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título: estacionamento
data de publicação: 03/11/2022
quadro: luz acesa – especial halloween
hashtag: #estacionamento
personagens: lindomar

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E eu cheguei pra mais uma história do quadro Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história do Lindomar. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


O Lindomar ele é vigia num estacionamento, ele entra às dez da noite e sai às seis da manhã. Ele é vigia desse estacionamento… — É um prédio de estacionamento, é só um prédio pra isso, assim, os carros vão lá, param, tem gente que paga por mês, tem gente que paga, sei lá, vai em algum lugar ali e paga por hora, enfim… — E como tem esses mensalistas, então precisa ter sempre alguém, né? Então ele é o vigia que faz a ronda e tem os trabalhadores das guaritas, então, se alguém precisar entrar depois da meia noite e tal, essas coisas… E é um estacionamento grande, estacionamento que tá aí numa grande metrópole e tal, de gente de um pouco mais de grana, enfim…


E aí o seu Lindomar ali no trabalho dele, ele já está nesse trabalho há seis anos. — E tudo isso que acontece, acontece desde que ele entrou. — Logo que ele entrou pra trabalhar nesse estacionamento, ele estava fazendo uma ronda, era mais ou menos uma hora da manhã quando ele passou por um carro e, dentro do carro tinha uma mulher chorando muito… [efeito sonoro de mulher chorando] E aí ele pensou: “Ai, meu Deus, o que eu faço agora? Porque essas mulheres, assim, meio ricas, se eu chegar perto do carro, ela pode assustar, sei lá, né?”. Só que ela estava chorando muito e ele não conseguia ver o rosto dessa mulher. Ele tinha uma lanterna, ele pensou em apitar, — todos lá tem apito — e apitar e ir com a lanterna ligada pra ela não assustar e ver que era alguém chegando, né?


Então ele apitou um pouco longe, [efeito sonoro de apito sendo soprado] também pra não apitar na orelha da mulher e foi chegando com a lanterna. Quando ele chegou e ele falou: “senhora”, o vidro tava fechado… Mas ele falou: “Não vou bater no vidro porque é falta de educação”. — Enfim, ele tinha recebido lá tipo um manual de regras. — No que ele falou: “Senhora, senhora”, que ela virou, a mulher não tinha rosto… E aí ele assustou, assim, pulou pra trás e caiu sentado no chão. E aí sentado ele ficou um tempo… Quando ele levantou, que ele olhou dentro do carro, a mulher não estava mais lá. E aí ele saiu correndo… Ele estava há muito pouco tempo, né? Ele falou: “Não vou falar nada pra ninguém”. Só que de tempos em tempos ele via essa mulher chorando no estacionamento, até que ele comentou com um outro rapaz que também trabalha lá — até hoje — e o rapaz falou: “Ah, não liga, não… Ela sempre aparece… E se você ficar com medo, ela fica andando atrás de você”.


E aí o Lindomar, que já estava morrendo de medo, falou: “Bom, agora lascou, né?”. Só que ela nunca andou atrás dele, mas ela aparece às vezes chorando em carros aleatórios, dentro do carro e ela não tem rosto. E tá sempre de roupa preta, mas como se fosse de uma outra época o Lindomar diz… — Que, assim, ela destoa dos carros, né? — E está sempre chorando, sempre chorando… E o choro é assustador. Ele diz que nesse estacionamento tem muito vulto… Às vezes as pessoas reclamam, deixam o carro lá e fazem reclamações do tipo: “Ah, eu estava saindo do carro e eu fui empurrada, não deu tempo de ver quem era”, e aí vão ver nas câmeras e a pessoa… Você vê a pessoa dando tranco e ninguém empurrando, né? E aí eles mostram pra pessoa: “Olha, ninguém te empurrou e tal”, mas todo mundo sabe que, tipo, é alguma coisa que tem no estacionamento que faz essas coisas.


Então, ele já viu essa mulher chorando, ele já viu vários vultos… São seis andares de estacionamento, então tem elevador… Ele já pegou o elevador uma vez com um homem e, assim, falou “boa noite” e não ficou encarando e tal, e quando ele desceu, que ele desceu no térreo, não tinha mais pra onde ir, ele esperou pro homem passar na frente dele e o homem saiu do elevador e, quando ele foi sair também, o homem desapareceu… Na frente dele. Agora, a única vez que o seu Lindomar disse que ficou apavorado e pediu saída pra ir embora, aquele dia… — Não pediu as contas, né? Mas pediu pro chefe liberar ele porque ele estava apavorado. — Ele chegou um dia pra fazer a ronda, era ainda… Não era meia noite, ele disse… — Então ainda tinha bastante carro, porque, assim, durante a madrugada não fica tanto carro. —


Ele estava fazendo a ronda que ele faz, e essa é uma ronda a pé, né? — Até daria pra fazer de moto, mas enfim, eles fazem a ronda a pé… — E, conforme ele foi passando pelos carros, ele viu alguma coisa passando por debaixo dos carros, assim… Ele falou: “ai, meu Deus, algum cachorro ou algum gatinho por aqui” e abaixou pra chamar… Pra fazer “pspsps, gatinho”, sabe? E, conforme ele abaixou pra ver se era cachorro ou gato… — A gente está falando de um estacionamento aceso, com luzes acesas, só que não fica tão claro, né? Que já é noite, enfim, num prédio… — E aí, com muita sombra embaixo dos carros, ele não conseguia ver, mas ele via que tinha alguma coisa andando. Aí ele foi indo pela lateral dos carros, assim, em pé, andando rápido, quando ele chegou, que ele achou que tinha visto esse cachorro ou esse gato naquele ponto, no que ele abaixou… Era um homem totalmente, assim… — Como é que vou dizer? — Braços e pernas, assim, fora de esquadro.


Ele falou que assim: Pensa num homem rastejando, mas ele parecia um… Parecia uma aranha, mas não era uma aranha… Ele não tinha um aspecto de aranha, mas braços e pernas como uma aranha anda… — Não sei se dá pra entender. — Tipo, com um braço meio aberto, assim, andando pelo chão. E aí quando essa coisa viu o seu Lindomar, ela veio correndo atrás dele. E aí ou ele descia pela escada, tem o elevador e tem a rampa que sobem os carros, né? E ele desceu correndo pela rampa e, o tempo que ele olhou para trás, ele viu que essa criatura estava correndo atrás dele [efeito sonoro de passados apressados e criatura grunhindo] meio de quatro, assim, né? E ele desceu dois lances de rampa e tropeçou, e rolou e se machucou… E aí ele pediu saída, né?


Essa criatura só um outro rapaz já tinha visto e esse outro rapaz tinha pedido as contas. Depois desse dia, ele passou a fazer a ronda com a Bíblia… [risos] — Ô, seu Lindomar… Se acontece alguma coisa você dá com a Bíblia nos outros. [risos] — E aí depois ele falou que ele parou de andar com a Bíblia, porque primeiro que faz peso, né? Pra você ficar toda hora fazendo a ronda. E segundo que não adiantava, gente, não adiantava… Então, esse lugar, esse estacionamento é assim… É assombrado. Ele disse que ele já perguntou pra Deus e o mundo se tinha alguma coisa naquele prédio antes, mas ninguém sabe de nada. Só que tem coisa lá, né? Porque vira e mexe aparece alguma assombração. E não é só ele que vê, vários outros funcionários e também clientes já viram. Então é do lugar, né?


Provavelmente quem para o carro lá e está escutando essa história agora sabe onde é. — Eu queria muito falar a cidade, mas não vou falar… Mas é meio famosinho assim por ser assombrado. — Então é isso, gente, essa é a história do seu Lindomar. Ele agora já meio que acostumou… Vez ou outra acontece alguma coisa mais forte assim, mas ele diz que é um trabalho sossegado, então ele continua lá. 


[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers… Seu Lindomar guerreiro de achar que esse lugar é tranquilo pra trabalhar, porque, nossa, é complicado… Tá lá e você não saber quando vai aparecer um espírito chorando ou andando que nem uma aranha… Gente, loucura… Eu ainda mais ficaria pensando, a gente vê várias histórias aqui do Luz Acesa que o espírito acaba grudando na pessoa e seguindo ela além do local que eles encontraram pela primeira vez, né? Ia ficar com essa nóia de ficar com encosto e não continuaria, caso pudesse sair desse trabalho. [risos] Mas seu Lindomar tá de boa, então tranquilo, só se proteger espiritualmente e fica tudo certo. [riso] Um beijo.

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Juliana de BH. Eu acho curioso como que tem mais uma pessoa, às vezes mais de duas que vê a mesma coisa nos mesmos lugares e parece que essas coisas existem mesmo, né? Só que, felizmente, nem todo mundo consegue enxergar, né? E o Lindomar ais me parece assim que já está bem resolvido aí, né? Não tem muita escolha, vai ficar no serviço mesmo, mas está lidando bem com a situação. Então está de parabéns. 


[trilha]


Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.