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título: estepe
data de publicação: 11/03/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #estepe
personagens: leandra e henrique

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei, voltei, voltei. Gente, a história que eu vou contar agora no Picolé de Limão é uma história que me deixou bem, bem, bem irritada. A história é história da Leandra e do Henrique, e quem escreveu foi a Leandra. 

[trilha]

Então assim, a Leandra ela casou com o Henrique já tem quase cinco anos e, até então eles tinham várias metas, né? Comprar o apartamento, essas coisas, financiar, né? Antes de pensar em ter filho. As coisas foram caminhando bem e o ano passado, comecinho do ano passado dois mil e dezenove, eles começaram a tentar engravidar e não conseguiam, não conseguiam, não conseguiam, aí a médica da Leandra pediu exames, ele passou no urologista pra fazer exames também — A Leandra não quer que eu entre a fundo nas questões de saúde dela, mas… — nos resultados finais dos exames deu lá que ela não pode ter filho e ele pode. E aí ela ficou mal, mal, mal, ficou muito triste porque ela queria gerar um filho, né? — Questões dela. — Ela queria ter um filho biológico, o Henrique também queria esse filho biológico, só que ali no primeiro momento, quando ela ficou sabendo da notícia ele ficou do lado dela, apoiou e tudo bem, então ainda tinham a opção de adotar… — Que pra mim assim é filho igual, né? Então não é que não existiam opções, né? Existia a opção da adoção. —

E aí ela estava, a Leandra estava se acostumando já com essa ideia, né? E aí o Henrique lançou a bomba pra ela, depois de uns dois meses, que realmente um filho biológico pra ele faria diferença, porque a família dele inclusive questionou ele e agora como ia fazer, porque quem vai levar o nome da família? — Não quero nem entrar nessa questão porque, né? Pra não me irritar mais… — E aí olha só o que ele falou pra ela, gente… — Casado, eles casados, né? — Que ele iria ficar com ela até quando ele achasse que seria a hora dele ter um filho e, que aí, se ela não se importasse, ele poderia ter um filho fora do casamento. — Ô, gente, que ano que a gente tá? Que século a gente tá? — E na hora ela ficou em choque, né? Falou: “Como assim? Você quer tipo me trair pra ter uma criança e depois como é que a gente vai fazer, né?”, aí ela ficou passada, não respondeu nada, ficou em choque, né? — Até eu tô em choque, vocês devem estar também, né? Ó a proposta do cara. — “Eu quero ter um filho biológico, eu posso ter esse filho biológico fora do casamento”, essa era a primeira opção dele. 

A segunda opção dele era, quando ele encontrasse uma pessoa que ele se apaixonasse, aí ele pediria o divórcio pra ter um filho, se ela não aceitasse a primeira opção. — Então quer dizer, por isso que eu coloquei o nome da história de “Estepe”, quer dizer, a Leandra ia ser o estepe desse cara até a hora que ele conseguisse um pneu melhor? Que porra é essa? — E aí ela ficou tão, tão assim chocada, mas ela estava também tão fragilizada que por um momento ela pensou: “Poxa, ele tem esse direito”. — Ele quer divorciar e ter oitocentos filhos? Divorcia e faz, mas fazer esse tipo de proposta, como se ela não tivesse os sentimentos dela por ele? Gente, não faz o menor sentido, por mais direito que ele acha que ele tenha e que tudo bem, quer ter filho biológico, né? Vai lá, transa sem camisinha com qualquer pessoa que você quiser e tenha os filhos, mas divorcia, né? E seja honesto de falar que tá terminando o casamento porque não quer adotar uma criança, tem outro projeto de vida, enfim, né? Ele não é obrigado a nada também. Agora… Dar esse tipo de opção? Que ele podia ter uma amante e um filho fora do casamento? Ou quando ele achasse uma pessoa… Então, quer dizer, ele ia começar a procurar uma pessoa? —

Aí ela não aceitou, eles brigaram, mas depois ela ponderou um pouco e falou pra ele: “Olha, faz o que você quiser”, mas esse assunto morreu. — Esse assunto morreu. — E não falaram mais, continuaram casados. — Pra mim já sabe, né? — E aí agora veio pandemia, né? Veio pandemia, eles ficaram isolados, — E aí no isolamento realmente mexe com a gente, né? Todo mundo sabe que a gente fica meio pirado… — e aí eles começaram a brigar em relação a isso e, no final, ele confessou pra ela que ele estava conversando online com uma moça e que ele tinha contado a história toda pra moça e que a moça também estava apaixonada por ele, mas a moça não queria ser a amante, né? A moça queria que ele divorciasse, — Gente, eles só se conheciam online, diz ele, né? — que ele divorciasse pra ficar com ela e ter o filho. 

E aí ele contou isso pra ela e ela ficou muito mal — Com toda a razão — e ele falou: “Olha, já que eu te contei, então eu vou te contar mais, a gente agora que flexibilizou um pouco a quarentena, eu marquei de encontrar com ela”. — Então, primeiro, ele ia furar a quarentena pra encontrar essa moça que a gente não sabe se ela tem o vírus, se ela não tem o vírus, né? Enfim, ele não pensou em nada disso, ele só comunicou, não foi uma coisa assim, “Ah, vou te avisar”, né? Ele só comunicou. — E aí ela chorou, chorou, chorou e mesmo no dia que ele falou que ele ia se encontrar com a moça, ele se arrumou, gente, passou perfume, ficou todo bonito, ela começou a chorar… — E aí sabe o que ele fez? — Largou ela lá chorando e saiu. Só que… — Né? A gente não sabe o que aconteceu. — Quando ele voltou, ele estava todo carinhoso com ela — todo carinhoso… — e aí ela deu um gelo nele, passou uns dias ele falou pra ela que a moça não era o que ele pensava pessoalmente, ele não tinha gostado da moça pessoalmente. 

E aí ela ficou puta, né? Porque, nossa, ela sofreu tanto e ele terminou a frase assim: “É, mas eu ainda continuo querendo ter um filho, né? Espero que você compreenda”, e aí tá nesse ponto que ela escreveu pra gente, ela não suporta mais isso dele ficar em busca de alguém pra ter um filho. — Que esse cara é de que século, né? Ele é um potro? Desses que… Esses cavalos que procriam, né? Quê que é isso? — E aí ela tá pensando em divórcio, mas ao mesmo tempo na cabeça dela, ela acha que como ela não pode ter filho ela devia ser mais flexível, eu discordo. Porque, primeiro, o fato dela não poder gerar uma criança não faz dela culpada de nada, nem devendo nada pra ele, que a vida é isso, tem coisa que a gente consegue, tem coisa que a gente não consegue e não acho que ela esteja devendo nada pra ele, ele quer ter uma criança divorcia e vai, mas ele não quer divorciar, ele quer achar uma pessoa. Mas se a pessoa se apaixonar por ele e ele se apaixonar pela pessoa ele vai querer divorciar, entende? Então, ele acha que ela é o quê? Uma boneca de pano que ele faz o que ele quer? 

Então assim, o conselho que eu tenho é: larga esse cara. Não tenho outra coisa pra falar, eu gostaria de falar mais coisas, mas isso poderia me prejudicar, entendeu? [risos] Eu não desejo nada de bom pra esse cara, mesmo. Divorcia, você não deve nada pra esse cara, você não tem que ter culpa de nada, você não tem que achar nada, que “Ah, coitado, coitado…” Por que coitado? Coitado, por quê? O cara tá fazendo da sua vida um inferno, pegando uma condição sua, que você tá trabalhando em terapia isso ainda, sabe? E usando isso, sabe? Pra criar uma situação a favor dele pra se favorecer? Pra ter o que ele quiser? Em outros determinados momentos ele joga isso na cara dela… Isso aí é um, olha, um maldito. Eu não tenho mais nada pra falar desse cara, sabe? 

Então Leandra, a minha opinião que eu posso dar aqui sem ser presa, [risos] é larga esse cara, larga esse cara, você não merece isso, entendeu? Você não é, como você me escreveu no e-mail, uma mulher defeituosa, não existe isso, você é uma mulher que estuda, trabalha, que tem uma vida, você é um ser humano, entendeu? Então larga esse cara, deixa ele enfiar o pinto dele, desculpa aí, gente, mas é isso mesmo, enfiar o pinto dele onde ele quiser, fazer quantas crianças ele quiser, longe de você. Essa é a minha opinião, não consigo dar outra que seja mais amena. Essa aqui que eu tô dando é a mais amena. Então é isso, gente. Sejam bem, bem, bem gentis com a Leandra lá no grupo e é isso. 

Assinante 1: Aqui é a Nara. Eu fiquei muito chocada de ouvir essa história porque é inacreditável que a gente ainda tenha, nos dias de hoje, homens feito o Henrique que acham que as mulheres são feitas pra realizarem os desejos deles, sem pensar no sentimento dos outros, né? Pra Leandra eu espero que ela encontre paz e conforto, eu acho que seria melhor se ela tivesse longe desse cara, mas a gente não manda no coração, mas ele não é uma pessoa boa pra ela, ele não é um cara que está junto dela pra todos os momentos, não mostrou ser uma pessoa de caráter e uma pessoa que seja legal da gente conviver junto. Então… Meu conselho pra ela é o divórcio, porque eu acho que não há diálogo com uma pessoa que não leva em consideração os nossos sentimentos e o que ele fez com ela é uma coisa muito grave, né? De ser egoísta nesse nível. É isso, um beijo. 

Assinante 2: Aqui é a Giovana de Curitiba. Leandra, deixa esse cara, eu imagino a dor que você sentiu quando você descobriu tudo isso, mas isso não te faz menos mulher, isso não te faz menos merecedora de amor, nem mesmo merecedora de ser feliz assim, isso não quer dizer absolutamente nada sobre você. Sobre esse cara que eu nem lembro o nome e nem quero lembrar, é… Ele não te merece, ele tem o direito dele de querer ter filho, tem, ele que peça o divórcio e faça o que quiser fazer da vida, tá? Seja feliz, adote. Mulheres solteiras podem adotar também, seja muito feliz, bom futuro pra você.

Déia Freitas: Um beijo e até a próxima história.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.