo que elas iam sair, fazer as coisas e tal… — Isso, gente, no primeiro dia… Primeiro dia. — E aí, quando elas foram dormir, elas deitaram na cama de solteiro, cada uma numa cama de solteiro e a cama de casal ficou lá, nem desfizeram, não tiraram colcha, nada.

Deu mais ou menos uma e pouco da manhã, elas começaram a perceber… Chão de madeira. Madeira. Que alguém estava correndo pelo quarto, correndo no chão de madeira. Então você ouvia os passos da pessoa no chão de madeira mais antigo, assim… Uma esticou a mão assim… As camas estavam perto, né? Pra pegar na outra na cama, para ver se não era a outra que estava correndo louca pelo quarto, tudo escuro… E a outra também já estava, assim, chocada. A Tamires pulou para a cama da Tânia e elas ficaram abraçadas e naquele escuro, escuro, escuro, uma delas pegou o celular e iluminou… Quando ela iluminou o quarto… [efeito sonoro de tensão] O que elas viram nesse quarto era um velho. Esse velho tava com uma camisa dessas, sei lá, século passado, uma roupa de época, assim, toda suja, toda suja… Encardida. — Não era suja de lama, nada, era encardida… — Meio rasgada nas mangas, ele tinha o cabelo branco e comprido, mais ou menos até o ombro assim e ele tinha os dentes todos pretos, porque a partir do momento que ela iluminou, este velho… Este velho veio com a cara bem perto delas. 

O olho dele, a bolinha do olho — gente, não lembro o nome da bolinha do olho, me desculpa — ela tava ali, mas ela era branca… Não é que ele não tinha bolinha, ele tinha bolinha, mas era como se fosse quase branco, um pouco mais opaco que o branco, da parte branca do olho. Então, parecia que ele chegou perto da luz, mas que ele não estava conseguindo ver as duas, assim, ele ficava com a cabeça… Sabe quando você não está enxergando e você tenta, assim, meio tatear, meio sentir o que está acontecendo? E foi assim que elas perceberam esse velho — que era uma pessoa bem de idade e não era viva, né? Dava para perceber. Ela falou, principalmente Tamires, que ficou olhando, porque Tânia fechou os olhos… —, falou: “Dava para perceber que ele não era vivo e que ele estava ali querendo entender o que estava acontecendo. E aí elas começaram a gritar, ninguém apareceu, ninguém veio… — Então, se fosse um assassino também, essa hora eu não estaria aqui contando essa história. –

E elas esperaram amanhecer e o que você faria no lugar delas? [risos] [efeito sonoro de galo cantando] Elas tomaram café e foram fazer os passeios. [risos] — Eu não consigo entender, gente, eu não consigo entender. [risos] — Segundo Tânia e Tamires, o que elas pensaram? “A gente já está aqui, a gente não vai ter grana para outro lugar por 18 dias e a gente vai passar o dia fora… Vamos arriscar”. E aí elas foram, fizeram os passeios, em determinado momento do dia elas esqueceram completamente daquilo e, quando elas voltaram, elas já tinham desfeito as malas, né? Elas encontraram algumas roupas que elas tinham guardado num guarda roupa que tinha lá, que era um guarda roupa que destoava dos outros móveis, tipo um guarda roupa novo que colocaram lá para isso, né? Então ele estava aberto, com algumas roupas espalhadas. E, gente, quando chegava mais ou menos umas seis e pouco da tarde, esse rádio começava com essas vozes e durante a madrugada elas ouviam o velho ou no quarto ou andando pela casa. 

E numa das vezes elas viram o velho mexendo no rádio… E isso era tipo um dia que elas ficaram tomando vinho, tipo, até meia noite… — Gente, corajosas… Corajosas. — E aí elas o que elas argumentaram? Assim, seja o que for esse espírito, ele estava só atormentado que tinha gente na casa. Ele não avançava nelas assim para bater, mas ele era uma figura muito assustadora e, obviamente, não era dessa época. Então elas evitavam olhar para ele, porque quando você acendia alguma luz, ele vinha na direção da luz para ver o que era e ficava meio que tentando tatear e tentando entender o que estava acontecendo. Então elas evitavam… Quando dava nove horas elas iam dormir, passaram a dormir na cama de casal juntas ali por causa do medo, né? E e tentavam levar a vida como se ele não estivesse ali. — Eu não consigo me conformar. —  E eu ainda perguntei, falei: “Mas vocês nem perguntaram na vizinhança, nada?”, ela falou: “Andréia, não tinha abertura, sei lá, para eu bater na porta de um vizinho” e a gente tinha uma programação, a gente tinha coisa para fazer, então a gente achou melhor deixar para lá, assim. 

E aí, na avaliação depois, elas escreveram lá: “casa assombrada” e procurando nas avaliações elas encontrarão coisas do tipo assim: “Vibe estranha”, “acontecimentos inesperados”, mas parece que as pessoas têm meio que vergonha de escrever: “vi fantasma nessa casa” [risos] que vou achar que, sei lá, que você é louco, não sei… E elas conviveram com este homem, este idoso, que provavelmente aquela casa era dele e estava ali e não estava entendendo o que estava acontecendo, o que as pessoas estavam fazendo na casa dele. Enfim, ele tem a razão dele também, né? Tavam na casa dele. [risos] Tudo bem que ele morreu, mas morreu apegado… E ele tinha essa roupa, essa camisa meio que com babado, assim, fechada, sabe? De manga comprida, mas já muito encardida, rasgada. Uma calça preta mais curta, assim, mais ou menos com a canela aparecendo e ele não tinha sapatos. Ele andava descalço, então a Tânia falou: “O pé…”, tinha essa questão também… O pé dele era muito estranho, muito estranho, assim, um pé de gente morta mesmo assim e que parecia que o pé, só o pé já estava quase no osso. Estranho. 

— E, gente, eu não ia nem conseguir ficar reparando, na primeira ali que ele já veio perto do meu rosto por causa do celular que eu vi o olho dele, toda a coisa, os dentes pretos e tal, cabou pra mim… Já estava lá fora, tentando mudar a minha passagem para voltar para o Brasil. Era isso… —

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, eu sou a Lis e falo de São Paulo. Bom, eu sou umbandista, então sempre que eu escuto uma história do Luz Acesa, tem algumas que eu chego a ter um pouco de dó dos espíritos que não sabem que fizeram a passagem, né? Como foi o caso desse senhor da história das meninas. Por outro lado, eu fiquei pensando: certas foram elas de não ter deixado a casa do PôneB, porque uma coisa é a gente sofrer com assombração aqui no Brasil, outra coisa é a gente sofrer com assombração na Europa que custa em euro, que é muito mais caro. [risos] E é isso, gente, um beijo. 

Assinante 2: Olá, Déia, olá, Não Inviabilizers, eu sou a Mãe Júlia, sou mãe de santo aqui em Porto Alegre. Queria dizer que fenômenos como esses que a Tânia e a Tamires vivenciaram são muito, muito, muito mais comuns do que a gente imagina, muitas pessoas passam por isso, mas sem saber porque não enxergam, não sentem, não vivenciam fisicamente aquela experiência. E justamente por ser muito comum, eu não acredito que tenha sido um erro crasso elas terem continuado na casa, até porque o senhor que estava ali, o dono da casa, era um espírito que não sabia do processo de morte dele e estava vivendo nesse entre lugar metafísico da vida espiritual e da vida material. Quando vocês vivenciarem uma situação como essa, o ideal é chamar uma pessoa especialista em encaminhamento de espíritos e almas. Axé. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história das gêmeas Tânia e Tamires, comentem lá no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis. Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.