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título: etevaldo
data de publicação: 22/09/2025
quadro: detesto
hashtag: #etevaldo
personagens: fernanda e etevaldo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Detesto, história E.T.. Você acredita? [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para uma história do quadro Detesto. — O quadro se chama “Detesto” porque tem “ET” no meio da palavra e porque eu detesto história de ET. Nada contra os seres aí de outros planetas, mas não sei, não gosto muito. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Fernanda. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]


Fernanda começou a namorar um rapaz que a gente vai chamar aqui de “Etevaldo”. [risos] — Amo… — Etevaldo era incrível, um namorado sensacional, só que Etevaldo tinha um defeito — que eu considero um defeito, né? muita gente vai achar aí uma qualidade —, Etevaldo gostava de trilhas e Fernanda não gostava nem desgostava, mas como Etevaldo curtia uma trilha: “bom, essa é essa a vibe do meu relacionamento”. Então, eles começaram ali, não era um namoro sério e depois Etevaldo pediu Fernanda em namoro. A partir do momento que aquele namoro ficou sério, Etevaldo, todo final de semana, planejava uma viagem com o acampamento e trilha… [risos] — Jamais iria. — Sempre uma aventura, rapel, enfim, ele gostava de aventura. Etevaldo era o cara da aventura. Fernanda ia, ela falou: “André, era gostoso sim, um perrengue ou outro, mas eu estava com Etevaldo e a gente estava junto, enfim, coisa linda”. 

Uma sexta—feira à noite, Etevaldo falou: “Olha, amanhã de manhã prepara sua mochila que a gente vai para um lugar… Olha, sensacional, tem 12 cachoeiras no caminho e a gente vai em todas as cachoeiras. [risos] Vai ser lindo”. Arrumaram as coisas porque, assim, quem está acostumado a fazer trilha, a acampar, já tem o esquema, né? Então, não é uma dificuldade, é uma coisa que vai, que vai e vai tudo direitinho. — Então, eles fizeram ali as coisinhas de trilha, as coisinhas de acampamento… — Botaram tudo no carro e foram pro lugar. Chegando no lugar, era um lugar muito bonito, mas tinha uma vibe estranha, a Fernanda disse: “Andréia, parecia que o ar era parado, eu não sei explicar, parecia que o tempo naquele lugar não andava… E a gente chegou na primeira cachoeira e eu tive essa impressão. A água da cachoeira caía, mas parecia que tudo em volta, não sei, era estranho”. 

Mesmo o barulho, porque quando você está em um lugar de natureza, tem ali os sons da natureza, é passarinho, é um grilo que faz aquele barulho de grilo, enfim, a natureza tem som, né? Mesmo o som da natureza era estranho, parecia descompassado. Ela estava já há três meses com o Etevaldo, namorando sério e tinha feito ali pelo menos ali umas 12 trilhas… E, ainda assim, ela nunca tinha ido num lugar com aquela vibe estranha. Fizeram as cachoeiras. A Fernanda estava cabreira… — A palavra é essa. — Ela falou pra mim: “Andréia, parecia que alguma coisa ia acontecer, mas eu não sei te explicar, né? Ainda tomei mais cuidado nas cachoeiras, né? Pensei, sei lá, eu vou ter uma queda ou o Etevaldo vai ter uma queda”. Enfim, deu tudo certo e, à noite, ali pela oitava cachoeira, então eles foram até a última e voltaram, tinha um lugar que era tipo uma clareira, assim, e eles falaram: “Olha, vamos montar o nosso campamento aqui, nossa barraca aqui”. Eu já fiquei pensando: “Você vai em todas as cachoeiras com a barraca?”, mas ela disse que era leve, enfim, o Etevaldo, que carregava, deu tudo certo. 

Fixaram o acampamento nessa clareira, era umas quase seis horas da tarde e ainda estava escurecendo. Ligaram umas coisinhas lá de acampamento, um lampião, sei lá, uma… Como que chama aquilo? Uma lanterna… Aí você põe o fogareirinho ali pra fazer um Pôneiojo…. Porque não tem, né? O que você vai comer? Você vai levar sanduíche, enfim, né? Eu fico pensando nisso, o que comer na trilha? Levar uma batatinha daquela gostosa com… — Ai, até salivei… — Com vinagrete. — Ai, delícia.. Como chama? Batatinha de festa? Porque aquela não estraga, né? Porque você põe ela no vinagre com azeite, ela cozidinha… Ai, delícia! — Eles comeram ali e aí o Etevaldo tava todo cheio de chamego, só que a Fernanda ela tava cismada, ela falou pra mim: “Andréia, parecia que ia acontecer, sei lá, um filme daquele que chega um cara com uma faca e rasga a barraca de acampamento… Enfim, né?”.

Fernanda falou: “Ai, amor, hoje não, né? Amanhã nós vamos ficar aqui, de manhã… À noite tô preocupada” e Etevaldo falou: “Mas você tá preocupada com o quê? O lugar é lindo, não sei o que lá”, “Etevaldo, tem alguma coisa estranha nesse lugar” e eles ficaram conversando e ali do lado de fora da barraca e Fernanda muito esperta ao redor, sei lá, vai aparecer um bicho, uma onça… — É o lugar da onça, gente… Se eu sou uma onça, olha, ia sobrar ninguém nessa trilha. — As horas foram passando, Fernanda não sabe bem que horas eram, mas já tava muito escuro, e eles tinham ali aquela lanterna, enfim, mas você põe ali pra não ficar com a lanterna na cara, você focaliza ali alguma coisa, só pra ficar mais claro… E eles estavam do lado de fora da barraca, ainda sem sono. Ela já estava acostumada com os barulhos da mata… — Então, à noite, tem os pássaros noturnos, então, sei lá, você ouve uma corujinha ali, um outro pássaro aqui, você ouve mais, assim, insetos, enfim, né? Ela estava ouvindo o barulho da mata e você acostuma com aquilo, aquilo fica como um ruído de fundo só, assim, você nem percebe mais. —

De repente, todo aquele barulho da mata, parou… E aí você percebe o silêncio na mata, porque não é comum. Todo aquele barulho parou e o Etevaldo também notou isso… Um silêncio… De repente, a lanterna começou… Sabe quando a luz, a pilha, está fraca? Que vai acabar? Começou… Não chegava a piscar, mas estava dando uma tremida. O ar ficou… Ela falou: “Andréia, parecia que ia dar choque, eu não sei explicar”… Sabe aquela? Quando você esfrega alguma coisa? É “estática” que chama aquilo? Que puxa os seus pelinhos? De repente, Fernanda e Etevaldo viraram para trás, porque eles estavam de frente para a barraca, de costas para a mata mais fechada e, na frente deles, tinha dois seres gigantes. A Fernanda disse que eles tinham pelo menos uns 3 metros.

Na hora que Fernanda viu, ela falou: “Andréia, eles não tinham luzes neles, mas eles eram lisos como uma foca”, [risos] — amo — “meio acinzentado e lisos como uma foca, enormes e eu não. tive coragem de olhar para cima para ver como era a cabeça deles. O corpo eu vi, mas eu não tive coragem”. 

A Fernanda fechou os olhos, e ali ela ficou de olho fechado, paralisada. O Etevaldo, por sua vez, ficou encantado e ele falou: “Fernanda…”, foi a única coisa que ele disse e a Fernanda viu que ele começou a andar e ela abriu os olhos, mas ela não tinha coragem de olhar para cima. Ele estava olhando para cima e ele chegou e encostou na perna desse ser… Quando ele encostou, ele foi jogado longe. Fernanda começou a gritar e fechou o olho de novo. De repente, a mata começou os barulhos de novo, ela escutou tipo um zunido, que ela falou que não era uma coisa aguda, era um som tipo abafado… Sabe quando a caixa de som estraga? Que fica “bum bum bum”? Era um barulho assim, muito que parecia que alguma coisa ia explodir e, de repente, parou… A mata voltou a ter barulho de novo. Quando ela olhou, o Etevaldo estava deitado no chão e aqui o olho dele, sabe quando estoura as veinhas por dentro do olho? Ele estava com o olho muito vermelho, com algumas veinhas estouradas. Estranhíssimo. 

E aí o Etevaldo ficou daquele jeito, ele sentou onde ele caiu ali e ela falava: “Vem mais para perto da barraca, é perigoso, pode ter cobra, alguma coisa”, mas ali ele ficou sentado, mudo… Fernanda acha que adormeceu ali do lado dele, enfim, quando ela acordou, já estava dia e ele falou para a Fernanda: “Vamos desmontar e vamos embora”. Em silêncio, ele não falava nada… Ele não comentava nada. A Fernanda disse que esses seres, eram dois, né? Eles tinham essa pele lisa, meio cinza, como se fosse uma foca. A textura da pele. As mãos eram grandes e os dedos eram pontudos, sem unha. E os pés eram grandes, também com dedos pontudos, sem unha. Uma coisa lisa, assim… Foi isso que ela viu. Ela não sabe como era a cabeça, como era o olho, se tinha a boca, se não tinha, porque ela não olhou para cima.. Ela perguntou isso para o Etevaldo e ele falou: “Fernanda, eu não quero falar sobre isso”. Isso era no domingo, e eles iam ficar o domingo inteiro juntos, mas ele deixou a Fernanda em casa e foi embora. 

E um detalhe: tanto o celular da Fernanda quanto o celular do Etevaldo não ligavam mais. Ela botou pra carregar, enfim, levou na assistência técnica depoi, durante a semana e ninguém descobriu, o telefone dela pifou e o do Etevaldo também. Como eles estavam sem celular, eles passaram a conversar ali por computador e ele mal respondia à Fernanda. Até que a Fernanda foi na casa do Etevaldo e ele falou: “Fernanda, eu preciso terminar, eu preciso ficar sozinha. Você dividiu essa experiência comigo e, pra mim, é insuportável… Toda vez que eu lembro disso, eu lembro de você também. Então, assim, a gente vai ter que”. — E, assim, era um namoro ótimo, gente… — A Fernanda ficou mal, mas entendeu porque ele ficou totalmente abalado. E a Fernanda ainda gostava do Etevaldo, então, o que ela pensou: “Bom, ele vai querer um tempo e depois vai me procurar, né?”, mas ele nunca mais procurou a Fernanda. — Isso tem uns anos já. —

E ela ficou acompanhando ele, a irmã dele, assim, pelas redes sociais e uma época ele foi internado numa clínica. A irmã dele só colocou lá “por questões psiquiátricas”, ela escreveu… Fez um post. — Expôs o irmão, né? Não precisava, né? — A Fernanda tem certeza que alguma coisa nele mudou, ela não sabe se fisicamente, porque ele encostou. naquele ser ou se ele ficou tão abalado, né? E quando ela foi atrás dele pra conversar, ele ainda tava com os vasinhos do olho, assim, estourados… — Ainda tava… — Fernanda agora tem pavor de qualquer coisa de mato, de trilha, e ela acha que quando eles chegaram lá, esses seres já deviam estar por lá porque tava muito estranho tudo. — Ou ela teve um aviso, não sei, que isso ia acontecer. — E aí, ela falou: “Andréia, não era assombração, era realmente alguma coisa que não é daqui, que não tem no Brasil”. [risos] Mentira que não é desse planeta, sabe? Que não é daqui. —

E ela falou: “Andréia, eu sempre fui, sei lá, cética, nunca nem pensei nesse assunto de ET, mas eram com certeza. Eram. E eles tinham algum magnetismo, alguma coisa em volta deles que queimou os nossos celulares. E a lanterna ficou lá piscando e, quando passou tudo, a lanterna também não acendeu mais. Então, o que quer que eles tenham, sei lá, que eles emanem, queima as coisas”. Você já pensou? Vai numa casa, aí um ser desse entra numa casa, você acabou de uma televisão nas Casas Pônei em 24 vezes, aí o cara vai lá e queima a sua televisão, sabe? Enfim, olha aí o transtorno do extraterrestre. E a Fernanda lamenta que o namoro dela com o Etevaldo tenha terminado, mas realmente era uma coisa que, assim, ela também ele ficou marcada pra ela por esse evento, né? E pra ele era insuportável ficar com a Fernanda porque ele lembrava toda hora do que tinha acontecido. O que vocês acham? 

[trilha]


Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, aqui quem fala é a Ingrid, de São Paulo, capital. E eu fiquei pensando: pra onde será que ele foi e o que que ele viveu que deixou ele tão traumatizado? E eu só consegui pensar que ele viveu alguma coisa parecida com o filme Interestelar. Ele deve ter sido teletransportado pro mundo desses aliens e ele deve ter passado por diversas coisas lá, situações, por um período mais longo do que passou aqui na E aí, quando ele voltou, passaram só dois minutos… É a única explicação pra ele ficar tão traumatizado, já que ele estava tão empolgado quando tocou nos aliens e quando falou com ela. 

Assinante 2: Oi, nãoiviabilizers, eu sou a Letícia de São Paulo. Eu amei essa história aí do começo ao fim, o jeito que a Deia conta prende esse suspense… E eu achei o Etevaldo muito corajoso. E acho que eu gostaria de ser corajosa como ele, ficar encarando, ir lá e colocar a mão… Então, provavelmente, se essa história tivesse acontecido comigo, eu também ia passar pelo que o Etevaldo passou, ficar super traumatizada depois. Ah, é uma pena que isso tenha acontecido… A gente adoraria que o Etevaldo pudesse falar sobre isso pra contar pra gente o que foi que ele viu, né? Então é isso. Um beijo pra todo mundo, beijo, Fernanda, obrigada por compartilhar sua história com a gente.

[trilha]


Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com a Fernanda. Um beijo e eu volto em breve.


[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Detesto é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]