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título: éramos seis
data de publicação: 19/12/2021
quadro: amor nas redes
hashtag: #seis
personagens: vitória, bárbara, taís, marcinha, regiane e silvana

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje cheguei para um Amor nas Redes. Eu vou contar para vocês a história de seis meninas, e quem me escreve é a Vitória. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Vitória conheceu as meninas que fazem parte dessa história quando ela tinha 8 anos. Ela estava ali no ensino fundamental. — Na minha época, segunda série. [risos] Eu sou da época que é antes aí de ter essa divisão de ensino fundamental e ensino médio, mas a Vitória já é aí do fundamental. — E ela conheceu ali, um dia ela estava andando com a mochila dela e o lanchinho que a mãe dela fez e, da lancheira dela, rolou um tomatinho. [risos] E aí iniciou uma brincadeira ali, uns tirando sarro, outros brincando e tal, e ela se aproximou de algumas meninas assim. E as meninas são: a Bárbara, a Thaís, a Marcinha, a Regiane e a Silvana. E aí elas que viraram ali um grupinho, né? — Sempre as seis meninas pra lá, as seis meninas para cá… Todas sempre juntas. — 

Elas estudaram juntas por dez anos, e aí quando elas se formaram, — Ali no ensino médio. — elas já estavam estudando e tal para o vestibular, né? E nã nã nã, algumas passaram, outras não… Uma foi viajar, cada uma tomou um rumo. Só que elas combinaram, tipo filme mesmo, de todo ano, pelo menos uma vez, elas se encontrarem, né? Daí a primeira vez que elas se encontraram foi dali um ano e meio, quando a Regiane com 20 anos, casou. Então aí teve o casamento, teve festa, tudo… Elas foram todas madrinhas e a Regiane casou, então ali foi o primeiro ano que elas se encontraram. E depois disso era muito difícil mesmo reunir, porque a Silvana estava cursando dança em outro estado, a Marcinha estava fazendo matemática em outro estado, a Thaís que sempre foi de uma família evangélica, agora tinha conhecido um rapaz e estava numa outra igreja. — Um pouco mais, assim, rígida… — Então também elas quase não viam ali a Thaís. E a Bárbara era a mais assim, porra louca, a hippie da turma e era a que a Vitória mais encontrava. 

Então ficou mais ali assim Vitória e Bárbara, elas tendo bastante contato com a Regiane que tinha acabado de casar, a Thaís mais da igreja, Marcinha em outro estado fazendo matemática e a Silvana em outro Estado fazendo dança. — Então, bem próxima mesmo ficaram Vitória e Bárbara, mas todas ainda tinham contato. — Dali dois anos… — O próximo ano elas não conseguiram se reunir, né? — Dali dois anos, a Vitória estava um dia em casa, era muito cedo… — Mas ela acorda cedo. — E o telefone da sala tocou. Não o celular dela, o telefone da sala. E aí a mãe dela atendeu, ela viu que a mãe dela conversou um pouco e desligou. Aí a mãe dela veio assim com a cara muito vermelha, e ela tinha uma notícia para dar… A Silvana que estava estudando dança, terminou e foi morar fora do país, assim, fazer o último ano, parece que era um estágio, alguma coisa que o último ano do curso ela ia cursar fora… Ela sofreu um acidente de carro [efeito sonoro de batida de carro] nos Estados Unidos e morreu. 

[música triste ao fundo] E aí foi um auê, porque precisava trazer o corpo para cá. — E ainda bem, ela pagou aquele seguro de viagem, então era mais mesmo aquelas questões burocráticas. — E aí elas se reuniram, agora em 5, para o velório da Silvana. E aí no velório da Silvana a Marcinha já estava bem diferente assim, estranha e Thaís só passou lá, não ficou, porque, enfim, a igreja dela, enfim… Ela não queria ficar muito perto das meninas. Então ficou lá o tempo todo a Vitória, a Bárbara e a Regiane. — Que é aquela que tinha casado. — Depois ali do velório da Silvana, todo mundo muito mal, arrasado e tal, a Thaís meio que bloqueou todo mundo em tudo assim. — Das redes sociais. — 

E aí a vitória mandou um e-mail para ela e ela acabou respondendo que era mais, assim, por essas questões de elas terem crenças diferentes e nã nã nã. — E aí ela não queria mais, tipo, contato com elas. — Então a Thaís acabou rompendo com a turma… E Silvana faleceu. Então, agora era só Vitória, Bárbara, Marcinha e Regiane. Só que Marcinha já estava estranha no velório da Silvana, e ninguém sabia porquê, mas aí conversando, como todo mundo mora longe, ficou por isso mesmo. Aí Regiane teve gêmeos. [efeito sonoro de bebês chorando] — Teve gêmeos, Thaís já não falava com elas, né? — Ela convidou a Vitória, a Bárbara e a Marcinha para irem lá visitar os bebês assim que nasceram. A Marcinha não foi, foi só a Vitória e a Bárbara… O que facilitou pra Regiane, porque ela convidou as duas como madrinhas das crianças. 

Então elas seriam madrinhas e o marido da Regiane escolheria os padrinhos. — Eu sempre achei que tivesse que ser um casal, ou sei lá, não entendo muito bem de batismo na Igreja Católica, mas, tipo, as madrinhas não conheciam os padrinhos. — Passado mais um tempo, teve o batizado, Marcinha não foi de novo. E aí elas meio que entenderam porque Marcinha estava afastada. Era início de eleição ali e Marcinha… — Eu só vou dar um panorama aí para vocês, Márcia é aquela que não acredita no vírus, que não toma vacina… Sabe? É dessas aí… Que tomou cloroquina… Essa é Marcinha. — Então Marcinha se afastou de Vitória, Bárbara e Regiane porque elas pensavam muito diferente assim politicamente. Thaís já tinha rompido com todo mundo e Silvana tinha falecido. 

Então, ali daquele grupo de seis, agora eram só três, a Vitória, a Bárbara e a Regiane. — A Vitória ali a mais chatinho, nerd, estudando T.I., a Bárbara hippie porra louca, pronta para tudo e a Regiane que já estava casada, mãe de dois filhos, tocando ali a vida dela. — Chegamos a pandemia, Vitória, Bárbara e Regiane muito unidas, todo mundo se cuidando, todo mundo isolado, mas se falando todo dia. — Assim, uma dando força para a outra aí… A gente lá naquele começo de pandemia achando que ia passar logo, né? — E aí quando foi outubro do ano passado, mais uma vez o telefone da casa da Vitória tocou. [efeito sonoro de telefone tocando] — Era de madrugada. — E era a mãe da Regiane avisando que Regiane tinha sido internada e entubada… 

E elas tinham falado com Regiane, tipo, no dia anterior e Regiane estava só com um pouco de dor de cabeça e, assim, elas perguntaram muito se ela estava com falta de ar, ela falou que não, mas na mesma madrugada ali alguma coisa aconteceu, que ela começou a ficar sem ar e ela foi internada e horas depois já entubada. E aí a Regiane ficou assim por quase dois meses — Entubada. — e não resistiu. Então, a Regiane, mãe de dois bebês, amiga aí da Vitória e da Bárbara, daquele grupo de seis, faleceu. E aí foi o maior dos baques, né? Porque agora daquele grupo, só restava Vitória e Bárbara, e elas não podiam ver a Regiane, porque não teve velório, não teve nada… As crianças pequenas, elas madrinhas das crianças, então elas queriam estar mais perto, mas o marido da Regiane ficou muito mal e tal e foi morar com a mãe. — No Rio de Janeiro. — O que dificultou, né? — Que elas ficassem perto das crianças. — 

Foi por isso que a Vitória me escreveu, porque daquele grupo de seis meninas que eram muito unidas e faziam tudo junto e passaram dez anos muito unidas, quando chegou na vida adulta, né? A vida vai andando, as coisas vão acontecendo, a amizade com algumas ali foi se dissipando e de seis, só sobraram duas, a Vitória e a Bárbara. E aí a vitória me escreveu, porque ela queria muito, assim, falar da Regiane, do quanto ela era amiga, de quanto ela era parceira de todo mundo… Elas ficaram sabendo… — Depois que a Regiane… — Mesmo a Thaís tendo bloqueado todo mundo, e a Marcinha com a cabeça em outra vibe política e tal, ela ainda mandava mensagem… Na quarentena ela fazia muito pão, então ela mandava pão para todo mundo, pras cinco… Mesmo as duas tendo meio que rompido com a galera. 

Então, a Regiane era a cola, né? Do grupo assim, sabe? Aquela que foi a primeira a ser mãe, que era a mãezona do grupo… E aí a Vitória escreveu mais para falar dela e do que foi esse grupo, né? A importância que foi esse grupo na vida de todas e da amizade, do amor, enfim… É isso, gente, é uma história de amor como… — Sei lá… Não queria falar “como sempre”, mas parece que nesse quadro a gente acaba… As pessoas têm uma saudade. Daqui a pouco eu estou igual Eli Corrêa, “que saudade de você”. Adoro. Um beijo, Eli Corrêa. — 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, Vitória e Bárbara, aqui é a Bruna, eu falo de Curitiba e, primeiro eu quero dizer que eu sinto muito pelas perdas que vocês sofreram, porque é muito difícil… Eu sei como é perder uma pessoa tão próxima que a gente gostava tanto. Eu achei muito louco, porque eu estava falando hoje mesmo, eu encontrei uma amiga que fazia tempo que eu não via e a gente falou muito sobre como as amizades… Algumas amizades ficam e outras vão se desfazendo com o tempo. Que é triste, mas a gente precisa aceitar que nem tudo dura tanto, mas fico feliz que vocês tenham uma à outra. Um beijo e mega força para vocês. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, eu sou Natália, falo aqui de Massachusetts. Gente do céu, eu amo Amor nas Redes que não fala sobre relacionamento entre casais, né? E sim amizade de amigos e coisas assim, eu acho que é uma forma também de mostrar o amor. E essa história me fez lembrar muito da minha irmã. Minha irmã morreu tem três anos, ela era mais nova do que eu e eu sempre que posso, eu gosto de fazer isso. Eu gosto de falar do quanto ela foi incrível e compartilhar muito das ideias maravilhosas e coisas boas que ela me ensinou e me deixou. E é isso… É muito bonito e a gente precisa compartilhar mais o amor. Obrigada muito por essa história, beijo. 

Déia Freitas: E é isso, gente. Um beijo pra Vitória, pra Bárbara que me escreveram juntas e para a Regiane, Silvana e para a turma toda aí. E vocês, vocês têm aí amigos de infância? Vocês têm saudade de algum amigo de infância? Comenta lá no nosso grupo, a gente tem o grupo do Telegram. E se você não está ainda no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece e eu quero saber se vocês têm saudade aí de alguém da infância de vocês, se vocês mantiveram esses vínculos de amizade… Vamos lá, vamos falar sobre isso, um beijo. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.