título: doutor
data de publicação: 24/04/2023
quadro: pimenta no dos outros
hashtag: #doutor
personagens: aisha e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Hum, Pimenta… No dos Outros. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais uma história do quadro Pimenta no dos Outros. — O nosso quadro 18+, então tire aí as criancinhas de perto ou ouça de fone, tá? — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo de novo é a nossa amada, idolatrada, salve salve, Pantynova. A marca de bem—estar sexual que fala sobre o tema com leveza, humor e informação. E Pantynova tá aí, né? Desconstruindo um monte de coisa, trazendo produtos maravilhosos, um site lindo e com muita responsabilidade, com informações, com matérias importantes, tudo de uma maneira muito divertida e consciente, assim… — Pantynova sem defeitos, perfeita. —
Pantynova tá aí sempre dando uma mãozinha pra gente. [risos] — Eu adoro fazer esse trocadilho da mãozinha, desculpa, amo. — E eu estou aqui com o meu João de Barro — todos sabem que eu tenho um João de barro aqui no poste que participa das gravações — e nós estamos aqui para dizer que Pantynova possui uma coleção de vibradores e lubrificantes sensacionais, que chegam em embalagens a prova de curiosos e chegam super rápido aí na sua casa. Então, entra no site agora: pantynova.com, já navega e fica aqui comigo até o final que tem cupom de desconto sim. — Sempre tem cupom de desconto… Ó o João de Barro, ó, tá dizendo: “Pantynova, te amo”, é isso, tô traduzindo aqui em passarinhês pra vocês. [risos] Amo. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Aisha. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Aisha muito fã dos aplicativos de relacionamento, de encontros e, numa semana ali, ela deu match com sete caras, mas só um deles respondeu. E esse cara era atencioso, ele gostava mesmo de conversar com a Aisha… — Tanto que a Aisha disse que ela se sentia escutada de verdade, sabe? Quando ela conversava com esse cara. — Então, eles conversavam bastante e tal e nunca eram conversas picantes, esse é um detalhe… O máximo que ele perguntava era como ela estava vestida naquele dia, né? — Em assuntos assim mais picantes… Eles falavam de outras coisas… — E pra Aisha isso era bom, porque ela era meio tímida também e ficava sempre desconcertada com essas conversas de sexo. — Então, nossa, era o cara perfeito. — E eles conversaram bastante mesmo e resolveram se encontrar…
A Aisha ela morava sozinha, mas ela tinha medo — com toda razão — de levar os caras no apartamento dela. Então ela tinha um combinado aqui com um casal de amigos… — E aqui eu faço um aparte que: [risos] Aisha, se você fosse minha amiga, eu jamais teria esse combinado com você, esse casal é muito, muito legal, porque eu jamais teria. — O combinado com esse casal de amigos era: toda vez que ela quisesse ter um encontro com alguém desconhecido, esse primeiro date, podia ser feito lá na casa desse casal. — Só que aí, se eles fossem transar, eles tinham que transar na sala, ali no sofá mesmo. — Então ela podia marcar um jantarzinho, ela levava as coisas e cozinhava lá e recebia o cara ali na sala enquanto o casal ficava no quarto. O apartamento muito grande, então a Aisha tinha uma certa privacidade. — Ficando ali pela sala e pela cozinha… — E esse casal ficava no quarto, porque se desse algum problema ali, se o cara, sei lá, não fosse tão legal, eles podiam socorrer a Aisha. — Eu jamais teria combinado com ninguém. Sei lá, ceder o meu sofá para uma amiga, um amigo, transar com estranhos? Jamais faria. Mas esse combinado funcionava muito bem ali pra Aisha e era super de boa para o casal. —
Então, a Aisha marcou com esse cara, né? Lá no apartamento desse casal. E aí ela estava empolgada, ela comprou um vinhozinho bacana, fez um jantarzinho e ficou esperando ali o cara chegar… [efeito sonoro de campainha tocando e música ao fundo] O cara chegou, musiquinha ali e nã nã nã, sensual tocando no fundo e o cara era bem bonito, bem gato mesmo… E aí eles conversaram um pouco, a Aisha sugeriu que ele jantasse, mas o cara queria ir logo para os finalmentes… Já agarrou logo a Aisha ali no sofá e a Aisha pensou: “Bom, a gente transa e depois a gente janta”… — Eu acho que é até melhor, né? [risos] De barriguinha vazia você transa e depois você come à vontade, faz mais sentido. —
A coisa foi esquentando no sofá e coisa na mão, mão em coisa… [risos] [efeito sonoro de suspiros baixos] O clima muito quente quando, de repente, esse cara para… E ele tinha chegado, né? Era uma época de frio, com um casaco e tinha deixado esse casaco na beirada, no braço do sofá. E ele deixa a Aisha, se vira para pegar algo no casaco. — Eu aí já tinha saído correndo, porque eu ia pensar que era uma faca ou uma arma, desculpa… Sei lá, podia ser também um preservativo, né, gente? Uma camisinha… Mas eu não sei, eu correria. [risos] É muito estranho parar e ficar procurando coisas no casaco. — E aí ela ficou ali esperando… E aqui eu preciso voltar um pouco na história de Aisha com esse cara. [efeito sonoro de fita rebobinando] Como eu disse no começo, eles conversavam bastante… Só que na conversa deles, entre um assunto trivial e outro, esse cara fazia perguntas bem específicas.
Então, ele perguntava se a Aisha tomou todas as vacinas, quando foi a última vez que ela fez os exames periódicos, se ela tinha feito checkup no último ano, como estavam esses exames… — Então, veja, se você está conversando online com um cara que está fazendo um monte de perguntas sobre o seu histórico de saúde, o que você vai pensar? Que esse cara vai te raptar para vender seus órgãos. Eu só penso nisso, gente, [risos] desculpa. [risos] — Como essas perguntas eram feitas ali, entre outros assuntos banais, a Aisha não acho que aquilo fosse um problema, né? E ela foi respondendo ali o questionário sobre a sua saúde. — Também acho que com esse contexto todo de pandemia, acho que algumas perguntas aí sobre a nossa saúde também não são de todo mal, mas o caso é que ele era bem específico nas perguntas e tinha bastante perguntas aí sobre o tema. —
Pegação ali no sofá, a coisa pegando fogo… Ele para e vai até o seu casaco pegar algo. [risos] O que esse cara pegou? O cara pegou um estetoscópio… — Sabe aquele negocinho que o médico bota no ouvido dele e bota lá aquela plaquinha de metal no seu peito pra ouvir o seu coração, seu pulmão? Auscultar que fala, né? Seu pulmão, seu coração, enfim, você por dentro? [risos] — O cara pegou um estetoscópio, já botou lá os trequinhos no ouvido dele e já foi com aquela plaquinha pra botar na Aisha. E aí a Aisha vendo aquele estetoscópio, falou: “Cê tá doido? Vai o quê? Vai me examinar aqui no meio da transa?” [risos] e aí o cara falou pra ela que ele gostava de transar auscultando a moça… E já foi colocando o estetoscópio ali no peito da Aisha. E ela ficou totalmente sem reação, assim, chocada… — Meu Deus… — E eles voltaram a se beijar ali, o cara pegou a camisinha e tal, penetrou a Aisha e eles continuaram transando com o cara auscultando ali o coração dela. — E, gente, tudo bem, vai, você tem o seu fetiche e tal, mas esse tipo de coisa tem que ser conversado antes, tem que ser avisado… Ali a Aisha podia falar: “Escuta, cara, isso é muito estranho pra mim, não quero mais, perdi o tesão”, né? Mas ela tava ali na empolgação e continuou… —
Só que o cara, a partir do momento que ele começou a auscultar ali a Aisha, ele foi ficando mais excitado, deu ali cinco bombadinhas e gozou. Aí ele deu uma beijoca na Aisha, como se tivesse sido bom pros dois, e não foi, guardou o estetoscópio no casaco [risos] e foi para o banheiro jogar a camisinha fora, tipo: “encerramos por aqui”. O cara voltou do banheiro, pegou o casaco ali, botou a roupa e falou: [efeito de voz grossa] “Aisha, valeu” e foi embora… O cara foi embora. Sem nem olhar para trás, sem nem marcar nada… Abriu a porta ali e tchau. — Bom, o cara tinha ido embora, menos mal, né? [risos] Foi embora… — E a Aisha concorda comigo, tipo, ela não tem nada contra fetiche e tal… E se ele tivesse falado, talvez, vai, pode ser que ela topasse, mas essas coisas, gente, precisam ser conversadas antes, né?
E olha que engraçado, a Aisha foi lá contar para o casal de amigos e eles não acharam que era um fetiche assim tão estranho e que, ah, alguma coisa que o cara precisasse contar antes, eles acharam que foi ok, assim… — Que precisava contar antes se fosse alguma coisa do tipo, sei lá, mijar na cara, [risos] fazer ménage, alguma coisa mais elaborada… Eles acharam que estetoscópio tudo bem. Eu não achei tudo bem, gente, eu acho que tinha que ser conversado antes… E a Aisha também acha. — Sem contar que o cara não se preocupou em nada com o prazer da Aisha, né? Ele só pensou nele ali, fez rapidinho o que ele achou que devia fazer e foi embora. E pelo tanto que eles conversavam antes, a Aisha achou… — “A Aisha achou” é ótimo, né? A Aisha Achou… [risos] Ai, desculpa, perdi o foco… [risos] A Aisha achou… [risos] Ai, desculpa, gente… A Aisha achou que… [risos] Eu não consigo… [risos] —
A Aisha pensou que esse cara fosse mandar uma mensagem pra ela depois, né? Explicando tudo… Mas não, o cara nunca mais falou com ela e ela também não foi atrás, nunca mais falou com o cara. E aí, como os amigos da Aisha pensaram que aquilo, sei lá, foi uma bobagem e a Aisha já pensou que foi uma coisa para ela… Ela ficou chateada, foi uma coisa mais séria, né? E ela escreveu para a gente pra perguntar se ela exagerou. E eu acho que não, eu acho que o cara foi péssimo, péssimo, péssimo, péssimo e que ela tem sim todo direito de estar chateada, né? E aí, vocês acham que a Aisha — vocês acham que a Aisha [risos] — exagerou? Não tinha que ficar tão chateada ou que ela tá certa? — Eu acho que ela está certa. —
Assinante 1: Oi, gente… Bibiana de Florianópolis aqui. Nessa história toda vou dizer para vocês que para mim, o menos pior, ainda é o estetoscópio. [risos] Para mim o que me pega mesmo nessa história é o fato de que ele não estava nem aí se a Aisha estava gostando, se a Aisha tinha gozado… Ele realmente estava preocupado só com ele mesmo. E, quando a gente está se relacionando com uma outra pessoa, isso é extremamente inaceitável. Então, eu também teria ficado muito chateada, não tanto pelo lance de querer, sei lá, auscultar o meu coração, mas pelo lance de não querer auscultar ou dar um suporte, uma atenção, para as minhas outras partes, né? Então, acho que um pouco é isso, assim. Auscultar coração não é preliminar, né, gente? Por favor.
Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, meu nome é Danielle, eu estou falando de Londres. A Aisha tem todas as razões sim para estar chateada. Esse cara foi um predador… Ele já tinha um roteiro pensado na cabeça dele, “vou ganhar confiança, vou fazer o que eu quiser e vou cair fora”. Eu digo isso porque, como fetichista, encontrei muitos caras assim e consentimento e responsabilidade afetiva é uma coisa que se discute muito na nossa comunidade. Então, não, gente, sem consentimento, sem estabilidade afetiva é abuso, não deixem ninguém te manipular ou tentar te persuadir de que esse incômodo não é válido. Inclusive, Aisha, esses amigos aí, troque por outros, tá? Porque não tem nada pior do que você levar o incômodo para alguém que dentro da sua experiência é válido e isso é invalidado por alguém que você confia.
[trilha]Déia Freitas: Bom, como a gente viu aí, no caso da Aisha, às vezes é melhor sozinha, né? [risos] E aí pra isso a gente tem a Pantynova, né? Que pode te ajudar nesse momento aí de prazer com um sugador de clitóris, ou aí um gel excitante e fica tudo uma delícia. A gente tem o cupom, o nosso cupom, qual é o nosso cupom? PIMENTANONOSSO. — tudo em maiúsculas, tá? — E com o nosso cupom você ganha 10% de desconto nesses produtos que eu citei e em todo o site. Pantynova.com. — Pantynova, te amo… — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naonviabilize@gmail.com. Pimenta no dos Outros é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]