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título: elis
data de publicação: 21/03/2022
quadro: amor nas redes
hashtag: #elis
personagens: elis

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei para mais um Amor nas Redes. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje, de novo, é a Meta. Esta é a terceira história que eu conto para celebrar junto com a Meta o Mês Internacional da Mulher e prestigiar o seu programa “Ela faz História”, que apoia e dá visibilidade a pequenas e médias empresas lideradas por mulheres. O foco também é incentivar o consumidor — vocês — a comprar os produtos e serviços destas mulheres. E hoje eu vou contar para vocês a história da Elis Iafélix. A Elis, assim que se tornou mãe, optou por deixar uma carreira executiva, deixar as várias viagens de trabalho e a rotina frenética — no meio corporativo — para criar o brechó Eira e Beira. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Elis era uma pessoa que trabalhava muito, mas muito mesmo… E ela tinha aquela mentalidade de que “ah, se eu tirar férias ninguém vai conseguir me substituir”, então ela raramente tirava férias, ela levava trabalho para casa, então passava a madrugada trabalhando. Fazia muitas viagens de trabalho… — A Elis vivia para trabalhar. — Até que ela e o marido chegaram aí a conclusão de que era hora de ter um bebezinho. Só que a Elis tinha várias questões… — Tipo, como ela ia fazer para retomar a rotina de trabalho? Que era uma rotina frenética de trabalho a dela, depois que o bebê nascesse? — E aí ela foi criando ideias ali, né? Ela achava uma escolinha legal, — para o bebezinho passar o dia — quando ela precisasse viajar a mãe dela ficava com o bebezinho e assim ela foi pensando na cabeça várias maneiras de retomar a rotina naquele mesmo ritmo, mesmo tendo um bebê. 

A Elis trabalhou até faltar 10 dias para ela ter um bebezinho, então, assim, ela tinha um cargo executivo, um cargo de gerência ela trabalhava aqui em São Paulo na Faria Lima, então quem conhece aqui sabe que ali é um polo comercial muito grande, um polo empresarial muito grande… E ela ia de metrô, com aquele barrigão, ia voltava de metrô e, assim, não pensando em nenhum momento em deixar de trabalhar. Mesmo antes de sair de licença, — gente, faltando dez dias pra parir, saca? [riso] — ela ainda falou no trabalho dela: “olha, mesmo depois que o bebê nascer, duas vezes por semana a gente pode conversar, a gente faz reunião… [risos] Enquanto o bebê está dormindo, a gente faz reunião”. Quando ela saiu, ela deixou a mesa de trabalho dela organizada com vários assuntos e falou: “ninguém mexe na minha mesa, porque eu tenho várias coisas aqui para retomar… Não vou demorar os quatro meses da licença, vou retomando as coisas aos poucos”. — Então, assim, na cabeça da Elis, ela ia… Logo que o bebê nascesse, uma semaninha ali, ela já ia retomar mais lentamente, lógico, mas ela já ia retomar o ritmo de trabalho. Ela não estava realmente pensando em ficar os quatro meses de licença em casa. —

E, na cabeça da Elis, os projetos, tudo, ia ficar meio que parado, meio que defasado, porque ela não estava lá para se dedicar 100%. — Inclusive de madrugada. — E aí bebê prestes a nascer, Elis organizando ali, porque ela tinha equipes de trabalho no Brasil todo, então se organizando para falar por telefone com as equipes. — Enquanto estava parindo, sabe? [risos] Nessa vibe… — Aí veio o parto, [efeito sonoro de bebê chorando] o bebezinho nasceu… E, a partir do momento que o bebezinho nasceu, tudo mudou… Elis que tinha preparado um escritório para passar lá, assim que ela parisse, para passar lá pelo menos umas três vezes por semana e deixado projetos engatilhados e nã nã nã, assim que bebezinho nasceu, como num passe de mágica, Elis esqueceu completamente de seu trabalho. 

E aí ela estava recebendo visitas e tal, familiares, amigos e, toda vez que o telefone tocava, — e ela tinha pedido para o pessoal da empresa ligar e passar os projetos para ela. — ela pensava: “Ai meu Deus, tomara que ninguém me ligue” [risos] pensando no trabalho, “não me ligue pra trabalho”… E o pessoal da empresa não ligou e respeitou ali o afastamento da Elis. Foi passando ali o tempo da licença maternidade da Elis e pouco antes, uns 20 dias para acabar os quatro meses, Elis que relutava e não tirava férias nunca, resolveu pedir as férias… [risos] — Pra ficar mais um mês com o bebezinho. — E aí mais um mês se passou e realmente ela tinha que voltar para o escritório, mas antes de voltar… — Gente, uma coisa mudou a vida da Elis por completo. — A Elis estava num dilema, né? Ela queria ficar em casa com o bebezinho, achava o bebezinho muito pequeno para ir para uma escola. — Tudo o que ela não pensava antes, né? —

E, ao mesmo tempo, ela não queria pedir demissão e ficar em casa cuidando do filho… Então um dia, antes de voltar ao trabalho, a Elis resolveu dar uma arejada, assim, nas ideias e resolveu tirar do guarda roupa tudo o que ela não usava mais… — De roupa, sapato, bolsa… — E ela foi tirando tanta coisa, tanta coisa e coisa boa, que ela ficou pensando: “poxa, será que alguém compraria baratinho?”. Será? E ela já vinha de uma tradição de comprar coisas de brechós… — Que a avó dela já tinha ensinado. — Então, já era uma coisa meio que fazia parte da vida da Elis comprar em brechó. E ela resolveu — depois de falar com uma irmã e uma prima que são, tipo, melhores amigas e consultoras da Elis — que ela ia botar as roupas para vender ali no Facebook. [efeito sonoro de mensagem chegando no Facebook]

Já tinha o Instagram, mas o Instagram ainda era mais aquela coisa da fotografia mesmo, não tinha lojinha no Instagram… Era uma época que não tinha… E aí ela entrou naqueles grupos de desapego, mas achou, assim, meio desorganizado e tal, ela falou: Vou fazer uma página minha pra vender as minhas coisas”. Aí fotografou ali meio que de qualquer jeito mesmo as roupas, bolsas e sapatos. — E, gente… — Nessa primeira leva, a Elis vendeu 7 mil reais. [efeito sonoro de caixa registradora] — A gente está falando de coisa de 8, 10 anos atrás… Em 20 dias de página de vendas de roupas e acessórios usados, a Elis fez esses 7 mil, e aí ela falou: “Opa, tem um nicho aqui”, e aí mais uma vez a Elis foi lá, chamou a irmã e a prima e falou: “Gente, eu vendi tudo… O que vocês acham? Vocês não têm aí umas roupas umas coisas pra eu vender? Estou pensando sério em fazer um brechó”. 

E aí elas deram a maior força, no mesmo dia já fizeram logotipos, já organizaram tudo, já começaram a tirar foto no chão da sala [risos] [efeito sonoro de câmera fotográfica sendo disparada] da Elis, das roupas e a Elis criou o brechó “Era e Beira”. — Só que estava chegando, né? — Ela tinha que voltar a trabalhar… E aí ela pensou, pensou, pensou… E, no primeiro dia que ela voltou a trabalhar, todo mundo feliz que ela ia retomar os projetos e nã nã nã, ela chegou e falou: “Galera, então… Eu vim aqui, amo vocês, mas estou saindo fora”. [risos] E a Elis pediu demissão. E, assim, o pessoal ficou em choque, porque ela era realmente louca por trabalho, assim, ela era fascinada por tudo o que ela fazia naquela empresa e, de repente, ela estava ali pedindo demissão pra começar um brechó. E era uma época que o brechó não tinha tanto assim esse hype, né? Então ela ficou meio na dúvida, mas falou: “bom, é o que eu quero fazer”. 

E aí ela vendia nessa página do Facebook… Então, às vezes era de madrugada, ela estava comentando e tinha gente querendo comprar… — Porque não era uma loja virtual, né? Então dependia de falar com ela para ver se aquele item ainda estava disponível pra compra e combinar de como ia pagar, entregar, essas coisas… — E aí ela foi vendo que, tipo, isso de novo estava ocupando a vida dela inteira, estava muito legal, mas ela tinha que deixar mais profissional para ela não ter que atender pedidos de madrugada. E aí ela encontrou uma startup e, com a startup, ela conseguiu fazer ali a sua lojinha virtual. Então ela via, em marcas grandes, como a galera apresentava os produtos e copiava, fazia igual. — E é isso que a gente tem que fazer quando a gente é pequeno… A gente tem que se inspirar e olhar ali o grande… Como que ele faz? Como que ele tira foto dessa roupa? Como faz pra essa roupa não ter um fundo na foto? E assim ela foi estudando Photoshop e essas coisas para poder melhorar ali a fotografia dos produtos dela. — 

Elis já estava ocupando uma parte ali da casa da mãe dela com as roupas e o tal, do brechó, e ela resolveu alugar um galpão… Achou um galpãozinho, alugou… O galpãozinho tinha várias questões que, assim, na hora ela quase desistiu… Do lado tinha uma acumuladores de animais, então, o cheiro era muito, muito, muito forte e ela não sabia como ajudar, como lidar com aquilo e, em cima do galpão, tinha um asilo. Então às vezes também os velhinhos gritando e achando: “Ai meu Deus, não sei se é maus tratos, se não é”, então aquilo foi deixando a cabeça da Elis ali meio cheia, meio ruim e tal. E aí um dia foram colocar uma barra de fisioterapia no abrigo dos idosos e racharam o teto. — De fora a fora do imóvel. — 

A Defesa Civil condenou o imóvel e, num dia de muita chuva, à noite, [efeito sonoro de chuva caindo] a Elis teve 40 minutos para desmontar a loja dela inteira. — Todo o acervo de roupas. — E sair daquele lugar. — Inclusive tirar arara da parede, tudo… — Em 40 minutos… Então ela fez uma força tarefa ali com amigos e tal e todo mundo com um saco de lixo e ia tirando as roupas, aquela correria… — Pensa, gente… — Mas eles conseguiram esvaziar o lugar. O acervo da Elisa já tinha mais de 4 mil peças. — Entre roupas e acessórios aí do brechó — E aí ela saiu de lá, para um outro espaço também perto da casa dela e que é onde o brechó é até hoje. A Elis utiliza ali as ferramentas de vendas do Facebook, do Instagram e finaliza as vendas e faz o pós vendas pelo WhatsApp. É uma ferramenta que também ajuda muito. 

E aí ela costuma dizer que o brechó Eira e Beira nasceu junto com o filho dela e cresceu junto… Eles já estão aí com mais de oito anos, e aí ela até fala rindo, assim, que o negócio está em pé e o filho está vivo, então deu tudo certo. [risos] E hoje a Elis em um negócio que ela é apaixonada, um negócio que faz bem para o planeta, um negócio sustentável que é você reaproveitar essas roupas e fazer esse material circular… E agora a gente vai ouvir um pouco a Elis falar e eu volto em breve aqui para vocês. 

[trilha]

Elis Iafélix: Quando eu fiquei grávida, começou a existir uma preocupação, assim, gigante. Tanto é que demorou até um pouco assim, né? Fiquei casada durante alguns anos sem ter filhos, mas aí começou a rolar uma vontade e tal e eu falei: “puxa, mas como é que eu vou enfiar um neném no meio disso tudo, né?”, porque eu trabalhava com acervos enormes em vários locais do Brasil, fazia viagens, passava um tempão nesses locais… Então, um bebê no meio dessa rotina era algo meio impossível, assim, pra eu dar uma atenção pro neném, pra eu participar ativamente do crescimento… Mas o desejo foi maior. 

Eu falei: “Não, vou organizar direitinho, vou fazer o neném… E quando ele nascer vou arrumar a melhor escola para cuidar dele. E aí ele fica na escola quando eu estiver viajando, no final da tarde minha mãe busca e a gente faz umas chamadas de vídeo, aí eu vejo o neném… Vai ficar tudo bem… Uma semana passa super rápido, eu vou tentar diminuir as viagens pra ficar menos tempo, resolver os projetos mais rápido”, enfim… Isso é o que eu estava imaginando. Fiquei grávida, curti super, continuei trabalhando porque eu era uma pessoa, assim, bem enérgica trabalhando. Eu gostava muito, muito, muito realmente do que eu fazia. 

Segui a gravidez ali super trabalhando, fazendo todo o meu trabalho. Um dia ou outro assim que dava um xabuzão, [risos] uns enjoos malucos, que ou eu tinha que voltar pra casa ou eu não conseguia nem chegar no trabalho, né? Mas, no geral, caminhou tudo bacana, assim. Até que faltava de 15 a 10 dias pro Olavo nascer, e realmente aí começou a ficar bem complicado. Minha base aqui em São Paulo era na Faria Lima, bem perto do metrô e eu também moro perto do metrô, então é meu meio de transporte para chegar ao trabalho era o metrô e com aquela barriga imensa já estava realmente complicado, né? E, com 15 dias pro Olavo nascer, eu pedi afastamento e fiquei até o décimo dia. 

Me preparei totalmente pra volta, deixei todo mundo avisado com meu telefone, com telefone do meu marido se não consegue falar comigo… Porque, para mim, na minha cabeça, os projetos iam ficar muito carentes de mim…  Aí o neném nasceu… Inclusive, na hora que eu saí do trabalho, deixei até algumas coisas na mesa, assim, na minha base aqui da Faria Lima, na minha cabeça eu nem ia ficar quatro meses de licença maternidade, assim… Eu pretendia ir alguns dias, sei lá, duas vezes por semana até o escritório. 

Aí o neném nasceu… Quando o neném nasceu, assim, como um passe de mágica, uma varinha de condão mesmo, eu esqueci completamente de trabalho, de escritório, de profissão. [risos] Nossa… Eu falava: “Ai meu Deus, espero que ninguém me ligue”. Meu telefone tocava, eram minhas amigas, minha mãe mandando mensagem eu já ia meio com medo de ser do trabalho, porque eu não queria falar, eu não queria interagir com nada, eu só queria olhar para a cara do meu neném. Só queria ficar com meu neném, só queria curtir o meu neném e eu mergulhei total num universo completamente diferente e, realmente, a ideia de executiva ficou, assim, bem marchinha na minha vida nesse momento, sabe? 

E as pessoas realmente não me procuraram, pessoas do trabalho entraram em contato, mas para dar parabéns, foram me visitar na maternidade, mas pra falar de trabalho foi bacana, não rolou… Quando faltavam 20 dias para dar os quatro meses que era da licença maternidade, eu falei: “Ai, acho que eu vou pedir as férias pra ficar mais um pouquinho com o Olavo, porque ele é muito pequeno, não vou conseguir ficar longe dele”, e aí já comecei a entrar numa neura total, assim… “Ai meu Deus, ninguém vai cuidar como eu cuido… Como eu vou deixar esse menino na escola? E se ele cair e bater a cabeça? E quem vai dar banho?” Eu fiquei, assim, Piradinha da Silva. Mas até esse momento não tinha em mente pedir demissão, porque fazer o quê, né? Pedir demissão e ficar sem nada? Não era minha ideia assim de “Ah, eu cuido do bebê e meu marido trabalha”, não tinha muito isso. 

E aí o que aconteceu? Numa bela tarde, o Olavo tirando um soninho de bebê e eu resolvi arrumar o guarda roupas, eu comecei a olhar, falei: “Gente, essa bolsa… Eu nunca vou usar essa bolsa, sabe?”, falei: “Por que eu tenho?”. Aí antes eu colecionava coisas por lembranças, sabe? Então “Ah, a bolsa que eu fui em determinado lugar”, “a calça que eu usei no dia que eu conheci meu marido”. E aquelas roupas não faziam mais sentido para o meu dia a dia, nem para o meu corpo… Algumas nem serviam. E eu falei: “Não faz sentido nenhum eu ficar guardando isso, ocupando um super espaço e deixar isso parado, isso poderia ser de outra pessoa”. 

E a ideia inicial foi: “Vou tirar tudo isso daqui”, e aí quando eu comecei a tirar, eu falei: “Nossa, quanta coisa legal… Quanta coisa boa”. E eu, como sempre fui uma pessoa de muita roupa, as minhas amigas sempre que iam fazer uma viagem, precisavam de um casacão ou de uma coisa assim, elas iam garimpar lá no meu closet. Aí eu falei: “Todo mundo gosta, né? Será que ninguém compraria bem baratinho? Sei lá, pra fazer uma grana, assim, pra eu comprar uma coisa que faz sentido pra mim agora e tal” e eu falei: “Vou fazer, vou botar no Facebook”. No Facebook tinham muitos grupos de pessoas, de desapego, essas coisas… Falei: “Ah não, não vou pôr nesses negócios, eu vou fazer uma página pra mim”. Então, através do meu Facebook pessoal, eu criei uma página que seria comercial dentro do Facebook, uma fanpage que acho que era chamada naquela época, convidei ali os meus seguidores pra curtir, mas só pessoas que eu sabia que, de repente, iam gostar da roupa, minhas amigas… E um grupo pequeno, dez pessoas…

Enfim, comecei a vender… Coloquei, as meninas começaram a gostar, e aí elas começaram a compartilhar a página e o negócio começou a ficar muito legal, muito interessante, super empolgante… Eu ficava o dia inteiro com o neném no colo respondendo mensagens. Começou a vir gente que eu nem conhecia, porque foi passando de um pro outro e foi muito bacana, assim.  E aí numa sexta-feira, na segunda era o dia de voltar pro trabalho, eu chamei a minha irmã e minha prima, que são minhas brotherzassas, assim, sabe? Eu falei: “Gente, olha… Eu vendi todas as minhas roupas. Tudo o que eu não queria, eu vendi. Os sapatos, tudo…” Se eu conseguir várias roupas, vocês derem as roupas de vocês e eu montar um brechó? Aí eu fico em casa… Minha cabeça era assim, né? “Eu fico em casa e eu vou vendendo as roupas, vou cuidando do Olavo e tal”, e aí elas deram um super apoio, assim, super me ajudaram. Trouxeram as roupas delas, me ajudaram a tirar as fotos no chão da sala… Tudo sexta à noite. 

Bolamos um nome, um logo, fizemos tudo… E aí colocamos, assim, as coisas mais estruturadinhas, mais bonitinhas… Contei tudo isso para o meu marido e, na segunda-feira, eu voltei no trabalho e pedi demissão. Assim, eu cheguei: “Oi, gente”, todo mundo: “Ai que bom e tal”, e aí logo de manhã eu falei: “Ai, gente, então… Eu não vou ficar”. Aí todo mundo falou: “Nossa, né?” é uma coisa que ninguém esperava que fosse rolar… Nem eu, mas… Assim, eu olhava para tudo aquilo, a mesa, as pessoas… Nada daquilo conectava mais comigo, eu não tinha interesse nenhum em trabalhar ali, de falar com pessoas, de lidar com aqueles problemas… No primeiro momento todo mundo achou que eu tivesse pirado, assim, porque eu tinha um cargo de gerência, era super bacana… Tudo que eu estudei na minha vida, tudo o que eu quis, eu consegui e, do nada, eu falei: “eu vou vender a roupa usada”, né? 

E, há oito anos atrás, esse lance de brechó era algo bem mais fechado assim. Então tinha um público que tinha essa pegada mais cool, mais alternativa, sustentabilidade, mas isso não era um negócio que era para qualquer um. Existiam muitas pessoas que consumiam em brechó e tinha vergonha de falar que comprou no brechó, então eu estava pisando num lugar, assim, que era um lugar pouco explorado e que eu teria que vencer muita coisa ali pra aquilo dar certo, né? E aí eu fui indo, devagarzinho… 

A coisa mais legal é que deu certo. [risos] Não teve plano de negócio, planejamento estratégico, [risos] estudo de mercado, não teve… Não teve. E eu que sempre conto essa história por aí, porque muita gente, assim, se inibe, sabe? Lógico, eu também aconselho e é muito legal você fazer as coisas com planejamento, mas também se as coisas forem surgindo e você for vendo um gancho de oportunidade, agarra nele e vai. E é isso que eu fiz.  Então, o legal é isso, que deu certo… O legal é que eu faço um trabalho que eu sou apaixonada, um trabalho que eu considero importante para o planeta, para a consciência das pessoas, né? Eu acho que as coisas elas têm sim que ser reutilizadas. O que não me faz feliz mais, vai fazer outra pessoa se sentir bonita, se sentir elegante, com uma roupa que para mim já não fazia mais sentido. 

E, nisso, a gente acaba que educando o mercado, a produção, os consumidores e, de repente, todas as marcas repensem essa indústria de roupa descartável, sem qualidades e que vai parar aí nos lixões pelo planeta, né? E, infelizmente, cada vez mais eu vejo mais a respeito de descarte têxtil na natureza… Eu fico feliz que eu consigo fazer a minha parte, mesmo que ela seja pequena… Eu faço um pedaço disso, assim, de alguma forma eu estou cuidando do planeta e estou educando as pessoas a fazerem o mesmo. Então, o legal do meu trabalho é esse, assim… Eu sou muito feliz de fazer esse trabalho, de ser dona do Eira e Beira… 

Eu costumo falar “criadora”, né? [risos] Todo mundo é dono do Eira e Beira, porque sem meus clientes nada ia para a frente. Então, todo mundo me ajuda nessa jornada, estão sempre chegando pessoas novas para apreciar, para prestigiar… Isso me faz muito feliz. Cada pessoa que confia de apertar lá o botãozinho do site, fazer uma compra, poxa, sou muito grata, assim… Eu fico muito feliz, das pessoas confiarem no meu trabalho assim, então isso me dá muita felicidade, me faz ter uma vida contente e feliz. 

Déia Freitas: Gente, eu estou amando contar essas histórias. A Elis é maravilhosa e utilizem aí as ferramentas do Facebook, do Instagram e do WhatsApp para vendas. — Alô, Beth, minha Bethinha, logo estaremos aí também no Instagram vendendo, no WhatsApp e Facebook… — E é isso, gente, usem nosso filtro… Tem um filtro lá no Instagram que você pode divulgar sua pequena marca, sua marca aí, você, mulher e tamo junto, Meta. Um beijo. E semana que vem estou aqui de novo para mais uma história maravilhosa de mulheres incríveis. Um beijo e eu volto em breve 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.