título: estafa
data de publicação: 09/10/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #estafa
personagens: marília e márcio
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o Cansei de ser Gato. — Amo… — O Cansei De Ser Gato Nasceu lá em 2013 como uma página de conteúdo no Instagram e hoje é uma marca feita pelo Chico — um gato foférrimo — que tem mais de 80 produtos milimetricamente pensados para gatos e seus humanos. — E, assim, gente, os produtos do Cansei de ser Gato tem uma qualidade excepcional… Eu lembro a primeira vez que eu vi os potes de cerâmica do Cansei de ser Gato, eu fiquei encantada. — E hoje a boa nova é que o Cansei de Ser Gato está lançando a areia higiênica biodegradável nas versões grãos finos e grãos médios em embalagens de dois e quatro quilos. — Eu recebi as areias aqui, meus gatos testaram e eu também testei, limpando, [risos] e eu amei, assim, a qualidade lá em cima. Eu gostei mais dos grãos médios, mas os meus gatos aí curtiram todas, então eu realmente aprovo porque eu testei aqui em casa. —
E a areia higiênica biodegradável cansei de ser gato forma torrões firmes, evitando que o xixi do seu gato escorra para o fundo da bandeja e se espalhe por toda a areia. Ela controla o odor e, a absorção de odor, impede que o cheiro se alastre pela casa. A areia é 100% natural, que é feita de milho e mandioca. — Apenas dois ingredientes… — É totalmente seguro para os gatos e para os outros pets da sua casa. A areia é biodegradável — porque gera menos impacto no meio ambiente — e ela pode ser descartada diretamente no lixo orgânico. A areia higiênica biodegradável do Cansei de Ser Gato está disponível em todas as lojas pets do Brasil. Eu vou deixar o link certinho do site da Petz aqui na descrição do episódio e, no final, ainda tem o nosso cupom de desconto, pets.com.br. E hoje eu vou contar para vocês a história da Marília. — A Marília me escreveu tem uns oito meses e de lá para cá pouca coisa mudou. — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Marília conheceu Márcio por volta de 2010 mais ou menos e eles começaram a namorar. Marília ela se formou em administração, trabalhava como gerente na área administrativa e tal e o Márcio dentista… O Márcio ganhando muito bem… — Mas como é esse ganhar muito bem? Eu considero isso relativo, eu não sei se vocês vão concordar comigo. — O Márcio de manhã, ele acordava cinco horas da manhã para estar às sete num consultório que ele atendia até meio dia, aí ele saía, comia alguma coisa. À tarde ele atendia num segundo consultório e à noite ele fazia um curso de especialização. Então, ele trabalhava o dia todo, chegava aos sábados ele dividia com mais três dentistas um consultório, onde ele atendia aos sábados por conta própria. Então ele tinha dinheiro, ele conseguia juntar aí uma renda mensal de 20 e poucos mil reais? Conseguia… Mas a que ponto, né? E foi nesse contexto que a Marília conheceu o Márcio.
Eles começaram a namorar, ela foi se encaixando na rotina dele pra que eles pudessem se ver e tal e eles se casaram. [efeito sonoro de sino soando] Então eles tinham um bom padrão de vida, mas decorrente desse trabalho todo do Márcio. E eles casaram e tiveram dois filhos. A partir do momento que eles tiveram um segundo filho, a Marília resolveu que ela não ia mais trabalhar. E o Márcio falou: “Você que decide, por mim você faz o que você achar melhor”. E aí ela ficava em casa cuidando das crianças e tal — e trabalho de casa e cuidar de crianças também é um trabalho que é muito exaustivo, né? — e o Márcio ficava fora trabalhando. Dentro deste contexto, as crianças — conforme elas foram ali tendo um pouco mais de idade — foram para escolinhas particulares e depois o ensino regular também numa escola particular… Todo ano eles viajavam, faziam uma viagem para fora do país, então eles tinham esse período de férias, que era a única hora que o Márcio descansava. Essa era a fala dele, né? Ele falava isso para a Marília: “Olha, não vejo a hora de chegar as férias e nã nã nã”.
Bom, e a vida foi seguindo nesse ritmo, até que chegamos ao começo de 2022. Tinha vindo pandemia, foi ruim para todo mundo, mas eles tinham um dinheiro guardado… Foi uma época que o Márcio trabalhou menos, mas trabalhou com muito medo, porque todo mundo tinha medo de pegar Covid, enfim, né? E no começo ali para março, o Márcio um dia estava indo para um dos consultórios e ele teve um apagão… Ele estava dirigindo e ele não sabia mais para onde ele estava dirigindo, nem o que ele ia fazer, nem no que ele trabalhava, nem quem era ele. E ele teve que parar o carro, estacionou o carro, [efeito sonoro de freio de mão sendo puxado] desceu do carro, pegou o celular, desbloqueou ali com o próprio rosto, né? Para ver quem ele era. E aí dali ele já entendeu que ele não estava bem e ele foi pra um hospital… Ele foi internado e foi diagnosticado com um burnout… — Ele teve ali uma estafa do trabalho, né? Trazendo aqui pra gente falar de uma maneira mais fácil de entender. — Ele chegou no limite dele de tanto trabalhar e teve ali um surto, uma coisa referente a isso…
E aí ele precisou ser afastado. — É aquilo que eu falo sempre e que as pessoas não entendem: A gente pode ter uma renda de 30 mil reais por mês que a gente não é rico. Por quê? Porque quando a gente para de trabalhar, quando esta fonte de renda seca, a gente volta pra nossa origem classe C, sem dinheiro. — E aí era o que estava acontecendo com o Márcio… — Então ele passou alguns meses sem trabalhar e a Marília tendo que remanejar as contas da casa e tal, né? — Quem me escreveu foi a Marília, tá? Não foi o Márcio. — Foi uma hora que o Márcio chamou a Marília e falou: “Olha, agora os nossos filhos já estão maiores, né? Um já está com 10 e o outro já está com 11, eu acho que você precisa voltar a trabalhar para me ajudar financeiramente”, essa foi a conversa. E a Marília ficou muito ofendida com isso, né? Pegou ela num lugar assim… Mas ele falou: “Você precisa voltar a trabalhar”. Então, depois desses meses, o Márcio voltou ao mesmo ritmo de trabalho e não aguentou… E aí ele falou, falou, juntou os dois filhos, juntou a Marília e falou: “Olha, eu não vou mais trabalhar desse jeito, eu não vou… Eu tenho lá o consultório com os meus sócios dentistas e eu vou atender somente lá”.
Isso significava, financeiramente, que todo aquele padrão que eles tinham baseados no trabalho do Marcio ia acabar… E foi isso que ele falou, falou: “Olha, a partir de agora, até o final do ano, eu seguro vocês na escola particular, mas a partir de 2023 vocês vão estudar na escola pública”. E aí as crianças ficaram mal, a Marília ficou mal e assim ninguém aceitando, todo mundo revoltado. E ele falou: “Eu não vou mais me matar de trabalhar”. E aí ele vendeu o carro que ele tinha — pra ficar com um dinheiro a mais ali para administrar até o final do ano —, não comprou um novo carro… A Marília tinha um carro mais popular e eles começaram a dividir o carro… E ele cobrando a Marília dela arrumar um emprego na área dela de novo, ou pelo menos fazer esse movimento, né? E aí o casal foi desgastando ali a relação. Mas o Márcio sempre falando: “Olha, não quero me separar, eu não quero que a nossa relação mude, mas financeiramente vamos mudar, vamos ter que dar esse passo para trás e não é temporário. Eu não vou voltar a trabalhar do jeito que eu trabalhava, então a consequência disso é que eu não vou ganhar o dinheiro que eu ganhava”. Então eles passaram de uma renda de 20, sei lá, 25 mil pra uma renda de 6 mil.
Então é bastante? É bastante… — Mas é isso que eu estou falando pra vocês, né? Quando você é da classe trabalhadora, não importa se você ganha 30 mil ou 6 mil, se aquela fonte secar, você está a seis meses de morar na rua. É isso… — Então, Márcio falou: “Olha, nossa casa é própria, nós não temos dívidas… Com estes 6 mil a gente vai comer bem, vai pagar a água, vai pagar a luz… Vai viajar? Não vai viajar. Vai ter filhos na escola particular? Não vai ter, mas eu vou conseguir comprar o material escolar deles, eu vou pagar o wi-fi da casa, não vou pagar mais plano de celular para as crianças…”. — Que as crianças tinham plano de celular… — “Então o celular delas vai funcionar quando tiver no wi-fi”. Então ele cortou as coisas que ele achava que ele tinha que cortar, porque era só ele a renda e falou: “Olha, Marília, a hora que você começar a trabalhar, melhora um pouco nossa renda e a gente pode pensar um pouquinho melhor, mas não vamos pensar mais em escola particular, por exemplo”, que era uma coisa que era muito pesado, né?
E isso também impactou a vida das crianças, porque as amizades delas estavam todas numa escola de elite e elas tiveram que sair para este ano agora começar a estudar numa escola pública, né? — Realmente é impactante, mas são coisas da vida. — E aí a Marília começou a ficar ressentida de o Márcio ter parado de trabalhar do jeito que ele parou, porque ela entendeu isso como um descuido a família. E foi por isso que ela escreveu pra gente… Ela começou a terapia — o que eu acho muito importante nesse caso dela, né? — pra entender justamente de onde vem esse ressentimento dela, porque o Márcio tentou fazer com que as coisas não mudassem em relação a estrutura familiar, tipo: “Nós quatro a gente está junto, a gente vai continuar junto… Ah, não vamos mais pra Itália? Mas a gente pode ir, sei lá, pro Guarujá”. Só que isso pegou num lugar da família do tipo: “Poxa, a gente sempre foi pra Itália, né? E agora a gente vai ter que ir para o Guarujá”. Só que tudo isso estava no trabalho do Márcio, um trabalho que ele não vai voltar a fazer e não adianta, ele não vai voltar a fazer. — Ele não vai voltar a fazer… —
Aí a Marília algumas vezes ameaçou ele de separação, achando que ele estava negligenciando a família. Ele falou: “Olha, eu te amo e não quero me separar, mas se a gente se separar, eu te dou metade do meu salário. Eu ganho seis? Eu te dou três, e aí você vai viver com esses três se você não trabalhar”. É esse ponto que tá… A Marília está confusa, ela às vezes quer separar, às vezes acha que quer dar mais uma chance, mas ela está querendo dar uma chance neste lugar de que o Márcio vai cair em si e vai voltar a “prover” a família. E eu falei para ela que eu concordo com ele, assim, ele estava se matando de trabalhar e aquilo estava adoecendo ele e ele falou: “Não vou mais fazer”. Eu acho que antes de contar qualquer coisa em relação a negligência familiar — porque eu acho que não é um ponto —, ele só deixou de fazer coisas que estavam prejudicando a saúde mental e física dele. — Pra conseguir levar um dinheiro a mais, né? — A Marília falou que ele é bem realista em relação ao consultório que ele está agora… — Porque são quatro lá. —
Então tem esse remanejamento dos horários e tal e ele sabe que ele vai chegar no ápice de ganhar 10 mil e para ele — tem essa questão também para a Marília — está bom ganhar 10 mil, ele não vai fazer peripécias para ganhar mais. — Isso não vai acontecer. — Então, a Marília acha que ele: “Ah, perdeu a ambição”, mas aí eu queria trazer uma coisa aqui para vocês: O que é ambição? A gente se matar de trabalhar para acumular um dinheiro que vai ser todo gasto durante o ano do mesmo jeito? Por que a gente não pode trabalhar menos e ter uma vida mais saudável mentalmente? Sei lá… Mas também financeiramente com menos coisas, né? Então, ela está nesse ponto. Eu acho que, óbvio, quando a gente tem esse declínio financeiro tão repentino, é lógico que a cabeça deve mexer, né? Isso nunca aconteceu comigo. Eu sempre estive num mesmo patamar financeiro, assim, né? Mas é aquilo que eu falo para vocês todas as vezes, agora eu não tenho dívida, eu estou numa posição muito melhor do que eu sempre estive, mas com a consciência de que se isso aqui acabar, eu volto para o ponto que eu estava, né? Porque pessoas ricas são pessoas herdeiras, são pessoas que aconteça o que acontecer, a vida financeira dela não se move, ah, uma quedinha aqui, uma coisinha ali, mas o grosso da coisa não acontece, né?
E o que eu acho que aconteceu na família do Márcio e da Marília ali, do casal, é realmente o capitalismo acontecendo, né? Então, quando você trabalha muito, você consegue acumular um pouquinho de capital, que é nada frente a quem realmente está ganhando dinheiro em cima, sei lá, da sua força de trabalho e a hora que você para, a sua renda para, né? Então, a questão da Marília pra gente, o foco é: Ele está negligenciando a família? É o que ela sente, que “ah, ele não quer trabalhar mais para dar coisas para a família”, mas eu não sei, eu não vejo por esse lado. Eu acho que ele chegou no limite dele e falou: “Não vou fazer mais”, e aí as consequências vieram, óbvio que vai impactar a vida de outras pessoas e da família dele, principalmente. Eu discordo da Marília quando ela diz que quando ele cobra ela de trabalhar, isso vem de um lugar do tipo: “Você não me ajuda”. Eu acho que você precisa sim trabalhar, né? Ainda mais que agora vocês estão vivendo com 6 mil… Porque ela me falou assim: “Ah, mas eu vou arranjar um emprego pra ganhar 3 mil?”.
Então aí vai ser 9 mil… Vai ficar um pouco mais folgado tudo, né? Não vai dar pra voltar a vida dos 25, 30 mil e é isso que eu acho que está pegando pra Marília, né? E que talvez esse casamento, como ela mesma disse, não dure. Não é o que o marido dela quer, mas pode acontecer… Pode ser também uma consequência dessa queda financeira. Então, é essa questão que a Marília traz aqui pra gente, eu discordei muito dela em vários aspectos e não acho que o cara está errado.
[trilha]Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é Silvana de São Paulo. Marília, me colocando no seu lugar, ouvir do marido que precisa voltar a trabalhar fora soa como se você não trabalhasse em casa… É muito injusto, eu sei, pois se você voltar a trabalhar fora vai ter tripla jornada: casa, filhos e empresa. Dito isso, seu marido se assustou com o apagão e está pensando nele, mas não me parece egoísmo, ele pode estar sendo pragmático demais, mas amiga, o fato é que ele podia morrer… Que bom que ele teve a chance de pisar no freio, muitos não tem. Acho que está havendo ruído de comunicação entre vocês, porque pela história ficou parecendo que você é a dondoca sem empatia. Está faltando um diálogo mais franco e sensível entre vocês. Espero do fundo do coração que tudo se ajeite da melhor forma possível para os dois. Abraço.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é o Giovane de Ribeirão Preto. Estou bastante indignado porque eu faço pesquisa na área de saúde mental e trabalho e os dentistas são uma das categorias profissionais na área da saúde que mais cometem suicídio em decorrência de adoecimento mental adquirido no exercício da função. Depois de um burnout, o mais indicado mesmo é que o profissional se afaste completamente de todas as funções que executava e talvez voltar para o mercado de trabalho em uma função completamente diferente. O Márcio, ele continua provendo para família e ele não está negligenciando, na verdade, eu acho que negligência a família é privilegiar um salário de mais de 20 mil reais por mês e colocar em jogo a vida do seu marido… Isso é um atentado contra a família e isso é muito triste. Espero que sirva de reflexão. Um beijo, Déia. Te amo.
[trilha]Déia Freitas: A areia higiênica biodegradável do Cansei de ser Gato possui as versões grãos finos e grãos médios em embalagens de dois e quatro quilos, forma um torrão firme… — Realmente, para quem é mãe de gato, sabe… Pai de gato sabe… O torrão é bem firme, gente… — Tem controle de odor, bom rendimento e é 100% natural. Com o nosso cupom CANSEIDESERPONEI… [risos] — Gente, amo tanto… [risos] — CANSEIDESERPONEI — tudo junto em maiúsculo e sem acento — você tem um desconto de 15% na compra da areia no site ou aplicativo da Petz. O desconto serve para todas as versões da areia e é válido até o dia 22 de novembro de 2023. — Valeu, Cansei De Ser Gato… Te amo, Chico, te amo, meninas… Amei a parceria e amei a areia. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]